segunda-feira, 6 de julho de 2009
DR. LAUREANO BARROS
"Ele planeava tudo. Era organizado, previdente e perfeccionista. Inflexível com a verdade, a liberdade, a independência, o rigor e a pontualidade, exigia-os de si e dos outros (...)
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia, várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los (...)"
in Laureano Barros - O Homem que Fugiu com uma Biblioteca, por Paula Moura, P2 (Jornal Público), 5 de Julho 2009, pp. 4-7]
- ler TODO o artigo sobre Laureano Barros (retirado do jornal Público, com a devida vénia), invulgar bibliófilo e que AQUI e AQUI fizemos referência, no nosso site BIBLIOMANIAS.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
IN MEMORIAM DE PINA BAUSCH (1940-2009)
"Uma monja com um gelado, uma santa com patins, um rosto de rainha no exílio, de fundadora de ordem religiosa, de juíza de um tribunal metafísico, que de repente nos pisca o olho ..." [Fellini]
"I loved to dance because I was scared to speak. When I was moving, I could feel."
"Não sei responder se há uma dança mais feliz que outra. O que é maravilhoso na dança é que é sempre 'no momento' e não existe mais nenhum momento quando se está naquele. Na dança não há ontem nem amanhã, só há dança." [Pina Bausch, in Expresso]
"The choreographer who has always been tied with the term 'dance theatre' says that she is not interested in how people move. What matters is what is behind their movements". [Anna Gordeyeva, 2004]
"Quero fazer muitos amigos no mundo inteiro. E que tenhamos novamente vontade de aceitar o desafio da vida ... Quero que preservemos a esperança" [Pina Bausch, in entrevista a Norbert Servos]
"Pina Bausch, durante a montagem de um de seus espetáculos, disse, em entrevista, que estava falando sobre o amor porque o mundo, no momento, precisava ouvir sobre o amor. Creio que Pina durante toda a vida, ajudou o mundo, falando de amor, em todos os seus gestos e movimentos ..." [Márcio Meirelles – Secretário de Cultura do Estado da Bahia]
LOCAIS: Pina Bausch / Morreu a coreógrafa das emoções absolutas / Uma conversa com Pina Bausch / Pina, Queen Of The Deep / Entrevista de Norbert Servos / Working with Pina Bausch / Pina Bausch Bibiliography
sábado, 27 de junho de 2009
MÁRIO SAA (1893-1971)
"Mário Paes da Cunha e Sá [Mário Saa] nasceu no dia 18 de Junho de 1893 nas Caldas da Rainha, fazendo parte de uma das famílias da elite económica e social do concelho de Avis. Na altura do seu nascimento, o pai de Mário Saa (nome literário) exercia as funções de notário e sub-delegado no julgado de Óbidos, residindo nas Caldas da Rainha.
Em 1895, a família volta para o concelho de Avis e o seu pai constrói, quatro anos depois, o Monte de Pero Viegas, onde Mário Saa residiu quase toda a vida. Recebeu formação no colégio de S. Fiel, em Louriçal do Campo (Beira Baixa), no Liceu de Évora e, em 1913, era aluno do Instituto Superior Técnico. Sabemos, através da revista Presença (n.º19,1929), que em 1917 continuaria a frequentar esta instituição. No ano seguinte inscreveu-se no curso de Sciencias Mathematicas na Universidade de Lisboa e, em 1930, no curso de Medicina desta mesma Universidade.
A vida de Mário Saa dividiu-se entre a administração agrícola das suas propriedades e a investigação e produção literária. De acordo com o perfil dos intelectuais do seu tempo interessou-se por temáticas distintas, publicando várias obras e numerosos artigos em periódicos. Dedicou-se à filosofia, à genealogia, à geografia antiga, à poesia, à problemática camoniana, às investigações arqueológicas, e mesmo à astrologia e à grafologia.
A investigação que realizou sobre vias romanas resulta na sua obra de maior vulto. Os seis volumes de «As Grandes Vias da Lusitânia» são produto de mais de 20 anos de investigações e prospecções arqueológicas e constituem, ainda hoje, uma obra de referência para os investigadores. Conjuntamente com a arqueologia, Mário Saa destacou-se, também, no panorama da poesia portuguesa das décadas de 20 e 30. Publicou com assiduidade na revista Presença e privou com os grandes poetas e intelectuais da época no âmbito da boémia literária da Brasileira do Chiado"
"A Biblioteca da FAPT [Fundação Arquivo Paes Teles] possui todas as obras da autoria de Mário Saa e, também, o conjunto bibliográfico que foi adquirindo, recebendo e conservando.
É constituída por mais de 10.000 volumes, entre monografias, periódicos (revistas, jornais, boletins e almanaques) e obras de referência (dicionários e enciclopédias), com datas de edição que remetem, maioritariamente, para o período entre os finais do século XIX e terceiro quartel do século XX.
Uma parte deste acervo bibliográfico, onde prevalecem temas como a história, a arqueologia, a antropologia, a etnografia, a política, o direito, a fotografia e a agricultura, foi herdada de António Paes da Silva Marques, tio de Mário Saa e deputado da 1.ª República.
O espólio documental de Mário Saa espelha a sua obra literária e os seus interesses intelectuais, profissionais, culturais e pessoais. É composto pelos manuscritos do autor, por correspondência, documentos biográficos, contratos, recortes de imprensa, folhetos, prospectos e convites, etc. A organização da primeira parte deste conjunto documental decorreu na década de 80, foi efectuada na Biblioteca Nacional e está disponível para consulta na Fundação. A segunda parte, constituída principalmente por correspondência, encontra-se em fase de organização e poderá ser disponibilizada na medida em que as condições técnicas do seu tratamento o permitirem"
in Fundação Arquivo Paes Teles, Travessa da Igreja, Ervedal (Avis).
MÁRIO SAA - AS GRANDES VIAS DA LUSITÂNIA (50 ANOS DEPOIS)
Itinerários Romanos do Alentejo. Uma releitura de "As Grandes Vias da Lusitânia - O Itinerário de Antonino Pio" de Mario Saa, cinquenta anos depois, por André Carneiro, Colibri.
"As Grandes Vias da Lusitânia, cujo primeiro volume foi publicado em 1956, constitui uma das obras mais controversas da bibliografia portuguesa de temática arqueológica. Ao longo de seis volumes o seu autor, Mário Saa, apresenta os itinerários romanos da Lusitânia, misturados com interpretações fantasiosas, contradições, opiniões polémicas ou constantes re-escritas dos trajectos apresentados que em muito confundem o leitor e obrigam a reformular os seus conhecimentos. A sua obra é paradoxal, um objecto raro em tempo de formalismos cinzentos. Mas por esse motivo o seu contributo nunca foi devidamente avaliado. Cinquenta anos depois, é tempo de procurar, no terreno, o que viu Saa, olhando para os testemunhos e procurando enquadrá-los no quadro de conhecimento sobre os itinerários romanos no território alentejano. E é tempo também de perceber tudo aquilo que já não se vê porque foi destruído pelo passado recente, aquele que já nos distancia tanto de Saa que já não nos permite reconhecer o que o autor viu. E assim compreendemos a dimensão da perda, o modo como a paisagem dramaticamente se alterou neste curto espaço de tempo, e o modo como o que havia ficado do passado já não se consegue encontrar. Ou já é tão diferente". [ler AQUI]
RICHARD YATES - PERTO DA FELICIDADE
17 de Julho - "Perto da Felicidade" [aliás Cold Spring Harbor, tradução de Nuno Guerreiro Josué], de Richard Yates, Quetzal Editora.
