terça-feira, 9 de maio de 2006


3º Aniversário do Mar Salgado

"... dá sempre um 'Bom dia!' ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa ...
" [A. O'Neill]

Já não se comemoram anos como antigamente. A vidinha está um ninho de rios leitosos. Pois! Até entre os marinheiros há uma pressa de partida que impressiona. Andam sempre com o cabo de amarração no espírito e o olhar oculto. Ah, maldito futebol. Hirra, infecto défice. Psiu! ó coisas lindas que o mar desvela. O que faz falta, mesmo, é "uma mulher no mar alto". Só assim o tempo de aniversário nasce todos os anos.

A equipa operativa do Mar Salgado fez 3-Anos-3. Aos marujos ... parabéns!

segunda-feira, 8 de maio de 2006


3º Aniversário do Abrupto

"Este retrato vosso é o sinal
ao longe do que sois, por desamparo
destes olhos de cá, porque um tam claro
lume não pode ser vista mortal ...
" [Sá de Miranda]

O Abrupto fez 3 anos, de muita estimação. E, portanto, inspira fogosos amargos de escrita a alguns bloguistas, pouco resistentes à dose de 'libertinagem' estética, literária & política com que invade a blogosfera lusa. O Abrupto, assim atirado ás malvas em nome de agendas pessoais e lestos julgamentos, embora mais roufenho & áspero que o habitual, é um blog de notável encantamento e grande complacência.

O Abrupto tem 3 anos. De boa memória. O Abrupto-independente-do-mundo é Pacheco Pereira mais 'a sua circunstância'. Com tranquilidade no olhar, prazer de escrita, memória e inteligência, o valimento é incontornável. Parabéns!

O Velho de Belém

"O Expresso publicou ontem uma notícia inesperada, inconcebível, quase absurda (...) De que se trata? Segundo o Expresso, o dr. Cavaco, Presidente da República, não só pensa que a situação económica portuguesa está 'condenada' até 2010, mas nem sequer tem a certeza de que ela 'melhore' depois disso. Ou seja, pode mesmo acontecer que não 'melhore' nunca (...)

Convém não esquecer que o dr. Cavaco se candidatou a Belém declarando que não se 'resignava' à decadência económica do país, que pretendia restaurar a 'confiança' na sua força e no seu futuro e que a eleição dele era a 'última oportunidade' de parar e de inverter o declínio de uma década e o crescente afastamento da 'Europa'. Quem acreditou nisto, dito e redito com emoção e ênfase, votou nele. Se o dr. Cavaco acha agora que a queda vai continuar e que ele vai assistir de Belém, inerme e calado, a um desastre inevitável, perdeu qualquer legitimidade politica. Se alegar, como de costume, que não conhecia a situação, arruína para sempre a sua velha imagem de seriedade e competência. E se atribuir à sorte e ao mundo as desgraças de Portugal, a desculpa habitual do desespero, não convence ninguém.

Por outras palavras, no fundo, o problema é este: sabia ou não sabia o dr. Cavaco o que esperava e o que esperava o país? Se não sabia, nada o desculpa. Mas se, de facto, sabia, o objectivo da campanha presidencial foi, desde o princípio, o de premeditadamente iludir os portugueses. Nos dois casos, não há explicação que o salve (...)

[Vasco Pulido Valente, in O Velho de Belém, jornal Público, 7/05/2006]

domingo, 7 de maio de 2006


Uma anedota de equipa, uma direcção gabarola

"cão azeiteiro nunca bom coelheiro" [Adágios]

Acabou (graças, senhor!) o campeonato de futebol. O nosso coração é filho de Coimbra e da Figueira da Foz. Somos regionalistas. Não vamos em provocações. Não andamos em rebanho. Só um néscio poderia seguir esses propagandistas fendidos, os senhores Luís Filipe Vieira e José Veiga. Um dupla de sovados, bufaneando de grandes dirigentes aos indígenas alienados (que os há). Por isso, aqui estivemos em Coimbra a acompanhar a nossa Briosa, com o ouvido tenso no Naval. E fomos felizes. Viva!

