terça-feira, 6 de junho de 2006
ABADE CORREIA DA SERRA
José Francisco Correia da Serra ou Abade Correia da Serra
Para além de textos sobre geologia e botânica, escreveu outros para prefaciar e introduzir várias obras publicadas pela Academia das Ciências de Lisboa [ex: Collecção de livros ineditos de historia portugueza, publicados de ordem da Academia das Sciencias de Lisboa por José Corrêa da Serra, Lisboa, 1925, Officina da mesma Academia, V vol, etc] e fez o "Discurso Prelimimar" das Memórias Económicas da Academia publicadas em 1789.
Alguma Bibliografia sobre Correia da Serra: Silva, Inocêncio Francisco da, Aranha, Brito - Diccionario Bibliographico Portuguez, Lisboa, Imprensa Nacional, T. IV, pp. 336-342 / Henriques, Júlio - Correia da Serra: apontamentos biográficos e correspondência, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1923, Separata do Boletim da Sociedade Broteriana Vol. II, 2ª Série / Carvalho, Augusto da Silva - O Abade Correia da Serra, Lisboa: Academia das Ciências, 1948, Sep. Memórias, Classe de Ciências, 6 / Bourdon, Léon - José Corrèa da Serra: ambassadeur du Royaume-Uni, de Portugal et Brésil a Washington, Paris: Fundação Calouste Gulbenkian, 1975, XVIII, 668 p / Carvalho, Rómulo de - Serra, José Correia da, in Serrão, Joel, Dicionário de História de Portugal, Porto, Figueirinhas, 1981, vol. V, pp.539-540 / Davis, Richard Beal - The Abbé Corrêa in America, 1812-1820, Gávea-Brown, Providence, Rhode Island, 1993 / Abade José Correia da Serra documentos do seu arquivo (1751-1795): catálogo do espólio, compil. e pref. de Michael Teague ; trad. do inglês Manuela Rocha, Lisboa, Fundaçao Luso-Americana para o Desenvolvimento, 1997 / Carneiro, Ana Maria Oliveira - The portuguese naturalist Correia da Serra (1750-1823) and his impact on early nineteenth-century botany, Lisboa, 1998 / Faria, António (1999) - Concepção de história e prática política : o abade Correia da Serra, Lisboa, [s.n.], 1999, 2 vol / Diogo, Maria Paula, Carneiro, Ana, Simões, Ana - The Portuguese naturalist Correia da Serra (1751-1823) and his impact on early nineteenth-century botany, Journal of the History of Biology, 34, 2001, pp. 353-393
[Agradecimento pela colheita ... ao A.B., vale]
Abade Correia da Serra [n. em Serpa a 6 Junho 1750-1823]
José Francisco Correia da Serra ou Abade Correia da Serra é uma personagem absolutamente deslumbrante, arrebatadora, única. O que quer que se saiba sobre os seus trabalhos científicos (estudos botânicos e de geologia, principalmente), literários, diplomáticos e outros (bem menos conhecidos) é bem pouco para a abundante eloquência do erudito presbítero secular.
Foi, o Abade Correia da Serra, "fidalgo da Casa Real, do conselho da rainha D. Maria I, conselheiro da Fazenda, comendador da ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, cavaleiro da Ordem de Cristo, doutor em direito canónico pela Universidade de Roma, conselheiro de legação e agente diplomático em Londres, ministro plenipotenciário de Portugal junto ao governo dos Estados Unidos ["Estabeleceu relações de amizade com Thomas Jefferson (1743-1826), a quem visitava regularmente. Na sua mansão Monticello, na Virginia, o antigo presidente norte-americano tinha um quarto permanentemente reservado ao amigo"], deputado nas cortes ordinárias de 1822, sócio fundador e secretário perpétuo da Academia das Ciências [de 1790-1795; tendo sido um dos principais redactores do seu Estatuto fundador], sócio da Sociedade Real de Londres, da Lineana [de Inglaterra] e da dos antiquários da mesma cidade; membro correspondente do Instituto de França, da Sociedade Filomática de Paris, das Academias de Turim, Florença, Bordéus, Lyon, Marselha, Liège, Sena, Mântua e Cortuna; e das Sociedades Reais de Agricultura do Piemonte e da Toscana; e da Economia de Valença" [ver aqui], membro da American Philosophical Society [onde "ministrou cursos de botânica"]. Foi um assombroso naturalista, polígrafo e diplomata e falava fluentemente um ror de línguas.
O Abade Correia da Serra, "homem comprometido com o seu tempo", esteve ligado aos ideais maçónicos e liberais, foi um dos muitos estrangeirados que o caminho levou (e leva ainda) deste intratável Portugal. Poucos trabalhos de investigação têm sido feitos sobre a vida e o percurso conspirativo do nosso Abade e convinha fazê-lo.
Afinal, sendo conhecida a sua grande amizade com o Duque de Lafões [D. João Carlos de Bragança], Domingos Vandelli, Broussonet [médico francês refugiado em Portugal em 1794 e que o Abade Correia da Serra protegeu, tendo, por isso mesmo, (ambos) que fugir à polícia de Pina Manique], Avelar Brotero ou Thomas Jefferson (todos de tradição maçónica), reconhecido que é o seu trabalho na Academia Real das Ciências ["organização paramaçonica", com uma curiosa - segundo assegura Oliveira Marques, in História da Maçonaria em Portugal, vol. I - estrutura e organização que lembra uma loja maçónica], suspeitando-se que teve algum papel na constituição (em 1820) das Sociedades Patrióticas, ou conhecido o que afirmou sobre esses enigmáticos "sucessores dos Templários" nos tempos idos de 1805
[o Abade Correia da Serra publicou, originariamente, nos Archives Littéraires de l'Éurope, tomo 8 (1805) um curioso texto - depois sucessivamente reeditado pela Ilustração, de Julho 1846, seguido de nova edição por "um fiel de Amor" em 1980, e já em 2000 de novo publicado, aqui pelos Cadernos da Tradição, sob direcção de Manuel Gandra - intitulado "Os Verdadeiros Sucessores dos templários e o seu Estado em 1805"]
seria, pela abundância de interrogações, conveniente encetar o trabalho de pesquisa nesta sua faceta discreta, ou seja procurar um olhar outro, que nos revele em toda a grandeza o grande Abade Correia da Serra.
