quinta-feira, 26 de novembro de 2009
FERNANDO VALE [m. 26 de Novembro de 2004]
Dissemos AQUI: ""Fernando Valle nasceu na Cerdeira, Arganil, em 30 de Julho de 1900. Estudou inicialmente em Coja, tendo ido para Coimbra continuar os estudos liceais, completando posteriormente o curso de medicina. Foi exercer a profissão em Arganil, onde fez um trabalho meritório em prol do Hospital e das sociedades culturais e recreativas locais. Manifestando um interesse particular por questões sociais e políticas, este médico e maçon (o mais velho do mundo, possivelmente) é demitido de cargos públicos por apoiar a candidatura de Norton de Matos, apadrinha a candidatura de Humberto Delgado, é preso em 1962 (partilhou a cela com José Mário Branco), preside à reunião inicial da fundação do Partido Socialista, na Alemanha, tendo pertencido à Comissão Administrativa de Arganil a seguir ao 25 de Abril e, pelo I Governo Constitucional, exerceu o cargo de Governador Civil de Coimbra.
Uma vida inteira dedicada a lutar 'pela libertação do homem ... um regime de direito em que seja possível, de facto, a paz, a liberdade e a justiça social'
Fernando Vale foi maçon, iniciado em 1923 na Loja Revolta de Coimbra - Loja do R.F. fundada em 1909 (ao fim de 100 anos permanece ainda em actividade), foi integrada no G.O.L.U. em 1911, tendo recebido o nº336 -, com o nome simbólico de "Egas Moniz". Atingiu altos postos na Maçonaria, e pertenceu ao "Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz" (reactivado em 2003), mais tarde potência maçonica, "Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal" (a 5 de Setembro de 2003).
[publicado, tb., no Almanaque Republicano]
COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA
LEILÃO DE LIVROS – COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA - HOJE
Hoje – dia 26 de Novembro, pelas 21,30 horas na rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), 20 C – há lugar a um Leilão de Livros (em parte) provenientes da COLECÇÃO JOAQUIM PESSOA. O Catálogo, com 566 peças estimadas, foi elaborado por José Vicente para a Leiloeira Renascimento.
Algumas Referências: Livros de História, Obras estimadas e algumas peças já raras de [Al Berto, Manuel Alegre, Nicolau Tolentino, Eugénio de Andrade, Sophia M. Breyner, Antero de Quental, Aragon, Ruy Belo, Diogo Bernardes, Annie Besant (trad. F. Pessoa), Bocage, António Botto (conjunto assaz curioso), Teófilo Braga, Camões, Camilo, A. Feliciano de Castilho, Osório de Castro (raro e muito estimado), Eugénio de Castro, Rui Cinatti, Natália Correia, João de Deus, David Mourão Ferreira, José Gomes Ferreira, Daniel Filipe (5 peças), Sebastião da Gama, Garrett (entre o lote está O Chronista, publicação rara), Alfredo Guisado, Herberto Hélder (conjunto expressivo de obras do poeta), Guerra Junqueiro, Rui Knopfli, o raríssimo Soledades do Buçaco de Bernarda Ferreira de Lacerda, Manuel Laranjeira, Gomes Leal, Raul Leal (ver o lote 374, onde se apresenta o panfleto O Rebelde), António Maria Lisboa, José Agostinho de Macedo, Pedro Homem de Mello, Wenceslau de Moraes, lote estimado de Almada Negreiros, idem de Vitorino Nemésio, Alexandre O’Neill, Luiz Pacheco, Teixeira de Pascoaes (vidé Embryões, de 1895), António Pedro, Fernando Pessoa (onde se onclui a raríssima edição original da Mensagem, 1934), José Cardoso Pires, Eça de Queiroz, José Régio (conjunto apreciável), António Ramos Rosa (idem), Mário de Sá-Carneiro, José C. Ary dos Santos, Alberto de Serpa, estimadas obras de Judith Teixeira (ver a 2ª ed. do seu conhecido livro de poemas, Decadência), Miguel Torga (aliás Adolpho Rocha. Conjunto raro e muito valioso de primeiras obras deste autor), Mário Cesariny, Afonso Lopes Vieira], um excelente e valioso lote de revistas [Alma Nacional, Almanach Republicano da Biblioteca Republicana Democratica, Árvore, Archivo Vianense, Aventura, Cadernos de Poesia, Cassiopeia, Contemporânea (excelente peça de colecção), Crítica, O Diabo (raro e valioso), O Espectro, Harpa do Mondego (1855, Coimbra), Lusitânia, MSapho (curiosa revista publicada em Lourenço Marques), Nova. Magazine de Poesia e Desenho, Orpheu (rara e valiosa), Pensamento (156 numrs), Rumo, Sibila (nº único, publ. Castelo Branco por Liberto Cruz), SW Sudoeste.
ver Catálogo AQUI.