Locais:Richard Yates [1926-1992] / The Lost World of Richard Yates / Livros
quinta-feira, 25 de junho de 2009
FERREIRA LEITE: CEMITÉRIO POLÍTICO
"Não é ter um sistema político, deixar-se assim arrastar por todos os acontecimentos" [Napoleão Bonaparte]
A fotografia da "velha" senhora Ferreira Leite, exibida ontem na SIC (Alô, doce Ana!), não surpreende na pose nem no discurso – o simulacro era demais conhecido –, nem seduz politicamente, porque gasto está o espectáculo do tempo adoçado do "mercado" e do deficit, que em tempos lhe lambuzou os dedos ministeriais.
A Sra. Ferreira Leite não pode jogar ao cadavre exquis do desenvolvimento económico (e social) porque os escombros e a tragédia do país (até hoje) tem propriedade e rosto(s). E não será ao dr. Guterres o único a ser-lhe passado o atestado de irresponsabilidade pelo legado (como a Sra. Leite e o dr. Pacheco Pereira, laboriosamente assegura). A lenda do dr. Cavaco & a cegueira de Ferreira Leite, mais as orações de um ror de insidiosos sábios – sempre muito bem dispostos a debater qualquer "abalozinho" financeiro que nunca entenderão –, não desapareceram por encantamento divino ou joguete de palavras. O cemitério político indígena é uma moléstia que não honra ninguém!
Só o magnífico delírio do pensamento económico de Ferreira Leite - aliás bem conhecido entre os estudantes das velhas aulas práticas de Economia por si leccionadas - pode sentimentalmente considerar que esta paróquia tem validade ou viabilidade económica (estude-se a poeira no nosso passado), por insignificante seja, que permita um dia deixar de ser essa lamuriante caça de negócios ou affaires conspícuos, para tornar-se economicamente mais autónoma, mais livre e criadora. E interessante para medir o grau de felicidade de todos nós, longe da ortodoxia do sistema.
Era (é) fácil martelar nesse fanfarrão e insolente sr. Sócrates. A ignorância audaciosa do homem, os enfeites contabilísticos da sua governação, a mentira sempre respigada, a “perfeição” do seu sistema de cárcere (justamente reaccionário), a par dos arranjinhos burlescamente plagiados em governos anteriores (veja-se o caso PT), traz argumentos infindáveis e muito autorizados. Porém o testemunho da sra. Ferreira Leite não foi perfeito, nem conforme.
A "velha" senhora, quiçá dolorida na sua oratória incompetente, esgrime copiosas interrogações sobre o endividamento do país (no que está certa), sem nunca vincar como se pode (economicamente) combater tais desequilíbrios externos. Julga (porque julga) que as suas cantorias contra as grandes obras públicas, garatujadas num qualquer five o'clock tea decorativo, pode substituir o homem.
No novo look da graciosa Manuela não há lugar a escolhas económicas (diz que estão, ainda, no forno partidário), a (re)interpretação de estudos económicos de custo-benefício sobre obras públicas (que diz, grosseiramente, não conhecer) e a sua ciência ignora onde se podem fazer os investimentos públicos. Mais, extraordinariamente, tem pretensão de combater o desemprego sem investimentos públicos, bem como, escandalosamente, intenta resolver o problema do sobre-endividamento do país mantendo o nível dos impostos (ou mesmo, baixando-os). A sra. Ferreira Leite tem pavor da economia e dos seus ensinamentos. Tal como tem a torpeza de "não fazer juízos de valor" sobre esse impoluto Dias Loureiro ou esse génio da banca que é Vítor Constâncio. Os amigos, não se esquecem!
Sem comentário ficaram as classes profissionais, selvaticamente atingidas pela violência das medidas do sr. Sócrates. Ninguém sabe o que fará um governo da sra. Manuela no que diz respeito às trapalhadas reaccionárias na Educação e Saúde, no sistema de Segurança Social ou no código de trabalho. Com o serviço já feito pelo actual representante da corporação dos interesses, julgamos que tudo ficará como está. Conhece-se há muito o cemitério político da sra. Ferreira Leite!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Boris Vian, más vivo que nunca
"Ingeniero, poeta, trompetista y crítico de jazz, autor de teatro y actor de cine, funcionario y director musical de la Philips, Boris - por Boris Godunov:su madre era opera victim - Boris Vian, en sus breves 39 años, escribió once novelas, cuatro antologías de poemas, varias piezas de teatro y dos óperas, quinientas canciones y centenas de críticas de jazz (...)
A los catorce años, Boris descubre el jazz y el clarinete. Cuando Éditions du Scorpion busca una novela policiaca, Vian inventa un escritor mestizo, norteamericano y hard.Y lo traduce al francés. En 15 días escribe una novela tensa, con la dosis requerida de sexo y violencia. El 8 de noviembre de 1946 sale J´irai cracher sur vos tombes. Vian no para: en un año, cuatro novelas, los cuentos de Les Fourmis,crónicas para Les Temps Modernes,la revista de Sartre y de Beauvoir y una obra de teatro, L'équarrissage pour tous. En noviembre de 1948 reconoce, ante un juez, que Sullivan y él son una misma persona. El 13 de mayo de 1949 es condenado a 100.000 francos de multa. Infatigable, escribe y publica otros dos Sullivan, con tan poco éxito como los Boris Vian, editados por pequeñas editoriales porque Boris Vian no gusta en Gallimard ..."
in La Vanguardia [ler mais aqui]
IN-LIBRIS – Livros de Junho 2009 (ACTUALIZAÇÃO)
O Catálogo de Junho da Livraria In-Libris (Porto) foi ACTUALIZADO, com novas peças de temática variada (poesia, literatura, história, política, etnografia, filosofia, ensaio, teatro).
De salientar o (re)aparecimento do curioso "Estudo da Localização do Novo Aeroporto de Lisboa" [Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa, 1972. 21x30 cm. 420 págs. B], onde se pode ler:
"Nos estudos preliminares foram consideradas, como possíveis, várias localizações na margem sul do rio Tejo, dada a impossibilidade que, para o efeito, oferece a sua margem norte, e, assim, foram analisadas as da Fonte da Telha, do Montijo, de Alcochete, de Porto Alto e de Rio Frio. Procedeu-se, ainda, ao exame da própria Portela de Sacavém, embora esta apresentasse, além do mais e desde logo, graves inconvenientes resultantes de se encontrar práticamente dentro da cidade e não se vislumbrar qualquer hipótese de expansão ..."