Locais: Serra (José Francisco Correia da) / Correia da Serra (1751-1823) / The Abbé Correia (1750-1823) and Jefferson / Seleção de documentos da Divisão de Manuscritos [Library of Congress]
[continua]
segunda-feira, 5 de junho de 2006
[Fora do Gráfico]
"O melhor momento de futebol, para um técnico, deve ser o minuto de silêncio. É quando os jogadores ficam parados, mais ou menos na sua posição designada no desenho da escalação. É no minuto de silêncio que o jogador mais se parece com o botão, ou com as cruzinhas ou a bolinha, que o técnico usa na instrução. Por um breve instante materializa-se no campo a sua onipotência diagramada. Ali estão as peças do seu pequeno universo, exactamente onde ele as quer. Sem o movimento e todas as suas imperfeições - o erro, o infortúnio, a desobediência, o esquecimento, a bola espirrada. Enfim, os acontecimentos. Todo o técnico deve saborear aquele último minuto antes de perder o controle, antes dos seus jogadores saírem do gráfico e caírem no real. Aí o juiz apita, as teorias se evaporam e começa a confusão, que é um outro nome para a vida ..."
[Luis Fernando Veríssimo, in A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto, 1999]
Catálogo LIV da Livraria Moreira da Costa
Acaba de sair o Catálogo do mês de Junho da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30, Porto). Pode ser consultado on line.
Algumas referências: Garantia, Sciencias e Estudos sobre a nobre arte de Cavallaria e diversas antiguidades em Portugal, de João António d'Almeida, Porto, 1874 / Peidologia, por ****[aliás Domingos Monteiro de Albuquerque e Amaral], Typ. Commercial Portuense, 1836 [diz Inocêncio que o autor era "Formado em Direito pela Universidade de Coimbra... Desembargador da Casa da Suplicação de Lisboa, Juiz do Tombo da extincta Basilica de Sancta Maria..." ... "são umas oitavas burlescas, que depois de correrem largos annos manuscriptas, se imprimiram a final, sem que n'ellas se declarasse o nome do auctor"] / Dual, de Sophia M. B. Andresen, Moraes, 1972 / As Communidades de Goa. História das Instituições, de António Emílio d'Almeida Azevedo, Viúva Bertrand, 1890 / Figuras Literárias do Porto, por A. de Magalhães Basto, Porto, 1947 / Tratado das Doenças Venéreas..., de Banjamin bell, Off. Simão Thadeo Ferreira, 1804, II vols / O Imposto e a Riqueza Publica em Portugal. Dissertação de concurso, por Bento Carqueja, Typ. Commercio Porto, 1898 / O Brazil. Colonização e Emigração (Historia) ..., por Augusto de Carvalho, Porto, 1875 / Cancioneiro Alegre de Poetas Portuguezes e Brazileiros Commentado ..., de Camilo Castelo Branco, 1887 (2ª ed.), II vols / Colecção das Leys Promulgadas e Sentenças proferidas nos Casos da Infame pastoral do Bispo de Coimbra D. Miguel de Annunciação: das Seitas dos Jacobeos e Sigillistas ..., Typ. Regia Off. Typ., Lisboa, 1769 / Documentos para a Historia da Arte em Portugal (or. Raul Lino e Luis Silveira), FCG, 1969, 8+1 vols / Doutrinas da Igreja Sacrilegamente Offendidas pelas Atrocidades da Moral Jesuítica que ..., Lisboa, Regia Off. Typ., 1772 [ref. à expulsão da Companhia de Jesus] / Economia Política feita em 1795 por M.J.R. Negociante da Praça de Lisboa dada à luz em 1821 por J.L. dos S.L., Lisboa Impressão Alcobia / Antologia de Textos Pedagógicos do século XIX Português (notas e recolha textos de Alberto Ferreira), FCG, 1971-75, III vols / Opúsculo Theologico das Constituições ou ..., por António Ferreira, Coimbra, Off. Luis Secco Ferreira, 1759 / Indiculo Universal ..., do Pe. António franco, Évora, 1716 / In Memoriam de Henrique Marques (1859-1933), Lisboa, 1934 / Pátria, de Guerra Junqueiro, 1896 / Águas Minero-Medicinaes de Portugal, por Alfredo Luiz Lopes, 1892 / Jornal Encyclopédico de Lisboa (coord. Pe. José Agostinho de Macedo), (nº1, Jan. 1820 a nº12, Dez. 1820), II vols enc. (completo) / Paquete de Portugal. Periodico politico dos emigrados portuguezes em Londres (col. Rodrigo da Fonseca Magalhães, P. Marcos Pinto Soares Vaz Preto, José Liberato Freire de Carvalho), Brighton (depois Londres), 1829-1830, 4 tomos em II vols / Biografia, de José Régio, 1939 (2ª ed.) / Revista Bibliografica Camiliana e Reprodução Fac-simile dos Frontispícios de todas as obras e edições Cartas autografas, Retratos, Folhetos, Folhas avulsas, etc., etc., por Manoel dos Santos, 1916-1926, III vols (muito imp.) / A Vinha Portugueza (Revista Mensal dedicada ao progresso e defeza da viticultura nacional. Publicada e dirigida por F. D'Almeida e Brito), Lisboa, 1º Ano (1886) ao 5º Ano (Dez. 1890), V vols
sexta-feira, 2 de junho de 2006
Jornal do País ou notícias do passeio público contadas às criançolas
[Educação & Plano Nacional de Leitura] Saramago questiona estímulos [eróticos] à leitura e Ministra da Cultura estranha [estranha-se e depois entranha-se] [C.M.] - Ministra da Educação (com pose intelectual) diz: "Ler muito, durante muito tempo e depressa" [R.T.P.] - Violência nas escolas [E.P.C., no Público] - o escritor & Nobel indígena M.S.T. avalia a avaliação avaliada aos professores [T.V.I.] apreçada pela Ministra da Educação [que aparece em traje intelectual] - Jorge Pedreira diz qualquer coisa em língua de Camões sobre o Ensino e Fátima Bonifácio pasma com o perfil intelectual do secretário de Estado [R.T.P.] - Maria Lurdes Rodrigues (em lição intelectual) diz sobre os funcionários que dirige: "Os professores são os culpados pelo insucesso escolar" [dos jornais, TV's, cafetarias e F.N.A.C.] e o M.E. por lapso [intelectual] publica no Diário da República a listas definitivas do concurso de professores [C.M.] - Maria de Lurdes Rodrigues (discretamente intelectual) confessa: "A noite é quando uma pessoa está cansada do dia" e Lili Caneças avança com um processo de plágio [fonte disfarçada para as miudezas da vida]
[País & Crise da Crise] Pescadores desesperam [C.M.] - O Caso Apito Dourado custa um milhão ao erário público [Manuel Pinho anota tudo na caderneta rosa] [C.M.] - Mal-amados [J.P.P., no Público] - Texto de Carla Machado: "E depois de Abril?" [Público] ... Maio maduro Maio [dizem as más línguas!] - Manuela Vaz Velho alerta [Público] para a politecnização das universidades e a universitização dos politécnicos ... citando Bento Nemo [perdão, Vital Moreira] - no blog Causa Nossa o investigador e professor Vital Moreira defende (com verve estudantil) a senhora (de carreira intelectual) Maria de Lurdes Rodrigues postando: "Quem tem medo se ser avaliado?" & logo os estudantes de Coimbra se reuniram para avaliar os docentes da Faculdade de Direito de Coimbra [teme-se o fim da venerável Faculdade e ex-libris de Coimbra, consta no café Tropical e no bar de Direito] - Patrick Monteiro de Barros culpa Governo pelo fracasso do projecto da refinaria Vasco da Gama [D.E.] & Jack Welsh (da General Electric) oferece manuscrito da comunicação proferida em Lisboa ao guru de economia Nicolau Santos para publicação no Expresso.
