quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

NOTÍCIAS DA FRENTE


"Quando se proclamou que a Biblioteca compreendia todos os livros, a primeira reação foi de uma felicidade extravagante" [Borges]

A Lua crescente sugere as utopias ou uma nobreza sem inchação. Este tempo de tardança está a ter um repertório curioso e mui reverente, e nem o adestramento dos colegiais do dr. Cavaco nos vai tirar do tédio (ouvi-nos mestre António Nobre!). O regente Aquário promete-nos (sempre) acreditadas actividades cívicas e outras tantas assembleias mais ou menos fúnebres. Justum! Porém a Lua de Peixes já anda por aí. Marques Mendes a perorar, entre a boca e a louca. Augusto S.S. a confessar: "Je ne sais pas lire". Patienta sapientiae comes est.

Nas obras de Fevereiro não há lugar à "pedra talhada". O neófito deve semear o acervo bibliográfico com livros não despiciendos, apanhando, na prudente melancolia de bibliófilo, livros que honrem a livraria. Evidentemente que o aprendiz sabe que o livro "tem uma ordem" e na "poda" é justo conhecer a descrição do mesmo, para que a sementeira (ou garimpagem) produza farta colheita. Uma segunda lavra, antes da arrumação da obra, deve ser ultimada. Ler os livros e transcrever notas nos cadernos, diria Umberto Eco. Isto é cerzir os dados e depurar - acrescentamos nós. Com entusiasmo e sem fadiga. Nem improviso!

- o regato do livro antigo, estimado & raro laboriosamente luta contra a crise do mercado livreiro, sempre com o prestígio que os seus Leilões confirmam. No próximo dia 17 de Fevereiro (21,30 horas), a Leiloeira Renascimento, sita na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), 20 C, põe à praça um conjunto curioso de livros, opúsculos (raros) e manuscritos. O Catálogo [que ainda não recebemos, decerto por incúria ou obscurantismo do sr. Estanislau Mata Costa, sacerdote-mor dos CTT] ou o seu trabalho é de toda a utilidade e pode ser AQUI consultado.

- duas raras peças da estimada bibliografia maçónica, ambas do final do século XIX, estarão a caminho de reimpressão. Os invulgares exemplares, mesmo que em edição fac-similada, são fundamentais para a nossa história contemporânea. O livreiro em questão - e que por discrição não avançamos -, que se dedica ao comércio do livro antigo por paixão e gosto, está de parabéns tal o serviço público que vem prestando aos amantes dos livros e à cultura. Aguardemos, pois!

- o site da nossa amiga Gabriela Gouveia é uma verdadeira redenção para cativos e uma alumiação instrutória aos bibliófilos. Fora o curioso preçário com que decora a sua belíssima montra de livros, toda a impressão e nível gráfico é de grande eloquência. Saudação de todos nós!

- dos Boletins, Catálogos & demais proveniências: a não perder o Boletim nº110 de J. A. Telles da Sylva, online; ultimado está (assim acuda à nossa chamada) o novo Boletim de Livros seleccionados da Livraria Bizantina, pertença do ilustrado Carlos Bobone, eminente galerista & estimado livreiro. Dão-se alvíssaras, pelo correio de véspera. À atenção do sr. Estanislau.

- pela mão de um risonho vassalo do sr. Estanislau, chegou-nos a mais recente edição patrocinada pela Livraria Letra Livre, uma obra onde se reúne os "textos e comentários de natureza histórica e política sobre o século XX português" ou o "material subversivo" de João Maria Paulo Varela Gomes, cidadão activo (mesmo que "clandestino") nesta "democracia filofascista". Trata-se da "Memória Ideológica no Centenário da Republica" (Viva a República Abaixo os Ladrões) – AQUI por nós já referenciada -, conjunto de artigos publicados no Alentejo Popular. Salientamos, nesta medida justa do tempo, os artigos sobre "Deportados em Timor"; um curioso texto crítico - sobre esse mártir da estória do actual regime, Rui Ramos - que Varela Gomes intitula "Rui Ramos um moderno cronista da Corte e a sua ‘História de Portugal’; as excelentes notas sobre "Sarmento Pimentel" ou "João Chagas" e vários textos obre a II República, como "Vital Moreira e a ‘Memória do Fascismo Ibérico", "José Mattoso e o direito à Memória", "Pulido Valente e Sousa Tavares, Intelectuais Miguelistas", entre outros. Pedidos à Livraria Letra Livre.

Aux livres Citoyens!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

DESCULPA LÁ VILLAS BOAS!


"Quem ajoelha é padre, e na Igreja, meu filho" [?]

O fabuloso intelectual dos Andrades, o tecnocrata Villas Boas, quando hoje foi flagelado por duas lascivas bolas, cegou de vez para o futebol. A fama desse inglório Mourinho d'Oporto, que tanto entusiasmou as românticas peixeiras do Bolhão e fez mesmo arquejar os estilistas do Blasfémias [o JMF não conta, é intelectual], esfumou-se pela grandeza de 2 (duas) eruditas bolas. E o gentio da paróquia das Antas – aqueles que na véspera folcklorizaram em V. Nova de Gaia - nunca lhe perdoará... jamé.

A equipa dos Andrades apresentou-se de cintura dura na defesa, numa estrutura de arrufo e ranço futebolístico, roncando aqui e ali no último terreno de jogo com essa alma penada do esconde-esconde, o clássico & festivo Hulk. Os vermelhos ignoraram-no, por que o dia não era de caça. A instrução de Jesus foi perfeita, mesmo sádica: fazer pressing impetuoso, ocupando espaços, saindo da marcação com inteligência e gozo, e marcar. E o intelectual Villas Boas ajoelhou, manso e místico. E converteu-se! Mas que duas bolas "boas de paz"!