EXPOSIÇÃO ANTOLÓGICA DE LIMA DE FREITAS
De 25 de Novembro a 22 de Dezembro - na Câmara dos Azuis (Av. Elias Garcia, 157 A/B Lisboa - junto à Gulbenkian).
"José Maria Lima de Freitas (22.06.1927–05.10.1998)
Personalidade marcante e incontornável da vida cultural e cívica do século XX, Lima de Feitas foi o pintor incómodo, o estudioso das tradições imaginais de Portugal, da Europa e do mundo e, avant la lettre, o filósofo transdisciplinar que sondou a numerologia pitagórica, o frutífero diálogo entre ciência e tradição e trabalhou e em parceria directa com os grandes nomes do Novo Paradigma, que está a emergir tanto ao nível das ciências sociais e humanas como das chamadas ciências exactas (...)
Foi investigador e um profundo conhecedor de Iconologia na Arte, Geometria Sagrada, Simbólica, Ciência e Espiritualidades comparadas ...” [ler tudo AQUI]
"... A arte de Lima de Freitas, a sua beleza irradiante, é uma gramática que engendra o homem nos combates insólitos que marcam toda a cultura. O pintor domina as coerências imaginárias inerentes à nossa liberdade e a toda a leitura do mundo. Essas coerências estão para a inteligência, como a sedução está para o amor: são o exercício de um poder essencial." [Pascal Fleury]
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
NIHIL OBSTAT
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
LUIZ PACHECO (1925-2008) NA BIBLIOTECA NACIONAL
LEILÃO DA OTIUM CUM DIGNITATE
Hotel Fénix (Marquês de Pombal) – dia 24 e 25 Novembro, 21:30h
A Leiloeira Otium Cum Dignitate, de Nuno Gonçalves (alfarrabista-antiquário), vai pôr à praça um conjunto raro e valioso de peças bibliográficas de colecção.
Registe-se um acervo importante de cartas, pergaminhos e manuscritos [como as do espólio do general Morais Sarmento, cartas de Hélder Ribeiro, de António Quadros, poemas de Ruy Cinatti], cartazes do pós-25 de Abril de 1974, cartazes de exposições de pintura e cinema, serigrafias, livros e folhetos [de António Cândido Franco, Ruben A., Al Berto, Almada, Mário Cesariny, António DaCosta, António Maria Lisboa, Sophia M. Breyner, Ramos Rosa, António Aragão, Mello e Castro, António Barahona, Ruy Belo, Bernardo Marques, Camilo, Armando da Silva Carvalho, Raul de Carvalho, Ferreira de Castro, Jean Cocteau, Cruzeiro Seixas, Fernando Grade, Daniel Filipe, Manuel Ferreira, Tomàs da Fonseca, Ana Hatherly, Herberto Hélder, Celestino Gomes, Rui Knopfli, Gomes Leal, Mário Henrique-Leiria, Lima de Freitas, M. S. Lourenço, Luís Alves da Costa, Irene Lisboa, Cecília Meireles, Vergílio Martinho, Wenceslau de Moraes, Sidónio Muralha, Rebordão Navarro, Luiz Pacheco, O’Neill, Alberto Pimenta, Miguel Torga (aliás Adolpho Rocha), Aquilino Ribeiro, Tomaz de Melo, Ary dos Santos, Alberto de Serpa, Salazar, Saramago, etc.], publicações e Revistas [Aleph, Arauto, O Anacleto Terciário, O Atheneu Artístico-Litterário, Atlântico, Archivo Popular, Arte Peninsular, Búzio, Cadernos da Biblioteca (Caminha), Capricórnio, Contemporânea, Contramargem (& Etc), Contravento, & Etc, Fenda e Pravda (de Vasco Santos, ed. Coimbra), Folhas de Arte, Varões, a Gaiola Aberta, O Globo, Hidra, A Comédia Portugueza, KWY, L’Assiette au Beurre (de Leal da Câmara), Lusíada, O Mundo de Almada, Mundo Literário, Novela Contemporânea, A Phala, Raiz & Utopia, Revista de Portugal, A Semana Litteraria, Távola Redonda], fotografias e um invulgar e muito valioso espólio do escritor Luiz Pacheco (referido já via Expresso-Actual).
