New Old School
2008: não há annus axim!
Feliz Ano Novo
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2008 - 10 Livros
"Não é republicano quem quer mas quem o pode ser" [Sampaio Bruno]
O Almanaque Republicano, dado à luz por cavalleiros de alma republicana e em reparo público, é (como dissemos) um espaço espiritual ou temporal de "encantos e desencantos vários" em torno desse "espírito lusitano" ou diáspora de liberdade perseguida, onde sopra a revolução subterrânea dos "cavaleiros do amor" e a soidade prudente da "história do futuro" (António Vieira). E cuja validade estará sempre nessa muito nossa aventura da demanda ou "moral de grau" e para V., caros ledores, na arte de leitura.
Por isso, os eventos percorridos, os factos e personagens aqui resgatadas são uma desobediência nossa que não trocamos pelo elogio da polémica ou vaidades rendilhadas. Nós, a esses, cuja idiossincrasia "é o couce" (Camilo), não tomamos posição. Este nosso compêndio de letras, na sua mundividência assumida, sendo uma história de iniciados ou preceito de liberdade, não deixa por isso de ser uma república do mundo que a "renovação da inteligência portuguesa" aspira, como diria Basílio Teles. O ano que passa tem neste álbum de memórias esse exacto sentido do termo. E o caminho que se entreabre até ao marco simbólico do Centenário da República o evidenciará. Adiante!
Como anteriormente - AQUI e AQUI -, corremos de novo o risco de assinalar as melhores obras que a historiografia contemporânea portuguesa publicou e conhecemos em 2008. [J.M.M. - ler todo o texto AQUI]
Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2008 - 10 Livros
1. O Pensamento Político e Social de Basílio Teles – Maria do Rosário Machado (INCM)
2. "O Nosso Século é Fascista!" - O mundo visto por Salazar e Franco (1936-1945) – Manuel Loff (Campo das Letras)
3. Das Trincheiras com Saudade – Isabel Pestana Marques (Esfera dos Livros)
4. A Esquerda Democrática e o Final da Primeira República – António José Queirós (Livros Horizonte)
5. Dossier Regicídio – Mendo Castro Henriques et. al. (Tribuna da História)
6. A Tradição da Contestação – Miguel Cardina (Angelus Novus)
7. O Estranho Caso do Nacionalismo Português - Luís Trindade (Imprensa de Ciências Sociais)
8. Humberto Delgado. Biografia do General sem Medo – Frederico Delgado Rosa (Esfera dos Livros)
9. Comunismo e Nacionalismo em Portugal. Política, Cultura e História no século XX – José Neves (Tinta da China)
10. O “Um dividiu-se em Dois” – José Pacheco Pereira (Alêtheia)
in ALMANAQUE REPUBLICANO - vidé, ainda, A.A.B.M.:"AS NOSSAS TRÊS PRIMEIRAS ESCOLHAS DE 2008"
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
O embaraço do Dr. Cavaco
Anda por aí uma algazarra sobre a constitucionalização do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que ninguém entendeu até o dr. Cavaco clamar pelos (seus) poderes próprios ou institucionais. A partir daqui todos debatem, não os princípios consignados no catálogo do direito indígena que levam à presuntiva ruptura constitucional ou a singularidade das decisões interpretativas e processo de fiscalização do Tribunal Constitucional, mas a via incidental criada entre o eng. Sócrates e o dr. Cavaco. Isto é, a dimensão político-constitucional que o dr. Cavaco verbera, optimizou nalgumas criaturas uma "esperançosa" tensão e conflito entre o governo e a Presidência da República, que sendo curiosa se verdadeira não tem por ora qualquer valimento.