Obrigado Maicon! Desculpa lá, Oh! Villas Boas.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O VENCEDOR CRISPADO


"O cérebro é uma coisa magnífica … todos deveriam ter um"

O vitorioso dr. Cavaco, no entusiasmo febril do cartaz da noite eleitoral e excitado na glória da tribuna popular, comiciou aos incréus, fazendo o seu último tour de force político. E virou espectro, qual censor aos vassalos. De vassoura em punho caluniou-se, com rara distinção. Para os mais jovens, como se um mestre-escola fora, aludiu "verdade" & "transparência" na política, imprudentemente amnésico. De punhal à cinta, nada tolerante, vociferou pela honra e carácter, qual demagogo disfarçado, esquecido das indulgências durante o período eleitoral, mesmo com ele próprio. Para a posteridade folheou a alma dos adversários, vergastou 75% dos eleitores indígenas, em curiosa e áspera domesticação folhetinesca. Virou panfletário. Fez história. Intriga. Sem se nunca maçar.

Curiosamente, o pouco piedoso dr. Cavaco - aquele que no íntimo da sua alma publicitou ser o único nativo que dominava os areópagos financeiros internacionais e a crise mundial, avisando (de dedo em riste) que ou se resolvia já a questão da eleição presidencial ou vinha dos céus "uma contracção do crédito e uma subida das taxas de juro" –, assistiu ironicamente, um dia depois da sua divina eleição, a mais um "nervosismo" dos mercados e correspondente subida da taxa de juro, aumentando as dúvidas de default de Portugal. Suprema ironia de um putativo economista traído pela profunda e fatal economia.

Na verdade, como diria o nosso Eça, "a política é a ocupação dos ociosos, a ciência dos ignorantes, e a riqueza dos pobres". Restará acrescentar ao político a crispação. E a estes pobres dias, o burlesco que tudo isto encerra. Di meliora.

domingo, 23 de janeiro de 2011

24 JANEIRO - LEILÃO LIVROS DO SÉCULO XVI AO SÉCULO XIX


DIA24 de Janeiro 2010 (21 horas)
LOCAL – Palácio da Independência (Largo de São Domingos – ao Rossio), 11, Lisboa
ORGANIZAÇÃOArtes e Letras Leilões
CATÁLOGOAQUI [clicar na capa do Leilão] ou AQUI

A recente leiloeira Artes e Letras organiza um importante e valioso Leilão de Livros do Século XVI ao Século XIX, com 203 peças de muita estimação. Sob organização de dois dos nossos mais relevantes e experientes Antiquários-Alfarrabistas, José Vicente (da Livraria Olisipo) e Luís Gomes (da Livraria Artes & Letras), o Leilão decorrerá no Palácio da Independência, ao Rossio, a partir das 21 horas de amanhã, dia 24 de Janeiro.

Alguma referências: Iardim de Portvgal, em qve se da noticia de algumas Sanctas & outras molheres illustres …, de Luís dos Anjos, 1626 / Archivo Portuguez Oriental, 1857, V fasc / Sketches of Country, Character, and Costume, in Portugal and Spain …, de William Bradford, 1812 / Primeira Parte da Chronica de Cister …, de Fr. Bernardo de Brito, 1602 / Os Lvsiadas do Grande Lvis de Camoens …, 1613 (por Pedro Craesbeeck) / Hieronymi Cardani In Cl. Ptolemaei de Astrorvm Ivdiciis …, de Girolano Cardano [curiosa e rara peça de astrologia e magia, com inúmeras tabelas astrológicas e horóscopos, do estimado matemático, médico e astrólogo Girolamo Cardano], 1578 / Opera Sanctissimi Martyres Caecilii Cipriani Episcopi …, por São Cipriano, 1525 / O Non Plus Ultra do Lvnario e Prognostico Perpetuo Geral …, de Jeronymo Cortez, Lisboa, 1757 [inclui curiosas tabelas para aceder ao “número áureo” este famoso almanaque] / Trattato Del’vso Del Et Della Fabrica Astrolabio …, por Egnatio Danti [cosmógrafo de Cosme de Médicis], 1569 / Definições e Estatvtos dos Cavaleiros & Freires da Ordem de N. S. Iesu Christo …, 1628 / O Engenheiro Portuguez Dividido em Dous …., de Manuel de Azevedo Fortes, 1728-9, II vols / Manuscrito da Mesa da Consciência e das Ordens Militares do Desembargador do Paço Francisco José da Serra Craesbeck de Carvalho, [1750?] / Manuscritos Diversos [importantes lotes de manuscritos; registamos a "Tragica Historia do dia 13 de Janeiro 1759 na Praça de Belém da cidade de Lx.ª", de punho anónimo, com interessantes revelações (e notas genealógicas) sobre os acontecimentos de antanho] / As Obras do Doctor Francisco de Saa de Miranda …, 1614 / Nobiliario de D. Pedro Conde de Barcelos …, 1640 [raríssima peça] / A Arte Magica Anniquilada do Marquez Francisco Scipiaõ Maffeo …, 1783 [s/ magia e astrologia] / Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto …, 1678 (2ª ed.) / Peucero, Sebastiano Theodorico Vuinshemio E Johanis Sacrobosco, Gasparo …, 1578 [s/ astronomia] / Textus De Sphera Joannis De Sacobosco Cum Additione …, de Joannes de Sacrobosco, 1511.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS – XEQUE À REPÚBLICA!


"On ne fait pas des omelletes sans casser des oeufs" [?]