Tal trabalho está "repleto de mapas, cartas topográficas, desenhos, muitos dos quais desdobráveis, estudos dos ventos,nebulosidade, precipitação, humidade, etc, acessibilidades (metro, rodoviários e ferroviários), natureza do solo, valores aquisitivos de terrenos, etc.De notar a inexistência da Ota como local analisado neste estudo.Raro e de provável restrita tiragem" [in Catálogo]
consultar o Catálogo (Actualizado), AQUI.
OS 28 SÁBIOS
"Que alguém se atreva a dizer a sombra de uma verdade e será condenado. Que alguém se lembre de bulir num qualquer dos ídolos do tempo, e será apedrejado – liberalmente!
Por isso a liberdade que provém da apatia parece ao crítico o sintoma do contrário da vida: da verdadeira liberdade forte, independente, na concorrência de opiniões conscientes e sábias. Por isso nós apresentamos caracteres singulares. Leiam-se os jornais, ouçam-se os discursos. Ninguém fala mais de papo, desculpem a expressão. De quê?
De tudo. Os Pico de Mirândola, senhores de si, anafados, satisfeitos, sempre na rua, sempre verbosos, com as cabecinhas alerta, a resposta pronta, a fórmula breve, um andar miudinho de pedante, um livrinho azul debaixo do braço se não são janotas, nos miolos a consciência do seu saber, da verdade definitiva da 'ciência moderna', uma grande prosápia ingénua, uma grande segurança e entono: os Pico de Mirândola, que sejam conservadores ou demagogos, deputados da direita ou rabiscadores de jornais esquerdos, têm uma fisionomia comum. A Pátria são eles; a ciência sabem-na toda, a moderna. Somente uns acham que é moderna a que já governa, outros fóssil a de hoje: só verdadeira a de amanhã, quando eles derem a lei!
Pecos frutos de uma árvore contaminada, se dão um passo caem. Um dos fenómenos curiosos em Portugal é o devorar dos homens pelo Governo. Hoje sobem, amanhã somem-se, corridos, desprezados. Porquê? Porque a árvore, seca, apenas tem vida para reconhecer o seu definhador, para desprezar os que no seu pedantismo ingénuo, mais ainda do que na sua corrupção, sucessivamente se lhe seguram aos ramos".
[J. P. Oliveira Martins, in Portugal Contemporâneo, 1981]
terça-feira, 23 de junho de 2009
SOPHIA DE MELLO BREYNER - 5 ANOS DEPOIS
"Oiço a voz subir os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por não ser já minha" [Sophia]
"O meu pai [Francisco Sousa Tavares] participou na Revolta da Sé. E a minha mãe disse: "Hoje vamos fazer uma brincadeira muito engraçada". Era irem dormir para a cave de uma amiga. "Então a cave estava cheia de colchões, porque nessa noite ia rebentar a revolta e podiam ir a nossa casa à procura do meu pai. Vi o meu pai de uniforme! Os civis que aderiam também deviam estar de uniforme para entrarem nos quartéis. O meu pai era extraordinário. Era um cavaleiro andante. E a minha mãe era uma pasionária despertada por ele. 'Sou casada com o Dom Quixote', escreveu ela ao Jorge de Sena. E a Luísa lá na cave: 'Ó menina, os seus pais são doidos varridos. O que é que a gente está aqui a fazer?"
"As imagens eram próximas
Como coladas sobre os olhos
O que nos dava um rosto justo e liso
Os gestos circulavam sem choque nem ruído
As estrelas eram maduras como frutos
E os homens eram bons sem dar por isso" [Sophia, Granja, 31 Agosto 1943]
"De repente ouvia-se uma voz: Onde está a Sophia? Não havia Sophia, mas o ar era fresco como se atravessássemos uma alameda de tílias." [Eugénio de Andrade]
"Não há dúvida que os deuses gostam de si, pelo menos tanto como os mortais." [Miguel Torga]
in No Mundo de Sophia, jornal Público, P2, 21 de Junho 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
CE QUE LIRE VEUT DIRE
UMBERTO ECO: We don’t have read all the books we pretend to know. But, we know them pretty well. I want to—I have a small library of no more than 50,000 books and only 30,000 in my main apartment in Milan. And it happens to everybody when an idiot comes there, he say, "How many books have you read, all of them?" So there are three standard answers. One was a friend of mine who said, "Many more, sir, many more." (laughter) And the second is, "No. Why otherwise I should keep them here?" (laughter) The third is, "No. The ones I have read are at the public library. Those the ones I have to read the next week." (laughter) So they are distraught that—okay. But, but. The second answer is the most, the most serious. Why otherwise I would keep them there. A library is a guarantee for your memory, huh? If you need something, you know it’s there. But you are continuously ravaged by remorse. I have not read that, I have not read that. Then, one day in your life, you pick up a book you’ve had there since thirty years, and you were convinced not to have read it. You open it, and you realize that you know it perfectly.
So there three theories. One is a sort of awkward theory. There is a sort of transfiguration, (laughter) what you’ve touched, you’ve touched it and the animal spirits of the book—yes. The second is that you believe not to have read it, but in the course of thirty years you have picked up, you know, the….you have opened it, you have read two pages. The third is that in the course of those thirty years you have read many, many books who spoke, talked about that. And so, at the final end, you discover that you know the book very well. So that is a way by which we know the content of many books we have not read. And that is a guarantee of knowledge and of advancement of learning.
in, "How To Talk About Books You Haven’t Read", Pierre Bayard & Umberto Eco with Paul Holddengraber, The New York Public Library, 17 de Novembro de 2007 - reproduzido (parcialmente) na revista francesa (Junho 2009), Magazine Littéraire [p. 12-15].