Na verdade o dr. Cavaco Silva assumiu, desde o início do seu mandato, navegar no discurso e na estratégia política como se de um jogo de tratasse. O paradigma desse jogo presidencial (ou a "linguagem da coisa") seria criar um espaço único onde o eng. Sócrates em dificuldades económico-financeiras – a braços com a sua incompetência providencial e sob o servil apoio da nova garotada da União Nacional (que sabiamente juntou à sua volta) – ficasse em incómodos mas sem que a acção do Presidente da República se fizesse de todo sentir. Por isso mesmo o dr. Cavaco deu a Sócrates toda a "corda" necessária, para que não pudesse escapar. Daí que a doxa de Sócrates em torno da lenda das "reformas" caseiras, sempre muito bem desocultada via agências de comunicação, jornaleiros & outros tantos fundibulários nativos, obtivessem a eficácia observada, quer entre a elite das corporações e dos interesses quer na atemorizada quanto ignorante canalha.
Sócrates, o chefe do Partido Popular moderado (ex-PS), pode assim concretizar o maior volume de restrições de direitos fundamentais que temos memória (de comum, só ultrapassável pelo Botas de Santa Comba), principalmente nos direitos económicos e sociais consagrados em sede da Constituição, lesando grupos profissionais estruturantes da sociedade portuguesa e sem que a ordem constitucional assim abalada fosse objecto de controlo de constitucionalidade via Presidência da República. E mesmo alguns dos princípios não expressamente consagrados na Constituição, mas importante no domínio normativo constitucional – caso da original profanação do princípio da proporcionalidade (uso do poder), do curioso abandono do principio da não retroactividade ou da afrontosa violação do principio do não-retrocesso social -, o actual presidente da República, como representante da "res publica", esquiva-se nunca ousando nem querendo exercer controlo prévio. Pelo contrário, o dr. Cavaco torna-se um meticuloso "notário" do governo, num estranho jogo de interesses económicos, sociais e políticos, jamais interpretados mas que as mezinhas tomadas contra crise financeira actual pode um dia explicar e a demagogia democrática do sr. Sócrates exemplifica.
Por tudo isto não se compreende o choro desvalido das sinecuras, dos comentadores & trovadores do regime. Nem se aceita a hipocrisia e o cinismo presentes na comunicação última de Cavaco Silva. O dr. Cavaco entrou no jogo, livremente, foi cúmplice em galanteios e em melodias febris sobre a governação, estatelando-se depois na sua própria frouxidão. Se está arrependido, só o futuro o dirá. Aguardemos!
Caro Francis, de Nelson Hoineff
Ao que parece, foi apresentado no passado dia 9 de Dezembro, no decorrer do Prémio Esso de Jornalismo no Rio de Janeiro, um documentário sobre Paulo Francis, realizado por Nelson Hoineff, intitulado "Caro Francis". O filme sobre o jornalista Paulo Francis, sua "trajectória intelectual e sua personalidade", decorre no Rio, Nova Iorque e São Paulo. Dizem, ainda, que haverá depois uma versão para cinema, para sair já em 2009.
via crónica de Ruy de Castro, AQUI.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Que a paz seja contigo!
Vens, Neophito, de onde não sabes para onde nada conheces. Teus olhos estão fechados à mesma luz que vêem; teus ouvidos não ouvem os mesmos sons que lhe são dados. És como o universo inteiro, que não sabe donde vem nem a que vem.
Por isso te ponho na boca o sal da sciencia, e te unjo na fronte com o óleo da misericórdia, e te molho a cabeça com a água da absolvição. É para que saibas que a palavra é para dizer a verdade, e que o pensamento é para pensar a caridade, e que toda a alma é para ser limpa ante o Senhor.
Segue o teu caminho entre os homens, não esquecendo nunca que não deverás mentir aos outros, porque o sal está em tua boca; nem mentir a ti mesmo, porque o óleo está em tua fronte; nem mentir contra Deus, porque a água passou por sobre ti.
Que a paz seja contigo!
(Pax tibi, Frater!)
[texto de Fernando Pessoa "composto para a Ordem do Templo ou de Cristo em Portugal, neste caso o da entrada do neófito na Ordem”, manuscrito inédito citado por Pedro Teixeira da Mota in “Encontro Internacional do Centenário de Fernando Pessoa", Lisboa, 1990]
FELIZ NATAL!
