sábado, 28 de fevereiro de 2009


OS AMIGOS DO SR. SÓCRATES

"A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" [Stig Dagerman]

A curiosa romagem a Espinho (este fim-de-semana) dos amigos do sr. Sócrates – a que chamaram graciosamente Congresso – é notícia, desde logo porque é um sério abalo ao ex-partido socialista português. Marca o desânimo e a confusão da gente socialista, que algures existe e ainda resiste. Em Espinho, nunca tantos patrulheiros políticos reaccionários, se nos esquecermos da dita "esquerda" punheteira que habita na blogosfera, estiveram juntos. Tais próceres neo-populistas ofertaram um show business terrorista: ora inocentemente assomadiços contra a imprensa ou sempre de olho na reputação do Chefe.

Nem uma só ideia política consistente deu à luz, em Espinho. Frivolidades inúteis, calúnias tenebrosas (vide o regresso da "campanha negra"), chibatadas à esquerda (o BE agradece), eis a originalidade dos amigos do sr. Sócrates. A crise social, económica e financeira foi definitivamente escorchada: simplesmente não existe! Os "problemas dos portugueses" não interessam, em demasia, para tais sujeitos. Bem pode António José Seguro pregar tal deficit no debate: a ausência é total. Naquele manicómio de engajados do sr. Sócrates, o beija-mão está primeiro e as suas vidinhas & dos amigos, a seguir. Os vagabundos da vida são sempre a canalha. Ou algum desabrido jornalista.

De facto, não surpreende que o mundo à volta do patrulheiro Augusto Santos Silva seja um circo, a exigir as suas suspirosas tiradas "sociológicas"; e que o pavor político do inútil presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, se transforme numa agitada e miserável comédia discursiva; ou que o ridículo José Lello, assanhado porteiro do sr. Sócrates, ainda tenha alguma coisa para dizer. Esta gente, que nada aprendeu nestes seus quatro anos de terror autoritário e despotismo pacóvio, é parte do problema que a crise (económica, financeira, mas principalmente ética e de cidadania) autoriza. Jamais tais professos podem envolver as pessoas num esforço colectivo nacional (à boa maneira do que Obama um dia referiu), porque, além do bom senso, lhes falta um simples e único pingo de democracia. E de liberdade. Como um dia – já muito longínquo – um senhor chamado Mário Soares teve a ousadia de proclamar. Adiante!