Dizem por aí que há eleições presidenciais. Uma frescura de cidadania, um rendez-vous caricioso e inviolável, uns ex-votos constitucionais. Pode ser que sim! Como deparámos com uma zarzuela política provinciana, utilíssima para encarapuçar indígenas falidos e despeitados, inspirada & estrugida por uns curiosos artistas prometendo o visionamento de novos amanhãs celestiais ou financeiros, é muito conjecturável existir tão caridoso evento.

Não fora a colónia dos rapazes dos jornais grasnando o pavor pela reputação lendária do fuhrer Angela Merkel e as finanças nativas pós eleitorais, o alvoroço condimentado pelas agências de rating articulado por ex-economistas [gute nacht! frau Teodora Cardoso] ou as réplicas simplórias do "mártir" dr. Cavaco Silva nos saraus televisivos, quase que apostávamos que não. Que eleições presidenciais eram no tempo em que havia homens probos, cavalheiros de carácter e de bons costumes. Não agora.

Mas pode ser que sim, que um dia haja eleições, já que alguns espíritos superiores como o dr. Marques Mendes, o padre-mestre Emídio Rangel & a sua lança socrática, sem esquecer a casta Helena Matos (oh! a geração do 69) e a presença iluminante do perigoso lidador esquerdista Pedro Adão e Silva, a ela (presidenciais) deram acolhimento, bizarria e musculação.

Ao que nos dizem os troveiros, o candidato Cavaco Silva (e a sua Maria) tem o morgadio do Palacete de Belém por mais uns tempos. O raminho de "democratas" praticantes que se aprestam a colocar a écharpe para ensaiar o novo (ex)reportório cavaquista está em franco movimento. O talento da gente bizarra do ex-BPN, o contágio financeiro da sopa dos ricos do sr. Fantasia & Cia, a prosa enlevada de Lobo Xavier e a pesporrência do arq. Saraiva do Sol – conhecidos trampolinistas - vão dar, certamente, a táctica e estratégia futura para que o dr. Cavaco graciosamente prospere in limine, enquanto o sr. Sócrates pode segurar a comédia a que nos habituou. Duas almas gémeas!

No resto, e entretanto, os defuntos do PSD podem (des)esperar, que fenecem descalços. O pieds-de-nez costumeiro do dr. Cavaco à política ou a sua prosápia sobre o carácter humano engrossou o aranzel indígena, mesmo entre os seus acólitos e demais cativos. A coisa está negra, mesmo para o futuro presidente. Quanto a nós, pouco dados a albardas ou a meneios que não sejam as da liberdade e virtude cívica, teremos de nascer duas vezes para acreditar que corre por aí qualquer excerto eleitoral. Mesmo sabendo que "nada é mais atraente que as coisas desonestas" [Ovídio], não ficaremos na foto para a posteridade. Sans rancune.

Boa noute!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS E ANO NOVO FRATERNO!



Faz da tua vida em frente à luz
Um lúcido terraço exacto e branco,
Docemente cortado
Pelo rio das noites.

Alheio o passo em tão perdida estrada
Vive, sem seres ele, o teu destino.
Inflexível assiste
À tua própria ausência.


Sophia de Mello Breyner, in Dual

PRESIDENCIAIS – O LENTE IRACUNDO


"Tudo se paga nesta terra, o bem e o mal. O mal é mais caro, naturalmente" [Céline]

A paróquia, arrefecida na sonolência pela crise da crise, está definitivamente vítima de um mestre-escola. O educador presidencial Cavaco Silva, em requintado e alucinante mascar de palavras, largou (de vez) à desfilada verbal pelas charnecas indígenas, soqueando o espantado nativo televisivo com o incipit da velha gritaria de ser lente. Em econômico-financeiras, repete o sábio dr. Cavaco.

Como o lente chibata as suas próprias palavras - que só muito depois são vertidas tecnicamente em politiquês pelo gentio manso dos jornais e, em especial, traduzidas pela soutachée imaginativa da sra. Maria João Avillez -, enquanto vai acasalando a função de ex-governante com a de presidente e ex-lente, a rosariada do ululante candidato e futuro presidente não se entende nem se pode avaliar. O dr. Cavaco é o três em um, resfolegando manuais & pasmos de adolescente.

O dr. Cavaco era em tempos aquele que nunca se enganava e jamé tinha dúvidas. Algarviadas, evidentemente! Agora, em refutação do folheto BPN & em resposta ao apoio fúnebre dado ao (des)governo do sr. Sócrates, acrescentou-lhe literariamente o catecismo moral: "é preciso nascerem duas vezes para ser mais honestos do que eu". Ao dito, o sr. Dias Loureiro deu o seu último suspiro. Amém!

Nada disto diz respeito às cabrioladas do sr. Defensor de Moura, que já se viu o que anda por ali a mitigar ao governo e o frete que faz a outros candidatos. É que o sr. Sócrates tem agentes em todas as paróquias. Tal como as despicientes agências de rating na taramelada zona Euro. Não há, portanto, qualquer acaso ou substância bizarra a recompor pelos debates. Que, aliás, ninguém de boa fé acompanha ou reverencia.

Por que o fundo da questão, a saber, será sempre perceber como é que a laboriosa providência indígena nos foi, uma vez mais, madraça & vassala. Explicar como, num único momento, decerto por um formidável e raro prodígio do éter universal, se encontraram essas duas almas gêmeas – o sr. Sócrates & o dr. Cavaco -, será sempre um fenômeno pouco luminoso, mesmo que passional seja.

