segunda-feira, 24 de abril de 2006


Bibliomanias: actualização - Sebos do Rio de Janeiro

"No Rio de Janeiro, destacavam-se a Livraria Kosmos e a Livraria São José, de Carlos Ribeiro, onde a gente permanentemente tinha bons encontros intelectuais e se defrontava com fortes tentações. Como a melhor forma de se livrar de uma tentação é ceder, não é difícil imaginar quantos livros vieram de lá aqui para casa.
Havia livrarias menores, mas de bons livreiros, como a de Tancredo de Barros Paiva, autor do Dicionário de Pseudonymos [1929], até hoje uma referência obrigatória e do qual tenho um exemplar autografado, e a Livraria Santana, na rua do Carmo, onde comprei uma colecção completa da revista O Novo Mundo, publicada em Nova York, na década de 1870, por José Carlos Rodrigues. Havia outros sebos que publicavam, aos domingos, anúncios de página inteira no Jornal do Comércio, que me punham a postos ao telefone logo cedo na segunda-feira ... Muitas vezes o esforço valeu a pena.

Um livreiro importante da rua São José, na primeira metade do século XX, foi J. Leite, conhecedor de bibliofilia como nenhum outro do Rio, que tinha a livraria creio na rua São José nos anos 60 e aos poucos cessou a sua actividade. As livraras da rua São José, aliás, não resistiram à especulação imobiliária. Todas funcionavam em prédios antigos, que forma vendidos a Walter Cunha, também livreiro mas que fez fortuna com os imóveis, não com os livros, embora fosse um livreiro de porte. Ele mantém uma livraria na rua da Assembléia e, segundo a lenda, tem na Tijuca um depósito com cerca de um milhão de livros" [José Mindlin, in Memórias Esparsas de uma Biblioteca, Escritório do Livro, 2004]

Fotos: Cláudio Coimbra e Ernani Duarte que pertencem à Livraria "Mar de Histórias", situada em plena Copacabana. A última é de José Alberto Tomaz Vieira, da Biblio & Arte, especializada em livros e fotos de Portugal.