sábado, 2 de janeiro de 2010

ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009


ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009 - 10 Livros

"O homem não é uma inutilidade num mundo feito, mas o obreiro dum mundo a fazer" [Leonardo Coimbra]

O Almanaque Republicano, sopro de antiquíssimos cantares & memória saudosa da "forte gente", é um pouso aberto da alma republicana (qualquer que seja a sua viagem iniciática), um cântico largo aos "apóstolos de 5 de Outubro". Dada à luz por dois cavalleiros d’alma lusitana, mais que trabalho sobre a "pedra bruta" será sempre essa "virtude de posição" (R. Proença), esse locus de passagem, independente e liberta, esse ponto ou condição de "retrocesso ao seu princípio deslumbrado".

Para recusar a fadiga destes dies irae (culturais e políticos), diremos que, para V. caros ledores, nesta hora e pensamento nas comemorações do Centenário da República, entre nós habita o sonho interior da "República Nacional" (Sampaio Bruno) como padrão de vida ética e de tolerância, essa "cidade humana" fraterna e livre. Isto é, cumpre não esquecer a exaltação de um republicanismo como "conjunto de liberdades vivas" (R. Proença). Como será devido!

Como anteriormente – AQUI, AQUI e AQUI – regressamos, sem pretensões críticas ou conflitos de interpretações, aos textos e peças que, este ano findo, a historiografia contemporânea portuguesa publicou de mais marcante (...)

... a nossa escolha para 2009, que ocorre num período conturbado da nossa história, sendo a rememoração da Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009, será sempre para nós um devir, até porque "o que há de vivo na tradição não é no passado, mas no presente que existe", como diria Raul Proença. [J.M.M. - ler todo o texto AQUI]

Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009 - 10 Livros

1. História da Primeira República Portuguesa – coord. Fernando Rosas, Maria Fernanda Rollo (Tinta da China)
2. Vem aí a República! 1906-1910Joaquim Romero Magalhães (Almedina)
3. A Crise da República e a Ditadura MilitarLuís Bigotte Chorão (Sextante Editora)
4. Cunha Leal, Deputado e Ministro da República: um notável rebeldeLuís Farinha (Biblioteca da Assembleia da República/Texto Editora)
5. Estados Novos, Estado NovoLuís Reis Torgal (Impr. da Un. de Coimbra)
6. Afrontamento político-religioso na Primeira República: enredos de um conflitoAntónio Teixeira Fernandes (Estratégias Criativas)
7. As Mortes que Mataram a Monarquia – Luís Vaz (Via Occidentalis)
8. Henrique Tenreiro. Uma biografia políticaÁlvaro Garrido (Temas e Debates)
9. Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo: um Dicionário – Mário Matos e Lemos, coord. Luís Reis Torgal (Biblioteca da Assembleia da República/Texto Editora)
10. A Maçonaria e a Implantação da República: documentos inéditos [Simões Raposo/Carvalhão Duarte] – coord. Alfredo Caldeira e António Lopes (Grémio Lusitano/Fund. Mário Soares)

in ALMANAQUE REPUBLICANO

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


2010 - FELIZ ANO NOVO

"Para ti, para que não julgues que a dedico a outra" [Almada]

"A doçura mata.
A luz salta ás golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És a faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas"

Herberto Helder - "Dedicatória"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009



FELIZ NATAL!

HOT CLUBE


O reportório destes tempos infaustos, que são os nossos, todos os dias observa anacronismo curioso. Gasta-se farto cabedal em lindismos culturais para a canalha, sempre de fazer corar de inveja os nobres empresários made in sr. Van Zeller ou vibrar por genuflexão essas verduras neoliberais abundantes no mercado cultural indígena, que parecemos estar num respeitável e civilizado país.

Não existe um único autarca, bem estabelecido no ramo, que não lance tão alucinantes prebendas ou festividades na sua paróquia – como o pífio Red Bull, circuitos majestosos para gente fabulosa, incensuráveis jogatinas de futebol, desfile de putedos intelectuais pelas charnecas literárias ou artísticas, ranchos musicais autorizados pelo povo anónimo, e por ai fora -, delapidando a fazenda e o erário público, evidentemente sempre a bem dos paroquianos. Nunca ninguém viu o fundo desse original saco financeiro, pelo que deve ser de peso e sem medida.

Entretanto o património arquitectónico jaz em ruína, as ancestrais associações culturais restam em incrédulo esquecimento, as artes esvaem-se sem honra nem afronta e espólios inteiros "fogem" para o estrangeiro. O absurdo silêncio sobre esses destroços públicos, que envergonha qualquer alma civilizada, imortaliza os “nossos” intelectuais e políticos.

O Hot Clube, lugar de culto na divulgação & promoção do jazz, solicita há anos apoio a quem de direito para ter uma casa funcional e de conforto. Nada se conseguiu. Como sempre, tudo ficou por fazer. E agora, quando a situação é trágica e o "crime" não aproveita ninguém (ou não será assim?), o que fazer para limpar a inépcia do município e o disparate disto tudo? Esperemos.

ALFARRABISTAS



- texto publicado na revista Illustração Portuguesa, nº97, de 30 de Dezembro de 1907, pags. 862-864 [ler online na Hemeroteca Municipal]

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DO PODER


"Nunca além do poder, se encarou o paiz; nunca o estado servio de ponto de apoio, do centro promotor do progresso individual e social. Tem-se empunhado o poder, como meio de acquisição de fins privados, de clientela: tem-se sido governo, mas não se tem governado.

A governação, tem sido convertida em uma espécie de Igreja militante, em que só são admittidos os iniciados nos mistérios da seita theocratica do poder, que fazendo-se a donatária exclusiva do paiz, se tem collocado, por esse exclusivismo mesmo, muito longe de poder governar, curando como lhe cumpria dos interesses públicos. Em semelhante modo de ser, taes interesses não podem ser attendidos; por que o interesse máximo de taes administrações, não pode ser outro, senão o interesse dessas parcialidades, de que fallamos; impor e sustentar uma situação anómala, em que as facções vigoram e dominam; em que o paiz enfraquece e se desmoralisa."

Francisco Joaquim de Almeida Figueiredo, in "Instrucção Publica e Governo", Lisboa, Impr. Commercial, 1854 [via off. de E. de Sousa, em bom papel e asseada edição]

PARA ELE



Para o André, que cada vez que via o mar deitava um curioso beiço caído. Já a mesma espiritualidade graciosa não tinha, o petiz, com o fascinante colorido e o balido dos srs. deputados, aquando dos trabalhos forçados via TV. Birrento! Manias obscenas, a do rapaz.

Boa festas Ó filhos do choro

MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS PROFESSORES



"A Universidade Lusófona realizou recentemente um seminário com o tema 'Memórias do associativismo e sindicalismo docentes'. Propuseram-me [Helena Pato], então, que aí deixasse o meu testemunho, as minhas recordações, acerca de como nasceram os sindicatos dos professores. Acedi, com a satisfação de poder, deste modo, legar memórias. Memórias que, ao que sei, nem nas comemorações dos 30 anos dos Sindicatos dos Professores nascidos em Abril de 74, nem agora, na passagem do 40º aniversário do Grupos de Estudo (que estiveram na base da sua criação), interessaram às direcções sindicais. Desdobrámos essa intervenção em três partes1, 2 e 3para que se torne mais fácil a sua leitura nestes CAMINHOS DA MEMÓRIA. A primeira parte pode ser lida aqui (...) a segunda aqui" e a terceira aqui.

de Helena Pato, via Caminhos da Memória.