A copiosa derrota do grande Benfica, tirando a frivolidade de ter uma equipa modesta e sem ardor "macho", não é insignificante. A vassourada feita no início da época aos jogadores campeões, acamou jogadores e associados. A gabarola direcção do Glorioso, sem serviço que se visse de utilidade e empenho, é palavrosa antes de ser profissional; a equipa técnica tem ritmo confuso e desesperançado, transpira uma angústia frequente; o balneário, sempre muito público e publicado, é bonito nas suas camisolas vermelhas, mas fora disso, a jogar, é um ajuntamento de meninas a tricotar, sabe-se lá o quê. O abuso de alguns desses jogadores trajarem a camisola encarnada, é um sacrilégio incompreensível. Um atentado à inteligência. Que só a mediocridade da dupla Vieira & Veiga, entendem. E alguns fundamentalistas do nosso querido glorioso.

Cabeças célebres e chapéus originais

" ... O chapéu dá personalidade. Um homem nu com o chapéu na cabeça, é alguém. O que seria de Napoleão se não tivesse usado chapéu? O que lhe deu celebridade? Foi o braço ao peito, a caixa de rapé, o caracolinho na testa? Ninharias! O que o tornou famoso foi o chapéu ..." [Arnaldo Leite, in O Tripeiro, nº1, Maio de 1950]

Figuras (esquerda para a direita): Anselmo de Morais, Brito e Cunha e Conde de Samodães

Anselmo Morais: "Grande chapéu, grandes barbas e grande jornalista. Chamavam-lhe «o Anselmo d'A Actualidade», por ser director e proprietário dum diário com aquele título. Homem de actividade e iniciativa, fundou a Imprensa Portuguesa ..." [Arnaldo Leite, ibidem]

Brito e Cunha: "Original chapéu, lembrando sueste de homem do mar. Figura simpática. Cônsul da Itália. Pai de Nuno Brito e Cunha, charmeur da eterna juventude e um dos poucos monóculos que ainda aparecem pelas ruas da Invicta" [idem, ibidem]

Conde de Samodães: "Chapéu de lustro, já sem lustro, num homem ilustre. Penante de seda todo arrepiado, como pelo de gato, quando lhe surge pela frente atrevido fraldiqueiro (...) Pingos de cera, pingos de rapé e rios de inteligência" [idem, ibidem]

Livros & Arrumações - Bibliografia de António Sérgio

A separata da revista Vértice, Coimbra, 1971, dos números 319-320, referente à Bibliografia de António Sérgio, de autoria de A. Campos Matos, é uma "recolha" importante, percorrendo as obras, traduções, selecções e notas de António Sérgio, bem como recolhe os seus escritos em Revistas e Jornais Literários [Águia, A Vida Portuguesa, Atlântida, Pela Grei, Revista de Educação Geral e Técnica, Seara Nova, Homens Livres, Lvsitania, Revue de Geneve, Pim Pam Pum, Claridade, Descobrimento, Sol Nascente, Revista de Portugal, O Diabo, Síntese, Revista do porto, Guia de Leitores, Vértice, Ver e Crer, Mundo Literário, Aqui e Além, Portucale, Camilana & Vária, Ler, Lusíada, Unicórnio Bicórnio Tricórnio Tetracórnio e Pentacórnio, Educação Social, REvue Bleu, La Revue Mundiale, Revista Portuguesa, Boletim da Sociedade Luso-Brasileira do Rio de Janeiro, Anhembi, Boletim Cooperativista, Ocidente, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Revista Americana, Jornal de Letras e Artes, Agros, Revista de Guimarães, Literatura e Arte, Vida Mundial, Arquivo Coimbrão]. A consultar.

sábado, 6 de maio de 2006

[Questão Financeira Resolvida ou Orgia Política]

"O sentimento e a voz publica ... mostram que o paiz se considera em circumstancias extremamente criticas... que a crise é principalmente interna, e que provem de duas causas, que são a desordem financeira, e a immoralidade política,... causas que nos ultimos annos tem actuado com tal violencia, que parece que estamos em completa orgia politica ...".