Nada há mais pacífico que reservar o momento em que, vindo dos tempos de canga do antigo "oásis" do dr. Cavaco - alucinação desovada pelo economista sr. Silva -, a nossa mísera fazenda se esticou até aos nossos dias e, no seu estro, espinoteou nesta paródia (amargurada) da governação do sr. Sócrates & amigos. O resultado esteve sempre à vista, mesmo se os argumentos dos publicistas eram esforçados. O resultado está, particularmente, á vista, mesmo se o lente dr. Cavaco, pessoalmente, faça unguentos ou consulte os astros & os compadres. Toca a andar!

domingo, 19 de dezembro de 2010

O POLÍTICO


"A noite é quando uma pessoa está cansada do dia"

Aos ledores instruídos nos recatos nocturnos, aos novos que adengam na blogosfera, às meninas discretas e (im)prudentes, aos presumidos pastores dos jornais, a criados desatentos, à confraria dos snrs. Silvas, aos ilustres adegueiros Lellos & V. Lemos, aos pitorescos escrivães Sousas Tavares & J. Manuel Fernandes, à caprichosa toilette chez Helena Matos, ao sereníssimo D. Emídio Rangel, à Venerável Casa do Largo do Rato, aos discípulos do beato Augusto Santos Silva (vulgo S.S.) ... oferece-se as máximas escriptas de mestre Palmeirim, obra muy bem acabada sobre cousas notáveis do reyno de Portugal e da União.

"Quando um homem qualquer não tem de fazer, e receia por um resto de pudor passar por vadio, mete-se a político.

Ser político, em Portugal, significa falar no orçamento e não o ler; na Carta Constitucional, e não saber onde ela se vende; no poder executivo, e confundi-lo com todos os outros poderes, menos com o próprio poder executivo.

Para se ser político, precisa-se: primeiro, audácia; segundo, ignorância; terceiro, ociosidade. Com estes três predicados, a leitura de alguma folha periódica, e o conhecimento pessoal de dois ou três homens que já fossem ministros, está o político feito.

O político é geralmente um homem enfastiado e fastidioso, a quem correm mal os negócios públicos e pior ainda os domésticos (...)

A primeira cor da bandeira do político é a liberdade. Outras, conforme os tempos, crismam-se de – progresso – melhoramentos materiais - economias e moralidade. Como pedir custa pouco, o político pede tudo, até tributos bem pesados ... que não pesem a ninguém.

Por via de regra o político, no exercício das suas tendências e faculdades, corre todos os partidos, defende todas as teorias, abraça todas as opiniões, e tem a habilidade de se confessar ainda por cima coerente com as doutrinas de todos os publicistas, o que é um absurdo.

O político incorrigível é uma espécie de tabuada cronológica, indica com exactidão as datas, mas poupa-se ao incómodo de filosofar sobre a significação dos números (...)

O político tem com o perdigueiro a analogia de farejar e levantar a caça. Notícia sem fundamento, ou boato sem verosimilhança, nasce exclusivamente do político. É ele que justifica mais do que ninguém a frase popular fazer de um argueiro um cavaleiro. O que os franceses chamam canard e nós dizemos galga é de ordinário invenção do homem dado às evoluções e artimanhas da política. Não podendo ajeitar o mundo à sua feição e desejos, compraz-se em pôr em circulação a mentira que, correndo de boca em boca, chega a ganhar foros de verdade averiguada como tal (...)

O político endurecido nos vícios da sua profissão tem de ordinário uma roda de papalvos que o ouvem com respeito, e aplaudem com entusiasmo ...


Luís Augusto Palmeirim, Galeria de Figuras Portuguesas, P&R, 1989, pp 117-119

Boa noute ... que pretium laborum non vile.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

BOLETIM BIBLIOGRÁFICO 48 DA LIVRARIA LUIS BURNAY


Está online o Boletim 48 da Livraria de Luis Burnay [Calçada do Combro, 43-47, Lisboa], que apresenta 441 peças estimadas, procuradas e raras.