FOTOS: da esquerda, capa da "História do movimento associativo dos professores do ensino secundário - 1891 a 1932", de [José António C.] Gomes Bento [julgo que na época era docente da E.P. António Nobre, Matosinhos], Livraria Júlio Brandão,Janeiro de 1973; foto da direita, Caderno "O Professor" nº1, GEPDES, Julho de 1971, in "Educação, Acto Político", de Agostinho dos Reis Monteiro, Edições O Professor, 1975.

via Almanaque Republicano

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NOTÍCIAS DA FRENTE


"Porque bem desvalido é um livro. Mal viu a luz – ou ainda antes –, já o coro de inveja esta afiando os dentes, nunca atento às suas virtudes, apenas às faltas. E quantos perigos não espreitam o seu corpo ..." [Dâmaso Alonso]

O grande Palladio dizia:"Ao lavrador que for curioso, não lhe faltará que fazer do seu ofício, como recolher feno, estercar onde for necessário, pisar estarco e azer cordas; pode também no campo concertar valados e tapar cordas". Nós por cá, sustidos em tão requintada gesta, andamos à volta dos livros & papéis manchados. A humidade destes tempos exige trabalhos de casa. Deixemos a horta para o hortelão. A questão é a de sempre: as estantes devem ser abertas ou fechadas? Eis o nosso "ocioso" debate. Ao pé disso o landisco politiqueiro do sr. Sócrates é uma brincadeira de crianças. Avanti!

- o LXXXIX Catálogo de Livros Raros e Esgotados apresentado à venda pelo estimado livreiro Manuel Ferreira (Porto) já anda ou mora em altas estantes. O interessante conjunto de livros antigos & modernos, com valiosas peças bibliográficas, pode ser consultado AQUI. Refira-se que a considerada Livraria de Manuel Ferreira anda luxuosa de intenções e dilatada de fé bibliófila: chegou, em força, à net, via novo site, twitter e facebook. Oh! Nobilíssima visão.

- a esplêndida Livraria Luís Burnay forneceu aos estimados amadores de livros o seu 44º Boletim Bibliográfico. Temos 484 peças primorosas distribuídas por várias e apreciadas secções, de curiosidade bibliográfica, que um coleccionador anotará, decerto. Consultar, AQUI.

- para um bom apreciador de crónicas sobre livreiros & bibliófilos, informa-se que está (ainda) à venda na reputada Livraria Letra Livre (Lisboa), a edição fac-similada de "No Leilão Ameal. Crónicas amenas de uma livraria a menos", redigida por Gustavo Matos Sequeira. Esta interessante peça de colecção (a 1ª edição, 1924, teve apenas 500 exemplares, todos dedicados a bibliófilos), que retrata o que foi o invulgar e valioso Leilão da Livraria do Conde do Ameal, foi primitivamente publicada nas colunas do antigo jornal O Mundo. A edição traz caricaturas, com desenhos de Alberto de Souza, dos antigos bibliófilos que disputaram, arduamente, os cobiçados livros do Ameal. Ver, AQUI.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O TEATRO GOVERNAMENTAL: PARA QUE SERVE?


O governo do sr. Sócrates anda frouxo, maçudo, encalhado. A desorientação governamental, bem visível no manguito de munições verbais postas a correr pelos panegiristas costumeiros, é formidável. As várias e incultas conspiratas & aranzéis provincianos, sem tacto nem decoro, que todos esses sujeitos liliputianos – cujo talento ninguém inveja – mantêm por todos os lados e em todas as cores, são desprezíveis como escola política e inúteis para um qualquer rendez-vous que se preze.

A agitação estéril de um Vieira da Silva, e a lamúria que a acompanha; o enxurro de intervenções críticas acerca do esmalte da nova oposição iniciada pelo sr. Francisco Assis (o novo picareta-falante); a vistoria alvoroçada às tropas socráticas dirigida pelo reaparecido sábio Almeida Santos ou os longos e trémulos registos sobre a ingovernabilidade, aludidos pelo sempre histrião Jorge Lacão, explicam o estado da coisa e a balbúrdia económica & política que virá a seguir. E o nosso infortúnio.

A ruidosa vaudeville teatral composta pelo grupo do sr. Sócrates não é uma mera provocação político-parlamentar ou uma natural estratégia de vitimização. A dramatização da coisa, pela raridade do descalabro financeiro a que a paróquia chegou, não permite concluir que essa piedosa estratégia vise a perpetuação futura do poder ou que, nesse requinte de intriga, se reclame a salvação da pátria, uma vez remida das suas moléstias. O expediente usado pelo grupo de interesses do sr. Sócrates significa apenas que nestes quatro anos de governação a "obra" ou a "encomenda" está cumprida e publicitada. Não há mais nada a fazer. Porque, simplesmente, se bateu no fundo mais depressa com que se contava e pouco há a recolher no futuro.

Que venha do sr. Sócrates o desejo de ser emparedado – quer via Parlamento, quer pelo sopro presidencial do dr. Cavaco ou mesmo pelo labor e honradez das secções do ex-Partido Socialista – não acrescenta nada ao desenrolar das acções futuras. O sr. Sócrates e os seus amigos (quase a lembrar os últimos dias do dr, Vale & Azevedo) estão em fuga maviosa. E de saída. Tudo recomeçará depois, sem recato e sem memória. Estranha maldição, a nossa!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A CRISE DA REPÚBLICA E A DITADURA MILITAR - LUÍS BIGOTTE CHORÃO


15 de Dezembro, pelas 18,30 horas, no PALÁCIO DO MARQUÊS DE LAVRADIO (campo de Santa Clara, Lisboa) - apresentação do livro "A Crise da República e a Ditadura Militar" de Luís Bigotte Chorão.

"Luís Bigotte Chorão, jurista, investigador e professor universitário, bibliófilo apaixonado e, não podemos também esquecer, um dos nossos ledores atentos e assíduos, vai lançar o seu último trabalho.

Depois de ter publicado Subsídios para a História do Direito Comercial I - A Comercialística Portuguesa e o Ensino do Direito Comercial na Universidade de Coimbra, Lisboa, 1998 e de O Periodismo Jurídico Português do Século XIX, Lisboa, 2002, aventura-se agora numa obra que procura estudar o período aliciante, mas simultaneamente conflitual e aparentemente algo errático que se estabelece no final da 1ª República e que se prolonga durante a Ditadura Militar, onde depois começam a avançar as forças que vão controlar o País durante quase meio século.

Uma obra que resultou da apresentação da sua tese de doutoramento na Universidade de Coimbra e que a Editora Sextante se aventurou a publicar.

A apresentação vai ser feita em Lisboa, no próximo dia 15 de Dezembro, conforme se pode ver na imagem, com a apresentação feita por Luís Reis Torgal, José Adelino Maltez e Fernando Rosas que suscitarão certamente um interessante e vivo diálogo com os intervenientes"

via Almanaque Republicano.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

LEILÃO – BIBLIOTECA ALFONSO CASSUTO


Amanhã – dia 8 de Dezembro, pelas 21 horas na Amazónia Lisboa Hotel (ao Jardim das Amoreiras) – há lugar ao Leilão de parte da Biblioteca Alfonso Cassuto, lotes (livros e manuscritos) adquiridos entre o 1975-1990, da qual consta uma excelente Judaica e uma colecção de peças estimadas sobre a Inquisição. O Leilão está cargo do livreiro Pedro de Azevedo.

