domingo, 17 de outubro de 2010

ONTEM … ESTIVEMOS ASSIM!


A pen do sr. Teixeira dos Santos – e não é a que dizem por ai (cruzes canhoto) – não passa de um prodígio de mérito contabilístico. A verdade é que a improvisação feita é mesmo uma obra de arte. Fala de si para si (nota musical, off course). Aliás o sábio merceeiro declara que o O.E. "não compromete" o "nível adequado de protecção social". Adequado, notem bem! O sereníssimo ministro, além de reafirmar que "não viola a lei" (não dizendo a qual se refere), assume que não vai haver recessão no próximo ano socrático. O milagre das rosas virá via exportações. E como passe de mágica, o anedótico ministro, vai aparecendo em tudo o que é meios de comunicação, fazendo a apologética para uso do vulgo. O jornal Público já marcou consulta. Os outros estão na fila para divulgar o assumido catecismo do inflado ministro: liberalismo para os ricos, neoliberalismo para o povo. O dumping social - danken Frau Merkel, gracias sr. Durão Barroso, tásse bem dr. Cavaco – está popular. Proibido voltar atrás. O dr. Cantigas, fiscal do ISEG, já o disse. Podemos ir para a cama descansados.

Hoje estivemos ... assim. Inofensivos, voluptuosos na sedução literária, inteligentes nos números, infiltrados de espírito liberal. O constitucionalismo societário não passará! O sr. Henrique Medina Carreira já fez as contas da nossa felicidade. Está tudo legitimado. Os indígenas agadecem!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

REPOSITÓRIO DE CURIOSIDADES


- "Democracy is two wolves and a sheep voting what's for dinner. Freedom is a well-armed lamb contesting the vote." [Ben Franklin]

- Alexandre Quintanilha (Filho) confessou ao SOL [24/12/2010] uma indescritível alegria pela política de educação e saúde do sr. Sócrates. Em especial, tece laudatórios agradecimentos à sociologia da educação da Maria Lurdes Rodrigues, essa mártir do ensino. Alexandre Quintanilha (Filho), em prece íntima, mas musculada, replica (portanto) que "não tem qualquer dúvida em votar em Sócrates". Alexandre Quintanilha (Filho), que desconhece o que é o actual ensino e o que lá se faz, é de uma frivolidade espalhafatosa. Tantos anos em S. Francisco, como antes em Joanesburgo (do apartheid), não explicam este milagre de indulgência. Nem qualquer rebeldia!

- "Banqueiros já deixaram Terreiro do Paço", eis a homilia (de muita unção) do jornal Público. Avante trabalhadores! É a Hora! diria Fernando Pessoa. Calma! anuncia o recreativo sr. João Proença, no salão de festas da UGT. Muita calma!

- Manuel Sebastião, o amanuense sr. da Autoridade da Concorrência (AdC), após porfiada & graciosa investigação da (curiosa) convergência de preços nas gasolineiras, ratinhou esta sábia cogitação: "Copiar os preços não constitui qualquer ilícito". Logo vimos que a coisa não ia com palavrões.

- Consta que o dr. Almeida Santos abriu o seu coração de democrata e em rasgado entusiasmo gritou em pleno Largo do Rato: "o governo tem que sofrer as crises como o povo as sofre". Comovido pela declamação, sr. Francisco Assis teve uma apoplexia. Narciso Miranda, como de costume, amuou!

- O sr. general Eanes – representante indígena da velha caserna -, depois de em obra apreciável compor a sua última alegoria, "Sociedade civil e poder político em Portugal" - em preito de homenagem à literatura pátria -, manifestou há dias na RTP1 (na casa da sra. Fátima Campos Ferreira) a razão do seu apurado estudo sobre a cultura política e cívica paroquial. O general Eanes, em "realizante cidadania" e elevada teorização, considerou que a dita "sociedade civil" [entidade conceptual que é uma alfândega de sabedoria] não soube socorrer energicamente os infames ataques feitos à politica de saúde do sr. Correia de Campos e à douta doutrina educacional da "mãe de água" Lurdes Rodrigues. O sr general não viu a dita sociedade civil defender esses dois meninos de coro da governação. O sr. Eanes anda muito vigoroso conceptualmente. E ressuscitado. Cautela!