[in Questão Financeira Resolvida ..., de J. Barbosa Leão, 1868, via Boletim da Livraria Moreira da Costa]

Boletim Bibliográfico da Livraria Moreira da Costa

Acaba de sair o Boletim do mês de Maio da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30, Porto). Pode ser consultado on line.

Algumas referências: Cartas Físico-Mathematicas de Theodozio a Eugénio. Para servir de Complemento à Recreação Philosofica, por Teodoro de Almeida, 1784-1799, III vols / Figuras Literárias do Porto, de A. Magalhães Basto, 1947 / Instituições de Medicina Forense, de José Ferreira Borges, 1832 / Húmus, de Raul Brandão, 1917 / O Imposto e a Riqueza Pública em Portugal, por Bento Carqueja, 1898 / Obras de Augusto Carvalho (O Brasil. Colonização e Emigração, 1875 / Estudos sobre a Colonização e Emigração para o Brasil, 1874) / Delictos da Mocidade, de Camilo Castelo Branco, 1889 / Doutrinas da Igreja Sacrilegamente Offendidas, pelas Atrocidades da Moral Jesuitica, que foram expostas no Appendix do Compendio Histórico?[ref. Pombal e Companhia Jesus], 1772 / As Instituições de Metafysica. Accomodadas para uso dos principiantes, ..., por António Genuense, 1806 / Horácio (Arte Poética de Q. Horácio Flacco ... Em Portuguez por Candido Lusitano, 1778) / Pátria, de Guerra Junqueiro, 1896 / Analyse do Orçamento ou a Questão Financeira Resolvida ..., de José Barbosa Leão, 1868 / Tratado da Paz Interior em quarto partes, pelo ... Capuchinho da Provincia de Guienna (Ambrozio de Lombez) trad. Francez por [P. Theodoro de Almeida], 1783 / João Franco e o seu tempo, de Rocha Martins, s.d. / Compendio de Civilidade ..., de Joaquim Lopes Carreira de Mello, 1839, III vols / Miscelâneas Várias / Memorias do Bom Jesus do Monte em Braga, por Diogo Pereira Forjaz de Sampaio Pimentel, 1861 / Cozinheiro Moderno, ou a nova Arte de Cozinha, de Lucas Rigaud, 1826

quinta-feira, 4 de maio de 2006


Tom Zé - Hoje na Culturgest às 21,30 h

Noite boa & caprichosa, ligeiramente tingida de Tom Zé. Eis a promessa que se passa de ouvido em ouvido. Hoje, na Culturgest, vamos ouvir a voz e a doce confusão, em atmosfera tropical, do desempoeirado e deslumbrante Tom Zé. O génio deve ser bem colhido que as paixões inflamam. Tome nota.

Tom Zé - A FelicidadeCastpost

O Mecenas

"Espiava nas montras a figura que não tinha e continuava com a figura que fazia" [Alexandre O'Neill]

O periódico das graças de José Manuel Fernandes, alma falante do jornalismo indígena, que galvaniza os corações neoliberais e o peito persuasivo de donzelas com idades de casar, está com uma "má performance" financeira. É bom de ver que a ventura de José Manuel Fernandes é não ser pago por objectivos, como o ex-comunista Mário Lino exige à canalha do sector público. Pelo contrário, tem sido, por essa admirável sociedade de cavalheiros da Sonaecom, alimentado como um aristocrata, o que lhe permite dirigir as notícias do gentio pela fechadura neoliberal, que transporta com enlevo, independentemente dos proveitos financeiros do grupo.

A bondade de José Manuel Fernandes reside em exigir, com instinto paternal, para os outros aquilo que o bom senso demandaria para si. Na verdade, os magnates indígenas têm sempre uma servidão curiosa para com os intelectuais. Mesmo os analfabetos. Pelo que se sabe, nem um reparo lacrimoso do infatigável mecenas Belmiro de Azevedo se avista. Porque será assim é coisa que o velho Marx nunca nos disse. E a esmola continua. Em frente J.M.F.!

quarta-feira, 3 de maio de 2006


José Olympio [m. 3 Maio 1990]

" ... a livraria de José Olympio, no Rio de Janeiro, onde se encontravam escritores e artistas de opinião progressista. Carlos Drummond de Andrade chega a sugerir que a orientação socialista da literatura brasileira entre 1935 e 1937 deve ser compreendida como resultado dos bate-papos da rua do Ouvidor nº 110 (...)