Alfonso Cassuto [1910-1990], natural de Hamburgo, emigrou para Portugal em 1933, “quando Hitler chegou ao poder na Alemanha” [in Catálogo ao Leilão, Nota Introdutória].

Os primórdios da livraria percorrem quatro gerações. Remonta a Jehuda de Mordechai Cassuto (1808-1893), avô de Alfonso, que (em parte) a adquiriu a um "judeu português morador em Hamburgo, no seculo XVII", e foi aumentada por seu filho, Isaac Cassuto (1848-1923). O seu filho Jehuda Leon Cassuto (1878-1953) e pai de Alfonso, continuou a incorporar livros e manuscritos nessa valiosa Livraria, e mais tarde solicitou a seu filho Alfonso (já um erudito nesses assuntos) a “apaixonada tarefa de se ocupar do seu estudo e organização” [ibidem]. Alfonso Cassuto publicou diversos artigos a esse propósito.

Em Março de 1975, a já famosa Colecção Cassuto, integra-se na Biblioteca Rosentahliana, sita na Universidade de Amsterdão.

Os (135) lotes que vão a Leilão, foram “adquiridos por Alfonso Cassuto entre 1975 e 1990 e podem ser considerados como sequencia e o complemanto natural da colecção, hoje na Biblioteca Rosenthaliana” [ibidem].

A não perder.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O CÃO DE PARAR


REGRESSO DO CÃO DE PARAR

A 14 de Janeiro de 2007 não conseguimos "escapar" ao encantamento professo e à sensibilidade narrativa sobre a problemática do "cão de parar", que o nosso camarada e amigo A. Caseiro, no seu eloquente cantar d'amigo, nos modulava em arquitectada sabedoria e sublime paixão. Os seus testemunhos luminosos, a sua eloquente inspiração, a sensibilidade da sua investigação e a cadência documental que a acompanhava eram tais, que o "mérito sobre este antiquíssimo saber" não nos podia deixar indiferentes. E fizemos o "Cão de Parar" para que fosse espaço conversável. Para que, dessa imensa riqueza que será sempre o convívio entre "a natureza, o homem, os deuses e os animais", essa "demanda" fosse proveitosa. Parámos por um dia, tropeçamos de espanto, mas é sempre tempo do regresso. O "Cão de Parar" está de volta!

Ao tempo, foi este o nosso Edital:

"um cão perdigueiro de dous narizes, o melhor da matilha" [Camilo]

Sendo presente que existe um conjunto estimado de documentos escritos sobre o cão de parar, de altíssima memória, ou trabalhos autorizados sobre o elogio do cão - "de aves, de falcão, de busca, de mostra, de parar" - e outros, bem valiosos, que a poeira dos arquivos condena ao esquecimento; sabendo que há um grémio de ilustres e respeitados amantes das "antigas artes de cetraria, altanaria ou montaria" e do perdigueiro português, em particular; não se desconhecendo que o debate, entre diligentes espíritos lusitanos, levanta inspiradas perplexidades, generosas polémicas e amenas narrativas, quase sempre de quantiosa erudição; vêm estes apontamentos dar testemunho da vivacidade sobre o estudo e a grandeza do debate sobre o "cão de parar", louvando e prestando homenagem fraternal ao Mestre A. C., cuja familiaridade e sensibilidade a esta narrativa nos assombra e encanta. A ele, pois, este espaço de conversação e de elogio do cão.

Declaramos, pois, que O Cão de Parar está aberto a todos os seus amantes, recenseando informações e memórias (bio)bibliográficas, registando curiosidades, elogios, testemunhos, notícias e apontamentos, para que destas inscrições & impressões se desenvolva o gosto e o mérito sobre este antiquíssimo saber, que põe em convívio a natureza, o homem, os deuses e os animais. Que a demanda seja proveitosa.

E para que conste, aos leitores, se fez este edital. Vale!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

FERNANDO VALE [m. 26 de Novembro de 2004]


Dissemos AQUI: ""Fernando Valle nasceu na Cerdeira, Arganil, em 30 de Julho de 1900. Estudou inicialmente em Coja, tendo ido para Coimbra continuar os estudos liceais, completando posteriormente o curso de medicina. Foi exercer a profissão em Arganil, onde fez um trabalho meritório em prol do Hospital e das sociedades culturais e recreativas locais. Manifestando um interesse particular por questões sociais e políticas, este médico e maçon (o mais velho do mundo, possivelmente) é demitido de cargos públicos por apoiar a candidatura de Norton de Matos, apadrinha a candidatura de Humberto Delgado, é preso em 1962 (partilhou a cela com José Mário Branco), preside à reunião inicial da fundação do Partido Socialista, na Alemanha, tendo pertencido à Comissão Administrativa de Arganil a seguir ao 25 de Abril e, pelo I Governo Constitucional, exerceu o cargo de Governador Civil de Coimbra.

Uma vida inteira dedicada a lutar 'pela libertação do homem ... um regime de direito em que seja possível, de facto, a paz, a liberdade e a justiça social'

Fernando Vale foi maçon, iniciado em 1923 na Loja Revolta de Coimbra - Loja do R.F. fundada em 1909 (ao fim de 100 anos permanece ainda em actividade), foi integrada no G.O.L.U. em 1911, tendo recebido o nº336 -, com o nome simbólico de "Egas Moniz". Atingiu altos postos na Maçonaria, e pertenceu ao "Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz" (reactivado em 2003), mais tarde potência maçonica, "Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal" (a 5 de Setembro de 2003).

[publicado, tb., no Almanaque Republicano]

COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA


LEILÃO DE LIVROS – COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA - HOJE

Hoje – dia 26 de Novembro, pelas 21,30 horas na rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), 20 C – há lugar a um Leilão de Livros (em parte) provenientes da COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA. O Catálogo, com 566 peças estimadas, foi elaborado por José Vicente para a Leiloeira Renascimento.