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
ANDAMOS ... ASSIM! HÁCIO CALOR!
"Callaremos ahora para llorar depois? [R.D.]
Mis ojos hablarían si mis labios
enmudecieran. Ciego quedaría,
y mi mano derecha seguiría
hablando, hablando, hablando.
Debo decir 'He visto'. Y me lo callo
apretando los ojos. Juraría
que no, que no lo he visto. Y mentiría
hablando, hablando, hablando.
[Blas de Otero]
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
CATÁLOGO NATAL 2008 – LIVRARIA ARTES & LETRAS
A Livraria Artes & Letras (Largo Trindade Coelho, 3-4, Lisboa), apresenta um estimado Catálogo de Livros para este Natal.
Algumas referências: In Memoriam Antero de Quental, 1896 / Las Cartas de Amor de Mariana Alcoforado dirigidas al Conde de Chamilly. Version y esquema biografico por E.M.S. Danero. Edicion ilustrada, Buenos Aires, Editorial Ibérica, 1945 / Alma Nacional. Revista Republicana, XXXIV numrs / Lisboa destruida. Poema de Teodoro de Almeida, 1803 / Adolescente. Poemas de Eugénio de Andrade, 1942 / Grades de Sophia Mello Breyner, 1970 / Universo pittoresco. Jornal de instrucção e recreio (Inácio de Vilhena Barbosa), III vols, 1841-44 / 107 aguarelas do comandante [António Ferreira] Pinto Basto [1862-1942] / Lisboa artística e industrial. Luxuoso album de photographias com um resumo historico da cidade, Lisboa, Emílio Canet [fotos de Benoliel e Juan Barrera], 1908 / Mundo Literário. Semanário de crítica e informação literária, científica e artística. Dirc. Jaime Cortesão, Editorial Confluência, 1946-48, LIII numrs / Filula folha de sangue. Objecto poemático de E. M. de Melo e Castro [folheto], 1962 / Pena Capital de Mário Cesariny, Contraponto, 1957 / Tribunal da razão onde he arguido o dinheiro pelos queixosos da sua falta: obra critica, alegre e moral, obra de José Daniel Rodrigues da Costa, 1814 / Cruzada Nova. Revista nacionalista de arte & doutrina, Direc. Dutra Faria, Angra do Heroísmo, 1928 / Longe. Sonetilhos, de José Gomes Ferreira [2º livro do autor], 1921 / Planície de Manuel da Fonseca, Novo Cancioneiro, Coimbra, 1941 / O Diabo. Semanário de crítica literaria e artística, Direc. Artur Inês [importante, valioso e raro periódico publicado entre 1934-1940] / A Razão Ardente. (Do Romantismo ao Sur-realismo), de Nora Mitrani-Alexandre O’Neill, Cadernos Surrealistas, 1950 / Actuação Escrita, de Pedro Oom, 1980 / 4 Autores da novela portuguesa contemporânea [Almada Negreiros, Mário Sá-Carneiro, Manuel de Lima e Luiz Pacheco], Edições Afrodite [obra apreendida na época], 1968 / Proto-Poema da Serra d'Arga, por António Pedro, Cadernos Surrealistas, 1948 / Raios de extinta luz. Poesias inéditas de Antero de Quental, Lisboa, 1892 / [José Régio] Primeiro volume de teatro. Jacob e o Anjo, mistério em três actos, um prólogo e um epílogo. Três máscaras, fantasia dramática em um acto, Porto, 1940 / Para uma Cultura Fascinante (e ainda Luz Central), ambos de Ernesto Sampaio, 1959 (e 1958) / Pela Grei. Revista para o ressurgimento nacional pela formação e intervenção de uma opinião pública consciente, direc. António Sérgio, Lisboa, Liga de Acção Nacional, 1918-19, VII numrs+ suplm / O spiritismo, ilha encoberta e sebastianismo, por José António da Conceição Vieira [Raro livro sobre temas esotéricos, espiritismo, Atlântida e Sebastianismo], Lisboa, 1884
Consultar AQUI
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Para o INDEX de Lurdes Rodrigues
"Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (...). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (...).
Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo. 'Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque 'a honra eleva as artes.' (...)
Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade (...)"
texto com várias citações da "Ratio Studiorum da Companhia de Jesus" (1586 e de 1599) - retirados d'AQUI
video: via EDUCAR
Enfim, um curioso desejo de Feliz Ano Novo da Lisboa Editora e que (decerto) cairá no longo Index da sra. Lurdes Rodrigues. Esperem para ver!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Ainda a Educação ...
De simplificação em simplificação, de simplex em simplex (nada a ver com a minha cara amiga Leitão Marques, que para aqui não é chamada) o Ministério da Educação parece-se cada vez mais com uma oficina de corte e costura. O chapéu de três bicos tricotado pelos três sábios da (des)governação educativa e usado na confecção do modelo de avaliação do desempenho dos docentes recorre a um curioso método de entrelaçamento de texturas regulamentares de patética criatividade e de invejável incompetência.
O que por aqui vai em alfinetes e agulhas para corrigir o ponto cruz da avaliação é a maior comédia desta legislatura. Afinal todo o modelo avaliativo inicial, passe a publicidade desta gentinha reaccionária e pouco estudiosa, estava decididamente errado, necessitando as pontas de serem cerzidas e crochetando-se novos remendos. O despudor disto tudo, neste curioso vaudeville político, tem a marca José Sócrates. A senhora Lurdes Rodrigues há muito que abandonou a cadeira do ministério, não mandando absolutamente nada. O arremate do ponto cruz, cujo trabalho bordado teve a assinatura do inefável João Freire, está agora nas mãos caprichosas de José Sócrates. Que, como se sabe, não dá ponto sem nó. Mas talvez seja já tarde para diminuir o número de laçadas. A não ser que a comédia continue.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
LEILÃO - BIBLIOTECA DO DR. AMÉRICO CORTEZ PINTO
O livreiro e leiloeiro Pedro de Azevedo vai levar a efeito, a partir de 15 de Dezembro de 2008 (amanhã), pelas 21 horas, no Amazónia Lisboa Hotel, um leilão de livros e gravuras da biblioteca do médico Américo Cortez Pinto.
vidé Almanaque Republicano
sábado, 13 de dezembro de 2008
António Barahona da Fonseca
A última LER traz uma entrevista preciosa feita por Carlos Vaz Marques (p.30-37), "A Última Entrevista a António Barahona da Fonseca", aliás Muhammad Rashid.
António Barahona:"marginal na medida em que nunca pactuei com as coisas com as quais não concordava e que eventualmente me pudessem favorecer" (sic). Nestes dias de cobrimento autoritário, a lembrar o antes de 74 de má memória, tal indiscrição é prestigiante. Graças!
"Meu amor minha caneta de tinta permanente
minha alga no fundo do poema
aqui estou debruado num sonho
onde as palavras são de chocolate ...”
[Metamorfose, in Impressões Digitais]
Locais: António Barahona / António Barahona da Fonseca
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Pssst!! NÃO ESQUEÇA ...
"Há poucos dias fomos durante a noute atacados no nosso acampamento por tão grande numero, que se achava tudo cuberto, sendo necessário acender fogueiras por toda a parte. Capello estava n’um estado miserável. Fora atacado por ellas na cama"
Não, não, não se trata de uma posta alusiva a um qualquer ataque ou bloga por obra e graça dessa febril rapaziada modern-left em apoio educativo ou movida obreirista ligada à propaganda de Lurdes Rodrigues, muito menos é coisa kitsch da conselheira em estatística F., apenas uma admirável recolha manuscrita do grande Ivens (Roberto) - que ali em cima imprimimos - para que não se esqueçam que amanhã há LEILÃO pelas 15 horas, conforme no post anterior referimos. Ok!?