Na década seguinte, a editora José Olympio contribuiu para que os anos 1940 fossem denominados 'a idade de ouro da tradução no Brasil'. O editor contratou escritores profissionais para traduzir, o que assegurava que todos os textos estariam bem escritos e que os trabalhos seriam feitos com cuidado e com preocupação, uma vez que tradutor devia pensar na própria reputação como escritor. José Olympio é tido por Hallewell como o principal editor brasileiro na década de 1930 e no início dos anos 1940" [ler aqui]

"José Olympio Pereira Filho nasceu em Batatais, interior de São Paulo, em 1902. Aos 16 anos, chegou à capital levado pelo sonho de ser promotor. Com a ajuda do padrinho, o governador Altino Arantes, conseguiu trabalho na Casa Garraux. Este emprego mudaria completamente a sua vida e o mercado editorial brasileiro. Designado para a seção de livros, conheceu toda a intelectualidade da época - Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, entre outros - e acabou se apaixonando pela atividade. Em 1931, comprou o acervo do escritor e jurista Alfredo Pujol e fundou a Livraria José Olympio Editora, que viria a transformar-se em ponto de encontro de políticos e intelectuais" [ler aqui]

Locais: Paixão pelos livros, um sentimento em comum / História do Livro no Brasil / Correspondência de Raquel de Queiroz com José Olympio


Entre a tesura de boca de Hugo Chávez e o raminho liberal afectado de Lula da Silva, não fica recostado o índio Evo Morales. O presidente da Bolívia diz-nos que soou a hora de cumprir a sua promessa eleitoral. Daí que, em caminhada apressada, vai de decretar a nacionalização dos hidrocarbonetos e o que mais adiante se verá. Estratégia para consolidar o poder ou um qualquer genuíno sentimento pátrio, de um radicalismo indígena há muito extinto, ainda ninguém o pode saber. Porém, desde a primeira hora, que tudo estava documentado.

É verdade que somos piedosamente poupados aos cantos & juras solenes dos devotos da política. É verdade que o que se diz hoje em qualquer paróquia militante, amanhã é puro equívoco. É, absolutamente, verdade. E aí está o eng. Sócrates & os seus antecessores, para provar essas minúcias da política. E daí, evidentemente, que os garganeiros lusos, com a candura viçosa com que nos brindam cada dia, mostrem alguma perplexidade buliçosa. Não estão habituados a tais afoitezas. Compreende-se.

Mas nada disto, porém, vaticina o que quer que seja de proveitoso, sensato ou inovador. Não bastava a guerrilha económica surda entre a Rússia e a União Europeia, o espectáculo degradante do Iraque ou a putativa frente de guerra no Irão, que a lista é infindável, para, além dos efeitos que a medida de Evo Morales provoca na especulação bolsista, surgir agora, noutro lado e noutros paragens, novas ameaças regionais tendo como pano de fundo o petróleo. Sempre a mesma narrativa. Sempre a mesma irracionalidade. Até quando?

Locais: A Petrobras e a Bolívia [Folha S. Paulo] / Bolívia não negociou porque 'não tinha que fazer isso' [Estado S. Paulo] / É o 1º ato de esquerda desde a queda do Muro de Berlim [Folha S. Paulo] / El Gobierno español expresa su preocupación e insta al diálogo [El Pais] / Las petroleras a favor y en contra de analizar con Bolivia los efectos de la nacionalización [Los Tiempos] / Lula, Morales, Chávez e Kirchner se reúnem 5ª em Foz do Iguaçu [Estado S. Paulo] / Presidente da Petrobras diz que ato pode levar a "situação dramática" [Folha S. Paulo] / Texto completo del decreto de nacionalización [La Nacion] / Un golpe de efecto para consolidar poder [La Nacion]

quinta-feira, 27 de abril de 2006


Alexander Scriabin [1872 - m. 27 Abril 1915]