[Defesa & Ataque] Portugal vende aviões, helicópteros e fragatas & Cavaco Silva (enquanto vestia a farpela do saudoso Presidente Carmona) elogia esforço de Amado [C.M.] - Governo vai vender doze F16 comprados por Guterres e que nunca voaram [Publico] - Trinta por cento da frota automóvel da PJ parada por falta de verbas [Público] - Medina Carreira depois dos Pós e Contras da RTP1 vai dar à luz um copioso tratado de Finanças Públicas desde a intimidade de D. Afonso Henriques até ao Socratismo [à venda por cima do Arco do Terreiro do Paço] - Carlos Manuel Castro, atento no Tugir, semeou o post: "A Ministra [intelectual da educação] que não pactua com imobilismo" & adverte que nunca foi traumatizado na Escola por profs e afins.
[Do Outro Mundo] Deputados do PSD propõem "O Dia do Cão" [R.T.P.] - Segundo uma fonte do blogspot o Almocreve das Petas postará imediatamente sobre o Perdigueiro português, o Padre Domingos Barroso e Ruy de Andrade [somos bestiais, dizem] - Nossa Senhora Padroeira de Portugal viaja com a Selecção na TA.P. para o Mundial na Alemanha [C.M.] - Manuais escolares mais leves [J.N.] depois de serem expurgados de Eça de Queiroz, Camilo, Fernando Pessoa, Eduardo Prado Coelho, Manuel Maria Carrilho e Ricardo Costa - abriu ontem a época balnear [dos jornais]
quinta-feira, 1 de junho de 2006
"Ooh, do it again. I may say no, no, no, no,
but do it again.
My lips just ache to have you take the kiss that's waiting for you.
You know if you do, you won't regret it. Come and get it!
Oh, noone is near. I may cry, oh oh,
bu noone will hear.
Mamma may scold me 'cause she's told me it is naughty ... but then,
oh do it again, please, do it again!"
Marilyn Monroe - Do It AgainCastpost
Catálogo de Junho da In-Libris
Acaba de sair o Catálogo do mês de Junho da In-Libris (Porto). A consultar.
A PIDE nunca existiu
[Curioso folheto]
"Aos jaime Aires Pereira e Firmino Neves, Amigos e Companheiros da Resistência. S.l.n.d. 14,5x25cm. 12 págs. B."
Trata-se de um "folheto anónimo em forma de tríptico impresso em ambas as faces, publicado, segundo nos parece, logo depois do 25 de Abril, bem escrito e composto por dois textos: «Um Pide em Massamá» e «Onde se fala da Okrana»" [ver na In Libris]
terça-feira, 30 de maio de 2006
Abade de Faria, aliás José Custodio de Faria [n. 30 Maio 1746 - 1819]
"O Abade Faria foi um cientista luso-goês nascido em Candolim de Bardez, Goa, a 30 de Maio de 1746 e falecido em Paris em 20 de Setembro de 1819.
O seu nome verdadeiro era José Custódio de Faria. Chegou a Lisboa em 1771 e a Roma em 1772. Nesta última cidade esteve até 1780, tendo recebido ordens de sacerdote e formou-se em Teologia. Implicado na conspiração da Índia Portuguesa de 1787, apressou-se a ir para França em 1788. Defensor da Revolução Francesa, comandou em 1879 uma das se(c)ções que atacaram a Convenção. Foi professor de Filosofia nos liceus de Marselha e Nîmes.
Iniciado na prática do magnetismo por Puységur, no ano de 1813 abriu em Paris um gabinete de magnetizador. A prática de hipnose trouxe-lhe uma enorme clientela e uma pronta rea(c)ção de descrédito, sendo rotulado de maníaco e bruxo" [ler aqui]
"O padre Faria viu o problema da hipnose em suas próprias bases com uma grande precisão e com clareza. Foi ele o primeiro a marcar a hipnose e os seus limites naturais ... Foi ele que defendeu, pela primeira vez, a doutrina sobre a interpretação dos fenómenos do sonambulismo, ponto de partida de toda sua doutrina filosofia ..." [Egas Moniz]
Locais: Abade Faria (Biografia) / José Custódio de Faria (1776/1819) / The Enigmatic Abbe Faria / The Enigmatic Abbe Faria (2) / José Custodio de Faria: Hypnotist, Priest and Revolutionary / De la Cause du sommeil lucide ou Étude de la nature de l'Homme [Ab. Faria]
Ensino, Ministério de Educação & Professores
"O sentido não se decreta, não existe em nenhuma parte se não estiver em todo o lado" [Lévy-Strauss]
A animosidade intelectual do Ministério da Educação contra os professores e a quixotesca reorganização do sistema educativo a que se assiste (misturando teorias de management duvidosas, de enorme frivolidade, com mudanças de características pedagógica desajustadas, pouco rigorosas, ineficazes e de má fé) deixa as famílias, os pais, os encarregados de educação e os docentes à beira de um ataque de nervos. O economicismo pacóvio revelado pela tutela governamental não só põe em causa, definitivamente, todo o sistema educativo (já de si quebrado pelo recheio pedagógico do eduquês, curiosamente apadrinhado por esses mesmíssimos intervenientes e por quem os apoia cegamente) mas, pela afronta à civilidade e à inteligência de todos nós, compromete qualquer passo em frente no desenvolvimento económico do país.
A não ser que se tenha, exclusivamente, a intenção malévola de proporcionar passagens administrativas para inclusão nas estatísticas, não se consegue alcançar a bondade das medidas presentes na proposta de alteração do "Regime Legal da Carreira do Pessoal Docente" e o que consta do documento da "Política Educativa e Organização do Ano Lectivo 2006/07". São tantas as contradições e tão evidente a má fé, que julgamos que só razões do foro psicanalítico explicarão as inenarráveis reformas tomadas. O eduquês é só por si um mistério e, deste modo, o discurso oficial deixa de ter qualquer lucidez.
