Os Equívocos de Cavaco Silva"
Que gente reiterativa. È tão bom!" [
A. O'Neill]
Cavaco Silva regressou. Parece repousado, pasmado de 10 anos de espera, pouco abundante em palavras, desatento aos anos da sua longa (
des)governação e muito festivo, demasiado talvez. Afastado, prudentemente, da crise penosa em todos estes anos, ambiciona sair das trevas da política indígena repelindo os seus dilectos "
filhos" e "
enteados".
Cavaco jura que não é mais um "
Aníbal político". E, de fronte erguida, ar emproado e um tanto pedante, apresenta-se escondido da turba laranja, essa "
canalha" que tão bem iluminou no caminho ao assalto da administração pública e aos subsídios da
União Europeia.
"
Pai" e "
mãe" do "
monstro" que é o Estado e que inventivamente construiu para os incautos,
Cavaco Silva "
destruiu-se" no "
território da corrupção" com que risonhamente embalou a sua governação. Hoje tresanda de hipocrisia. E mesmo que o seu dissídio seja honesto, não se vê como se deva perdoar o seu diminuto carácter no exercício da coisa pública.
Cuida o dr.
Cavaco que o (quase) silêncio com que friamente e pacientemente se remeteu faz desaparecer o fastio destes
20 anos de miserabilismo pátrio e os seus 10 de governação. Aonde depois,
Guterres, sem paciência nem capacidade, compreende, e tarde demais, que os "
boys" da rosa estimavam esses bons e animados tempos do dr.
Cavaco. E, é claro, daí só pode dar em fuga ... envergonhada. Onde assoma
Barroso, crescido nesse melífluo redil de antanho e que habilidosamente dá um salto ainda maior, sem qualquer rebuço ou pudor. Depois, por complacência de
Sampaio, cai-nos sobre as nossas cabeças a histriónica dupla
Lopes & Portas, que de tão incompetentes foram no deslumbramento da governação que deixaram
tudo à mostra e o país à beira de um ataque de nervos. E onde, de momento,
Sócrates baralha e torna a dar, para ficar tudo como estava. Vinte anos calcetados na mais desvairadas das políticas e com a mais grosseira classe dirigente conhecida. Que tornou Portugal no país
mais atrasado da Europa.
Eis o quadro negro de
20 anos de pronunciamento
Cavaquista. Onde o trecho inaugural da "
obra" portuguesa ou "
oásis" trôpego se começa a desenhar, em chacota carnavalesca. Onde a "
competência", a "
capacidade de decisão", a "
honestidade" e a "
responsabilidade" (para seguir o madrigal político do sr.
Ramalho Eanes, agora muleta pegadiça de
Cavaco)
nunca existiu. E que só o
disparate da fraseologia eleitoral, a
demagogia e o
populismo tornam banais. Lucidez precisa-se! Que a memória não nos torne irracionais.