Algumas referências: Almanaque [uma das revistas culturais mais curiosas, c/ colab. de Stau Monteiro, Alexandre O’Neill, Augusto Abelaira, Vasco Pulido Valente, Aquilino Ribeiro, Manuel Mendes, etc..], 1959-61, 18 numrs / Contos Exemplares (1962), de Sophia Melo Breyner / Antologia de Poesia Erótica e Satírica [rara ed. dita do Rio de Janeiro, de contrafacção, sem as ilustrações de Cruzeiro Seixas que a acompanha], c/ pref. Natália Correia / Monografia de Paredes, por José do Barreiro, 1922 / Biographia de Remechido o celebre guerrilheiro do Algarve …, Tavira, 1892 / A Ideia de Deus, de Sampaio Bruno, 1902 / Camiliana & Varia [rev. do Circulo Camiliano], 1951-54 (compl.) / The Lusiad, por Luis de Camões [é a primeira ed. publicada em Inglaterra], 1776 / Diário de um condenado político, por João Chagas, 1894 / Os Ciganos de Portugal, por António José Coelho, 1892 / Manual Político do Cidadão Portuguez, por Trindade Coelho, 1908 / Anoiteceu no Bairro, de Natália Correia [2º livro da autora], 1946 / A Maçonaria em Portugal [obra antimaçónica], por Da Cunha Dias, 1930 / Edit de sa Majesté três-fidele le Roi de Portugal par lequel Elle abolit les Ecoles d’Hmanites des Jesuites …, Amsterdam, 1760 / Submundo, Mundo, Supramundo, pelo Visconde de Figanière [obra estimada e rara da literatura teosófica ou esotérica portuguesa, nesta sua primitiva ed. com os quadros correspondentes; Figanière fez parte da Sociedade Teosófica], 1889 / Fundação da Ordem da Visitação em Portugal [Ordem nascida para o “combate às heresias”], 1782 / Gazeta Litteraria do Porto [camiliano], 1868 / Índices Ideográfico e Onomástico d’O Instituto [import. revista de Coimbra], por J. Pinto Loureiro, 1937 / Reino Submarino, de Rui Knopfli, 1962 / A Leitura: Magazine Litterario [revista literária – completa], 1894-96, XVIII vols / Da Monarquia para a Republica, por Bernardino Machado, 1905 / Maio: International Poetry Magazine, London, 1973 [nº único desta rara revista poética, dir. Alberto de Serpa] / Mákua: Antologia Poética, 1963-64, V vols [da estimada publicações Imbondeiro] / Pierrot e Arlequim, por Almada Negreiros, 1924 / Mau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio, sd. (1944, 1ª ed.) / Palheiros do Litoral Centro Português, por Ernesto Veiga e Oliveira & F. Galhano, 1964 / As Mouras Encantadas …, de F. Xavier d’Ataíde, 1898 / O Barreiro Antigo e Moderno, por Armando da Silva Pais, 1963 / Portugalia (rev. Cultura …), 1925-26, VI numrs / Revista Filosófica (dir. Joaquim de Carvalho), 1951-59, XXII numrs / A Filosofia na Alcova, pelo Marquês de Sade, Afrodite, 1966 / Fidelidade (poemas), de Jorge de Sena, 1958 / Para a História da Revolução, por Teixeira de Sousa, 1912, II vols /A Tradição [rev. única publ], Coimbra, 1920 / [Manuscritos]: António Pedro [As Casas da Areia], Manuel de Arriaga, Agostinho de Campos, Joaquim Martins de Carvalho, João Chagas, Sebastião Magalhães Lima, Dom Miguel, Ramalho Ortigão, Luís Pacheco, Rafael Bordalo Pinheiro, Eça Queiroz, Oliveira Salazar.

A consultar online

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

LIU XIAOBO – "I HAVE NO ENEMIES …"


"... My dear, with your love I can calmly face my impending trial, having no regrets about the choices I’ve made and optimistically awaiting tomorrow. I look forward to [the day] when my country is a land with freedom of expression, where the speech of every citizen will be treated equally well; where different values, ideas, beliefs, and political views . . . can both compete with each other and peacefully coexist; where both majority and minority views will be equally guaranteed, and where the political views that differ from those currently in power, in particular, will be fully respected and protected; where all political views will spread out under the sun for people to choose from, where every citizen can state political views without fear, and where no one can under any circumstances suffer political persecution for voicing divergent political views. I hope that I will be the last victim of China’s endless literary inquisitions and that from now on no one will be incriminated because of speech.

Freedom of expression is the foundation of human rights, the source of humanity, and the mother of truth. To strangle freedom of speech is to trample on human rights, stifle humanity, and suppress truth ..."

in I have No Enemies: My Final Statement

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WIKILEAKS - ROTEIRO


Mass-mirroring Wikileaks / Wikileaks - the salient point / How Wikileaks has woken up journalism [Emily Bell] / Julian Assange and the Wikileaks agenda / WikiLeaks: substituto do jornalismo investigativo? / O Homem Mais Perigoso do Ciberespaço [Rolling Stone] / Suspicions abound that Wikileaks is part of U.S. cyber-warfare operations / Wikileaks e liberdade de informação [Blasfémias Blog] / Estudantes são advertidos sobre WikiLeaks / State Department To Columbia University Students: DO NOT Discuss WikiLeaks On Facebook, Twitter / Revealed: Assange ‘rape’ accuser linked to notorious CIA operative / Julian Assange’s EgoLeaks [Victor Davis Hanson – National Review] / Piratas vingadores e espiões em diligência [Umberto Eco - Liberation] / Natalia Viana [Blog] / Hackers derrubam sites que atuaram contra o WikiLeaks [Último Segundo] / Wikileaks: Stop Us? You'll Have to Shut Down the Web [ABCNews] / Após prisão do criador do site, hackers atacam "inimigos" do WikiLeaks [Folha] / Operation Payback cripples MasterCard site in revenge for WikiLeaks ban [Guardian] / WikiLeaks: Who are the hackers behind Operation Payback? [Guardian] / Amazon and WikiLeaks - Online Speech is Only as Strong as the Weakest Intermediary / Operation Payback [Twitter] / Anonymous (group) / Behind The Scenes at Anonymous’ Operation Payback / Dark forces at work to take Julian Assange to US, says lawyer [London Evening] / US embassy cables: browse the database [Guardian] / Why WikiLeaks Is Good for America [Wired] / A revolução será digitalizada [Altamiro Borges] / Attack and Counter-Attack [Lachlan's Rambling] / WikiLeaks: Parem a Perseguição [Petição]

WikiLeaks: A INSUBMISSÃO


"Nós vivemos do eco das coisas e neste mundo de pernas para o ar, é ele que suscita o grito" [Karl Kraus]

O jornalismo, para exorcizar "os seus fantasmas", sempre viveu numa curiosa actividade, ou eco, de construção de uma realidade "plantada" pelos agentes do poder económico, político, cultural ou institucional. A vidinha cá fora, porém, é sempre outra. Quando prevarica, arregalando os olhos do indígena, retrocede e estagna de seguida. Sempre conformista! A manjedoura fatal, a isso obriga. O seu putativo esplendor, a existir, nunca foi mais que um elixir pingado pelo talentoso comprometimento que assume, de quando em vez, nesse administrado comércio do mensageiro e das fontes. E excita-se! A "grande prostituta" é assim, mesmo que o serviço público seja bom!