Incapaz, pela natureza própria do eduquês, de mudar a matriz curricular inadequada ao perfil dos alunos em diferentes Cursos (que o inefável David Justino instituiu), desistindo de reformar métodos e procedimentos curriculares e psico-pedagógicos, mostrando (e de que maneira infausta) que não está disposta a alterar o facilitismo educativo e o pouco rigor avaliativo (e que os professores, pela sua condição de funcionários, não controlam), introduzindo com requintes de malvadez o confronto entre docentes e entre estes e os pais, a equipa da senhora Ministra da Educação fomenta a agonia na Instituição Escola e presta um mau serviço ao país. A fuga à prática escolar lectiva e a desvalorização da componente pedagógica-curricular em troca de um economicismo inebriante, determinaram a necessidade da tutela configurar um maior controlo disciplinar e punitivo sobre os docentes, que estão assim reféns de si próprios e da perversidade das medidas ministeriais.
Não se pense que a voragem ministeriável iliba os vários e insanos discursos dos sindicatos sobre a Escola, a sua actividade lectiva e não-lectiva ou a avaliação do desempenho dos seus associados. Os sindicatos (evidentemente que não se refere, aqui, à FNE, dado ser um grupo de vassalos da quadrilha rotativa governamental ao longo de todos estes anos) contribuíram para a situação a que se chegou. Tantos anos sem qualquer preocupação de rigor pelo trabalho e avaliação dos professores teriam que levar a todo este desastre educativo, que se aproxima em grande exaltação. E quando se tem governos autoritários e incompetentes dum lado e sindicatos autistas de outro, nada se pode fazer. Infelizmente.
quinta-feira, 25 de maio de 2006
Capas & capas & mais capas
Pergunta-se ao V.S.T: Então e a caparia da "Martinhada" do Camões do Rossio (obra bíblica observada) onde está? E que é feito da "Torre e Babel ou a porra do Soriano seguida de As Musas", de Guerra Junqueiro? Não lhe pusemos o olho em cima, logo nós que só temos uma edição manuscrita da época (?) do poeta, que corria entre os amigos mais crentes. Não se faz.
And now, para os gulosos da poesis & outras abastanças mais roliças, petit excerto da "Martinhada", do tal Camões do Rossio, com letrinhas e tudo.
"O Martinho encostou-se na parede
E disse logo:«Menina, eu tenho faro
De que vossa mercê esmola pede
Para uma missa dita a Santo Amaro:
Se é este o seu negócio, ou se tem sede,
Entre cá dentro, venha sem reparo;
Que nesta casa, as moças mais luzidas
Entradas querem porque vêem saídas»
Responde a moça: - «A minha sorte ímpia
Me traz a um negócio, com bem ânsia.» -
«Porém (torna o Martinho) bom seria
Tratarmos outro caso de importância:
Para o corpo um bocado de folia
Lhe requer esta minha caralhância;
Ora ature, meu bem, no seu paxocho
Cinco ou seis cabeçadas de boi mocho» -
Disse; e soltando o membro para baixo,
Só de vê-lo pasmaram as três fêmeas;
Mas o nosso Martinho, feito um macho,
Naquela hora estava posto em gémeas:
Só dizia: - «Abra as pernas, que lho encaixo,
Se não hei-de fazer-lhe a crica em sêmeas;
Receba este canhão no seu postigo,
Que a mato se lho meto pelo umbigo!» -"
[Martinhada. Poema épico-obsceno dedicado ao Rev.mo Padre M. Martinho de Barros, pelo Camões do Rossio (aliás Caetano José da Silva Sotomaior, insigne Corregedor do Crime da Mouraria), &etc - colecção contramargem, Janeiro de 1982]
& etc - 33 anos ao papel
Hoje à noute, pelas 22 horas, no Estúdio da Rosa lá para os lados do Bairro Alto ao número 241, temos páginas de leituras & estórias paridas pelo espírito da editora &etc. O que dá para esconjurar a memória daqueles dias em que os seus livros não nos caíram nas mãos, de tão vivos estavam. [recebido via Joana Amaral Dias. Graças!]
Consulte-se o cardápio disponível e tome nota do que se fala aqui:
"[nota sobre a edição d'A Cona de Irene, de Louis Aragon] Tanto quanto se pode afirmar, única edição mundial com nome próprio do autor (Louis Aragon, que só tardiamente assumiu a paternidade da obra) e as letrinhas do título. Episódio da prospecção: apresentado o livro ao gerente da Bertrand do Chiado, leu este, na capa, "A Lona de Irene". Esclarecido do equivoco, exclamou: "Vocês pensam que isto é alguma casa de putas?". Pousado no balcão um livro Europa-américa com a fotografia de uma beldade nua na respectiva capa, logo ali se respondeu «que sim senhor, pensamos». A selecta centenária livraria do Chiado teve mesmo de vir a adquirir um exemplar da obra, por encomenda expressa da distinta cliente habitual Luiza Neto Jorge, por acaso sócia fundadora da «&etc». Não há livreiros mentecaptos" [ler mais & mais]
quarta-feira, 24 de maio de 2006
Henri Michaux [n. 24 Maio 1899 - 1984]
"Pode estar tranquilo. Ficou algo limpo em você / Em uma só vida não pode sujar-se completamente" [H. M.]
"Apreender
ou absolutamente nada apreender ou apreender com louca intensidade
Por falta do principal
apreender desordenadamente, exageradamente,
Atordoar-me
Tornar-me insecto para melhor apreender
patas em gancho para melhor apreender
insecto, aracnídeo, míriapode, ácaro
se for preciso, para melhor apreender" [Henri Michaux]
Locais: Henri Michaux / Henri Michaux (1899-1984) / Henri Michaux (1899-1984) Écrivain. Peintre / Henri Michaux (1899-1984) Belge / Poesias / "Uma Vida de Cão" [H.M.] / Principes d'enfant / Henri Michaux Poète du secret / Michaux - O Espaço Interior
O jornalismo segundo 'os próprios' ou o caso Carrilho
"Dos de nuestros grandes males: la solemnidad y la falta de humor" [Borges]
O debate maledicente de ontem, na RTP, entre três carpideiras personagens e o dr. Pacheco Pereira (de permeio) foi um arraial pavoroso de canalhice, que incomoda. O instinto grosseiro, provocador, ordinário mesmo, revelado ao longo do programa pelo trio de pavões que nos saiu na rifa televisiva, não foi agradável de seguir. Não foi, por isso, uma polémica séria, honesta e esclarecedora. Aliás, nesta lastimosa querela - como se pode estimar pelas várias defesas d'honra esculpidas em diversos locais (incluindo a blogosfera) pelas sentinelas do jornalismo corporativo ou "de classe" (ou, mesmo, por putativos candidatos) - as declarações dos indígenas instruídos sobre o assunto já estavam anteriormente assumidas. O hediondo mau da fita, para a tribo corporativa, tinha um nome só: Carrilho.