- Graciosamente, informamos os nossos leitores que não será ainda amanhã que o sr. Miguel Sousa Tavares desovará na sua coluna do Expresso as suas amáveis reprimendas aos professores, médicos, magistrados, funcionários públicos e outras classes ociosas. O sr. Sousa Tavares embocetou-se. Mas o cardápio segue dentro de dias, num folheto do Expresso, perto de si. Não perdem pela demora!

Boa janta!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A IGNÓBIL PORCARIA


"Don't cry for me, sr. Sócrates”"

Depois de rápida e fugitiva converseta sobre o futebol paroquial, o indígena (o bom) faz agora a sua extraordinária aposta sobre a magna questão, a saber: deixa ou não, o farcista sr. Passos Coelho, passar o Orçamento de Estado do inútil sr. Sócrates & amigos? A confissão do indígena (o bom), mestre em contemplações transformistas, é de engolida camaradagem e prenhe de sublime consciência patriótica. Como sempre!

Os do horto do PSD – sempre com esses estéreis jovens laranjinhas no vestíbulo – garganteiam as verdades reveladas pelo sumido (quanto discreto) eng. Ângelo Correia, maître à penser do colégio liberal. O infalabilismo do desolado Miguel Relvas – consultor estrugido para os media – marca o compasso da claque. Essa geração, a limpar a testada aos veneráveis incompetentes d'antanho e depois de ter andado com o sr. Sócrates & amigos ao colo, aposta no Não ao orçamento. Os fervorosos liberais do sr. Coelho querem (agora!) a vassourada. Outros não vão nessa fancaria. A sra. Ferreira Leite – da outrora saudosa Mercearia Leite, Corte & Deficit – já viu a tragédia disto tudo. O dr. Pacheco Pereira, confirma!

O indígena (o bom), depois do violento choque que herdou desse cantador de feira e incompetente Teixeira dos Santos, entende ser, agora, a situação escabrosa e a prelecção dos notáveis inacreditável. Mais, perante a outrora devoção do dr. Cavaco ao grémio do sr. Sócrates & amigos - com apoio resplandecente dos talentosos economistas pátrios – o gentio não vibra, em demasia, pela audácia da sua pirueta. Afinal o inútil sr. Sócrates há muito que devia ter sido despedido, por justa causa. Agora – dizem – nem o sr. Mourinho nos salva, seja lá do que for.

Os do horto do Largo do Rato pintaram em 15 anos, de absoluto miserabilismo económico e de alardeada ditadura intelectual (o sr. Santos Silva, ainda existe e escreve – pasme-se!), a chalaça do "oásis", uma paróquia imitada do cavaquismo, esse deslumbrante salto histórico e civilizacional. Asseguram aos contribuintes os da seita dos economistas. Manifestaram em jornais, Tv’s e blogs, em estilo de corte, os bardos que vivem à conta do Estado e de quem trabalha. Tais alucinados, com o sr. Teixeira dos Santos em vertiginosa incompetência económica à cabeça, numa criação muito clássica e redentora, massacram os paroquianos com a chalaça da crise mundial, coisa nunca vista, misteriosa e de maus costumes.

Venceram-nos pela fadiga. Nunca a prisão ou uns bons açoites nos vai limpar a alma. É tarde! A ignóbil porcaria será sempre esse negócio escuro, essa agonia de nunca sermos civilizados, fraternos, livres. O obscurantismo será sempre a nossa tragédia. Nós aqui perdidos a Ocidente da Europa.

O MINISTRO IDEAL



"O ministro sustentava-se no poder perfeitamente, como em lago dormente o barco bem lastrado, e se appareciam alguns signaes de tempestade, diziam as más línguas que ["O Ministro Ideal"] alijava alguns cabedaes, e o perigo sempre se conjurava. Vários jornaes que tinham começado a fazer-lhe guerra, haviam-se calado como por encanto ..."

in, "Ministro Ideal", de Arthur Lobo d’Avila, Parceria A. M. Pereira, Lisboa, 1907.

