Do elogio ao gosto, da leitura à luz
Como dizer que o post de JPP é um dos mais belos que lemos e não nos atraiçoarmos? Como reclamar o elogio sem, subtilmente, nos tornarmos cúmplices nessa perturbação das palavras lidas? Como não entender o espaço conversável assim nomeado senão a partir de uma ecologia dos afectos que o tempo e a vida (também) do próprio autor do texto não quer ver abandonado? Sejamos virtuosos: qualquer ritual de agradecimento é um projecto falhado. Pela nossa parte, um muito obrigado.
Depois, algumas notas & outros instantes. A foto que arrumamos no alto do Almocreve faz parte do universo do admirável filme de Marguerite Duras, "Son nom de Venise dans Calcutta désert"(1976), versão a seguir a "Indian Song" (1974), descobrindo uma sala das ruínas do Palácio Rothschild onde as filmagens foram consumadas. Não sabemos quem a tirou, temos apenas uma mera indicação de ser Volcsanszky, mas fazia parte da edição videográfica da obra de Duras e em livro. Ao que é sabido, o palácio manteve-se em ruínas desde a fuga dos nazis que o ocuparam. Deste modo, é curioso como o fascínio da imagem, onde o espelho "adquire uma densidade inquietante" ou luz que "brilha demais" nos arranca uma imediata embriaguez de "restos de vidas outras", que tão assombrosamente JPP interpretou.E que, a nós, nos deslumbrou.