«A descoberta, em 1905, da teosofia, uma doutrina espiritualista fundada por Helena Blavatsky (1831-1891), também conhecida por Madame Blavatsky, marcá-lo-ia muito, e influenciaria as suas composições. Começa a sua 'ascensão em direcção ao sol', e o trabalho naquela que ambicionava que viesse a ser a sua obra máxima, Mysterium, uma 'grandiosa síntese de todas as artes', uma 'concepção multimedia apocalíptica', que deveria ser tocada nos Himalaias» [in Desnorte]

Para ouvir: The Music of Alexander Scriabin

Locais: Alexander Nikolayevich Scriabin / The Music of Alexander Scriabin / Alexander Scriabin / Scriabin Society / Alexander N. Scriabin / Theosophical Music / Helena Blavatsky

"Bem-aventurado o homem privado"

[Sebo Baratos da Ribeiro - Copacabana, Rio de Janeiro]

«Dizemos como Benjamin [Walter ..., Desempacontando a minha biblioteca; um discurso sobre o coleccionador", in Rua da Mão Única, São Paulo, 1987] 'a existência do coleccionador é uma tensão dialéctica entre os pólos da ordem e da desordem. Naturalmente, sua existência está sujeita a muitas outras coisas: a uma relação muito misteriosa com a propriedade (...), a uma relação com as coisas que não põe em destaque o seu valor funcional ou utilitário, a sua serventia, mas que as estuda e as ama como o palco, como o cenário do seu destino'. E assim continuamos: 'Renovar o mundo velho - eis o impulso mais enraizado no coleccionador ao adquirir algo novo'. 'Bem-aventurado o coleccionador!' Bem-aventurado o homem privado»

[Aníbal de Bragança et al, in O Consumidor de Livros se segunda mão. Perfil do cliente de sebos]

Gramsci [1891 - m. 27 Abril 1937]

"... in this imbalance between theory and practice there was an inherent danger" [Antonio Gramsci]

"... Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que 'viver significa tomar partido'. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade (...) Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes (...)

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram (...) Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a actividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento" [aqui]

Locais: International Gramsci Society / Selections from the Prison Notebooks / On Education / Praxis and the Danger: The Insurgent Ontology of Antonio Gramsci [Bruno Gulli] / O Futurismo Italiano (carta a Trotski)

segunda-feira, 24 de abril de 2006


Vc. pediu um 25 de Abril!?

"Que maneira a nossa
de usar as coisas!

Fica-nos sempre a maçaneta
na mão! ..."

[Alexandre O'Neill]

PREC - "Põe, Rapa, Empurra, Cai", nº zero

"A liberdade é como uma 'corrente de ar', dizia André Breton, e, para cumprir o seu papel, essa corrente de ar deve começar por varrer todos os miasmas do passado ..." [B. Péret, in PREC, 2005]

Saiu o número zero do "jornal para ler e não para olhar", com a bênção do colectivo do P[õe] R[apa] E[mpurra] C[ai] e textos de Vítor Silva Tavares, João Bernardo, Jorge Silva Melo, Miguel Serras Pereira, João Mesquita, Sanguenail, Eduarda Dionísio, Benjamin Péret, entre muitos. Datado de Novembro de 2005, o PREC depois de ter debutado nas Caldas da Rainha (e bem), Lisboa e Porto, apresenta-se em papel suave, como deve. Como Saint Just, "cada um combate por aquilo que ama: eis aquilo a que se chama falar de boa fé". Para continuar, dizem. Assim se espera.

À venda na livraria Artes & Letras.

Bibliomanias: actualização - Sebos do Rio de Janeiro

"No Rio de Janeiro, destacavam-se a Livraria Kosmos e a Livraria São José, de Carlos Ribeiro, onde a gente permanentemente tinha bons encontros intelectuais e se defrontava com fortes tentações. Como a melhor forma de se livrar de uma tentação é ceder, não é difícil imaginar quantos livros vieram de lá aqui para casa.
Havia livrarias menores, mas de bons livreiros, como a de Tancredo de Barros Paiva, autor do Dicionário de Pseudonymos [1929], até hoje uma referência obrigatória e do qual tenho um exemplar autografado, e a Livraria Santana, na rua do Carmo, onde comprei uma colecção completa da revista O Novo Mundo, publicada em Nova York, na década de 1870, por José Carlos Rodrigues. Havia outros sebos que publicavam, aos domingos, anúncios de página inteira no Jornal do Comércio, que me punham a postos ao telefone logo cedo na segunda-feira ... Muitas vezes o esforço valeu a pena.