LEILÃO de MANUSCRITOS, AUTÓGRAFOS e FOTOGRAFIAS - 13 Dezembro
No próximo dia 13 de Dezembro, pelas 15 horas, na Rua de Sacramento à Lapa, nº24, realiza-se um invulgar Leilão de Manuscritos, Autógrafos e Fotografias, sob realização conjunta de Luis Burnay e Silva’s Leiloeiros. As peças a vender são curiosas e pela sua qualidade, estimação e raridade de grande interesse. Sugere-se a sempre agradável consulta e leitura do seu Catálogo (magnifico), ele próprio de interesse bibliográfico.
Algumas referências: cartas de Manuel de Arriaga, (115), do prof. José Vicente Barbosa du Bocage, várias de Sampaio Bruno, Hermenegildo Capelo, outras curiosas do Rei D. Carlos, um lote de 8 cartas do insigne jornalista Joaquim Martins de Carvalho (Conimbricense), outro de grande valia acerca do Casamento do Príncipe D. Carlos de Bragança, fotografias e cartas de Camilo Castelo Branco, um raro catálogo dos livros pertencentes a Jeronymo José d’Athayde (sec. XIX, 45 f), um estimado Álbum de Fotografias originais da Campanhia Portuguesa de Trefilaria, estimadas cartas e fotografias de Serpa Pinto, documentos vários de Natália Correia, Vasco Lima Couto, João de Deus, uma rara (inédita?) colectânea de "historias chistosas com alguma linguagem obscena ocorrida supostamente com frades Bernardos" (sec. XVIII, 316 p.), documentos de D. Fernando II, D. Manuel II, João Franco, Sebastião Magalhães Lima, Hintze Ribeiro, Conde de Sabugosa, poesias de João Paulo (Mário) Freire, Delfim Guimarães, Pedro Homem de Melo (com uma correspondência curiosa), documentos de Almeida Garrett, Eça de Queiroz, Gomes Leal, José Régio, 1 curiosa carta de Augusto Ferreira Gomes, Vitorino Nemésio, Alexandre Herculano, cartas de Augusto Carvalho Monteiro (o primitivo dono da Quinta da Regaleira), Ramalho Ortigão, Teixeira de Pascoaes, Alberto Pimentel (várias cartas), documentos sobre a Inquisição, o Livro das Eleições da Irmandade "Senhor da Cruz e dos Passos”" do Mosteiro de Belém (sec. XVIII), Livros de Horas, receitas manuscritas de Cozinha (pertencentes a D. Cristina Emília Banha de Montemor-o-Novo), copias manuscritas do P. José Agostinho de Macedo, uma valiosa correspondência dirigida ao camiliano Henrique Marques (importante jornalista e livreiro), uma curiosa fotografia de um grupo de presos políticos monárquicos em Coimbra [27/10/1913], um "Primeiro Esboço para o Catalogo Methodico dos Livros, que possue Innocencio Francisco da Silva" [o insigne bibliográfo do Diccionario].
Leilão, portanto, a não perder. Catálogo on line.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
BOM DIA!
"retira-se alguém um pouco atrás da noite
para fazer uma escola da leveza ..."
[Herberto Helder]
Bom dia!
EDUCAÇÃO: dias amargos, gente inútil (II Parte)
Eis, a partir daqui, como poderia ser seriamente discutida a profissão docente, a sua problemática, o enquadramento regulamentar e a sua avaliação institucional. Mas sem qualquer seriedade, o ministério e o governo com o apoio de um grupo, quase sempre apoiado na ourivesaria do regime (o ISCTE, curiosamente agora fundação, com o justificado lente Rui Pena Pires à cabeça), com muita prosápia e pouca modéstia prefere instalar o caos na Escola que pensar ou ponderar tudo. A saturação é, actualmente, de rara revolta e a licenciosidade das medidas tomadas e a tomar, é um study case para a teoria política e o sistema das organizações.