O programa foi, portanto, não um espaço para debater a corrupção no jornalismo, como é evidente ao longo das acusações de Carrilho e de Rangel, e o modo como empresas e jornalistas acofiados manipulam a opinião pública e publicada, mas uma arena de vaidades e de bufarias. Lamentavelmente.
Mas goste-se ou não da personagem Carrilho (bem retratado por Pacheco Pereira quando regista, com acerto, a máxima: "quem vive pelos jornais, morre pelos jornais"), faz todo o sentido - para que não se esqueça a questão substantiva - o que escreve José Vítor Malheiro (no Público) sobre o espectáculo da "minimização das criticas de Carrilho" ou "desagravo" corporativo, imoral, às acusações feitas. Diz:
"No fundo, tudo se passa como no proverbial caso da prostituta violada, que não consegue ver a sua queixa aceite pela polícia".
O dr. Pacheco Pereira ainda compreendeu, mas já era tarde demais e o local não era o mais aprazível. Quanto ao inenarrável Ricardo Costa a impudicícia demonstrada nos argumentos, todos dignos de delator ou de garoto escolar (eu fiz, mas sei que tu também fizeste), é o episódio mais marcante e terá efeitos nefastos, seguramente, no futuro. Afinal ... the show must go on.
Aforismos do senhor Karl Kraus ... dedicados a cavalheiros prudentes
* A missão da imprensa consiste em propagar o entendimento e, simultaneamente, em destruir a receptividade do entendimento
* Os jornais têm mais ou menos a mesma relação com a vida que a cartomante com a metafísica.
* A palavra escrita será a incorporação naturalmente necessária de um pensamento, e não o invólucro socialmente conveniente duma opinião.
* Jornalista é quem exprime o que o leitor de qualquer jornal já pensara, numa forma de que não seria mesmo assim capaz qualquer escriturário.
* A falta profundamente sentida de personalidade criou um estado de incêndio espiritual. Os bois evadem-se dos currais a meio das chamas; o publicista evade-se do assunto a meio da cultura. A meio desta pestilência espiritual, a gente tapa as ventas.
* Por que escreve fulano? Porque não tem carácter bastante para não escrever.
* O jornalismo pensa sem prazer do pensamento. A um tal domínio relegado, o artista assemelha-se à hetera obrigada a prostituir-se. Com uma diferença, porém: esta última sucumbe, sem dificuldade, também ao constrangimento. O constrangimento pode no seu caso significar prazer; no caso do primeiro, só desprazer.
* O que é que tem sobressaltos de ideias sem ideias? O que é que é mais inconsistente e impenetrável, mais infundado e imprevisível do que o boato? É jornal. O jornal é o funil dos rumores.
* A distorção da realidade na notícia é a notícia verídica da realidade.
* O historiador nem sempre é um profeta voltado para trás; o jornalista, porém, é sempre alguém que, depois, soube tudo antes.
* A humanidade inteira encontra-se já perante a imprensa no estado do actor a quem a omissão de um bom êxito poderá prejudicar. Nasce-se receando a imprensa.
* A crítica dos jornais consegue, apesar de tudo, exprimir como o criticado está para com o crítico.
* O jornalismo é uma operação a prazo em que o trigo também não existe em ideia, mas em que, realmente, há grande debulha de farelo.
* Censura e jornal - como não poderia eu pronunciar-me pela primeira? A censura pode oprimir a verdade durante certo tempo, retirando dela palavras. O jornal oprime a verdade a longo prazo, ao dar-lhe palavras. A censura não prejudica, nem a verdade, nem a palavra; o jornal, a ambas.
[Karl Kraus, "Presença de Karl Kraus contra o jornalismo", in revista Pravda, nº4, 1986]
domingo, 21 de maio de 2006
Agradecimentos
"Às vezes não está nada em cima; procure-se, que está tudo em baixo" [Paracelso]
Eis-nos aqui, em perdida volúpia espiritual, para agradecer os adornos d'estilo & animados desvarios d'alma que foi objecto este estabelecimento de pronto a servir, horta literária ou "espreitador" do velho mundo, neste seu casto aniversário. Que os vossos ócios sejam memoráveis.
Ao Avatares de um Desejo, Bandeira ao Vento, Blasfémias, Bomba Inteligente, Bordado de Murmúrios, Cidade Vaga, Crítico Musical, Da Literatura, desNorte, Forma e Conteúdo, Forum Comunitário, Impensável, Legendas & Etcaetera, Linha dos Nodos, Mar Salgado, Memória Virtual, Miniscente, Musas Esqueléticas, Nova Floresta, O Insurgente, Origem das Espécies, Portugal dos Pequeninos, Retórica e Persuasão, Sub Rosa, Tomar Partido, Tugir, Welcome to Elsinore; àqueles outros bloguistas que em privado nos legaram inspiradas santidades & louvores e aos distintos ledores & amigos que de nós se lembraram, um grato obrigado. Saúde e fraternidade.
Ao mano Critico Musical, que faz brotar flores musicais encantadas cada dia, muitos parabéns pelo seu III aniversário.
terça-feira, 16 de maio de 2006
EDITAL do Almocreve das Petas
Faço saber aos que com ânimo de vista lerem este Edital, que o Almocreve das Petas, pesado nos seus três anos de opulência, afugentou gralhas económicas pouco disciplinadas, comprou, em evidente ingenuidade, folhas de trevo sócratico à mingua do rigoroso défice, adoptou um interessante teclado com imagens e prémios escolares e, porque "o verdadeiro amanhã é hoje" [Unamuno], faz dia 17 de Maio três anos de publicação.
Como antes, "está munido de água benta do rio Mondego" para esconjurar livrarias de velhinhas arminhadas, colocou o luxo intelectual em várias paróquias para sossego liberal e vai fazendo óptimos embrulhos musicais. Tem, como sempre, na mão esquerda a água benta. E confessamos, sem exagero indígena, que ainda somos pela "mão no martelo/e o martelo contra o espelho" [A. J. Forte]. Cheios de nós.
Lancemos, por fim, para altos intelectos governamentais e fiéis pregadores rosáceos, para que sintam mais aconchego subsidiado nessa vidinha saudosa da Mercearia Ferreira Leite ... a venerada
Filarmónica Fraude - Por vósCastpost
Dado nas Terras do Mondego em 16 de Maio de 2006. Masson, Contador-Geral o fez escrever. Leia-se!