A vaidade jornalística sobre a política de informação – é certo – de vez em quando sucumbe às "gargantas fundas", numa "liberdade da inimizade" cúmplice porque direccionada. O jornalismo parecia (ou parece?) ser uma serviçal com todo o respeito. A audaciosa indisciplina está, porém, a ganhar a sua áurea, nesta curiosa "bolha ideológica" que por aí vem. Fala-se, evidentemente, da sociedade de informação global, aberta e democrática que o mundo mediático e civilizado da internet descodifica e dinamiza. Poderá ser o fenómeno da WikiLeaks o anúncio do seu começo?

Não há maior ameaça á segurança que a oficiosa insegurança transmitida pelos verdades "plantadas" pelos governos aos media e jornalistas, com base na manipulação, na mentira e do piedoso expediente à suscitação do medo colectivo, sempre à revelia da lei e dos bons costumes. Os factos imorais que levaram à invasão do Iraque, ainda estão recentes. O sr. Bush, o sr. Blair e o sr. Barroso, estão de boa saúde e, ao que parece, são sujeitos recomendáveis. As responsabilidades sobre os negócios obscuros dos bancos financeiros com instituições de regulação e os poderes públicos, que em parte conduziram à miseranda situação contra os valores da sociabilidade e da ética de estar na economia, nos governos e na vida colectiva, tardam ou nunca virão. Então, porque razão o WikiLeaks poderá ser rotulado de inimigo nº 1 pelas boticas do manual do "perfeito" cidadão, ao fornecer documentos seguros e credíveis?

Quer dizer: a imprensa de referência – NYT, Guardian, El País -, que tem feito o trabalho jornalístico de publicitação de documentos com base das fugas de informações divulgadas pelo WikiLeaks, viola presuntivamente a lei (caso do N.Y.T.) e o refractário é Julian Assange. Ameaçado como foragido, perseguido como terrorista, preso. E que dizer de algumas organizações & outros tantos serviçais que, no imprudentíssimo zelo de tudo vigiar e controlar, ostensivamente tentam bloquear a plataforma WikiLeaks, atacando a liberdade de expressão na internet, a essência da própria rede? Será que chegou a hora da "esperada" legislação para o controlo totalitário da rede?

Até lá - para não sair da paróquia -, mesmo que os nossos jornais sejam de um provincianismo admirável e de um servilismo manhoso; apesar das palavras escolásticas, feitas de um reaccionarismo comovente, por um qualquer José Manuel Fernandes; ou da singularidade interrogativa deste nerd das ideologias ou resfolegado profile das tecnologias, a rede de activistas em defesa da liberdade de expressão e contra a censura da internet, esse o movimento global contra a submissão, manter-se-á. A batalha começou! Assim seja!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FERNANDO PESSOA – “HERE LIES THE OTHER PART”



"Atapetemos a vida / Contra nós e contra o mundo ..."

"Todos nós, que sonhamos e pensamos, somos ajudantes e guarda-livros num armazém de fazendas, ou de outra qualquer fazenda em uma Baixa qualquer. Escrituramos e perdemos; somamos e passamos; fechamos o balanço e o saldo invisível é sempre contra nós"

"A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos"

"Há quanto tempo, Portugal, há quanto
Vivemos separados! Ah!, mas a alma,
Esta alma incerta, nunca forte ou calma,
Não se distrai de ti, nem bem nem tanto"

"O drama da civilização na Europa – o conflito entre a Inteligência e a Ordem, entre o Espírito e a Matéria, entre a Grécia e Roma"

"O que é misterioso é individual. Basta para o ser que não haja palavras para o dizer; é incomunicável, portanto. Gorgias já dizia: não se pode, por sua natureza, comunicar ..."

"Os esotéricos percebem a origem das coisas segundo a sua representabilidade do mistério para a alma humana. Os herméticos fora já de toda a compreensibilidade. Vêem não já os símbolos mas as coisas. Para os gnósticos ainda a verdade aparece no seu símbolo vivo, não morto (como para os exotéricos). Para os herméticos é a verdade pura que é revelada"

"Esta frase é para quem a entende: a sublimação é pelo mercúrio. Toda a iniciação está nisto
Vertical, vontade
Horizontal, inteligência
Círculo, emoção"

"Para todos, quantos queiram mais da vida que o que ela é em si mesma, a regra é aquela que, em um dos seus modos, os três graus maçónicos simbolizam. Entramos aprendizes pelo sofrimento, passamos companheiros pelo propósito, somos levantados Mestres pelo sacrifício. De outro modo se não chega, na arte como na vida, à Cadeira, que é o Trono, de Salomão"

"A forma régia ‘saber é poder’ não deve ser entendida relativa, senão absolutamente. Conhecer uma coisa, é, de facto, possuí-la”

terça-feira, 30 de novembro de 2010

BOA NOITE SR. FERNANDO PESSOA!


[Fernando Pessoa m. 30 de Novembro de 1935]

"Sim, está tudo certo.
Está tudo perfeitamente certo.
O pior é que está tudo errado
"

"... nós esperamos sempre pela voz do comando (...) sofremos da doença da Autoridade – acatar criaturas que ninguém sabe porque são acatadas, citar nomes que nenhuma valorização objectiva autentica como citáveis, seguir chefes que nenhum gesto de competência nomeou para responsabilidades da acção (...) nós compensamos a nossa rígida disciplina fundamentalmente por uma indisciplina superficial, de crianças que brincam à vida. Refilamos só de palavras. Dizemos mal só às escondidas. E somos invejosos, grosseiros e bárbaros, de nosso verdadeiro feitio, porque tais são as qualidades de toda a criatura que a disciplina moeu, em que a individualidade se atrofiou..."