"CE QUE LIRE VEUT DIRE" – DA ESCOLA
"Ce que peut-être l’école n’enseigne pas, c’est non pas le programme de lecture ou de non-lecture, mais celui de la vie avec les livres. Ce n’est pas exactement la même chose : parfois vous ne lisez pas l’ouvrage, ou vous le commencez sans le finir, mais vous savez qu’il est là et qu’en cas de besoin vous pouvez le consulter comme un compagnon. L’école devrait enseigner la différence entre lire et vivre avec les livres. Très souvent, elle nous apprend une seule et unique façon de lire – de la première à la dernière ligne – alors qu’il y en a beaucoup d’autres." [Pierre Bayard, in Le Magazine Littéraire, Juin 2009, p.13]
"L'école devrait enseigner que la culture ne signifie pas savoir par couer la date de la mort de Napoléon onaparte, mais être capable de la trouver en quelques secondes!" [Umberto Eco, ibidem]
in Débat Pierre Bayard et Umberto Eco – "Ce que lire veut dire" -, Le Magazine Littéraire, Juin 2009, nº 487, aliás, "How To Talk About Books You Haven’t Read", Pierre Bayard & Umberto Eco with Paul Holddengraber, The New York Public Library, 17 de Novembro de 2007
quinta-feira, 18 de junho de 2009
HABERMAS 80 ANOS
"De acordo com a visão republicana, a formação política da vontade e da opinião dos cidadãos cria o meio pelo qual a sociedade se constitui como um todo político. A sociedade é, desde sempre, uma sociedade política - societas civilis. Daí o fato de a democracia tornar-se equivalente à auto-organização política da sociedade como um todo, o que leva a uma polémica compreensão da política voltada contra o aparato estatal. Nos escritos políticos de Hannah Arendt pode-se ver para onde a argumentação republicana dirige sua pontaria: em oposição ao privatismo de uma população despolitizada e em oposição à aquisição de legitimidade por meio de partidos entrincheirados, a esfera pública deveria ser revitalizada até o ponto em que o conjunto regenerado dos cidadãos pudesse, sob a forma de um autogoverno descentralizado, (uma vez mais) apropriar-se do poder das agências estatais pseudo-independentes. A partir dessa perspectiva, a sociedade finalmente se desenvolveria para uma totalidade política". [ler AQUI]
"Submeter a educação a um sistema legal produz um agrupamento abstracto daqueles envolvidos no processo educacional e sujeitos individualizados em um sistema de mérito (achievement) e competição. O carácter ‘abstracto’ consiste nas normas da lei escolar, aplicada sem consideração pelas necessidades e interesses das pessoas a ela submetidas, ignorando suas experiências e relações sociais. Isso ameaça a liberdade pedagógica. A compulsividade plea certeza do litígio-prova das notas e a sobre-regulação do currículo causaram este fenómeno caracterizado pela impessoalidade, inibição da inovação, quebra da responsabilidade, imobilidade ..." [ler AQUI]
NUM PRATO A CABEÇA DO SR. SOCRÁTES!
"Boa é a fazenda, quando não sobe à cabeça" [Provérbio]
O ex-estranho sr. Sócrates, arruinado completamente pelos cadernos eleitorais, apareceu no mercado da SIC (diante da doce Ana) com uma naturalidade humilíssima (estilisticamente falando), uma castidade na oratória política afinada, numa elegante comédia farcista. O libelo do sr. Sócrates esta noite foi desarmonizar com o sr. Santos Silva, Vitalino Canas & Cia, Lda. Não fora o atrevimento de "censurar" a mediocridade da política de instrução e ensino da sra. Lurdes Rodrigues (agora, vilmente desprezada); não obstante descobrir muito tarde a licenciosa kultura do sr. António Pinto Ribeiro (no que foi de uma crueldade obscena) e a sua absurda, quanto ridícula, inspiração de comparar (a ignorância é mesmo muito atrevida) o construído do autor da General Theory of Employment, Interest and Money à edificação económica em Oliveira Salazar, quase que o conseguia!
O sr. Sócrates foi durante quatro anos o inimigo principal do Partido Socialista de Soares, Guterres e Ferro Rodrigues. Tomando como empréstimo (ou mesmo, superando) a linha política da 3ª via de Blair e Schroeder (leia-se o texto no Público de Ana Benavente) - e o que isso significou no alinhamento da politica doméstica com a ilusão neoliberal -, cedendo à fascinação deste tempo de desassossego, incompetência e decomposição das liberdades, o sr. Sócrates conduziu o país (com um grupo inqualificável de idiotas úteis) à quase ruína. Está o país numa decadência económica e social (e espiritual) sem precedentes, e não tem gente nem ânimo, nem alma para a sua própria refundação. Nunca foi tão acertado dizer que o eterno problema de Portugal é as suas próprias elites. Estas, sim, a necessitarem de uma verdadeira reforma democrática, económica, cultural e cívica. Mas tal trânsito tarda!
O sr. Sócrates foi durante quatro anos rancoroso com os adversários, grosseiro no contraditório, ignorante nos argumentos, afrontoso com as classes profissionais. O seu cabriolar, pouco subtil e sem escrúpulos, o seu (por ora) putativo desagravo à canalha, a sua autoridade ou carta de democrata tem uma reduzidíssima dignidade. Ninguém que foi caluniado tanto tempo, ninguém que foi tão rudemente maltratado, esquecerá o que foram estes anos de cárcere governamental do sr. Sócrates & amigos. Para tal mudança exige-se a cabeça do sr. Sócrates e daqueles que com ele (e foram muitos, de políticos a colunistas, de empresários a jornaleiros) semearam tais infaustos ventos. Não será qualquer desculpa feita por um "explicador de província" (prof. Maltez, dixit) que tudo mudará. Talis vita, finis ita.
terça-feira, 16 de junho de 2009
IRVING PENN [n. 16 de Junho de 1917]
"Irving Penn revolucionou um sem-número de gêneros fotográficos; no entanto, o campo da fotografia de moda é um daqueles em que sua marca foi impressa de forma mais profunda. De fato, é difícil imaginar o que seria da foto de moda contemporânea sem a seminal influência da estética de Penn - criador de uma beleza elegante e simples, mas construída com um rígido formalismo e uma sensibilidade incomum ..."