Um livreiro importante da rua São José, na primeira metade do século XX, foi J. Leite, conhecedor de bibliofilia como nenhum outro do Rio, que tinha a livraria creio na rua São José nos anos 60 e aos poucos cessou a sua actividade. As livraras da rua São José, aliás, não resistiram à especulação imobiliária. Todas funcionavam em prédios antigos, que forma vendidos a Walter Cunha, também livreiro mas que fez fortuna com os imóveis, não com os livros, embora fosse um livreiro de porte. Ele mantém uma livraria na rua da Assembléia e, segundo a lenda, tem na Tijuca um depósito com cerca de um milhão de livros" [José Mindlin, in Memórias Esparsas de uma Biblioteca, Escritório do Livro, 2004]

Fotos: Cláudio Coimbra e Ernani Duarte que pertencem à Livraria "Mar de Histórias", situada em plena Copacabana. A última é de José Alberto Tomaz Vieira, da Biblio & Arte, especializada em livros e fotos de Portugal.

sábado, 22 de abril de 2006


Parabéns sr. Jorge Nuno Pinto da Costa

O F.c.P. é o novíssimo campeão nacional de futebol. Estes tempos viciosos são, de facto, calamitosos. O edifico inteligente do futebol indígena pariu um extraordinário campeon e com todo o merecidamente, diga-se!

O F.c.P. é bem ministrado de jogadores: contámos para aí 2 ou 3 de reputada validade futebolística. Entre eles o melhor guarda-redes do Mundo e, cientificamente provado, da cidade do Porto: o jovem Vítor Baía. Curvemo-nos ... mas à cautela. Depois está composto dos mais genuínos e distintos árbitros da paróquia lusa. Parabéns sr. António Garrido. Longa vida! Com assombro piedoso, tem o campeon luso, um enternecido treinador que, caindo no regaço dos associados da Ribeira d'Invicta, confessa ... ter estimado os mimos & outras futilidades tripeiras com que foi, confessamente, agraciado. Assim não há equipas multidisciplinares que resistam. Impressionante, este Adriaanse.

Literariamente (futebolisticamente falando) tem o F.c.P. um rol de devotos intelectuais, dos mais invulgares intelectos nativos, que deslumbram e maravilham nos exemplos de hooliganismo que exalam. Manuel Serrão impressiona. Francisco José Viegas faz inveja. Maria José Rita alenta. Pinto da Costa, esse grande campeon da poesis, está, por seu lado, em toda a parte. E ofusca o poetismo do futebol nacional. Hoje, decerto, nos balneários, leu uma ode elegíaca à Maria Elisa e releu aos incréus a parábola costumeira do apito dourado. Está de parabéns. E nós por ele. Deo Gracias.

O Valor do Livro Antigo em Portugal

Prestes a sair do prelo, direccionada para os amantes dos livros (e com cabedal para isso), está a extraordinária obra, "O Valor do Livro Antigo em Portugal", de autoria de João Figueiredo Pereira e de José Ferreira Vicente.

Nesta publicação, em edição bilingue, curiosa e muito importante, pretende-se apresentar a "valorização do livro antigo de autores portugueses e estrangeiros com publicações de interesse para Portugal. Contém também a mais completa bibliografia dos mesmos autores, alguma vez publicada".

A obra, absolutamente notável, "será publicado em vários volumes, cada um dos quais abordará primeiramente um século". O primeiro volume "trata dos livros e manuscritos de autores nascidos até ao século XVI. Sendo bilingue (português e inglês), destina-se a ser distribuído por todo o mundo". Obra importante para os bibliófilos e especialistas do livro antigo. Consultar on line.