3 ANOS EM ROMAGENS CON TESTA TÁRIAS
a Vós ledoras viçosas e também a Vós cavalheiros imprudentes que vindes regar em virtuoso hábito matinal este nosso jardim de letras & charnecas políticas anotamos em meloso choradinho que ao longo de três anos passaram por este estabelecimento os Senhores:
Abel Manta * Adam Smith * Adolfo Casais Monteiro * Afonso Botelho * Afonso Duarte * Agostinho da Silva * Alberto Caeiro * Alberto Ghiraldo * Alberto Pimenta * Alejandra Pizarnik * Alexander Scriabin * Alexander Search * Alexander Woollcott * Alexandre O'Neill * Alexis de Tocqueville * Alfonso Reyes * Alfred Jarry * Allen Ginsberg * Álvaro de Campos * Álvaro Carvalhal * Álvaro de Castro * Álvaro Cunhal * Álvaro Feijó * Álvaro Lapa * Álvaro Ribeiro * Alves Redol * Ana Hatherly * André Breton * André João Antonil * Angel Crespo * Anna Akhmatova * Anselmo C. M. Castelo Branco * Antero de Quental * Antonin Artaud * António Aragão * António Cândido Franco * António Domingues * António Franco Alexandre * António Gancho * António José Forte * António Maria Lisboa * António Pedro * António Quadros * António Sérgio * António Tabucchi * António Telmo * Aquilino Ribeiro * Armando Silva Carvalho * Arthur Rimbaud * August Strindberg * Augusto Ferreira Gomes * Augusto M. Seabra * Baptista Bastos * Barbosa du Bocage * Baudelaire * Baudrillard * Bernardo Soares * Blas de Otero * Bordiga * Boris Vian * Cabrera Infante * Camilo Castelo Branco * Camilo Pessanha * Cardoso Martha * Carlos Paredes * Cecilia Bartoli * Cesário Verde * Chavela Vargas * Dagoberto L. Markl * Dalila Pereira da Costa * Dashiell Hammett * Dórdio Guimarães * Drummond de Andrade * E. E. Cummings * E. M. de Melo e Castro * Eça de Queirós * Edgar Allan Poe * Eduardo Guerra Carneiro * Eduardo Lourenço * Eduardo Teixeira Coelho * Egito Gonçalves * Eliezer Kamenezky * Emily Dickinson * Emma Goldman * Emmanuel Swedenborg * Erich Muhsam * Ernesto Sampaio * Eugénio de Andrade * Eugenio Montale * Ezra Pound * F. García Lorca * Félix Guattari * Fernando Assis Pacheco * Fernando Belo * Fernando Pessoa * Fernando Valle * Ferreira de Castro * Ferreira Gullar * Fialho de Almeida * Fiame Hasse P. Brandão * Fidelino de Figueiredo * Francisco Palma Dias * François Villon * Fyodor Dostoevsky * G. B. Shaw * Gabriel García Marquez * Georg Trakl * George Orwell * George Steiner * Giánnis Ritsos * Goethe * Gregório de Mattos * Guerra Junqueiro * Gustavo de Matos Sequeira * Guy Debord * Hans Magnus Enzensberger * Haroldo de Campos * Hart Crane * Heberto Padilla * Heinrich Heine * Heinrich von Kleist * Helder Moura Pereira * Henrique Barrilaro Ruas * Henrique de Campos Ferreira Lima * Henrique José de Souza * Herberto Hélder * Isaiah Berlin * J. P. Feio * J. Prevert * Jacques Camatte * Jacques Derrida * James Joyce * Jean Baudrillard * Jean Cocteau * Jean-Paule Sartre * Jean Renoir * João Antunes * João de Barros * João Bigotte Chorão * João Cabral de Melo Neto * João César Monteiro * João Gaspar Simões * João Guimarães Rosa * João José Cochofel * João Palma-Ferreira * João Paulo Freire (Mário) * João Rui de Sousa * Joaquim de Carvalho * Joaquim Martins de Carvalho * Joaquim Namorado * John Cale * John Coltrane * John Maynard Keynes * John Milton * Jorge de Lima * Jorge Luís Borges * Jorge de Sena * Jorge de Sousa Braga * José Afonso * José Anastácio da Cunha * José Augusto Seabra * José Blanc de Portugal * José Cardoso Pires * José Carlos Ary dos Santos * José Daniel Rodrigues da Costa * José Gomes Ferreira * José Marinho * José Mindlin * José Saramago * Juan Carlos Onetti * Julio Cortázar * Júlio Henriques * Karl Marx * Karl Krauss * Kenneth Patchen * Kurt Tucholsky * L. Wittgenstein * Lautréamont * Lawrence Durrell * Lawrence Ferlinghetti * Leminski * Leon Tolstoi * Leonardo Coimbra * Louis-Claude de Saint-Martin * Louis-Ferdinand Céline * Luiz Forjaz Trigueiros * Luiz Pacheco * Luiza Neto Jorge * Machado de Assis * Manuel Fernandes Tomás * Manuel da Fonseca * Manuel Gandra * Manuel Laranjeira * Manuel de Lima * Manuel Silva-Terra * Marcel Duchamp * Marguerite Duras * Maria Lamas * Maria Velho da Costa * Mário Cesariny de Vasconcelos * Mário Cláudio * Mário Henrique Leiria * Mário Saa * Marquês de Sade * Martinez Estrada * Max Stirner * Mayakovsky * Miguel Hernández * Miguel de Unamuno * Miles Davis * Natália Correia * Nelson Rodrigues * Neno Vasco * Octávio Paz * Olavo Bilac * Olga Orozco * Oliveira Martins * Omar Khayyam * Oscar Wilde * Otto Gross * Pablo Neruda * Padre António Vieira * Papus * Pasolini * Paul Eluard * Paul Verlaine * Paulo Francis * Paulo Quintela * Pedro Alvim * Pedro Oom * Pedro Teixeira da Mota * Philip Lamantia * Pico Della Mirandola * Pierre Louÿs * Piotr Kropotkin * Primo Levi * Pushkin * Rainer Maria Rilke * Ramalho Ortigão * Raul Brandão * Raul Leal * Raul Proença * Reinaldo Ferreira (Repórter X) * René Char * René Guénon * Robert Bresson * Ronald de Carvalho * Rosalía de Castro * Rubem Braga * Rubens Borba de Moraes * Rubén Dário * Rui Knopfli * Ruy Cinatti * Sá de Miranda * Sampaio Bruno * Sant'Ana Dionísio * Saúl Dias * Schopenhauer * Sérgio Milliet * Sérgio Vieira de Mello * Sigmund Freud * Sophia de Mello Breyner * Steinbeck * Susan B. Anthony * Sylvia Plath * T. S. Eliot * Teixeira de Pascoaes * Teresa Mesquitela * Theophilo Braga * Thomas Mann * Tom Zé * Tomás Pinto Brandão * Tomaz Kim * Tommaso Campanella * Tristan Corbière * Umberto Saba * Vasco da Gama Rodrigues * Vergílio Ferreira * Vinicius de Moraes * Virginia Woolf * Vitor Silva Tavares * Vitorino Nemésio * Walt Whitman * Walter Benjamin * Wilhelm Reich * William Blake * Winston Churchill * Y. K. Centeno
Gracias! ... "que é o que por cá se vai gastando". Boa Noite!
segunda-feira, 15 de maio de 2006
Emily Dickinson [1830 - m. 15 Maio 1886]
I died for beauty but was scarce
Adjusted in the tomb,
When one who died for truth was lain
In an adjoining room.