Algumas Referências: Livros de História, Obras estimadas e algumas peças já raras de [Al Berto, Manuel Alegre, Nicolau Tolentino, Eugénio de Andrade, Sophia M. Breyner, Antero de Quental, Aragon, Ruy Belo, Diogo Bernardes, Annie Besant (trad. F. Pessoa), Bocage, António Botto (conjunto assaz curioso), Teófilo Braga, Camões, Camilo, A. Feliciano de Castilho, Osório de Castro (raro e muito estimado), Eugénio de Castro, Rui Cinatti, Natália Correia, João de Deus, David Mourão Ferreira, José Gomes Ferreira, Daniel Filipe (5 peças), Sebastião da Gama, Garrett (entre o lote está O Chronista, publicação rara), Alfredo Guisado, Herberto Hélder (conjunto expressivo de obras do poeta), Guerra Junqueiro, Rui Knopfli, o raríssimo Soledades do Buçaco de Bernarda Ferreira de Lacerda, Manuel Laranjeira, Gomes Leal, Raul Leal (ver o lote 374, onde se apresenta o panfleto O Rebelde), António Maria Lisboa, José Agostinho de Macedo, Pedro Homem de Mello, Wenceslau de Moraes, lote estimado de Almada Negreiros, idem de Vitorino Nemésio, Alexandre O’Neill, Luiz Pacheco, Teixeira de Pascoaes (vidé Embryões, de 1895), António Pedro, Fernando Pessoa (onde se onclui a raríssima edição original da Mensagem, 1934), José Cardoso Pires, Eça de Queiroz, José Régio (conjunto apreciável), António Ramos Rosa (idem), Mário de Sá-Carneiro, José C. Ary dos Santos, Alberto de Serpa, estimadas obras de Judith Teixeira (ver a 2ª ed. do seu conhecido livro de poemas, Decadência), Miguel Torga (aliás Adolpho Rocha. Conjunto raro e muito valioso de primeiras obras deste autor), Mário Cesariny, Afonso Lopes Vieira], um excelente e valioso lote de revistas [Alma Nacional, Almanach Republicano da Biblioteca Republicana Democratica, Árvore, Archivo Vianense, Aventura, Cadernos de Poesia, Cassiopeia, Contemporânea (excelente peça de colecção), Crítica, O Diabo (raro e valioso), O Espectro, Harpa do Mondego (1855, Coimbra), Lusitânia, MSapho (curiosa revista publicada em Lourenço Marques), Nova. Magazine de Poesia e Desenho, Orpheu (rara e valiosa), Pensamento (156 numrs), Rumo, Sibila (nº único, publ. Castelo Branco por Liberto Cruz), SW Sudoeste.

ver Catálogo AQUI.

EXPOSIÇÃO ANTOLÓGICA DE LIMA DE FREITAS


De 25 de Novembro a 22 de Dezembro - na Câmara dos Azuis (Av. Elias Garcia, 157 A/B Lisboa - junto à Gulbenkian).

"José Maria Lima de Freitas (22.06.1927–05.10.1998)

Personalidade marcante e incontornável da vida cultural e cívica do século XX, Lima de Feitas foi o pintor incómodo, o estudioso das tradições imaginais de Portugal, da Europa e do mundo e, avant la lettre, o filósofo transdisciplinar que sondou a numerologia pitagórica, o frutífero diálogo entre ciência e tradição e trabalhou e em parceria directa com os grandes nomes do Novo Paradigma, que está a emergir tanto ao nível das ciências sociais e humanas como das chamadas ciências exactas (...)

Foi investigador e um profundo conhecedor de Iconologia na Arte, Geometria Sagrada, Simbólica, Ciência e Espiritualidades comparadas ...” [ler tudo AQUI]

"... A arte de Lima de Freitas, a sua beleza irradiante, é uma gramática que engendra o homem nos combates insólitos que marcam toda a cultura. O pintor domina as coerências imaginárias inerentes à nossa liberdade e a toda a leitura do mundo. Essas coerências estão para a inteligência, como a sedução está para o amor: são o exercício de um poder essencial." [Pascal Fleury]

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

NIHIL OBSTAT


Aos intelectuais do regime: "Não nos dêem conselhos, sabemos bem fazer asneiras sózinhos!" [lema ou epígrafe da velha Casa da Nau, Coimbra de muita memória]

imprimatur

Santas noutes

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

LUIZ PACHECO (1925-2008) NA BIBLIOTECA NACIONAL


Exposição Luiz Pacheco (1925-2008) e apresentação do Catálogo dia 26 de Novembro de 2009 (5ª feira), na Galeria da Biblioteca Nacional de Lisboa (17,30h).

A não faltar.

LEILÃO DA OTIUM CUM DIGNITATE


Hotel Fénix (Marquês de Pombal) – dia 24 e 25 Novembro, 21:30h

A Leiloeira Otium Cum Dignitate, de Nuno Gonçalves (alfarrabista-antiquário), vai pôr à praça um conjunto raro e valioso de peças bibliográficas de colecção.

Registe-se um acervo importante de cartas, pergaminhos e manuscritos [como as do espólio do general Morais Sarmento, cartas de Hélder Ribeiro, de António Quadros, poemas de Ruy Cinatti], cartazes do pós-25 de Abril de 1974, cartazes de exposições de pintura e cinema, serigrafias, livros e folhetos [de António Cândido Franco, Ruben A., Al Berto, Almada, Mário Cesariny, António DaCosta, António Maria Lisboa, Sophia M. Breyner, Ramos Rosa, António Aragão, Mello e Castro, António Barahona, Ruy Belo, Bernardo Marques, Camilo, Armando da Silva Carvalho, Raul de Carvalho, Ferreira de Castro, Jean Cocteau, Cruzeiro Seixas, Fernando Grade, Daniel Filipe, Manuel Ferreira, Tomàs da Fonseca, Ana Hatherly, Herberto Hélder, Celestino Gomes, Rui Knopfli, Gomes Leal, Mário Henrique-Leiria, Lima de Freitas, M. S. Lourenço, Luís Alves da Costa, Irene Lisboa, Cecília Meireles, Vergílio Martinho, Wenceslau de Moraes, Sidónio Muralha, Rebordão Navarro, Luiz Pacheco, O’Neill, Alberto Pimenta, Miguel Torga (aliás Adolpho Rocha), Aquilino Ribeiro, Tomaz de Melo, Ary dos Santos, Alberto de Serpa, Salazar, Saramago, etc.], publicações e Revistas [Aleph, Arauto, O Anacleto Terciário, O Atheneu Artístico-Litterário, Atlântico, Archivo Popular, Arte Peninsular, Búzio, Cadernos da Biblioteca (Caminha), Capricórnio, Contemporânea, Contramargem (& Etc), Contravento, & Etc, Fenda e Pravda (de Vasco Santos, ed. Coimbra), Folhas de Arte, Varões, a Gaiola Aberta, O Globo, Hidra, A Comédia Portugueza, KWY, L’Assiette au Beurre (de Leal da Câmara), Lusíada, O Mundo de Almada, Mundo Literário, Novela Contemporânea, A Phala, Raiz & Utopia, Revista de Portugal, A Semana Litteraria, Távola Redonda], fotografias e um invulgar e muito valioso espólio do escritor Luiz Pacheco (referido já via Expresso-Actual).

A não perder. Consultar o CATÁLOGO, AQUI (download em S004 pdf)

domingo, 22 de novembro de 2009

O SEMPRE VALENTÃO EMÍDIO RANGEL


"Ab alio expectes alteri quod feceris"

O sempre valentão Emídio Rangel está de volta. O irrequieto garçon do actual regime, mesmo sem a graça putativa especial que tem pelas coisas do circo, ofusca, ainda assim, qualquer boy do sr. Sócrates. Santos Silva, incluído. Mesmo sendo o último dos ridículos, ou o primeiro dos azeiteiros, que pastam no CM, o formidável valentão Emídio Rangel persiste na sua aplicada "luta" contra os professores (que não gosta) e os sindicatos (que o atormentam).

O caso Rangel não é uma douta ufania de ignorância. Com essa inépcia podemos, honestamente, todos. Além do mais não consta que a ignorância seja uma assegurada infâmia. A bravata do sempre valentão Emídio Rangel é do foro político (sem dúvida), mas também é um libelo de carácter, ao mesmo tempo que é sintoma de uma crise patológica ou um fenómeno de projecção (Freud, dixit) reprimida. A paranóia é um estádio de delírio, um ódio recalcado e que transporta (sempre) fantasmas que até ao próprio surpreende.