Boa Tarde!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

BIBLIOTECA DE JOÃO PAULO DE ABREU E LIMA - LEILÃO HOJE


Leilão da Biblioteca de João Paulo Abreu e Lima e outras proveniências
LOCAL: Palácio da Independência (Largo de S. Domingos, 11 – ao Rossio, Lisboa)
ORGANIZAÇÃO: Artes e Letras Leilões [José F. Vicente / Luís Gomes]

DIA 11 OUTUBRO: 1.ª sessão lotes 1 a 465 – 21horas
DIA 12 OUTUBRO: 2.ª sessão lotes 466 a 930 – 21horas
DIA 13 OUTUBRO: 3.ª sessão lotes 931 a 1391 – 21horas

A novíssima "Leiloeira Artes e Letras" abre à venda neste seu primeiro leilão a "Biblioteca de João Paulo Abreu e Lima e outras proveniências", um excepcional acervo de livros a leiloar sobre Heráldica, Genealogia, Olisipografia, Literatura, História e Gravuras.

Sob organização de dois dos mais estimados livreiros-antiquários, José Vicente (da Olisipo) e Luís Gomes (da Artes & Letras), de grande cultura e competência, as três sessões a realizar terão decerto êxito entre os amantes das letras e demais bibliófilos.

Ver CATÁLOGO ONLINE AQUI

terça-feira, 5 de outubro de 2010

QUE VIVA A REPÚBLICA!



"... Governar é fazer, dia a dia, a equação dos costumes. É traduzir em leis a dinâmica viva das almas e dos interesses. As questões económicas ou religiosas têm dentro da filosofia uma solução ideal, e dentro da política e do governo uma solução concreta e transitória. Não se inventam nações, imaginando códigos. Os códigos estão para as nações como os vestidos para os corpos. Quando a estatura cresce amplia-se o vestido, alarga-se o direito. A Pátria Portuguesa não cabe dentro da monarquia, por culpa da monarquia. Aspira à justiça e dão-lhe burlas, aspira à ciência e dão-lhe trevas, aspira à honestidade e dão-lhe roubos, aspira ao bem-estar e dão-lhe fome, aspira à extinta luz, à extinta glória, e dão-lhe infâmias e sarcasmos, inquisições e tiranias.

Hoje só pode salvar-se por si própria, por um acto de grandeza moral e de heroísmo colectivo. Sem força física, vive-se ainda. Mas, quando se morre mortalmente, acaba-se de vez.

Salvemo-nos por uma República, mas uma República Nacional fundada na ordem e no direito, no trabalho e no amor, na liberdade e na harmonia. Que viva a República, para que viva a Pátria de nós todos!
"

Guerra Junqueiro, Mensagem de G. Junqueiro ao Congresso do Partido Republicano, em 25 de Abril de 1908 [in, Vida Mundial, nº1634, 2/10/1970]

VIVA A REPÚBLICA!
Saúde e Fraternidade

via ALMANAQUE REPUBLICANO

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

FADOS DA REPÚBLICA



ESPECTÁCULO APRESENTAÇÃO - FADOS DA REPÚBLICA
DIA: 29 de Setembro (18,30 horas)
LOCAL: Fundação Mário Soares - integrada na Exposição "Enfim a República!"


FADOS DA REPÚBLICA - NEVOEIRO


FADOS DA REPÚBLICA - VIVE POBRE, O POBRE OP'RÁRIO

"O Fado é a canção de um povo, de uma alma, de uma história... Ao longo de todas as tristezas e alegrias de um país, de uma vida, o Fado cantou saudades, evocou desejos, criticou pensamentos e embelezou Portugal com uma cultura única.

Este espectáculo procura recriar Fados e poemas situados na queda da Monarquia fazendo um enquadramento histórico e cultural. Traz-se assim aos nossos dias a voz dos poetas que marcaram uma época acompanhados com uma linguagem musical portuguesa, orgânica, mas moderna mostrando assim os caminhos que a República abriu quer a nível de mentalidades, de vivências e de paixões
" [ler AQUI]

"Fados da República é um projecto de fados contemporâneos, mas com recolha de textos da altura de implantação da República (1910, com textos de Fernando Pessoa, Luz da Matta, Adelino de Sousa, António Miguel Couto Viana, letristas populares anónimos).
O projecto pressupõe a edição de um disco com 12 músicas seguido de digressão nacional com espectáculos (...)
" [ler MAIS AQUI]

via ALMANAQUE REPUBLICANO

domingo, 26 de setembro de 2010

ANTÓNIO TELMO 1927-2010


"O ocultismo (hoje, prefere-se dizer ‘esoterismo’) não é evidentemente aquilo que nos livros se expõe de ocultismo" [A. Telmo, in Gramática Secreta da Língua Portuguesa]