continuar a ler AQUI - in O Século Prodigioso
IRÃO – DESOBEDIÊNCIA CIVIL
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
In-Libris – Livros de Junho 2009
A In-Libris (Porto) apresenta um lote de livros antigos e estimados de temática variada (poesia, literatura, história, política, etnografia, filosofia, ensaio, teatro, agricultura, judaica, etc)
Referências: Lavrador Moderno ou Tratado de Agricultura e Jardinagem [obra anónima], Lisboa, 1854 / As Confissões, de Santo Agostinho, 1955 / Restauração de Portugal Prodigiosa, por D. Gregório de Almeida, 1939-40, IV vols / História de Portugal, de João de Ameal, 1958 / Garrett. Memórias Biographicas, por Francisco Gomes de Amorim, 1881-4, III vols / Daqui Houve Nome de Portugal, org. Eugénio de Andrade, 1968 / O Phisionomista das Damas, ou a Arte de conhecer as pessoas pelas feições do rosto ..., de Luiz de Araújo, 1872 / Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica, por Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, 1937 / O Decameron, por Giovanni Boccaccio [esmerada edição, com ilustrações valiosas], Lisboa, 1964, II vols / Almanaque dos Palcos e Sala para 1926 / Ao Sereníssimo, Piíssimo, Felicíssimo Príncipe Regente de Portugal D. João ..., de José Francisco Cardoso [trad. do latim por Bocage], Off. Arco do Cego, 1800 / O Capitalismo Moderno e suas Origens em Portugal, por Bento Carqueja, 1908 / As Melhores Forragens, por A. M. Lopes de Carvalho, 1898 / Almeida. Subsídios para a sua História, de José Vilhena de Carvalho, 1973, II vols / Centenário de Gil Vicente (1537-1937) / O Cozinheiro Completo, ou Nova Arte de Cozinheiro e de Copeiro, ..., Lisboa, 1849 / No Alto Minho. Paredes de Coura, de Narciso C. Alves da Cunha, 1909 (aliás 2001) / História da Prostituição em Todos os Povos do Mundo, de Pedro Dufour, 1885-87, V vols / Grifo [Antologia de inéditos organizada e editada pelos autores], 1970 / As Estradas de Portugal [9 opúsculos], s.d. / História da Tauromaquia, 1951-53, II vols / Obras de (sobre) Alberto de Serpa, Alexandre Herculano, Alfredo Pimenta, Álvaro Cunhal, Antero de Quental, António Corrêa de Oliveira, António Ramos Rosa, António de Sousa, Bernardim Ribeiro, César da Silva, Conde de Monsaraz, Eça de Queiroz, Eduardo Frias, Eduardo Noronha, Eugénio de Andrade, Fernanda de Castro, Fernando Echevarria, Fernando Pessoa, Gaspar Simões, Gastão Cruz, Gomes Leal, J. Leite de Vasconcelos, Jaime Cortesão, João Penha, Joaquim Manuel Magalhães, Joel Serrão, Luiza Neto Jorge, Manuel Ribeiro, Mário Braga, Mário Cláudio, Maria Teresa Horta, Nuno Júdice, Pedro Homem de Melo, Pedro Veiga (Petrus), Salazar, Sant’Ana Dionísio, Soeiro Pereira Gomes, Vasco Graça Moura, Vergílio Ferreira / Revista Filosófica (dir. Joaquim de Carvalho), 1951-59, XII numrs / Dicionário Universal de Literatura, por Henrique Perdigão, 1940 / Mensagem (1ª ed.) de Fernando Pessoa, Parceria AMP, 1934.
A consultar on line.
domingo, 14 de junho de 2009
MANUEL DE LIMA - O REBELDE
Manuel de Lima [1918-1976] está de regresso com "O Rebelde", obra póstuma publicada pela Edium Editores. Manuel de Lima foi um notável ficcionista [quase sempre ignorado pela gentinha intelectual da paróquia] que faz parte daqueles que Maria de Fátima Marinho [autora do mais importante estudo sobre "O Surrealismo em Portugal", INCM, 1987] apoda de "surrealistas sem escola" ou de autores com "traços surrealizantes".
Manuel de Lima ou o "Mestre do non-sense português", como Luiz Pacheco o intitulou [ver a dedicatória ao texto de Pacheco, "O Caso das Salsichas Inimigas" – ref. Maria de Fátima Marinho], nasceu em Lisboa em 1918. Foi violinista profissional em várias orquestras sinfónicas [o "seu sonho era a orquestra sem maestro" – in Luiz Pacheco, "Figuras, Figurantes e Figurões", O Independente, 2004. Leia-se esse espantoso texto de Pacheco sobre Manuel de Lima, "O careca evidente retratado pelo caixa de óculos", pp. 130-135, aliás reprodução da "Ler", nº31, 1995], crítico musical [no estimado Jornal de Letras e Artes, na Arte Musical, Século e Século Ilustrado, Diário de Lisboa, Diário Popular] e autor dramático. A sua narrativa "inverosímil", o nonsense e a densidade das situações recriadas, o ambiente fantástico das suas personagens, a sua escrita de uma riqueza irónica e o seu refinado "humor negro", fazem de Manuel de Lima uma personagem, ela própria, insólita e de assinalar no quadro novelístico português.
Não deixa de ser curioso que o primeiro livro de Manuel de Lima, onde pontifica uma "impossibilidade realista" e um curioso "ambiente fantástico", seja datado de 1944 ["Um Homem de Barbas", ed. de autor, com desenhos de Bernardo Marques e prefácio de Almada Negreiros], pois até 1945, entre nós, o espírito neo-realista entre os intelectuais era ainda enorme respeitabilidade. Note-se que Pedro Oom, em Outubro desse ano, escreve [ref. Maria de Fátima Marinho, ibidem] um artigo no jornal "A Tarde", do Porto, justamente intitulado "Nota sobre o neo-realismo nas Artes Plásticas em Portugal", onde critica o denominado surrealismo; e do mesmo modo, ainda no jornal "A Tarde", Mário Cesariny [ibidem] no artigo "Futurismo e Cubismo" não acede à critica fácil ao neo-realismo, fazendo-o apenas, e indelevelmente só a partir do fim desse ano.
Manuel de Lima integra-se no grupo [entre eles, Mário Cesariny, Luiz Pacheco, António José Forte, Herberto Helder, João Rodrigues, Manuel Castro] que se reunia em 1955 no Café Gelo [quase todos eles vinham de igual tertúlia no Café Royal], de que tanto se fala. Publicou, antes, em 1953, uma importante obra, "Malaquias ou a História de um Homem Barbaramente Agredido" [ed. Contraponto], com um prefácio de António Maria Lisboa [republicado, depois, n’A Intervenção Surrealista e na "Poesia", do mesmo A.M.L.]. Em 1958, Manuel de Lima, Luiz Pacheco e Natália Correia [amiga muito "especial" de Manuel de Lima], escrevem "Caca, Cuspo & Ramela", uma paródia insolente ou diatribe contra Mário Cesariny e o seu grupo [ver, "Pacheco versus Cesariny", de Luiz Pacheco, Estampa, 1974, e onde são transcritas "deliciosas" cartas de Manuel de Lima para Luiz Pacheco]. Em 1965 publica Manuel de Lima uma peça teatral, "O Clube dos Antropófagos" [reedição pela Estampa em 1973, aliás como toda a sua obra]. Por último, na Estampa (1972) sai "A Pata do Pássaro Desenhou uma Nova Paisagem".
"O REBELDE" (Obra póstuma), de Manuel de Lima, recolha e coordenação de Susana Custódio e Isabel Fontes, Edium Editores, 2009.
sábado, 13 de junho de 2009
O RESSAIBADO
"Ninguém tem mais peso que o seu canto" [Herberto Helder]
Leonel Moura (o "artista"), em texto de rara crueldade testicular, introduziu uma architectonicé avisada sobre o futuro da paróquia pós-eleitoral. Obedecendo a um rigoroso espectáculo paródico in adjecto e banalizando o discurso do seu maître à penser Augusto Santos Silva, o artista Leonel, numa elegia erótica irresistível considera que o "PCP, Bloco, PSD e CDS irão juntos formar o próximo governo de Portugal".