O sempre valentão Emídio Rangel, preocupado com a fendida política governamental para o ensino que esta semana irrompeu no Parlamento e com a bênção da sra. Ministra da Educação e dos sindicatos, desata em mais uma monumental lide de impropérios caseiros, a par de uma argumentação saloia de apoio ao defunto "projecto de reforma" da Maria de Lurdes & João Freire. De caminho, o sempre valentão Emídio Rangel refere-se aos professores (que não gosta) como "boçais", assunto, vindo de quem vem, perfeitamente laudatório, mas ainda assim escusado. O sempre valentão Emídio Rangel um dia terá de dizer a um qualquer professor, cara a cara, rosto com rosto, essa rincharia que os jornalecos conscientemente lhe autorizam. Na ocasião se verá a índole, a honra e a autoridade desse sempre valentão.

Talvez, então, o sempre valentão Emídio Rangel nos elucide sobre a sua vida académica em Angola (liceal e universitária), decerto musicando-a com a (outrora) formidável maçada da sua militância partidária e a sua rocambolesca fuga para a antiga Metrópole. Para que, nessa sua evidência de competências, os seus admiradores socráticos se curvem de mordomias e os nossos "boçais" professores lhe passem o respectivo atestado ou diploma. Sic et simpliciter.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE


CATÁLOGO LIVRO ANTIGOS RARIDADES - HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE

O Catálogo que AQUI se apresenta, com um lote de peças bibliográficas a fazer os encantos do bibliófilo, merece uma atenção especial. A colecção de primeiros números de vários (e raros) periódicos, as raras peças literárias e de muita estimação, o apuro da escolha dos lotes e o grafismo deste 1º Catálogo em Homenagem ao livreiro Tarcísio Trindade, será (é já) uma peça de colecção para o amador de livros.

A Homenagem a Tarcísio Trindade assim o merecia. Um grande abraço e a nossa sentida admiração.

HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE


HOJE – 17 HORAS NA RUA DO ALECRIM, 44 – HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE

“A história da Livraria Campos Trindade é a história da minha família e este sítio, sem dúvida diferente e especial, nasce da força e perseverança da pessoa que hoje todos homenageamos, Tarcísio Trindade, o meu pai (…) Conheci e conheço muitos livreiros, mas nenhum como o “senhor Trindade”, com um à-vontade tão grande no domínio do livro antigo português, com perfeita noção dos livros que via, comprava e vendia, tudo isto acompanhado de uma generosidade única, muitas vezes incompreendida, inclusive por mim. O gozo desta profissão, no meu pai, sempre esteve no acto de descobrir os livros e também no que proporcionava aos amigos, clientes e livreiros ou futuros livreiros, iniciando também muita gente no comércio do livro antigo …“

[Bernardo Trindade, in Catálogo 1]

“LIVREIRO ALFARRABISTA de projecção nacional e internacional, Tarcísio Trindade tem lugar de evidência na história da cultura portuguesa. Possui conhecimento profundo da introdução e difusão da tipografia europeia nos séculos XV e XVI e das espécies bibliográficas mais famosas que existem, dentro e fora de Portugal, em bibliotecas públicas e privadas. A sua loja, na Rua do Alecrim, tornou-se, presentemente, a última tertúlia erudita de Lisboa frequentada por intelectuais, artistas e coleccionadores portugueses e estrangeiros. Pode classificar-se uma antecâmara da Academia das Ciências, da Academia da História e até da Academia Nacional de Belas-Artes …”

[António Valdemar, in Catálogo 1]

“Este cuidado com a apresentação da mercadoria é, sem dúvida, hábito familiar
inveterado, de que facilmente se apercebe quem entra na lisboeta Livraria Alfarrabista da Rua do Alecrim, onde Tarcísio Trindade se instalou na década de 70: todos os objectos em exposição, depois de limpos e devolvidos à sua frescura original, são arrumados, como manda a melhor tradição do display comercial, da maneira mais conveniente a um exame dos seus traços fundamentais. Nada de atropelos, nada de misturas ao arrepio da própria natureza das coisas, nada de barafundas: cada objecto integrado no ambiente do interior da loja, como se, mesmo antes de mudar de mãos, estivesse já a viver uma vida autónoma …”

[Artur Anselmo,in Catálogo 1]

Tornei-me naturalmente uma visita frequente da Livraria Campos Trindade, e o passar do tempo haveria de cimentar uma relação de confiança que fez de Tarcísio um dos meus mais queridos amigos (…)Acompanhando-o, como o acompanhei, fui beneficiário da sua vastíssima cultura, e como todos os seus clientes, da sua correcção e seriedade impecáveis (…)Conhecedor profundo do livro e da história da edição, Tarcísio Trindade foi meu permanente e sábio conselheiro …”

[Luís Bigotte Chorão, in Catálogo 1]

HOMENAGEM HOJE – 17 horas na Livraria Campos Trindade, Rua do Alecrim, 44, Lisboa

[ver Catálogo, AQUI]

foto: espólio J.M.M.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE

DIA 19 (Quinta-feira), pelas 17 horas lançamento do 1º CATÁLOGO de livros Antigos e Raridades na Livraria CAMPOS TRINDADE.

A não faltar!

A SUPREMA NÁUSEA


Esse "cadáver político" que dá pelo nome de José Sócrates – curioso sujeito que um dia a História julgará – pode obrar as mutações de carácter pessoal que melhor entender; pode sustentar uma variedade de amigos e protectores, seguros e insaciáveis de interesses e benesses, em defesa da sua imaculada honra; até mesmo se pode aceitar (em sua defesa) que ande cativo da média ou da canalha da rua, e deste modo arremessado como um qualquer dissoluto ou pária; mas não deixa de revelar aos cidadãos, nessa sua insânia de poder e delírio de casta, em tudo o que tacteia, participa e manda, esse espectáculo nauseabundo de participação e decapitação do Estado de Direito e do regime democrático.

Campo minado de interesses conflituantes, a instituição judicial não resistiu aos abusos do poder partidário, à lógica da promiscuidade política. E não soube, no seu articulado normativo-jurídico e no seu edifício processual, desconstruir essa desordem. O pastiche e a esquizofrenia que estes dias têm afluído a público, via caso "Face Oculta", é um arrazoado inédito e pasmoso, um enxovedo discursivo insanável às instituições e aos seus interlocutores, um convite e incentivo à prevaricação da classe política, uma afronta ao Estado de Direito e aos cidadãos.

Mais que os arremedos formais ou processuais, que ninguém de boa fé entende, nem mesmo esses cérebros mirrados dos opinadores, ou melhor, para lá do formalismo processual em todo este caso, a narrativa política depara-se com escrivães obedientes, com sujeitos enturvados na lide partidária, com bobos da corte.