Na manhã do passado dia 21 de Agosto de 2010 morreu [ou de novo recomeçou, porque "a morte não mata" – cf. Roso de Luna] António Telmo [n. 2 de Maio de 1927], cidadão humilíssimo, professor e investigador iluminante, um subversivo deste "reino da quantidade" [Guénon] a cair de tédio e um "cavaleiro do amor" [Sampaio Bruno] indiscutível do destino e espiritualidade de Portugal. Até sempre!

BIBLIOGRAFIA: Arte Poética, Lisboa, Guimarães, 1963 / História Secreta de Portugal, Lisboa, Vega, 1977 / Gramática secreta da língua portuguesa, Lisboa, Guimarães, 1981 / Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões, Lisboa, Guimarães, 1982 / Filosofia e Kabbalah, Lisboa, Guimarães, 1989 / O Bateleur, Lisboa, Átrio, 1992 / Horóscopo de Portugal, Lisboa, Guimarães, 1997 / Contos, Lisboa, Aríon, 1999 / O Mistério de Portugal na História e n'Os Lusíadas, Lisboa, Ésquilo, 2004 / Viagem a Granada, Lisboa, Fundação Lusíada, 2005 / Contos Secretos, Chaves, Tartaruga, 2007 / A Hora de Anjos Haver [poemas], Porto, 2007 / [co-autor] A Verdade do Amor, seguido de Adoração: Cânticos de amor, de Leonardo Coimbra, Lisboa, Zéfiro, 2008 / Congeminações de um neopitagórico, Lisboa, Zéfiro, 2009 / A Aventura Maçónica, Lisboa, Zéfiro, 2010 / Luís de Camões, Estremoz, Al-Barzakh, 2010 / O Portugal de António Telmo, Lisboa, Guimarães, 2010.

LOCAIS: Entrevista com António Telmo [por Américo Rodrigues, para a revista Praça Velha] / À Conversa com António Telmo [Lusophia] / Adeus António Telmo! [Évora Oculta] / As Duas Colunas [António Telmo] / António Telmo ... homenagem na Biblioteca Nacional [Jornal de Notícias] / Filosofia e Kabbalah [Recensão crítica ao livro de A. Telmo, por António Cândido Franco]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LIBRARIAN



"Quando era novo", disse o tio Guilherme ao filho,
"Receava que isso fizesse mal ao miolo.
Mas agora, que estou bem seguro que não tenho nenhum,
Faço o pino vezes sem conta, sabes?"


[Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll]

terça-feira, 21 de setembro de 2010

DE REGRESSO – NADA A DECLARAR!


"Não tive tempo de ser mais breve" [Pe. António Vieira, in História do Futuro]

Por não chegarmos a tempo (mérito nosso) desta apostada monomania indígena do diseur elogiativo e ululante do disparate nacional, com que se tornou esta paróquia do sr. Silva, Sócrates & Coelho, Lda, generosamente posta em lume raso pela brigada do costume, pedimos a V. bem-aventurança e candura. Compreendam: "em presença da mulher amada é aconselhável colher nuvens" [Cadavre exquis – como é evidente].

Nada, pois, a declarar! E já não é o nada que nos madura a vidinha (nós para aqui a pensar no futuro), mas tão só a contemplação da ruína a que tudo isto chegou. Mesmo que fatalmente esperada, o espectáculo insolente das carpideiras do regime – como essas endechas postas a correr por inúteis ex-governantes nas Tv's, entre os quais pontifica o pasmoso Silva Lopes – torna tudo de uma soberba inqualificável e sem remédio.

Assistir ao que se vai dizendo da fazenda pública, como se a crise gravíssima com que se deparam as democracias ocidentais não permanecesse ou a subsistir se resolvesse – sempre com a cegueira habitual do correr para a frente que em todos habita por inércia e falta de coragem política -, com o fim do bem-estar económico e social de mais de 60 anos e o correspondente retrocesso e derrocada civilizacional de um século (como todos esse exaltados e intratáveis figurões prescrevem), torna tudo inútil e irretorquível.