O governo, com a meritíssima graça da Presidência da República, ou não tivesse por lá o senhor David Justino e não fosse ouvidor escolar do dr. Cavaco esse inefável Marçal Grilo (o póstumo Moreira Baptista da Gulbenkian), com igual alistamento de ex-Presidentes (Sampaio e Soares), com a hipócrita cavalaria universitária (novos lentes) que ao longo de anos formatou o ensino e a educação indígena (caso sinistro é da Maria do Céu Roldão & outras luminárias do eduquês doméstico), não consente qualquer tipo de reformulação.
A digestão opinativa de alguns levianos indígenas nesse mister renderá decerto muito emprego (próprio & alheio), mas para além da arruaça e calúnia que todos os dias proferem, nada consente que se esteja presente uma autónoma e séria reflexão sobre o sistema educativo e os docentes, assunto que nunca publicitaram. No invés, a chateza é sim estudar, reflectir, avaliar, argumentar. Cansa muito ser cidadão íntegro, nesta paróquia enternecedora do eng. Sócrates & amigos. Não legitima ninguém e apenas vergasta os seus preclaros obreiros. Ao que parece, a receita para obter a licença de uso e porte de opinião é estar a sebenta política validada (avaliada) pelo sarapatel da actual União Nacional, a coberto dos amestrados & afectuosos do eng. Sócrates. Coisa de fazer inveja ao clássico prof. Marcelo Caetano.
E se assim não for, ninguém está a salvo das ameaças do regente do reyno e do seu pontificado. Siga-se, para demonstração, a ladainha e apure-se o vício desses ridículos vassalos: reparem no rigor dogmático do indigente José Lello, durante os seus estapafúrdios televisivos; pondere-se na paródia que é seguir o pensamento e saber educativo do ex-sindicalista João Pedreira, nessa sua tournée diária nas TV’s; leia-se as empasteladas croniquetas da inconsolável beata socrática Fernanda Câncio sobre a infalibilidade do Papa Sócrates (matéria de fé) e da doutrina ensinada quase sempre de uma religiosidade analítica irresponsável e provocadora; tenha-se em atenção esse farejador de tragédias históricas, mas sempre remansoso no seu emprego doméstico, o limpo e delicado Rui Ramos, oriundo da plumitiva e militante universidade onde, presumidamente, além de "cursos de apontamentos e fotocópias" nada se passa de substantivo, interessante ou reformador; complete-se a comédia com os triviais escritos de António Ribeiro Ferreira (em tempos com vindimadas "estórias" no jornalismo de Coimbra), onde na vexata question da educação segue (em regular ignorância) o reboliço épico & ternurento da obra (nunca por si exposta) da sra. Lurdes Rodrigues.
Para esse curioso grupo farcista, bem como para os neófitos professos da "nova esquerda" (velha direita, entenda-se), a "defesa" de Lurdes Rodrigues é uma questão de emprego, de orfandade, de requinte fradesco, de azedume romântico, de ociosidade, de copiosa ignorância. Não há nada de ingénuo e íntegro, por ali. Apenas gente inútil e de vida amarga.
EDUCAÇÃO: dias amargos, gente inútil (I Parte)
É fácil a oratória & o palanfrório contra as "corporações", o funcionalismo público ou a canalha. Está – sempre esteve – na moda. Nos dias d’hoje, a sabatina calha aos professores e educadores, aliás conforme a tradição em tempos de crise (económica, social e de valores). O professorado regularmente foi perseguido, injuriado e humilhado, sempre a despeito do seu único "crime": o ter investido no estudo, nas suas qualificações e no trabalho socialmente honesto. Foi assim na Monarquia, continuou covardemente na I República e a investida definitiva e repressiva dá-se já durante o Salazarismo. Hoje regressa concludentemente com o governo do eng. Sócrates.