A não perder. Consultar o CATÁLOGO, AQUI (download em S004 pdf)
domingo, 22 de novembro de 2009
O SEMPRE VALENTÃO EMÍDIO RANGEL
"Ab alio expectes alteri quod feceris"
O sempre valentão Emídio Rangel está de volta. O irrequieto garçon do actual regime, mesmo sem a graça putativa especial que tem pelas coisas do circo, ofusca, ainda assim, qualquer boy do sr. Sócrates. Santos Silva, incluído. Mesmo sendo o último dos ridículos, ou o primeiro dos azeiteiros, que pastam no CM, o formidável valentão Emídio Rangel persiste na sua aplicada "luta" contra os professores (que não gosta) e os sindicatos (que o atormentam).
O caso Rangel não é uma douta ufania de ignorância. Com essa inépcia podemos, honestamente, todos. Além do mais não consta que a ignorância seja uma assegurada infâmia. A bravata do sempre valentão Emídio Rangel é do foro político (sem dúvida), mas também é um libelo de carácter, ao mesmo tempo que é sintoma de uma crise patológica ou um fenómeno de projecção (Freud, dixit) reprimida. A paranóia é um estádio de delírio, um ódio recalcado e que transporta (sempre) fantasmas que até ao próprio surpreende.
O sempre valentão Emídio Rangel, preocupado com a fendida política governamental para o ensino que esta semana irrompeu no Parlamento e com a bênção da sra. Ministra da Educação e dos sindicatos, desata em mais uma monumental lide de impropérios caseiros, a par de uma argumentação saloia de apoio ao defunto "projecto de reforma" da Maria de Lurdes & João Freire. De caminho, o sempre valentão Emídio Rangel refere-se aos professores (que não gosta) como "boçais", assunto, vindo de quem vem, perfeitamente laudatório, mas ainda assim escusado. O sempre valentão Emídio Rangel um dia terá de dizer a um qualquer professor, cara a cara, rosto com rosto, essa rincharia que os jornalecos conscientemente lhe autorizam. Na ocasião se verá a índole, a honra e a autoridade desse sempre valentão.
Talvez, então, o sempre valentão Emídio Rangel nos elucide sobre a sua vida académica em Angola (liceal e universitária), decerto musicando-a com a (outrora) formidável maçada da sua militância partidária e a sua rocambolesca fuga para a antiga Metrópole. Para que, nessa sua evidência de competências, os seus admiradores socráticos se curvem de mordomias e os nossos "boçais" professores lhe passem o respectivo atestado ou diploma. Sic et simpliciter.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
CATÁLOGO LIVRO ANTIGOS RARIDADES - HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
O Catálogo que AQUI se apresenta, com um lote de peças bibliográficas a fazer os encantos do bibliófilo, merece uma atenção especial. A colecção de primeiros números de vários (e raros) periódicos, as raras peças literárias e de muita estimação, o apuro da escolha dos lotes e o grafismo deste 1º Catálogo em Homenagem ao livreiro Tarcísio Trindade, será (é já) uma peça de colecção para o amador de livros.
A Homenagem a Tarcísio Trindade assim o merecia. Um grande abraço e a nossa sentida admiração.
HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
HOJE – 17 HORAS NA RUA DO ALECRIM, 44 – HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
“A história da Livraria Campos Trindade é a história da minha família e este sítio, sem dúvida diferente e especial, nasce da força e perseverança da pessoa que hoje todos homenageamos, Tarcísio Trindade, o meu pai (…) Conheci e conheço muitos livreiros, mas nenhum como o “senhor Trindade”, com um à-vontade tão grande no domínio do livro antigo português, com perfeita noção dos livros que via, comprava e vendia, tudo isto acompanhado de uma generosidade única, muitas vezes incompreendida, inclusive por mim. O gozo desta profissão, no meu pai, sempre esteve no acto de descobrir os livros e também no que proporcionava aos amigos, clientes e livreiros ou futuros livreiros, iniciando também muita gente no comércio do livro antigo …“
[Bernardo Trindade, in Catálogo 1]
“LIVREIRO ALFARRABISTA de projecção nacional e internacional, Tarcísio Trindade tem lugar de evidência na história da cultura portuguesa. Possui conhecimento profundo da introdução e difusão da tipografia europeia nos séculos XV e XVI e das espécies bibliográficas mais famosas que existem, dentro e fora de Portugal, em bibliotecas públicas e privadas. A sua loja, na Rua do Alecrim, tornou-se, presentemente, a última tertúlia erudita de Lisboa frequentada por intelectuais, artistas e coleccionadores portugueses e estrangeiros. Pode classificar-se uma antecâmara da Academia das Ciências, da Academia da História e até da Academia Nacional de Belas-Artes …”
[António Valdemar, in Catálogo 1]
“Este cuidado com a apresentação da mercadoria é, sem dúvida, hábito familiar
inveterado, de que facilmente se apercebe quem entra na lisboeta Livraria Alfarrabista da Rua do Alecrim, onde Tarcísio Trindade se instalou na década de 70: todos os objectos em exposição, depois de limpos e devolvidos à sua frescura original, são arrumados, como manda a melhor tradição do display comercial, da maneira mais conveniente a um exame dos seus traços fundamentais. Nada de atropelos, nada de misturas ao arrepio da própria natureza das coisas, nada de barafundas: cada objecto integrado no ambiente do interior da loja, como se, mesmo antes de mudar de mãos, estivesse já a viver uma vida autónoma …”
[Artur Anselmo,in Catálogo 1]
Tornei-me naturalmente uma visita frequente da Livraria Campos Trindade, e o passar do tempo haveria de cimentar uma relação de confiança que fez de Tarcísio um dos meus mais queridos amigos (…)Acompanhando-o, como o acompanhei, fui beneficiário da sua vastíssima cultura, e como todos os seus clientes, da sua correcção e seriedade impecáveis (…)Conhecedor profundo do livro e da história da edição, Tarcísio Trindade foi meu permanente e sábio conselheiro …”
[Luís Bigotte Chorão, in Catálogo 1]
HOMENAGEM HOJE – 17 horas na Livraria Campos Trindade, Rua do Alecrim, 44, Lisboa
[ver Catálogo, AQUI]
foto: espólio J.M.M.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
DIA 19 (Quinta-feira), pelas 17 horas lançamento do 1º CATÁLOGO de livros Antigos e Raridades na Livraria CAMPOS TRINDADE.
A não faltar!
A SUPREMA NÁUSEA
Esse "cadáver político" que dá pelo nome de José Sócrates – curioso sujeito que um dia a História julgará – pode obrar as mutações de carácter pessoal que melhor entender; pode sustentar uma variedade de amigos e protectores, seguros e insaciáveis de interesses e benesses, em defesa da sua imaculada honra; até mesmo se pode aceitar (em sua defesa) que ande cativo da média ou da canalha da rua, e deste modo arremessado como um qualquer dissoluto ou pária; mas não deixa de revelar aos cidadãos, nessa sua insânia de poder e delírio de casta, em tudo o que tacteia, participa e manda, esse espectáculo nauseabundo de participação e decapitação do Estado de Direito e do regime democrático.
Campo minado de interesses conflituantes, a instituição judicial não resistiu aos abusos do poder partidário, à lógica da promiscuidade política. E não soube, no seu articulado normativo-jurídico e no seu edifício processual, desconstruir essa desordem. O pastiche e a esquizofrenia que estes dias têm afluído a público, via caso "Face Oculta", é um arrazoado inédito e pasmoso, um enxovedo discursivo insanável às instituições e aos seus interlocutores, um convite e incentivo à prevaricação da classe política, uma afronta ao Estado de Direito e aos cidadãos.
Mais que os arremedos formais ou processuais, que ninguém de boa fé entende, nem mesmo esses cérebros mirrados dos opinadores, ou melhor, para lá do formalismo processual em todo este caso, a narrativa política depara-se com escrivães obedientes, com sujeitos enturvados na lide partidária, com bobos da corte.