Que o roufenho António Costa (do D.E.) discorra sobre a charneca económica, depois de há 5 anos tecer hossanas à governação do sr. Sócrates está conforme o esperado para o pessoal doméstico; que a rincharia do citado Silva Lopes exista e persista, ou que o respigado prof. Cantiga, num turbilhão de emendas, veja a paróquia isolada do mundo e da alma económica global, é absolutamente normal ou não tivessem ambos óculos universitários; que o estremecido rapaz Nogueira Leite, agora iniciado na choça de Passos Coelho, entenda a paisagem económica como a imaginou esse lustre da lusitanidade, de nome Paulo Teixeira Pinto, não é estranho nem perturba a reedição do index liberal – as nulidades atraem-se; que os sobreditos & todos os outros paineleiros e colunistas observem a vulgata do dumping social, em que Portugal, a Europa, as Américas e o mundo livre se devam transformar numa magnificente China, com remunerações de 0,70 euros/hora e o fim do Estado Social que se seguirá, não deixa de ser uma intimidade curiosa, ou não viesse a comovida receita de sujeitos pouco habituados a trabalhar e que sempre viveram à conta dos cidadãos e dos seus impostos.

Como diria Aristóteles: consuetudo est altera natura.

Por isso, não temos nada a declarar! Vossas Excelências não têm nada a declarar?

sábado, 14 de agosto de 2010

NÃO … NUNCA … JAMÉ!


"Na luminosa tarde de Verão mergulhados,/Vagarosamente deslizamos..." [L. Carroll]

O rigor de veraneio entusiasmou-nos. Olhem só, acima, como estamos quebrantados. Caprichosos! Há, nessa frescura de espírito, uma tranquilidade que nos salva do idiotismo da paróquia e do mestre régio pátrio. Longe da graciosa silly season, que o rebanho dos colunistas esforçadamente costura na preia-mar indígena, agradecidos estamos no nosso fogoso amparo. Eis o que é veranear!

Não nos atrevemos, portanto, a ressuscitar o presente vaudeville governamental. O Freeport do sr. Procurador e do seu Vice é uma lista de inspiração curiosa, um testemunho de tal agrado & protecção do dr. Cavaco, que não ousamos adornar a didáctica jurídica com histórias tormentosas. O espectáculo pode continuar! Ou então deixemos isso para o talentoso adiantado mental Henrique Monteiro (via Expresso há 1 semana) ou para o paradoxal Sousa Tavares, o castrado escolar. Ambos fazem as delícias das lavadeiras já sem esperança de casar. Não é preciso riachos de tinta ou composições de cidadania. Já não há milagres, nem lamúrias que nos salvem desses senhores. A lista de mazelas não tem fim.

Nunca contribuiremos, portanto, para o estilo sentencioso do "bota-abaixo" (genuflexão sr. Vieira da Silva), nem sequer para a tirania dos números (esses traidores) com que nos presenteia a economia indígena do sr. Sócrates & amigos. Temos os Bessas (um deles ou todos por atacado) para nos elucidar e o dr. Metelo para nos iluminar. Para declinar o bom gosto e a honestidade intelectual desses cómicos da economia & finanças, não contem connosco. Consintam, apenas, que evoquemos (neste "cenário de guerra" à la Rui Pereira) esse ser extraordinário, esse boticário de aldeia, essa gravura imortal que é o sr. António Serrano, agricultor. Bem-haja pelas suas maquinações sobre a "lavoura" e a sua melodia sobre os fogos. Apenas não se compreende como a (bela) f. Câncio, jornalista de faca e alguidar, nas suas costumeiras dicções prosaicas ao génio do sr. Sócrates, não guarda na alma e na harmonia do verbo uma qualquer escrita épica ou poema heróico, ou uma simples ode, a esse fantástico mártir da governação. O cavalheiro merece o fragor de uns linguados. Podem crer!

Jamé mencionaremos, portanto, a distinção (ou um suspiro sequer) feito ao distintíssimo doutor-mestre-conferencista Manuel Pinho, o egrégio portuga que irá marinhar nas terras de tio Obama. Gloria in excelsis, sr. António Mexia. Depois da converseta sobre o fim das reprovações no ensino (gentileza da dra. Alçada) o caminho seguinte seria por o mestre-escola a pagar para leccionar qualquer coisinha. O que se verifica. Gracias, EDP!