Sejamos simpáticos: um grupo de curiosos "educadores" ligados à União Nacional dos interesses & corporações instalados na paróquia implodiu – de vez – com o ensino, a educação e a Escola Pública e, no acto, desembestou publicamente contra a classe docente, essa putativa "massa igualitária e anónima". Já – AQUI, AQUI, AQUI ou AQUI – apresentámos a redacção contra tal afadistada investida, portanto não voltaremos a tal moléstia.
Com a sra. Lurdes Rodrigues e os seus dois gnomos à cabeça, presumivelmente sustentados numa "imaculada" teoria de pronto-a-vestir educativo nunca enunciada (ex-ante) eleitoralmente ou conhecida na razão superior da sua operacionalidade entre os países civilizados, surgiu uma brigada trauliteira de gente inútil, habilidosa na encenação e provocação política, generosos na ignorância, moralmente irresponsáveis. Que entre o apoio a tal gente se encontrem sinceros "reformadores" do sistema de ensino e educação, insatisfeitos com o modelo existente na Escola, não é inédito nem impossível. Porém é cansativa a esfarrapada argumentação sobre a avaliação e o seu dogma, deixando de fora todos os aspectos críticos sobre a Escola (como p.ex., os objectivos educacionais, a administração e gestão escolar, a matriz curricular, o trabalho pedagógico, a formação de professores, etc.), dogma esse onde tudo e todos têm de ser avaliados, crença irracional presente na tirania do ter que ser aprovado sempre pelo outro a cada momento (A. Ellis, 1971). Até porque o modelo que sustém a doutrina é insustentável, quer do ponto de vista de uma escola de qualidade quer como organização institucional.
A literatura sobre o tema "avaliação de desempenho dos professores" não permite argumentar positivamente o construído actual do modelo de Lurdes Rodrigues & João Freire. Muito pelo contrário, conforme os vários conflitos organizacionais patentes e que dia-a-dia ocorrem e teimam em desocultar. Mesmo o arrazoado conceito teórico de "profissão e profissionalidade docente" aplicado (uma justificação constante para a miséria do modelo) não permite inferir qual o perfil do professor (até pelo processo de fragmentação em curso) a avaliar e a sua regulação, apenas justifica os motivos da desqualificação e proletarização da profissão, por ora encetada. De facto, tal ideologia do profissionalismo (conforme, e bem, Lurdes Rodrigues critica no seu livro Sociologia das Profissões, Celta, 2002), que curiosamente mais parece ter saído de uma velha e desadequada "sociologia das ocupações", pelo modelo a implementar pretende apenas legitimar e efectuar a desprofissionalização docente, em tempos de emagrecimento do Estado (assunto que o pouco escrupuloso Mário Soares não relaciona com o actual ataque feito aos docentes, passe a sua intenção e graça política de combate ao insidioso neoliberalismo) e onde, via ECD, a avaliação tem lugar central.
[ver a propósito da questão da profissionalização docente, entre outros: A. Nóvoa, C. De Lella, C. Dubar, C. Gauthier & M. Mellouki, C. Maroy, Contreras, E. O. Shiroma, K. Densmore, L. Kreutz, Lortie, M. F. Enguita, M. Ludke, M. T. Estrela, M. Tardif, P. Bourdieu, P. Perrenoud, Pochmann, R. Bourdoncle, R. Canário, V. Isambert-Jamati]
[continua]
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
LIVRARIA POESIA INCOMPLETA
"O ar confunde os hálitos das mais apetitosas bocas" [A. Breton]
No mister de não ter pressa, nesta quintarola do eng. Sócrates, convém "arranhar" muitas "peles delicadas" e tactear por aí. O verbo, a boca e a semente, dispõem sempre sentimentos d’alma. Na rua Cecílio de Sousa, curiosamente ele mesmo livre-pensador, o triângulo luminoso do canto da "Livraria Poesia Incompleta" amassa a métrica, a sonoridade e a obra dos primeiros e únicos versos. Com golpes docemente furtivos, que "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas". Uma livraria portuguesa de poesia e só poesia, com Mestre Changuito à V. mercê.