Afinal, que dizer da criadora interpretação material posta a circular pelo sr. PGR sobre a não existência de "indícios probatórios" que podiam levar à instauração de procedimento criminal a José Sócrates? Acaso é da sua exacta incumbência e atribuição? E como considerar a alucinante, tanto como provocatória, declaração do actual ministro da Economia, Vieira da Silva, considerando existir "espionagem política", sem que um processo lhe tombe sobre a sua desmiolada cabeça? Acaso um governante, um simplório ministro, pode ofender publicamente toda a magistratura, e passar impune? E que dizer do recorrente Santos Silva (ou do sr. Lello), agora a vigorizar direito e a malhar nos magistrados? Pode comportar-se tais procedimentos? Pode o sr. Presidente da República e o Supremo Tribunal de Justiça, com todos estes embaraços, não entrarem na querela? Ao que tudo indica, parece que sim. As omissões são ensurdecedoras. E esclarecem e sinalizam o regime a que temos direito. E a sua ruína.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

OS “BASTARDOS” KEYNESIANOS & OS OUTROS


Faz tempo que a tribo dos comentadeiros económicos, sempre barulhenta a puxar pelos galões académicos, não acumula dizeres de circunstância sobre a crise. Ou sobre a crise da crise. A capitosa desdita desses ilustrados sujeitos, agora em serenidade Socrática, não é (apenas) esse macaquear de teorias e de vaticínios maravilhosos (que estudaram mal ou só de amostras), mas o facto de o seu palavroso stock em torno da política económica estar mordente nos desagravos.

A genuflexão à governação feita por todos esses artistas (ou "bastardos" keynesianos) sobre os negócios da fazenda, foi um fenómeno curioso de acompanhar. Entre nós, nesta (dizem) ubérrima paróquia, e em especial durante a campanha eleitoral, os bancos, os Varas & Constâncios, o lendário regulador e os artísticos investidores privados, estavam todos bem (obrigado!), enquanto a ruína do modelo era assunto pouco infeccioso. O sábio Mete-lo lá ia teorizando o seu receituário fútil; os Danieis (Bessas & Amarais) afagavam em benzina as teorias que perjuravam na cátedra, enquanto autenticavam mais uma sebenta macroeconómica; os srs. direcktores dos jornalecos económicos de ocasião iam mobilando a edição com louvores ao sr. Teixeira dos Santos; os moçoilos socráticos, espécie de albergue de obras-pias, lastimavam-se dos pérfidos neo-liberais, enquanto à sorrelfa iam desmontando a sua agência de matrimónio liberal; e até o cónego Carlos Santos, nos seus momentos-Sócrates via Simplex, produziu as melhores falácias académicas do reyno universitário, pelo que foi de imediato acompanhado pelo rapaz Galamba, agora a deputar em S. Bento. Todos úteis "bastardos" do keynesianismo. Todos sábios. Todos a caminho da fortuna política.

Entretanto Paul Krugman no NYT Magazine, a 2 de Setembro deste ano da graça do sr. Sócrates, tratava esses imaginosos e eruditos domésticos (os abandonados de Keynes) à letra. Pela paróquia não se leu, para lá de piquenas minúcias taberneiras, uma qualquer recensão económica, uma reflexão eminente & decente, vinda dos nossos "bastardos" indígenas. E nem mesmo a charanga keynesiana foi aparatosamente derreada por esse génio liberal que é o sr. João Miranda, iracundo blasfemo. O recato em torno de Krugman prometia e era total.

Nós por cá, sem fervor de matilha mas em gargalhada profana, seguimos atentamente o dissidente Krugman. E apresentamos, “How Did Economists Get It So Wrong?”, em língua de Camões. Para "bastardo" estudar. E fazer-se assinante.



[clicar no Fullscreen para ler melhor]

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SERMÃO DO BOM LADRÃO


Suponho finalmente que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este género de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia o seu pecado, como diz Salomão: Non grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: juratur enim ut esurientem impleat animam. O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao Inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera (...) Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. - Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: - Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. - Ditosa Grécia, que tinha tal pregador!

Padre António Vieira - Sermão do Bom Ladrão, 1655 [ler texto todo AQUI]

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

BERLIM


“Nada está morto excepto o que ainda está por vir
Ao lado do passado luminoso incolor é o porvir” [Apollinaire]

"Pois sabíamos até bem demais
O próprio ódio da imundície
Faz a fronte ficar severa.
A própria raiva contra a injustiça
Faz a voz ficar áspera. Ai de nós, nós que
Queríamos lançar as bases da bondade
Não podemos nós mesmos ser bondosos" [Brecht – "À Posteridade"]

"Me sento à beira da estrada
O motorista troca uma roda.
Não gosto do lugar de onde venho.
Não gosto do lugar para onde vou.
Por que fico olhando com impaciência
Como ele troca a roda?" [Brecht – "Trocando a Roda"]

"Agora o medo abandonou a maior parte dos homens
e o infinito já não tem nenhuma palavra afectuosa,
uma palavra aterradora para lhes dizer.
Vazios bocejantes crescem junto a vazios bocejantes" [Arp]

"uma história só perdura nas cinzas
e persistência é apenas extinção" [Montale]

in "A Verdade da Poesia", de Michael Hamburger

domingo, 8 de novembro de 2009

LEILÃO DA COLECÇÃO CAPUCHO - BIBLIOTECA (Parte III)


Continuação do invulgar Leilão do riquíssimo espólio (Colecção e Biblioteca de António Capucho) que foi pertença de António Emídio Ferreira de Mesquita da Silva (1918-2009), pai do Presidente da C.M. de Cascais, António d’Orey Capucho, conforme AQUI referimos antes.

Amanhã (dia 9) e a continuar no dia seguinte (dia 10), pelas 15 horas, no Palácio do Correio Velho (Calçada do Combro, 38 A, 1º, Lisboa), decorrerá o LEILÃO da escolhida e riquíssima BIBLIOTECA CAPUCHO (III parte). A não perder.

consultar o Catálogo AQUI.

sábado, 7 de novembro de 2009

CATÁLOGO-HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE


O estimado livreiro-antiquário Tarcísio Trindade (ou Tarcísio Vazão de Campos e Trindade), de que AQUI já fizemos referência, vai ser homenageado com um soberbo Catálogo a sair na próxima semana.

Tarcísio Trindade, e o seu humilíssimo trabalho em prol do livro e da bibliofilia, é o testemunho e estima de uma vida inspirada, venturosa, respeitada. Os seus amigos e os amadores de livros não faltarão à chamada. Em testemunho de gratidão e reconhecimento.

A CHOLDRA


Tresanda a laracha esta governação. O Sócrates, os Santos Silvas, o inefável Valter Lemos, os Perestellos, o camarada Vasco (Franco), os Lellos, um tal Amado, o clone Silva Pereira, o fogoso "revolucionário" Alberto Martins, a rapariga de Boston (Isabel Alçada), o inolvidável Lacão, estão de volta. Todos muito ajeitadinhos, muito bem esmaltados, quiçá boémios. Gente limpa e pitoresca são outra coisa. Mas este vaudeville – levado ao palco em S. Bento – nem parece um governo, mas lembra simplesmente um vero Xanax. O dr. Cavaco prescreveu a coisa e a gentinha, bem comportada, corre no imprevisto para o divã. Somos bons paroquianos!

Está, assim, uma autêntica choldra a paróquia. Os arremedos da folia parlamentar, "sem fundilhos nem calças", são raros e íntimos. Os jornaleiros (salvé Ó Bettencourt Resendes) estão ferventes e ensimesmados na retórica política. Um Vara (Armando para os amigos) passa inseguro entre o espectáculo, primoroso na sua fatiota made in BCP. Alguns (poucos) jornalistas (ainda os há) catrapiscam a perdida ética republicana. Sócrates, o comediante Silva Pereira e os dormideiros do BCP garantem o seu valor, dão referências a esse bom e excelso portuga. O país, entretanto, caiu exaurido, entre o riso pelo infortúnio do gentio d’Alvalade e o suspiro triunfal do grande & glorioso SLB. Somos todos gente tímida. Admirável!