E, assim, o nosso exquisito veraneio (veja-se a foto acima) terá sempre a leveza de um ganhão de campina (estamos aqui, mestre Jakim), convenientemente monologado no respeito de “braço às armas feito” [Camões, com a nossa estima] & segundo a tradição da velha (nova) União Nacional, que o “respeitinho é muito bonito” (não é?). Para já (re)começamos a ler esse livro de culto do dr. Vital e do dr. Canotilho, “a Constituição instruída do dr. Cavaco Silva”. Estamos sábios, contentes! E veraneantes!

Um beijo & um abraço (conforme o repertório).

terça-feira, 20 de julho de 2010

ALMA MATER DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - NOVAS OBRAS DIGITALIZADAS



"Encontram-se disponíveis na página da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra um conjunto assinalável de documentos, iconografia, cartografia, livros, jornais, epistolografia, música manuscrita e impressa e manuscritos que ficaram agora em livre acesso ao grande público.

A Alma Mater, da Universidade de Coimbra, permite agora aceder também a um conjunto de documentos depositados na Biblioteca Geral (cerca de quatro mil documentos, publicados na sua maioria antes de 1940, aos quais correspondem perto de 500 mil imagens) a que somente alguns investigadores tinham acesso, mas que agora digitalizados ficam ao alcance de um clique.

Um dos conjuntos disponibilizados é a República Digital, onde é possível encontrar diversos jornais e publicações muito úteis para a História do Movimento Republicano, seja em Coimbra e no respectivo distrito. Ficaram disponíveis 41 jornais e revistas, donde se destacam o Almanach da República. Distrito de Coimbra, de 1913; Azagaia (1891-1892); o Clarim das Ruas (1897); A Corja (1915); O Dever (1908); A Evolução (1876-1877); A Evolução (1881-1882); O Grito do Povo (1910); Pátria (1906); Portugal (1896); República Portuguesa (1873); O Raio (1894); Resistência (1916-1918); O Trabalho (1870); O Ultimatum (1890); Voz do Porvir (1897).

Por outro lado, do espólio de Belisário Pimenta foram digitalizadas um conjunto de 67 negativos de fotografias que mostram a época e a região.

Ficaram também acessíveis 60 livros dos meados do século XIX a meados do século XX. Entre as obras digitalizadas destacamos: as Teses de Filosofia Natural (1876) e a Teoria Matemática das Interferências (1876), de Bernardino Machado; um caderno manuscrito de Belisário Pimenta sobre a Maçonaria; A Universidade de Coimbra (1908), de Bernardino Machado; A Questão Académica de 1907: Memórias ao correr da pena (1908-1911), de Belisário Pimenta.

Uma iniciativa que não podemos deixar de elogiar e de divulgar junto de todos aqueles que nos acompanham no interesse pela História e Cultura do nosso País"

Saúde e Fraternidade
A.A.B.M.

via ALMANAQUE REPUBLICANO

segunda-feira, 19 de julho de 2010

LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE I


A pesquisa iconográfica à volta da putativa representação primeva do ancestral perdigueiro português ("the old portuguese pointer"), carta patente para o construído teórico final sobre o "perdigueiro português" que distintíssimos autores portugueses clássicos do cão de parar requereram em entusiasmo patriótico, é uma bondade - sempre adornada de curiosas omissões das fontes documentais e lacunas de inventariação - quase sempre inanimada entre manipulações admiráveis, fantasiosa opinião e fábulas nada inocentes.