[A Exportação Portuguesa] – "A exportação portuguesa é, em relação ao que poderia ser ou tornar-se, pequena, mal orientada, e mal coordenada. Nem há concorrência interna, o que significaria actividade intensa entre exportadores individuais, nem cooperação nacional entre eles. Não há estudo científico dos mercados, nem adaptação consciente, a cada um deles, dos produtos que podemos exportar.

Para a transformação e melhoria de este estado de coisas não há que pedir uma acção propriamente dita, nem ao Estado, nem aos exportadores individuais. Quer o estado actual, quer os seus tentáculos consulares e diplomáticos, são elementos de apoio e de informação – mais nada...
"

[Conselhos Fiscais] – "Escolhem-se homens sérios para os Conselhos Fiscais. Mas os homens sérios podem ser estúpidos – há muitos; os homens sérios podem ser confiados – há muitíssimos; os homens sérios podem ser desleixados – há imensos; e o accionista perde o seu dinheiro, sem que os homens muito sérios deixem de ser muito sérios, o que é uma consolação insuficiente para quem perdeu o dinheiro que fiou da fiscalização incompetente, senão inexistente dos homens de muita seriedade..."

Boa noite sr. Fernando Pessoa!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CONTRA A MANSIDÃO, PELA CIDADANIA!


"Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia (…) Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes (…)

Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores …
" [António José Forte]

"Do cadáver dum homem que morre livre pode sair acentuado mau cheiro – nunca sairá um escavo" [M.C.V.]

domingo, 21 de novembro de 2010

I REPÚBLICA – LEILÃO DE MANUSCRITOS DIA 22 NOVEMBRO


Já AQUI referimos o LEILÃO de Manuscritos, Livros, Caricaturas, Fotografia e Gravura, a realizar nos próximos dias 22, 23 e 24 de Novembro pela Artes e Letras (Leilões), onde se encontram bem representados livros e manuscritos de referência para uma bibliografia republicana.

[Ms.] ALGUMAS ANOTAÇÕES CURIOSAS: MANUSCRITOS de Adelino da Palma Carlos, Afonso Costa [correspondência familiar], Afonso Lopes Vieira, Agostinho Fortes, Alberto Bramão, Albertina Paraíso [feminista], Alberto Pimentel, Alberto Xavier, Albino Forjaz Sampaio, Alfredo Pimenta, Álvaro Pinheiro Chagas, Ana Carbia Bernal [maçon e feminista], Ana Castro Osório, Anselmo Ferraz de Carvalho [de imp. Conimbricense], António Baião, António Cabral, António Cabreira, António de Paiva Gomes [ex-ministro das Finanças (1919) e das Colónias, membro do PRP, fundou o jornal "O Incondicional" em Lourenço Marques, maçon com n.s. Câmara Pestana], António França Borges [jornalista, director da Vanguarda, País, Lanterna e a Pátria, fundador e director do combatente jornal O Mundo, antigo deputado pelo PRP, maçon da Loja Montanha, com n.s. Fraternidade, etc., Venerável da Loja Futuro], António Sá Nogueira, António Sérgio, António Zeferino Cândido, Aquilino Ribeiro, Armando Agatão Lança [militar republicano, deputado, governador-civil de Lisboa, maçon da Loja Revolta de Coimbra, com n.s. Robespierre], Augusto Casimiro, Augusto José da Cunha [monárquico que se inscreve no PRP, em 1907], Azevedo Neves [médico, ministro comércio no gov. Sidónio Pais, maçon iniciado no triângulo nº159 (Amadora), com n.s. Justitia], Bernardino Machado … [CONTINUA, ler TUDO no Almanaque Republicano]

ver CATÁLOGO AQUI

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CUSTO E PREÇO DE UM MEDÍOCRE


"Senhores leitores: encarregaram-me de vos dizer que a direcção protectora decidiu proibir que vos fosse mostrado quanto custa um medíocre, porque o inquérito, feito por sujeito competente, tinha o grave defeito de mostrar o medíocre a nu, cena eventualmente chocante para a estabilização da bolsa de mercadorias. Em seu lugar, prometemos redescobrir o Brasil, a bem da mediocração

[Mário Henrique Leiria?] "Bisturi", p.13, in Jornal AQUI, Ano I, nº2, Setembro de 1976

Bom lanche!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

I REPÚBLICA – LEILÃO DE MANUSCRITOS, LIVROS, CARICATURA, FOTOGRAFIA E GRAVURA


LEILÃO: Manuscritos, Fotografia, Caricatura, Literatura, História, memorabilia, Gravura, Desenho, Pintura.
DIAS: 22, 23 e 24 de Novembro (21 horas)
LOCAL: Palácio da Independência (Largo de São Domingos, 11 – ao Rossio – Lisboa)
ORGANIZAÇÃO: Artes e Letras, Leilões

"... O presente leilão não podia ser mais oportuno. O seu catálogo apresenta um conjunto notável de materiais para quem queira estudar a Primeira República e a sua realização não podia vir em melhor hora ..." [António Ventura, in prefácio ao Catálogo]

No âmbito da sua actividade de leiloeira a Livraria Artes e Letras em cooperação com a Livraria Olisipo, levam a efeito um importante leilão de livros, manuscritos, fotografia, desenho e gravura. Destacam-se, do conjunto de 1175 lotes, o importante núcleo de manuscritos e de entre eles os acervos de Bernardino Machado, Afonso Costa, e Ana de Castro Osório, bem como muitos outros documentos avulsos, correspondência, fotografias, autógrafos e outros documentos de grande significado político para a história da 1.ª República. Ainda no domínio dos originais manuscritos, destacamos um códice atribuído a João Baptista Lavanha 'Taboas do Lvgar do Sol' datado de 1598 documento iluminado da maior importância para a história da navegação e Descobrimentos.