Requiescant in pace

A VIDA O QUE É


"A vida o que é, é uma considerável maçada. Não a tomemos, nem a ela própria: não vale a pena. Não é desgraça, não é angústia: é maçada. Maçada e sensaboria"

"... Por cá vai tudo na mesma, agravado com mil episódios mais da patifaria indígena ..."

"Como não há-de ser assim quando o ripanço é o ideal superior das nossas classes dirigentes? ... tudo é papas! Temos a consistência das alforrecas ... Em Outubro, quando foi a ultima crise, instaram comigo para entrar no governo e arranjei um dia um ministério possível. Sabes qual foi a resposta? Que era forte de mais. Preferiu-se como sempre a pastelaria merdosa em que nos havemos de afogar e morrer … se fosse possível extrair ainda da fibra portuguesa alguma vibração de energia digna. Não é ..."

"... Depois da orgia ..., vieram os cinco anos de desvairamento ... dar cabo do resto da reputação que havia no pessoal político. Agora, pede-se vida nova, mas quem há credor de confiança pública? Ninguém. È o caso do ditado: depois de burro morto cevada no rabo ..."

"O país não compreende o alcance da aventura em que o lançaram e a imbecilidade, explorada pela astúcia, só se convencerá perante factos. É necessário que a desgraça doa para terem razão os que a quiserem prevenir ...

"Crê o meu amigo que eu seja algum desses sublimes parvos que tem vindo ao mundo, intolerantes idealistas, que julgam serem os homens e o mundo barro, e eles o oleiro?”

"... vou-me atrelando ao carro do estado para vencer o tédio, por um lado, e também porque nas pequeninas sociedades apodrecidas, como a nossa, a política é tudo e para a gente não ser esmagado é preciso puxar o carro: de outro modo passam-lhe por cima as rodas ..."

"... Os mortos, e os livros que são o sepulcro onde vivem, constituem, salvas excepções únicas, a melhor sociedade para a gente ..."

in Correspondência de J. P. Oliveira Martins, Parceria A.M.Pereira, 1926

III ANIVERSÁRIO DO ALMANAQUE REPUBLICANO


O Almanaque Republicano cumpre hoje o seu terceiro aniversário.

Ao longo destes três anos publicaram-se 878 mensagens.
O contador que utilizamos desde o início, apesar de ser menos benévolo nas suas contagens assinala até ao momento 73 560 visitas, que se traduz em 108 665 páginas visistadas. Em média por dia visitam este nosso espaço 104 visitas diárias.

Ao longo deste último ano, o Almanaque Republicano passou a integrar as redes sociais como o Twitter e, mais recentemente o Facebook, onde a rede de amigos tem crescido continuamente e esperemos que continue a alargar-se.

Quanto ao trabalho realizado, podem consultar-se na barra lateral as 644 etiquetas diferentes que foram utilizadas até agora. Sendo que as 10 entradas mais utilizadas são:

1º - biografia, 110;
2º - bibliografia, 60;
3º - Coimbra, 52;
4º - livros, 51;
5º - colóquios, 43/periódicos, 43;
6º - efemérides, 39;
7º - regicídio, 35;
8º - questão académica, 32;
9º - maçonaria, 27;
10 - imprensa republicana, 24;

Curiosamente, e se calhar não por acaso, se analisarmos a questão das etiquetas revelam-se os interesses dos autores deste nosso espaço.

Não podemos também deixar de referir algumas achegas, contributos e estímulos que nos vão chegando pelas mais variadas formas. Nesta altura, não podemos esquecer cinco personalidades que já nos contactaram e que nos forneceram algumas pistas, facultaram dados ou simplesmente nos apoiaram neste nosso percurso na permanente demanda de novos elementos sobre a implantação da República: António Ventura; Ernesto Castro Leal; Fernando Catroga; Luís Bigotte Chorão e Manuel Sá Marques.

Chamamos também a atenção dos nosso estimados ledores para a plêiade de blogues que nos acompanham nestas lides (por exemplo: Bernardino Machado ; Republica100anos ou os Caminhos da Memória) e que podiam ser em maior número se houvesse maior número de pessoas empenhadas ..." [ler tudo AQUI]

via Almanaque Republicano

IN MEMORIAM DE ANTÓNIO SÉRGIO (RADIALISTA)


"... agora que a "ROCK FINAL" está feita, contemos um pouco da sua história. Tudo. começou com o desejo expresso por um grupo de amigos e ouvintes da emissão do Rolls Rock, na FM Estéreo da Rádio Comercial, em obterem os textos que eram difundidos no programa. Mais ainda esses ouvintes e muitos de nós, sonhávamos com a hipótese de um periódico que fosse de informação musical alternativa, à pobreza infelizmente habitual das nossas publicações nacionais (...)

"ROCK FINAL" e portanto uma dedicatória marginal ao programa "Rolls Rock" e aos seus ouvintes ..."

Ficha Técnica: Textos de António Sérgio, Joaquim Manuel Lopes, Nuno Diniz, Ana Cristina, José António Santos

Colaboração: Ricardo Camacho e Zé Paulo

Artes finais de Ana Cristina e Joaquim Manuel Lopes.
Compilado em Dezembro e Janeiro (81/82)

Os textos incluídos forma transmitidos de Fevereiro a Dezembro de 81, no “Rolls Rock” – Rádio Comercial FM estéreo, de 2ª a 6ª das 20 às 21 e Sáb. das 22 às 24 h.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

MANOLETINAS DE SALÃO - ALEXANDRE O'NEILL

"No fundo, não passamos de uns vaidosos, cheios de tiques e tremeliques, e não aguentamos passar à hora da verdade, mantendo donaire e galhardia. Quando sentimos o verdadeiro medo, o verdadeiro medo e o seu vento, abandonamos a postura, largamos o capote e corremos a buscar refúgio e um copo de água ao primeiro burladero que se nos antolhe nesta corrida da vidinha. Sempre foi, é e será assim. É bom? É mau? É. Vem tudo isto ao jeito de conversa fiada, mas nem por isso menos alinhavada, que o que eu quero é lembrar-vos que o medo desdobra um vento muito mais alevantado que ele. O medo. Considerai o que é o medo, aquele que faz das nossas mais indizíveis entranhas rodilha, que põe a mãe a fugir do filho e o pai da avó. Considerai as voltas e contravoltas em que ele nos mete no seu gosto de se burlar da gente, antes de nos vitimar. Considerai tudo isso e o mais o que houver a considerar. E perguntai: o que é na realidade o medo, essa avantesma que enrola e aperta os seus dedos em torno da nossa garganta? Nada que se possa sopesar. É o imaginado antes do vivido, é o sonhado antes do acontecido. O medo, depois de nos pôr a fugir, paralisa-nos. É essa a vitória do medo: criar paraplégicos trementes. E de paraplégicos trementes é feita boa parte de nós. Nos transportes públicos, nas repartições, que vemos nós todos os dias? Paraplégicos trementes a entreabençoarem-se por entre resmas de papel selado, os seus burladeros. Manoletinas de salão, fazemos na perfeição. Quando passamos para a arena, pernas p'ra que vos queremos? Será melhor não sermos tão enfáticos, tão opiniosos. Todos temos medo? Claro. Até o infligimos. Agora há uns que sabem que o medo desdobra um vento bastante mais alevantado que ele. Vamos deixar de ter medo?" [clicar na foto]
 