Sendo incontestável a competência dos nossos investigadores credenciados do cão de parar, está longe, porém, de se ter resolvido a génese da sua problemática, porque esta é (a nosso ver) fundamentalmente uma questão de metodologia: sobre o processo de caça, da função e ensino do cão, da genética à investigação da iconografia dos antecessores do Perdigueiro Português, pois certamente que sim, mas onde também, ou principalmente, se exige que esteja aí presente o reconhecimento e validação de um discurso cinológico que tenha em conta as obras produzidas e os contextos, isto é os complexos discursivos [ver sobre o assunto Patrick Tort, "La Pensée Hiérarchique et l'Evolution", Paris, Aubier, 1983, pp-43-57; "Les complexes discurifs, La Raison Classificatoire", Paris, Aubier, 1989] representativos do campo científico e dos sistemas de pensamento. Isto é, a nosso ver, há que encontrar um aparelho epistemológico apropriado que articule e faça conjugar [cf. João Maria André] as versões internalistas (sucessão de teorias, refutações e/ou substituições de teorias) com as versões externalistas (contextos históricos, económicos, políticos e institucionais), reconstruindo o saber, desestruturado que foi numa "metáfora de espaços vazios" onde os conteúdos e produções ideológicas dominam e ocupam o discurso científico, fazendo passar-se por ele [voltaremos a esta questão da "invasão das ideologias", em concreto, no campo do discurso nacionalista presente, ao que julgamos, na evolução do debate sobre o "cão de parar"].

Mais: não equacionando deste modo, aquilo que é o nosso reparo á generalidade dos investigadores, cai-se no perigo de enramar a "fronte dos nossos cães com coroas de louro" [para citar, com todo o gosto, o padre Domingos Barroso quando se refere ao proselitismo patrioteiro de Leopoldo Machado Carmona sobre a origem nobiliárquica do perdigueiro português – p.71 da sua obra] numa tecnologia iconográfica caprichosa e eivada de lirismo, e que no fim produz uma narrativa pastoral que é uma manifesta e desnecessária trapalhada.

Regressando à questão da busca da gravura original do "perdigueiro português", que a este post diz respeito, apresentamos acima, porque nos parece conclusivo, a imagem [p. 178, aliás p. 197 na obra digitalizada pelo Google] "Le pointer espagnol", com assinatura visível de Luke Wells, retirada da estimada obra: Histoire physiologique et anecdotique des chiens de toutes les races par Bénédict-Henry Révoil. Préface et post-face par Alexandre Dumas, Paris, E. Dentu, Libraire-Éditeur, 1867.

A questão iconológica à volta da gravura de Luke Wells, que aparece repetidamente nas obras portuguesas sobre o cão de parar como sendo a representação excepcional do ancestral perdigueiro português, é surpreendente de se seguir: [Fim da Parte I in O Cão de Parar]

LER no BLOG "O CÃO DE PARAR" a Parte I e a Parte II:

- LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE I;
- LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE II.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PUBLICAÇÕES ESCOLARES DO LICEU DE AVEIRO DURANTE O ESTADO NOVO


Preia-mar s.f. nível máximo da maré; o maior nível atingido pelas águas, no fim da enchente; maré cheia; maré alta

A Escola Secundária de Estarreja, "aproveitando a abundância da maré", por ser a hora esperada e seguros dos trabalhos de marinharia, lançou a revista "Preia-Mar" (em versão digital, AQUI). São 98 páginas de "(re)encontro com pessoas e documentos", uma navegação à memória das gentes e das terras que a comunidade educativa serve, uma escrita que é um "tributo à natural afeição das gentes de Estarreja", ao labor da terra, da ria e ao mar. E pelo que se vê o vento foi próspero. Muitas felicitações!

No que a este "estabelecimento" diz respeito, fazemos referência à publicação do estimado texto de Maria de Jesus Sousa de Oliveira e Silva [MJSOS], "A História das publicações escolares do Liceu de Aveiro durante o Estado Novo" [pp. 9-15], aliás uma adaptação de uma parte do mestrado da autora em História Contemporânea de Portugal ["A história e o liceu no Estado Novo", Maio 1993], via FLUC.

É evidente que o trabalho académico de MJSOS foi um serviço que enriqueceu a (então?) pobre historiografia na área da história da educação e das ideias pedagógicas em Portugal, nomeadamente o importante e incontornável contributo da imprensa periódica escolar para o estudo das reformas educativas, mas que também nos traz a dimensão do pensamento pedagógico e a construção das instituições escolares, do mesmo modo que coloca a problemática e a natureza da cultura associativa, da organização, revindicação e luta do movimento associativo da classe docente. Da República ao Estado Novo e deste ao 25 de Abril não há dúvidas que a imprensa escolar é o lugar privilegiado, o lugar de afirmação, vigilância e regulação colectiva [cf. António Nóvoa] de luta (resistência) de ideias e valores dos/contra os regimes, que a partir dos seus conflitos e polémicas caracterizam ao longo de gerações não só a obra e o sistema educativo mas que reflecte, também, a ideologia e a acção governativa ... [continua AQUI, no Almanaque Republicano]