He questioned softly why I failed?
"For beauty," I replied.
"And I for truth, - the two are one;
We brethren are," he said.
And so, as kinsmen met a night,
We talked between the rooms,
Until the moss had reached our lips,
And covered up our names.
[Emily Dickinson - voz de Glenda Jackson:
I died for beauty but was scarce]Castpost
Leilão de Livros e Manuscritos - 23, 24 e 25 Maio 2006
Realiza-se nos próximos dias 23, 24 e 25 de Maio - Hotel Roma, Lisboa, pelas 21 horas - um Leilão de Livros e Manuscritos, sob direcção de Luís Burney (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa). 1124 peças, raras, esgotadas ou curiosas de Arte, Bibliografia, História, Literatura e Monografias Regionais. A não perder.
Algumas referências da 1ª noite: Actas. Congresso Internacional de História dos Descobrimentos, 1961, VII vols / Almanaque Alentejano (coord. Fausto Gonçalves), 1943-1964, VII vols / Obras de Nicolau Tolentino de Almeida, 1968 (pref. de A. O'Neill) / Miscellanea, de Miguel Leitão de Andrada, nova ed. correcta, 1867 / Obras de Ruy de Andrade [Garranos, O Burro, O Cavalo Andaluz] saídas no Boletim Pecuário / A 'raça Alter' e a reconstituição do indigenato cavalar português, por José Caldeira Areias, 1942 (sep.) / Arquivo das Colónias: publicação oficial e mensal, 1917-1931, V vols / Diálogos de Dom Frey Amador Arraiz ..., Coimbra, 1604 (2ª ed.) / Memoria Historica da Antiguidade do Mosteiro de Leça chamada do Balio ..., de António do Carmo Velho de Barbosa, 1852 / Estudos Heráldicos e Archeologicos, por Inácio de Vilhena Barbosa, 1874-75, II vols / Noticia Histórica do Corpo Militar Académico de Coimbra, de Fernando Barreiros, 1918 / Real Fabrica de Vidos da Marinha Grande, por Carlos Vitorino da Silva Barros, 1969 / Traçado e Construção das Naus Portuguesas do século XVI, de Eugénio Estanislau de Barros, 1933 / Chronica do Emperador Clarimundo ..., de João Barros, 1742 / Da Ásia de João de Barros e Diogo Couto. Nova edição, 1778-1788, XXIV vols / Dictionnaire raisoné d'Equitation, de F. Baucher, 1833 / Bibliografia do Rio de Janeiro, de viajantes e autores estrangeiros, de Paulo Berger, 1964 / Diccionario Bibliographico Brazileiro, de Augusto Victoriano Alves Sacamento, 1970 (reimp.), VII vols / Chronica de Cister ..., de Fr. Bernardo de Brito, 1720 (2ª ed.) / Manuel di Libraire et de l'Amateur de livres ..., de Brunet, 1922, Vi+II vols / Da Vida e da Morte dos Bichos, por Henrique Galvão et al, V vols / Cadernos de Literatura, XV vols / Os Lusíadas, de Luis de Camões, 1956 / Notas para a Historia do Jornalismo em Elvas, de António José Torres de Carvalho, 1931 / Apontamentos para a Historia Contemporânea, por Joaquim Martins de Carvalho, 1868 (ref. à Maçonaria e a Ordem de S. Miguel da Ala, imprensa de Coimbra, etc) / Cântico do país emerso, de Natália Correia, 1961 / Corografia portuguesa e descripçam topográfica do famoso reino de Portugal ..., do Pe. António Carvalho da Costa, 1706-1712, III vols / Ensaio Económico sobre o commercio de Portugal e suas Colónias ..., por José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, 1794 / Ditames e Ditérios, por Alfredo da Cunha, 1929-33, III vols
[continua]
sexta-feira, 12 de maio de 2006
Já tomou o seu ... Carrilho hoje!?
"Podem encontrar-se coisas obscenas em todos os livros, exceptuando no anuário dos telefones" [G. B. Shaw]
Ao que parece a Blogosfera indígena contraiu a doença "Carrilho". É só acompanhar o grupo florido & zeloso dos comentaristas habituais e observar os reparos íntimos que discorrem sobre o affair Carrilho - putativo prof. de filosofia, deputado, ex-ministro da Cultura e ex-candidato à CML. Todos tomaram, em doses ponderosas, um delicioso Carrilho, para mais tarde recordar. Bravo!
Pelo testemunho dos nossos intelectivos bloguistas, presume-se que o livro (Signo da Verdade) do dr. Carrilho vendeu como pãezinhos quentes: compraram e leram (à maneira de Marcelo e sem embargo de vista) à grande e ... à Lisboa! A bicha de compra estava, pois, proibitiva. Há público para tudo nessa paróquia educada, onde todos são letrados, artistas, negociantes de selos (para as fiancés, evidentemente), filósofos (daqueles em que o corpo caminha sempre à sua frente) ou meros comediantes. Curiosamente nessas ocasiões, salta sempre o Freud (que habita em cada um) e um Carmona-Presidente, com galões de marechal e tudo. O indígena da blogosfera impressiona sempre.
Pouco importa que o dr. Carrilho seja, ele-mesmo, um jornalista, pois só (como diz Millor Fernandes) se reconhece um quando ele "está falando mal do jornalismo". E o bloguista instruído não pode tudo topar. Tem de dobrar os cotovelos em torno do teclado, esquecer o requinte de malvadez que lhe quebranta a alma pastoral e lavrar qualquer coisita, desde que diga mal da personagem da semana. E hoje o figurão é o dr. Carrilho. Ricardo Costa, o anão político com mais contactos por m2 na lusa-esfera, já tinha soletrado a infamante opinião sobre o dr. Carrilho: "Nem para delegado de turma era alguma vez eleito!". A blogosfera, assim vigorada, seguiu o anão. Implacável!