Alexandre O'Neill, in "Manoletinas de salão" - Escrita por medida, J.L., 5 de Março de 1985 [sublinhados, nossos]

OS INCUMBENTES DO SR. SÓCRATES

Hoje, a tropa tarefeira do sr. Sócrates vai ao boticário do dr. Cavaco assinar a presunção ministerial. 15-ministros-15, cartão de serviçal no bolso e uma afectuosa ambição pessoal, todos de pulsos políticos algemados mas sob fiança dos Marcelinos indígenas, irão cerimoniosamente alegrar a vitrine da antiga "Real Barraca", ali na Ajuda. O público, desde o correligionário falhado a outros exquisitos sujeitos (que nunca faltam na ocasião), abrilhanta a putativa festa. Os emproados incumbentes vão ao expediente. E, com apetite noticioso, o país viscoso das Tv’s, jornais & blogs, com eles.

Acontece que tais incumbentes estão no papel de gestores das presuntivas cambalhotas estratégicas do grupo de interesses do sr. Sócrates: não farão a "política que pensam", mas "que são". Os notáveis assinantes são meros décor. O que antes diziam sobre o "meneio correcto" da coisa pública será para esquecer. Não haverá arroubamentos. Jamé! Os episódios que iremos assistir, decerto bem urdidos e postos a correr por jornaleiros estridentes, são para inebriar a galeria de nativos. Estes, sonolentos à crise económica e derrancados à iminente bancarrota, irão saudar em delírio (mesmo que frouxo) a curiosa genuflexão do (manso) governo aos interesses e ao fomento do país real e correrão com a "nauseabunda" oposição. Sócrates regressará depois, em ombros e sobre o seu enxertado governo, para anos de felicidade e esplendor. O chamariz está já lançado. Assim o dizem.

Mas é possível que a insolência da "habilidosa" estratégica não resulte. Primeiro, a económica é o que é. Não arreda por convenientes ou piedosas "mentiras". A demanda dessa mistificação exige uma macia e pressurosa acalmia económica e financeira, mas que estes anos todos de indecorosa governação impede. Não podem mascarar a balbúrdia que aí vem. Segundo, a pitoresca assunção que os incumbentes do sr. Sócrates são vigorosos artistas e autorizados peritos, mesmo que com pele de lacaios, é um exercício intelectivo esforçado e demasiado ufano. Os verdadeiros técnicos não se bordam dessa maneira. Aquilo é apenas um atoleiro de assanhados burocratas, inconvertíveis a qualquer realidade. Terceiro, para que a trapaça resulte, mesmo ajudada com a toleima dos apoiantes do sr. Portas, seria preciso que a oposição se pusesse a jeito e a caminho do abismo. Ora não nos parece que esse apocalipse, essa lesa-política de desespero, venha a ter lugar e siga o programa de festas do grupo de interesses do sr. Sócrates. E assim terá de ser.

Carpe diem.

sábado, 24 de outubro de 2009


LEILÃO DA BIBLIOTECA DE PAULO MONTEIRO LEVY

Leilão da Biblioteca de Paulo Monteiro Levy - Dias 26 a 29 de Outubro 2009, pela Leiloeira Renascimento (Rua Agostinho Lourenço - ao Areeiro -, 20 C, Lisboa).

Regista-se um conjunto estimado de livros sobre: Constitucionalismo e Historia de Portugal, uma Pombalina, Escravatura, livros de Numismática, uma invulgar e rara Maçonica, lote curioso de Imprensa periódica do Século XIX/XX, livros sobre a Inquisição, Judaísmo, Jesuítas, Historia da Medicina, Literatura e Banda Desenhada.

Paulo Monteiro Levy, foi um distinto médico e operador, com consultório em Lisboa. Homem de pensamento livre e grande cultura, formou esta sua biblioteca com base em temas que abrangem as mais diversas áreas do conhecimento (...)

Nas suas andanças por este mundo das livrarias e leilões, e graças ao seu gosto pelo diálogo, granjeou muitas e duradouras amizades entre livreiros e coleccionadores. Pessoalmente mantive um longo e fraterno relacionamento com o Dr. Paulo Levy, foram mais de três décadas. Para alem dos livros convivemos em tertúlias e alguns outros areópagos ao longo de todos estes anos. Tenho a certeza que apesar da diferença de idades ele me considerava um seu irmão mais novo, tal como eu o considerei e considero um irmão mais velho (...)
" [José Vicente, in Catálogo da Biblioteca]

Da Biblioteca de Paulo Monteiro Levy salienta-se uma invulgar Maçonica, a todos os títulos notável e muito rara. O Dr. Monteiro Levy, médico e livre-pensador, foi um distinto obreiro de uma conhecida Loja de Lisboa, tendo atingido mesmo altos postos. A sua Maçonica percorre algumas das obras bibliográficas de referência à temática maçonica, portuguesa ou universal, sendo que é muito raro aparecer no mercado um lote tão copioso de espécies desta área tão restrita. [publ. tb. in Almanaque Republicano]

ver a BIBLIOGRAFIA MAÇONICA presente na Biblioteca Monteiro Levy, in Almanaque Republicano

ver todo o Catálogo, AQUI.

domingo, 18 de outubro de 2009



Qu'es mi vida, preguntais

[canção de Johannes Cornago, versão de Johannes Ockeghem (1420-1496)]

MORADAS FILOSOFAIS - A ARTE REAL

Dias 24 e 25 de Outubro - Colóquio Internacional "MORADAS FILOSOFAIS. Princípios e Métodos da Arte Real", sob patrocínio da Fundação Cultursintra.

Aos "amantes incondicionais da Arte, que dedicam as suas vidas ao estudo e divulgação das mais notáveis mansões e jardins europeus, regidos por Hermes", se dedica este Ciclo em torno da Filosofia Hermética, Simbolismo e Mansões Filosofais.

Do Programa do Ciclo registe-se o seguinte:

Dia 24 (Sábado): uma visita guiada à Quinta da Regaleira; a inauguração do "Laboratório Alquímico" no seu Palácio; e várias sessões, entre elas: uma que será proferida por António de Macedo ("Mansões Herméticas e Geometria Sagrada - do Tabernáculo no deserto ao 'Número' da Ordem de Cristo", uma outra por dirigida por Manuel Gandra ("Emblemática das Mansões Filosofais I") e a que Ferdinando Rizzardo nos falará sobre "La Case dell'Achimista a Valdenogher".

Dia 25 (Domingo): a 2ª parte da "Emblemática das Mansões Filosofais" (Manuel Gandra); uma nova intervenção de Ferdinando Rizzardo ("Ermetismo a Venezia e Libreria Marciana") e a exposição por João Cruz Alves sobre "Lima de Freitas e a Topologia do Imaginal". No fim haverá um jantar-convívio na Quinta da Regaleira.

consultar e acompanhar o evento, via Fundação Cultursintra.