Afinal, que dizer da criadora interpretação material posta a circular pelo sr. PGR sobre a não existência de "indícios probatórios" que podiam levar à instauração de procedimento criminal a José Sócrates? Acaso é da sua exacta incumbência e atribuição? E como considerar a alucinante, tanto como provocatória, declaração do actual ministro da Economia, Vieira da Silva, considerando existir "espionagem política", sem que um processo lhe tombe sobre a sua desmiolada cabeça? Acaso um governante, um simplório ministro, pode ofender publicamente toda a magistratura, e passar impune? E que dizer do recorrente Santos Silva (ou do sr. Lello), agora a vigorizar direito e a malhar nos magistrados? Pode comportar-se tais procedimentos? Pode o sr. Presidente da República e o Supremo Tribunal de Justiça, com todos estes embaraços, não entrarem na querela? Ao que tudo indica, parece que sim. As omissões são ensurdecedoras. E esclarecem e sinalizam o regime a que temos direito. E a sua ruína.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
OS “BASTARDOS” KEYNESIANOS & OS OUTROS
Faz tempo que a tribo dos comentadeiros económicos, sempre barulhenta a puxar pelos galões académicos, não acumula dizeres de circunstância sobre a crise. Ou sobre a crise da crise. A capitosa desdita desses ilustrados sujeitos, agora em serenidade Socrática, não é (apenas) esse macaquear de teorias e de vaticínios maravilhosos (que estudaram mal ou só de amostras), mas o facto de o seu palavroso stock em torno da política económica estar mordente nos desagravos.
A genuflexão à governação feita por todos esses artistas (ou "bastardos" keynesianos) sobre os negócios da fazenda, foi um fenómeno curioso de acompanhar. Entre nós, nesta (dizem) ubérrima paróquia, e em especial durante a campanha eleitoral, os bancos, os Varas & Constâncios, o lendário regulador e os artísticos investidores privados, estavam todos bem (obrigado!), enquanto a ruína do modelo era assunto pouco infeccioso. O sábio Mete-lo lá ia teorizando o seu receituário fútil; os Danieis (Bessas & Amarais) afagavam em benzina as teorias que perjuravam na cátedra, enquanto autenticavam mais uma sebenta macroeconómica; os srs. direcktores dos jornalecos económicos de ocasião iam mobilando a edição com louvores ao sr. Teixeira dos Santos; os moçoilos socráticos, espécie de albergue de obras-pias, lastimavam-se dos pérfidos neo-liberais, enquanto à sorrelfa iam desmontando a sua agência de matrimónio liberal; e até o cónego Carlos Santos, nos seus momentos-Sócrates via Simplex, produziu as melhores falácias académicas do reyno universitário, pelo que foi de imediato acompanhado pelo rapaz Galamba, agora a deputar em S. Bento. Todos úteis "bastardos" do keynesianismo. Todos sábios. Todos a caminho da fortuna política.
Entretanto Paul Krugman no NYT Magazine, a 2 de Setembro deste ano da graça do sr. Sócrates, tratava esses imaginosos e eruditos domésticos (os abandonados de Keynes) à letra. Pela paróquia não se leu, para lá de piquenas minúcias taberneiras, uma qualquer recensão económica, uma reflexão eminente & decente, vinda dos nossos "bastardos" indígenas. E nem mesmo a charanga keynesiana foi aparatosamente derreada por esse génio liberal que é o sr. João Miranda, iracundo blasfemo. O recato em torno de Krugman prometia e era total.
Nós por cá, sem fervor de matilha mas em gargalhada profana, seguimos atentamente o dissidente Krugman. E apresentamos, “How Did Economists Get It So Wrong?”, em língua de Camões. Para "bastardo" estudar. E fazer-se assinante.
Paul Krugman
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009
SERMÃO DO BOM LADRÃO
Suponho finalmente que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este género de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia o seu pecado, como diz Salomão: Non grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: juratur enim ut esurientem impleat animam. O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao Inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera (...) Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. - Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: - Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. - Ditosa Grécia, que tinha tal pregador!
Padre António Vieira - Sermão do Bom Ladrão, 1655 [ler texto todo AQUI]
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
BERLIM
“Nada está morto excepto o que ainda está por vir
Ao lado do passado luminoso incolor é o porvir” [Apollinaire]
"Pois sabíamos até bem demais
O próprio ódio da imundície
Faz a fronte ficar severa.
A própria raiva contra a injustiça
Faz a voz ficar áspera. Ai de nós, nós que
Queríamos lançar as bases da bondade
Não podemos nós mesmos ser bondosos" [Brecht – "À Posteridade"]
"Me sento à beira da estrada
O motorista troca uma roda.
Não gosto do lugar de onde venho.
Não gosto do lugar para onde vou.
Por que fico olhando com impaciência
Como ele troca a roda?" [Brecht – "Trocando a Roda"]
"Agora o medo abandonou a maior parte dos homens
e o infinito já não tem nenhuma palavra afectuosa,
uma palavra aterradora para lhes dizer.