A emulação neo-modernista que deu ao seu ocioso pensamento, bem ao estylo da sacristia do sr. Sócrates, enclausurou-o na galeria dos vassalos não arrependidos da governação. O artista dos 45 "jardins portáteis" passou a sua bula projectual directamente do Jornal de Negócios – o seu "habitar poético" (Heidegger) – para a estreiteza dos muros do casebre do Largo do Rato. A guia de marcha (versão kitsch) dispôs de uma construtividade decorativa meta-artificial curiosa e dava um bom candeeiro para o pesiché da D. Câncio.
As obrinhas que o artista Leonel esfiapa nos jornais, os seus esquisses de engenharia social reaccionária e o seu tédio contra a "construção da aventura" [I.S., claro!] da dissidência (leia-se a sua vulgata contra os professores) ou a "circulação dos homens com base da vida autêntica" [Guy Debord], têm expertise à medida que as encomendas artísticas do poder lhe caem no regaço. O rendering exposto do sr. Leonel Moura tem apenas a utilidade (objecto de uso) que a mercadoria do regime prescreve. A sua obediência perinde ac cadaver pela Obra do Governo, robótica à parte, diz-nos que o abuso das políticas do sr. Sócrates não prejudica a saúde dos indígenas. O que Henrique Garcia Pereira dirá da matéria e método do sr. Leonel Moura é assunto para este "tempo consumível" de homens livres. Vamos esperar!
quinta-feira, 11 de junho de 2009
LUIZ DE CAMÕES
"Nascer para viver, e para a vida
Faltar-me quanto o Mundo tem para ela …
E não poder perdê-la,
Tendo-a tantas vezes, já, perdida!"
Luiz de Camões
Foto: capa d'As Memórias Astrológicas de Camões, de Mário Saa, 1940
segunda-feira, 8 de junho de 2009
ENFIM ... "OS VOTOZINHOS"!!!
"Maria não me mates, que sou teu pai" [José Sócrates, perdão, Camilo C. Branco]
As eleições d’hoje acabaram (supõe-se de vez) com o cárcere imposto pelo sr. Sócrates. Contra o pensamento único, contra o autoritarismo e a delação, contra a soldadesca que tomou de assalto o Largo do Rato, contra a espuma dos interesses instalados, contra o medo derramado, contra as marionettes a soldo deste governo, contra os caluniadores das classes profissionais (os docentes, em especial), contra o jornalismo manipulativo (Habermas), contra o putedo intelectual, os eleitores que deram a vassourada impiedosa nessa gentinha do sr. Sócartes & amigos bradaram alto o direito à discordância. A rua – essa admirável prostituta – tinha razão!
A sra. D. Lurdes Rodrigues queria contar os "votozinhos" e os eleitores, por uma vez (sem exemplo), fizeram-lhe a vontade. Um beijo, Ana Drago! O sr. Santos Silva (vulgo S.S.), oficioso publicista da governação, "morreu" de boca. Graças, senhor! O paternal sr. José Lello, oráculo do regime, desapareceu em combate. Discretamente! O sr. Vitalino Canas, apóstolo da superstição socrática e sua testada, não se recomenda doravante a ninguém. Felizmente! O sr. Silva Pereira, animador de imposturas e orquestras únicas, foi esmagado. Estupendíssimo! O sr. Alberto Martins, reluzente de "democracia" interminável, lacrimejou. Inaudito! O gentio - farto do colégio interno do sr. Sócrates – fulminou-os. Inteligentemente!
Perdedores: o sr. Sócrates e os seus idiotas úteis; Vital Moreira, mais a sua trovoada de argumentos indecorosos; a sra. Lurdes Rodrigues e o seu rosário educativo; a Eurosondagem e a sua proverbial açorda estatística; o folião dr. Mário Lino; o sr. Vieira da Silva e o seu engenho social demagógico; o desconexo e brejeiro sr. Manuel Pinho; o sr. Carlos César; o sr. cavernoso Almeida Santos; os vassalos jornaleiros do DN; o nosso querido e jovem Mário Soares; o amestrado sr. José Miguel Júdice; o sr. Emídio Rangel e a sua neurose indiscreta; a incrível comissária Câncio; o sr. Miguel Sousa Tavares e a sua rincharia afamada; a sempre sorridente Edite Estrela; o indescritível sr. Bettencourt Resendes; os suspeitosos escribas do JN; o autorizado funcionário (cheio de graça), o escriba Miguel Abrantes; aquele rapaz da mui "esquerda" alta, o doutrinal Pedro Adão e Silva; a gentinha escolástica dos blogs ou boudoir do sr. engenheiro.
Vencedores: o curioso e notável Paulo Rangel; a sra. Manuela F. Leite, pela sua arte de recato; o Bloco de Esquerda e a sua direcção; o PCP, pela sua resistência; o sr. Paulo Portas, pela sua arte de sobreviver; os professores e as suas associações ou grupos; o sempre fraterno Manuel Alegre e os socialistas honrados; as classes profissionais; o jornal Público e o seu director; o inteligente e imprescindível Rui Tavares; a TVI; a blogosfera livre, cívica e democrata; os homens dignos e os livres-pensadores.
Boa noute!
sábado, 6 de junho de 2009
V FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA
De 30 de Maio a 14 de Junho, decorre o V Festival Internacional de BD de Beja: Exposições e Mercado do Livro de BD, Workshops, Conferências, Sessões de Cinema - na Casa da Cultura (Bedeteca), Biblioteca Municipal, Museu Jorge Vieira Casa das Artes e Museu Regional de Beja.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
ELEIÇÕES NA PARÓQUIA!
"O incrível país da minha tia, / trémulo de bondade e de aletria" [Alexandre O’Neill]
Domingo há as voltinhas das eleições domésticas. As regras da "arte de eleitorar", animadas pelas boticas partidárias & pasmosas nas suas incursões europeias, foram tormentosas. As investidas e as trapalhadas que as acompanharam foram tão extenuante que o silêncio ruidoso sobre essa Europa (sem corpo e espírito) só é comparável com estes anos de cárcere do sr. Sócrates. Domingo, o "sapatinho está na chaminé". Mesmo que o ruído, a agitação e as palmadinhas nas costas sejam frenéticas, a admoestação será de boa nutrição. As lamentações não podem ficar em casa! Mesmo que este país, engasgado & sem remendo possível seja uma deliciosa balbúrdia, a ("petit") vassourada virá por bem. Assim o queiram Vossas Mercês!
Sobre o movimento dos candidatos & suas novenas:
Vital Moreira: redactor das mais extraordinárias diatribes (palavrosas) publicadas. O lente engasgado, o irritado professo do sr. Sócrates em remanso europês, fez o que se esperava. Muito pouco lhe saiu perfeito, nessa lide que não é a sua. A sua estatura de académico foi liquidada, coisa que Vital não tinha pensado. Mesmo que ganhe, o desastre virá por si. O que disse sobre as classes profissionais, nos quatro anos de terror governamental, desqualificam-no. Ninguém esquece!