Também os livros impressos estão representados em número e qualidade assinaláveis fazem parte do catálogo obras como a primeira edição de 'Espingarda Perfeita' (1718) e do monumental 'Vocabulario Portuguez Latino' (1721) em 10 volumes, de Raphael Bluteau. A modernidade está representada com peças chave da cultura portuguesa, a edição original de 'Mensagem' (1934) de Fernando Pessoa ou uma fotografia em grande formato (82x54 cm) de Natália Correia, são algumas. Aliás a fotografia está fortemente representada desde o seu início com alguns 'daguerrotipos' , passando por um interessante conjunto de fotografias de interesse etnográfico da Índia do séc. XIX e de Moçambique nos anos 30 do séc. XX, uma impressionante colecção de fotografias eróticas do inicio do séc. XX e muitas outras avulsas ou em álbum.

Também as artes gráficas estão presentes no leilão com, algumas caricaturas (Valença), aguarela (D. Amélia), desenhos, pintura e gravura.

As peças podem ser vistas na exposição a levar a cabo antes e durante os dias do Leilão nos dias 21, 22, 23 e 24 de Novembro das 15, às 20 horas no Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, 11 (ao Rossio) …
” [via Artes e Letras, Leiloeira]

Consultar Catálogo AQUI.

*publicado tb no Almanaque Republicano

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VENDA LIVROS ESPECIAIS – SÁBADO NA LIVRARIA CAMPOS TRINDADE


A estimada Livraria Campos TrindadeRua do Alecrim, nº44, Lisboa – vai realizar no próximo dia 30 de Outubro (Sábado), a partir das 11 horas e ao longo do dia, uma VENDA DE LIVROS ESPECIAIS, acervo curioso e de rara oportunidade.

A cargo de Bernardo Trindade, que sabe receber sempre bem no ambiente da sua Livraria, esta VENDA DE LIVROS ESPECIAIS merece a sua atenção e presença.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NOVOS FEITORES


"Nenhuma sandwiche é completa!" [J.M.J.]

Estávamos em amena orquestração gastronómica – sobre o jantar divino de véspera na "A Travessa", em Benfica [graças sr. Vítor] -, isto é, em respeitável gozo evocativo, quando vislumbramos (por mero escapismo televisivo) um trio de admiráveis politólogos na TVI 24, pelas nove e picos da noute. Estes novos feitores, cuja taxinomia está para a cidadania como o mordomo está para o seu amo, são afrontosos na sua rusticidade, virtuosos nos maus costumes, ignorantes nas palavras de ordem. O comício dessa gente é sempre uma bricolage pouco cuidada.

O trio de rapazes que desse modo flutuava na TVI 24 manteve uma narrativa em nada diferente dos seus poderosíssimos irmãos mais velhos – o fatal Sousa Tavares (Filho), o inenarrável Metello, o Cantigas do ISEG, o vómito Rangel, o inefável Pedro Guerreiro, o desopilado Pedro Marques Lopes ou o medicinante estoriador Rui Ramos. Aqueles que nos brindam cada semana com alguns truques labiais & outras baixelas políticas, para que lhes paguemos o dízimo. Os novos feitores rogam como os velhos e aceites comentadores. Afinal, os modernos correspondentes não são mais que uma contrafação obsequiosa dos primevos. A dupla Sócrates & Coelho está de boa saúde. Não estão, portanto, desamparados.

Do trio de politólogos de serviço à TVI 24 – dois rapazes e uma senhora -, o zelo maior pertenceu ao conozudo José Bourdain. O presuntivo rapaz, que é cristão-novo do CDS, escriba do Diabo e nas horas vagas mestral em política comparada, apareceu burlescamente via TVI como politólogo. O expediente idealizado pelos da TVI é imaginativo: coloca docemente um atormentado candidato do CDS como expert em ladrilhos sócio-politicos, como poderia (espiritualmente) fantasiar o sr. Emídio Rangel como director do ex-SNI. O que seria de todo impossível! Como se sabe.

O rapaz do CDS praticou o insulto a qualquer inteligência conhecida, foi estéril em "política comparada" – não nos fatigou com a sua conhecida fábula de vivermos numa "bandalheira", nunca nos ciciou da necessidade do fim da Presidência da República ou se referiu à sua patrulha campónia contra as auto-estradas – e muito industrioso em estatística, que não pratica nem conhece. Os queixumes do rapaz explicam (a descoberto) como se escorcha bem os indígenas, sem razão suficiente ou elegância critica. Mais: na sua labareda politóloga, sempre muito suspirosa, vilipendiou a classe docente, apesar de não ser original, porquanto o sr. Sousa Tavares (Filho) é muito mais babélico. E desenvolto!

O rapaz do CDS, tornado politólogo pela TVI, arremessou umas 25 horas de trabalho semanal para os professores, já se vê mondadas da conhecida colectânea estatística do sr. Sócrates. Curiosamente estes filarmónicos da sra. Lurdes Rodrigues jamais desembrulham da escrivaninha as horas lectivas de leccionação dos lentes universitários, quando se trata de asnear amabilidades ou lançar testemunhos. Percebe-se porque é assim: o abono corporativo deve ser judiciosamente garantido. Os mestrados não podem deixar de ser esses hortos (perfumados) da escolástica, que justificam perversos silêncios, entre a falta de liberdade, estudo e trabalho efectivo.

Como diria o nosso Gonçalo Trancoso: "o néscio calado por sábio é contado". Confere!