E, para nos desafogarmos em cantos e amores “doudos”:
"é sempre o mesmo dia, é sempre a mesma noite,
o tempo, não o inventaram ainda,
o sol não envelheceu,
é idêntica a esta e outra neve,
sempre e nunca é o mesmo,
aqui nunca choveu ou chove sempre,
tudo está sendo sem ter sido nunca …" [Octávio Paz]
Livraria Poesia Incompleta – Rua Cecílio de Sousa, nº11 [entre o Príncipe Real e a Praça das Flores] à V. espera.
domingo, 7 de dezembro de 2008
António Alçada Baptista (1927-2008)
"Viajante, ensaísta, memorialista (Peregrinação Interior), editor (na Moraes), ficcionista (O Riso de Deus) – o António Alçada era sobretudo um conversador e um sedutor. Ele seduzia as pessoas com quem se cruzava ao longo da vida, e seduzia os seus leitores com aquele tom suave, como é a inocência da sua obra. Estabeleceu uma ponte entre os dois regimes, em 1974 (as suas Conversas com Marcelo Caetano foram uma última tentativa de ler o regime e O Tempo e o Modo uma forma de o mudar). Tinha uma inteligência muito intuitiva, o que o levava a pensar com leveza sobre coisas profundas. E chegava antes dos outros a conclusões que poucos hoje lhe atribuem. Isso fazia dele um homem generoso de quem era difícil não gostar. Muita gente lhe deve muita coisa".
F.J.V., in A Origem das Espécies
sábado, 6 de dezembro de 2008
In-Libris – Montra de Natal
A In-Libris (Porto) apresenta um lote de bons livros antigos e estimados de poesia, literatura, culinária, botânica, etnografia, artes, monografias, etc.
Referências: Actas do Colóquio de Estudos Etnográficos Dr. José Leite de Vasconcelos, 1958 / Equitação e Hippologia, pelo Conde de Fornos d’Algodres, 1903 / o Jardim. Manual do Jardineiro-Amador, de Joaquim Casimiro Barbosa, 1892-3, III vols / O Novo Tratamento Naturalista, de F. E. Bilz, s.d., II vols / Curiosidades Estéticas, de António Botto, 1924 / Authentic Memoirs Concerning the Portuguese Inquisition, por Archibald Bower, 1761 / Da Vida e Morte dos Bichos, s.d., V vols / Os Lusíadas de Luiz de Camões, Ed. III Centenário, Porto, 1880 / Os Ciganos de Portugal, por F. Adolfo Coelho, 1892 / Historia da Prostituição em todos os Povos do Mundo, de Pedro Dufour, 1885-7, V vols / Historia das Inquisições de Itália, Hespanha e Portugal, 1822 (2ª ed.) / História da Cidade do Porto, 1962-5, III vols / História da Tauromaquia, Lisboa, 1951-3, II vols / A Formosa Lusitania, versos de Lady Jackson (Catarina Carlota) [camiliano e raro], 1877 / Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa, IV vols / Historia Natural Ilustrada, por Júlio de Matos, 1880, VI vols / Caravela ao Mar, de Pedro Homem de Melo, 1933 / O Rapaz da Camisola Verde, de Pedro Homem de Melo, 1954 / Despedidas, de António Nobre, 1902 / As Paróquias Rurais Portuguesas. Sua Origem e Formação, pelo P. Miguel de Oliveira, 1950 / Cancioneiro de Lisboa (sec. XIII-XX), por João de Castro Osório (intr. e notas), 1956 / À Memória do Presidente-Rei Sidónio Paes, por Fernando Pessoa e outros letrados, Porto, Ed. Petrus, s.d. / Últimos Echos de um Violino Partido, de Alfredo Pimenta, 1941 / Portucale. Revista Ilustrada de Cultura Literária, Porto, 1928-66, XIII vols / Operas. Dir. de Mário de Sampaio Rieiro, IX vols (80 fasc.)
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