Paulo Rangel: vaidoso, arguto q.b., este curioso liberal debruçado no regaço da dra. Manuela, à falta de apoio caminhou sozinho. Ganhou em respeito, o que perdeu em propostas. O pântano de ideias que é esta Europa salpicou-lhe os efeitos decorativos caseiros. Durão Barroso (ou o que ele representa) fez-lhe perder a autoridade e a pronúncia anti-governo. Ganhou-se um deputado europeu, perdeu-se um excelente leader parlamentar. A incompetente dra. Manuela está salva!
Ilda Figueiredo: esforçada, séria, faz a autópsia da Europa com a ladainha costumeira. Seja em que media (ou palco) for, as artes discursivas nunca variam. É admirável como se sabe sempre o que vai dizer! Um cansaço, a sua agitação. Fez parte da maior (e única) arruada anti-governamental. Manteve, com apoio inestimável de Jerónimo Sousa, o eleitorado do seu partido. Sabia-se que seria assim, mas a dúvida era impiedosa.
Miguel Portas: mais solto, mais estudioso, mais esclarecido. Consente o debate e o contraditório (o que é raro), de modo informado e crítico. O único que disputou importantes (a crise financeira!) questões europeias, em termos globais. Esteve quase sempre bem. Fez subir a votação do seu partido, o que será sempre uma curiosa desinquietação para alguns iletrados de direita. Um vencedor, antecipado.
Nuno Melo: actor de feira, num palco de gente. Descabelado! A chateza e o palavrório dos seus putativos ataques a Vital (ou Rangel) destoam do (bom) trabalho parlamentar que faz. Sem lisura nem argumentos, mantêm (discretamente) essa curiosa espiritualidade anti-Europa. Uma grande incógnita, essa sua arremetida posição.
Boa reflexão!
quarta-feira, 3 de junho de 2009
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
«Considero haver algumas analogias entre um pensador como o autor de «Esta grande época ainda tão pequena» [Karl Kraus] e o nosso João Gonçalves. Ambos convocam o escândalo do julgamento e a errância de caminhos. Ambos marcam a sua época em meios de expressão fora do «sistema». Um com uma folha de jornal, o Die Fackel, o outro com o seu blogue Portugal dos Pequeninos. Como escreve na ante-câmara deste livro:«Um blogue pode ser mais fidedigno do que uma notícia. E, seguramente, mais livre.» Ora a liberdade de espírito é a grande característica desta obra, como se fosse a sua verdadeira impressão digital.» [José Medeiros Ferreira, in prefácio ao livro "Portugal dos Pequeninos" - via João Gonçalves]
Hoje (dia 3), apresentação do livro de João Gonçalves - Livraria Bertrand (Chiado), pelas 18.30h - por José Pacheco Pereira.
terça-feira, 2 de junho de 2009
LEILÃO NO PALÁCIO DO CORREIO VELHO
Decorre entre o dia 3 (amanhã) e o dia 5 (sexta-feira), pelas 10.00h na Calçada do Combro, 38 A (Lisboa), um Leilão de Livros e Manuscritos:
"Arte, Autores Estrangeiros sobre Portugal, Geneologia, Heráldica, Literatura Portuguesa dos Séculos XIX e XX, com destaque para importantes obras de Camilo, Antero de Quental, Eça de Queiroz e Neo-Realismo Português. Notável Espólio Fotográfico do Marquês do Soveral" [in Palácio do Correio Velho]
Catálogo online AQUI.
domingo, 31 de maio de 2009
A MINISTRA – MIGUEL REAL
"Uma mulher seca, que nunca conheceu o amor, de passado trágico e futuro marcado pelo desejo de auto-afirmação; uma mulher de mentalidade despótica, adversa à espiritualidade dos valores, crente de que a única dimensão do bem reside na sua utilidade social; uma mulher cuja especialização académica consiste na manipulação de estatísticas, moldando a realidade à medida dos seus interesses; uma mulher que usa o trabalho, não como forma de realização, mas como modo de exaltação do poder próprio, criando, não o respeito, mas o medo em seu redor; uma mulher ensimesmada, arrogante, feia e triste, que ama a solidão e despreza os homens; uma mulher autoritária e severa consigo própria, imune ao princípio da tolerância; uma mulher que ambiciona ser Ministra". [Miguel Real, A Ministra, Quid Novi - via LER]
Miguel Real (aliás, Luís Martins; n. 1953), professor de Filosofia [da Escola Secundária de Mem Martins] e Mestre [tese sobre Eduardo Lourenço], estudioso da cultura portuguesa e da tradição ou Alma Portuguesa [dizemos, nós], ficcionista [leia-se "O Último Minuto na Vida de S.", 2007], crítico literário, ensaísta [ver o notável, "Portugal – Ser e Representação", 1995; e o imprescindível, "A Morte de Portugal", 2007], amante da leitura e dos livros, publica já em Junho o seu novo livro, com o título "A Ministra" [edição da Quid Novi].
Nota: Miguel Real [ler entrevista] colabora no Blog, Prazeres Minúsculos.
PROFESSORES – A MANIFESTAÇÃO DE 30 DE MAIO
"A união dos professores merecia ser avaliada há muito mas a linha editorial do DN parece que andou demasiado desatenta e permeável a fantasmas. Os professores não estão unidos por causa de eventuais ambições deste ou daquele.
Enquanto não entenderem isso, não entendem nada. E já vai sendo mais do que tempo de abrirem os olhos e perceberem que quem anda a reboque são alguns opinadores que nunca olharam para a realidade da vida nas escolas, mas apenas para os dossiês de propaganda da 5 de Outubro". [in A Educação do Meu Umbigo. Foto de João Francisco]
LER: a análise, os textos, as fotos, o cantar, a festa, a cidadania, a resistência, comentários, a arte, editais, a luta, notas várias, vídeos, a liberdade, a poesia, o silêncio ruidoso, o coração ao alto, a presença responsável de uma classe ou de como "as mentiras aceites como verdades devem ser substituídas pelas verdades que se julgavam ser mentiras" [Jesus Hernandez] - A Sinistra Ministra, Anovis Anophelis, Anterozóide, APEDE, Catarse, Comissão de Defesa da Escola Pública, Correntes, Dardo Meu, Educação do Meu Umbigo, Eduquês, Escola do Presente, Escola Revisitada, Educação SA, FENPROF, Fotografando por aí, Lux Ad Lucem, MUP, Murros no Estômago, Palavrossavrvs Rex, Pimenta Negra, ProfAvaliação, Professores Lusos, PROmova, Protesto Gráfico, (Re)Flexões, Sopro dos Sentidos, Terras Altas, Topo da Carreira.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
COM OS PROFESSORES: RESPEITO E VERDADE!
MANIFESTAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES - 30 DE MAIO DE 2009 - LISBOA
O PREC DO DR. VITAL
Nota educativa ou repositório de curiosidades & reflexões do cardeal Mazarin que deve observar o candidato independente do mundo do sr. Sócrates e da tortura de Maria de Lurdes em quaesquer invectivas apologéticas para uso do vulgo em sessões de esclarecimento & outros logares do termo:
"Se num compromisso escrito, descobres algum risco que te possa lesar, acrescenta algumas cláusulas vagas para poderes interpretá-lo diferentemente. Por exemplo, aquando da rendição de uma cidade, promete respeitar todos os bens dos habitantes, contanto que nenhuma desordem nem rebelião se produza – sem precisar se se trata de desordens devidas à população no seu conjunto ou apenas provocadas por um punhado de indivíduos (que, de resto, podem ser pessoas da tua própria confiança). Depois, se te convier, ou se a justiça o exigir, poderás anular o teu compromisso.
Faças tu as promessas que fizeres, age sempre como acabo de te indicar: depois terás facilidade em faltar".
"Finge-te bem informado acerca de um caso de que, na realidade, não sabes grande coisa, na presença de pessoas das quais tenhas motivos para crer que estão perfeitamente ao corrente: verás que se trairão, ao corrigirem o que disseste".
in "Mazarin. Breviário dos Políticos", Guimarães, 1997.
Gravura: de Antero Valério.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
HOMENS SEM QUALIDADES
O dr. Cavaco, verdadeiramente, nunca foi bem um político ou estadista convincente e providencial. Um chefe que inspirasse confiança. Um espírito à altura do seu papel. Para tal era preciso carácter, integridade, autoridade pessoal, lucidez, vigor, cultura. Não era necessário ser intelectualmente grande, bastava prudência e sinceridade pela "coisa" pública. No invés, o dr. Cavaco apenas quis sobreviver para a sua viagem pessoal, mesmo quanto sugeria estar a tutelar os desígnios pátrios. Sorte grande a sua, desilusão a de todos nós.
As vagas teorias sobre a Democracia, Portugal ou a Europa desse filho pródigo de alguma direita saudosa (o novo Messias) morreram logo na razão dos curiosos desmandos que a sua governação divulgou. A felicidade pública do nativo, artificialmente excitada, expirou mesmo antes de se avistar a "aritmética economista" do seu vindouro "oásis". Como diria Ramalho Ortigão: "os deuses eram de palha".
O dr. Cavaco não nos salvou da ruína, da decadência, não modificou o regime ou o sistema político, não soube construiu uma Res Publica, uma democracia. Apenas se rodeou no poder (sem que qualquer indignação se lhe visse) de um sem número de "adesivos" ou curiosos "senadores" que, mesmo aparentemente servis, astutamente o utilizaram para despojarem o orçamento do Estado. Os seus "procuradores do povo" arrumaram, antes de tudo, a sua própria clientela e souberam bem representar os seus interesses pessoais.
O dr. Cavaco, no meio do seu azedume contra a canalha, só conduziu o país para a confusão e abuso de uma "rede clientelar" de consequências absolutamente desastrosas. A política pós-Cavaco passou a ser uma "questão de compadres", de intrigas e as "avenidas do futuro" construídas, herança da sua obra financeira, foram um inegável "brinde" aos novos caudilhos. A trágica destruição das instituições, o desamparo à sociedade civil, o cansaço e a desmoralização a que hoje assistimos (e a que estamos condenados) venceram-nos definitivamente. Não por acaso estes dias irae da desvairada governação do regedor Sócrates são consequência funesta disso tudo. A lista dos Dias Loureiros, Oliveira e Costa, os prebentados de Macau, os melífluos Constâncios, o Lopes da Mota e os Freeport intermináveis que lentamente surgem, não têm fim à vista. A degeneração é total. Não há que estranhar!
NOTA: Ontem o dr. Cavaco, depois do pedido de demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, disse que não distingue "um de outro dos 19 conselheiros de Estado" e que todos lhe mereciam "igual respeito". Esta infeliz observação é quase um insulto ao próprio Conselho de Estado e, reconhecidamente, os conselheiros não mereciam tal "entusiasmo". O dr. Cavaco fez de Dias Loureiro o cérebro da sua campanha presidencial, levou-o para o Conselho de Estado e fez a sua apologia até ao fim. Que mais imprevistos ou incidentes precisamos de assinalar?
Boletim Bibliográfico 41 de Livraria Luis Burnay
Está online o Boletim 41 da Livraria de Luis Burnay [Calçada do Combro, 43-47, Lisboa], que apresenta 710 peças estimadas, procuradas e raras.
De registar uma curiosa, invulgar e valiosa “colecção de revistas infantis portuguesas ilustradas reunidas pacientemente ao longo de muitos anos por um coleccionador amigo". Assim temos Abc-zinho (1921-25), Cavaleiro Andante (1952-62), Album do Cavaleiro Andante, Bip-Bip (1961-62), Diabrete (1941-51), O Falcão (1958-60), Foguetão (1961), O Gafanhoto (1903-04), O Jornal dos Pequeninos (1907-09), O Mosquito (1936-53), O Mundo de Aventuras (1949-59), O Senhor Doutor (1933-43), o Tic-Tac (1932-36).
Consultar o Catálogo – aqui.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
COSTAS & DIAS ASSIM!
"Este aldrabão a reinar com a gente ... Devolve-nos mazé a massa, irresponsável" [Ernesto Sampaio]
O país acordou hoje numa cacofonia emocional notável. Pudera! Os coriscos acumulados por esse génio da gestão financeira (uma lenda do Cavaquismo empresarial), de nome Oliveira Costa, na sessão de ontem no Parlamento, foram um rendez-vous irrepreensível. O bom do nativo, ele próprio sofredor dessa "problemática do ego" que o sábio Costa atribui ao não menos sábio Dias Loureiro, depois do prudente silêncio que sempre legitimou a cantilena do poder, numa náusea aprumada & autorizada, estremeceu do seu desespero profundo e atirou-se ao Costa & Dias ... assim.
Tantos anos de rasgados oásis Cavaquista, bem plantados na paróquia; alguns mais sob louvação & requinte do bloco-central; outras tantas páginas lusas que o regaço do Barrosismo e as sinecuras do sr. Sócrates (agora sob manutenção do obcecado crente Vital Moreira) inventivaram nesta doce estrivaria, que o bom do nativo – lambuzando a esmola e desfeiteando o tempo perdido –, desata em impropérios contra a bem montada "rede clientelar", zurzindo curiosamente nos "despojos do cavaquismo" & demais "ismos". E não perdoa!
A elite que Abril fez nascer e multiplicar-se, essa geração sem valores nem curriculum e que laboriosamente correu à esfregação do poder político (para partir, depois, para o económico e financeiro), criou a reputação de ser quem "mais-pilha", numa infamante acção de destruição pública, sem precedentes. Oliveira e Costa & Dias Loureiro podem ser um enjoativo caso de falta de "decência", ou mesmo configurar uma banal "ajuste de contas" nesta estância à guarda do dr. Cavaco, mas seguramente que exibem o "melhor" que as elites lusas podem dar. O que não é de admirar!
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