Uma dúvida extraordinária subsiste: o que significam as palavras proferidas por Emídio Rangel!? A que propósito! E com que fundamento? Dão-se alvíssaras a quem o explicar! O programa segue dentro de momentos. Se deixarem!
quarta-feira, 10 de maio de 2006
10 Maio de 1933 - Berlin
"Era um dia toldado e chuvoso. E toldada estava, apesar dos cânticos e dos uniformes, a disposição dos estudantes. Os métodos dos novos senhores ainda não eram no fundo bem os seus. Eles sabiam que não só se podem amar livros, como também odiá-los. Que se queimem livros publicamente em virtude de uma ordem era coisa que ainda tinham de aprender. Era evidente para todos, sem excepção, que hoje davam um espectáculo inesquecível e execrável a todo o mundo civilizado. Um espectáculo que haveria de ficar indelevelmente registado nos anais da Humanidade. E talvez sentissem também que a sua marcha era uma marcha voluntária através do jugo imposto! Eram eles precisamente que nunca deveriam ter iniciado este passo de carrasco! Goebbels fizera emanar uma palavra de ordem para a ralé, mas não a deixou executar pela plebe, mas pela elite! Era um caso diabólico não convincente, mas a seu gosto. Com o auto de fé de hoje pôs termo à liberdade de escritores, os estudantes alemães executaram as suas próprias pretensões de uma futura liberdade de opinião. O crime que cometeram nesta noite foi ao mesmo tempo um suicidio antecipado ..." [Nota: "o relato de Erich Kastner refere-se à queima dos livros que teve lugar em 10 de Maio de 1933 na Praça da Ópera em Berlin"]
[Erich Kastner: Podem queimar-se livros?, 1947 - in 'A renovação da literatura de expressão alemã na primeira década do pós-guerra (1945-1955)', de Ludwig Scheidl, Ed. Colibri, 1998]
Leilão da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho - Hoje
Termina, hoje à noite, pelas 21 horas, no Amazónia Lisboa Hotel (Trav. Fábrica dos Pentes, 12/20, Lisboa) o valioso Leilão da Livraria de Bernardino Ribeiro de Carvalho, a cargo de Pedro de Azevedo, que (como sempre) apresentou um Catálogo absolutamente deslumbrante e de extrema utilidade bibliográfica. A não perder.
"[Bernardino Ribeiro de Carvalho] nascido em 1846, na freguesia de Cabaços, concelho de Alvaiázere, viria depois para Lisboa trazido por um tio, Bernardino José carvalho, que no comércio de importações e madeiras exóticas conseguira uma apreciável fortuna. Foi tal o grau de identificação que entre ambos se estabeleceu que o associou aos seus negócios e lhe deu em casamento uma das filhas, D. Maria Cristina de Carvalho. E essa actividade comercial viria a ocupá-lo de tal maneira que nela labutou até 1910, na do seu falecimento.
Dispondo certamente dos meios de fortuna assim adquiridos e animado sobretudo pela paixão dos livros, era assíduo frequentador de alfarrabistas e leiloeiras, visto que no seu espólio bibliográfico se encontram vaias espécies adquiridas na venda das livrarias do Visconde de Juromenha (1887), dos Marqueses de Pombal (1888), de José da Silva Mendes Leal e Jorge César de Figanière (1889), dos Condes de Linhares (1895) e de José Maria Nepomuceno (1897), entre certamente várias outras.
As compras que por essa e outras vias foi fazendo revelam, ao simples exame dos títulos, um conhecimento, um bom gosto, um apreço pelos livros de maior raridade e alguma preferências temáticas [Camoniana, Viagens marítimas, Arte de Cavalaria, Restauração, Orações Fúnebres e Constituições Sinodais, Invasões Francesas, Lutas Liberais, Bom-senso e Bom-gosto, Obras de José Agostinho de Macedo, Manuscritos, etc] que dele permitem traçar um completo perfil de bibliófilo ..."
[Aníbal Pinto Castro, in prefácio ao Catalogo da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho, 2006]
terça-feira, 9 de maio de 2006
Neno Vasco
Publicou: Reclus, Evolução, Revolução e Ideal Anarquista, (trad. N.[eno] V.[asco]), Biblioteca Sociológica, S. Paulo, 1904 / Geórgicas: ao trabalhador rural, Terra Livre, Lisboa, 1913 / Da Porta da Europa (factos e ideias: a questão religiosa, a questão política, a questão económica 1911-1912), Bibl. Libertas, Lisboa, 1913 / A Concepção Anarquista do Sindicalismo, Editorial A Batalha, Lisboa, 1923 (ed. póstuma??.); 2ª ed., Afrontamento, Porto, 1984
Peças de Teatro: Greve de Inquilinos: farça em 1 acto, Editorial A Batalha, 1923 / Pecado de Simonia, 1907
Colaborou em diversos periódicos: A Batalha; A Lanterna (S. Paulo); A Obra; Aurora (Porto); Germinal (Lisboa); Guerra Social (Rio de Janeiro); O Amigo do Povo; O Diário de Porto Alegre; Sementeira; Terra Livre; Voz do Trabalhador
Bibliografia sobre Neno Vasco: Adriano Botelho - Alguns Traços Biográficos de Neno Vasco, A Ideia, nº 2, Novembro, 1974, pp.12.17 / Almanaque d'A Batalha 1926, pref. Maria Filomena Mónica, col. Raízes, Edições Rolim, Lisboa, s.d. / António Ventura - Anarquistas e Socialistas em Portugal. As convergências possíveis (1892-1910), Edições Cosmos, Lisboa, 2000, p. 305 / Daniel Aarão Reis Filho - Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e as estratégias sindicais nos anos 10, Univ. Federal Fluminense / Edgar Rodrigies - O despertar operário em Portugal (1834-1911), Editora Sementeira, Lisboa, 1980, p. 238 / Edgar Rodrigues - Os Libertários (José Oiticica, Maria Lacerda de Moura, Neno Vasco, Fábio Luz), Achiamé / João Freire - Neno Vasco, anarquista, Diário Popular, Lisboa, 2.10.1980.
Locais: Neno Vasco / Em torno do jornal O Amigo do Povo: os grupos de afinidade e a propaganda anarquista em São Paulo nos primeiros anos deste século [Edilene Teresinha Toledo] / Edgar Rodrigues e o Movimento Anarquista no Brasil / Imprensa Operária / Memória anarquista do Centro Galego do Rio de Janeiro (1903-1922) / Indisciplina e Iconoclastia: sobre sociabilidades de anarquistas na Primeira República brasileira
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