Vazios bocejantes crescem junto a vazios bocejantes" [Arp]
"uma história só perdura nas cinzas
e persistência é apenas extinção" [Montale]
in "A Verdade da Poesia", de Michael Hamburger
domingo, 8 de novembro de 2009
LEILÃO DA COLECÇÃO CAPUCHO - BIBLIOTECA (Parte III)
Continuação do invulgar Leilão do riquíssimo espólio (Colecção e Biblioteca de António Capucho) que foi pertença de António Emídio Ferreira de Mesquita da Silva (1918-2009), pai do Presidente da C.M. de Cascais, António d’Orey Capucho, conforme AQUI referimos antes.
Amanhã (dia 9) e a continuar no dia seguinte (dia 10), pelas 15 horas, no Palácio do Correio Velho (Calçada do Combro, 38 A, 1º, Lisboa), decorrerá o LEILÃO da escolhida e riquíssima BIBLIOTECA CAPUCHO (III parte). A não perder.
consultar o Catálogo AQUI.
sábado, 7 de novembro de 2009
CATÁLOGO-HOMENAGEM A TARCÍSIO TRINDADE
O estimado livreiro-antiquário Tarcísio Trindade (ou Tarcísio Vazão de Campos e Trindade), de que AQUI já fizemos referência, vai ser homenageado com um soberbo Catálogo a sair na próxima semana.
Tarcísio Trindade, e o seu humilíssimo trabalho em prol do livro e da bibliofilia, é o testemunho e estima de uma vida inspirada, venturosa, respeitada. Os seus amigos e os amadores de livros não faltarão à chamada. Em testemunho de gratidão e reconhecimento.
A CHOLDRA
Tresanda a laracha esta governação. O Sócrates, os Santos Silvas, o inefável Valter Lemos, os Perestellos, o camarada Vasco (Franco), os Lellos, um tal Amado, o clone Silva Pereira, o fogoso "revolucionário" Alberto Martins, a rapariga de Boston (Isabel Alçada), o inolvidável Lacão, estão de volta. Todos muito ajeitadinhos, muito bem esmaltados, quiçá boémios. Gente limpa e pitoresca são outra coisa. Mas este vaudeville – levado ao palco em S. Bento – nem parece um governo, mas lembra simplesmente um vero Xanax. O dr. Cavaco prescreveu a coisa e a gentinha, bem comportada, corre no imprevisto para o divã. Somos bons paroquianos!
Está, assim, uma autêntica choldra a paróquia. Os arremedos da folia parlamentar, "sem fundilhos nem calças", são raros e íntimos. Os jornaleiros (salvé Ó Bettencourt Resendes) estão ferventes e ensimesmados na retórica política. Um Vara (Armando para os amigos) passa inseguro entre o espectáculo, primoroso na sua fatiota made in BCP. Alguns (poucos) jornalistas (ainda os há) catrapiscam a perdida ética republicana. Sócrates, o comediante Silva Pereira e os dormideiros do BCP garantem o seu valor, dão referências a esse bom e excelso portuga. O país, entretanto, caiu exaurido, entre o riso pelo infortúnio do gentio d’Alvalade e o suspiro triunfal do grande & glorioso SLB. Somos todos gente tímida. Admirável!
Requiescant in pace
A VIDA O QUE É
"A vida o que é, é uma considerável maçada. Não a tomemos, nem a ela própria: não vale a pena. Não é desgraça, não é angústia: é maçada. Maçada e sensaboria"
"... Por cá vai tudo na mesma, agravado com mil episódios mais da patifaria indígena ..."
"Como não há-de ser assim quando o ripanço é o ideal superior das nossas classes dirigentes? ... tudo é papas! Temos a consistência das alforrecas ... Em Outubro, quando foi a ultima crise, instaram comigo para entrar no governo e arranjei um dia um ministério possível. Sabes qual foi a resposta? Que era forte de mais. Preferiu-se como sempre a pastelaria merdosa em que nos havemos de afogar e morrer … se fosse possível extrair ainda da fibra portuguesa alguma vibração de energia digna. Não é ..."
"... Depois da orgia ..., vieram os cinco anos de desvairamento ... dar cabo do resto da reputação que havia no pessoal político. Agora, pede-se vida nova, mas quem há credor de confiança pública? Ninguém. È o caso do ditado: depois de burro morto cevada no rabo ..."
"O país não compreende o alcance da aventura em que o lançaram e a imbecilidade, explorada pela astúcia, só se convencerá perante factos. É necessário que a desgraça doa para terem razão os que a quiserem prevenir ...”
"Crê o meu amigo que eu seja algum desses sublimes parvos que tem vindo ao mundo, intolerantes idealistas, que julgam serem os homens e o mundo barro, e eles o oleiro?”
"... vou-me atrelando ao carro do estado para vencer o tédio, por um lado, e também porque nas pequeninas sociedades apodrecidas, como a nossa, a política é tudo e para a gente não ser esmagado é preciso puxar o carro: de outro modo passam-lhe por cima as rodas ..."
"... Os mortos, e os livros que são o sepulcro onde vivem, constituem, salvas excepções únicas, a melhor sociedade para a gente ..."
in Correspondência de J. P. Oliveira Martins, Parceria A.M.Pereira, 1926
III ANIVERSÁRIO DO ALMANAQUE REPUBLICANO
O Almanaque Republicano cumpre hoje o seu terceiro aniversário.
Ao longo destes três anos publicaram-se 878 mensagens.
O contador que utilizamos desde o início, apesar de ser menos benévolo nas suas contagens assinala até ao momento 73 560 visitas, que se traduz em 108 665 páginas visistadas. Em média por dia visitam este nosso espaço 104 visitas diárias.
Ao longo deste último ano, o Almanaque Republicano passou a integrar as redes sociais como o Twitter e, mais recentemente o Facebook, onde a rede de amigos tem crescido continuamente e esperemos que continue a alargar-se.
Quanto ao trabalho realizado, podem consultar-se na barra lateral as 644 etiquetas diferentes que foram utilizadas até agora. Sendo que as 10 entradas mais utilizadas são:
1º - biografia, 110;
2º - bibliografia, 60;
3º - Coimbra, 52;
4º - livros, 51;
5º - colóquios, 43/periódicos, 43;
6º - efemérides, 39;
7º - regicídio, 35;
8º - questão académica, 32;
9º - maçonaria, 27;
10 - imprensa republicana, 24;
Curiosamente, e se calhar não por acaso, se analisarmos a questão das etiquetas revelam-se os interesses dos autores deste nosso espaço.
Não podemos também deixar de referir algumas achegas, contributos e estímulos que nos vão chegando pelas mais variadas formas. Nesta altura, não podemos esquecer cinco personalidades que já nos contactaram e que nos forneceram algumas pistas, facultaram dados ou simplesmente nos apoiaram neste nosso percurso na permanente demanda de novos elementos sobre a implantação da República: António Ventura; Ernesto Castro Leal; Fernando Catroga; Luís Bigotte Chorão e Manuel Sá Marques.
Chamamos também a atenção dos nosso estimados ledores para a plêiade de blogues que nos acompanham nestas lides (por exemplo: Bernardino Machado ; Republica100anos ou os Caminhos da Memória) e que podiam ser em maior número se houvesse maior número de pessoas empenhadas ..." [ler tudo AQUI]
via Almanaque Republicano
IN MEMORIAM DE ANTÓNIO SÉRGIO (RADIALISTA)
"... agora que a "ROCK FINAL" está feita, contemos um pouco da sua história. Tudo. começou com o desejo expresso por um grupo de amigos e ouvintes da emissão do Rolls Rock, na FM Estéreo da Rádio Comercial, em obterem os textos que eram difundidos no programa. Mais ainda esses ouvintes e muitos de nós, sonhávamos com a hipótese de um periódico que fosse de informação musical alternativa, à pobreza infelizmente habitual das nossas publicações nacionais (...)
"ROCK FINAL" e portanto uma dedicatória marginal ao programa "Rolls Rock" e aos seus ouvintes ..."
Ficha Técnica: Textos de António Sérgio, Joaquim Manuel Lopes, Nuno Diniz, Ana Cristina, José António Santos
Colaboração: Ricardo Camacho e Zé Paulo
Artes finais de Ana Cristina e Joaquim Manuel Lopes.
Compilado em Dezembro e Janeiro (81/82)
Os textos incluídos forma transmitidos de Fevereiro a Dezembro de 81, no “Rolls Rock” – Rádio Comercial FM estéreo, de 2ª a 6ª das 20 às 21 e Sáb. das 22 às 24 h.
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