LER TUDO AQUI no Almanaque Republicano.

terça-feira, 13 de julho de 2010

SEMANA PAROQUIAL


"Já não há malhadas nem cantigas, não há desfolhadas nem beijos às raparigas"

- a semana começou com dor de ouvido. Quando se ultimam as ceifas dos cereais (os bons primos alentejanos estão de sacrifício), se continua a poda vida e no jardim vai de se semear, eis que o chefe da exploração do PSD arranca com as chamadas "jornadas parlamentares". Nem o banho aos pés com farinha de mostarda ou algodão canforado nos ouvidos combateu a moléstia. É por demais sabido que o "bom lavrador é sempre o melhor soldado", mas este mau tempo de Julho está repleto de amadores patéticos. Afinal, se na moita já farejava o sr. Sócrates & amigos para que é que o sr. Passos (promíscuo do sr. Sócrates) vai de ocupar a tapada de S. Bento?

- nas ditas "jornadas parlamentares" do sr. Passos, onde ao que dizem sopraram aragens das várias botinhas à la S. Comba Dão, avultou o comediante Campos e Cunha, o cavalheiro Ernâni Lopes (que tirou vários coelhos da cartola) e o inefável Vítor Bento. Pouco originais, todos a viver das migalhas dos emolumentos que patrocinaram quando foram governantes, peroraram as "mudanças necessárias", exactamente no mesmo dia em que se sabe que a economia paroquial estagna, que a oficiosa Moody’s acaba de rever em baixa o rating português e que o Orçamento para 2011 está no confessionário da União Nacional. Entretanto, desabrigado dessas desditas, o sr. dos Passos Coelho faz o roteiro da revisão constitucional e do seu próximo assalto ao Estado. Na ocasião os comentadores (próximos penduras da governação) afinaram, chorando em uníssono, a necessidade de um gabinete de União Nacional, num cenário que vai do sr. Salgado do BES ao inconfundível intelectual Manuel Pinho. As bodas governativas do sr. Passos Coelho são uma canseira, de ir às lágrimas! Ó Teixeira, dá-me a gravata!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

VIVA ESPAÑA




"... el fútbol es la única religión sin ateos" [Eduardo Galeano]

O Sr. Carlos Queirós vibrou com a vitória da España no Mundial 2010. Com latinidade & decência, el ímpetu de los jugadores d’España fez Carlos Q. (el prodigioso portuga) engrossar o grupo de adeptos – de Rui Santos a Bruno Prata – fãs do orgullo vizinho. Queirós assegura, com toda a graça, que a selecção de España ganhou a Portugal e posteriormente (naturalmente) ei-la vitoriosa deste mundial. Portanto a vieja eloquência do fútbol dialogal indígena do sr. C.Q., embora confundido que foi pela pelota na África do Sul, permite-lhe ser um vencedor natural. Assim como o eterno Madail, el resignado. Ou os rapazes dos tamancos alaranjados.

Vosotros, como diria Rafael Alberti, "no caísteis", Ó Queirós. Que poderias fazer contra Casillas, Xavi (um valente), Villa, Puyol, Iniesta, Howard Webb, a rainha Sofia ou o polvo Paul!? Nada! Absolutamente nada! Afinal, como disse Nénem Prancha: "futebol moderno é que nem pelada. Todo o mundo corre e ninguém sabe para onde". Entendes, Queirós?

Viva Espanã, por supuesto.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

THANK YOU VERY MUCH!



Hoje estamos assim. Thank you very much!

Folheámos a ode heróica ou máxima moral de D. Maria de Lurdes Rodrigues sobre a Escola Pública, género dramático do eduquês ou as 24 arcades que igualam os melhores escryptos do Diário da República (parabéns, meu caro amigo João Pedroso, pela erudição).

Gostámos, mesmo, foi da obtida vernissage da obra rodriguiana, pois nunca se tinham encontrado, nesse responso contra a Escola Pública & os docentes, algumas das figuras mártires indígenas, como o ressuscitado Sobrinho Simões, o sr. dr. David do curriculum amestrado, a privada Isabel Soares (um beijo!), o notável sr. Sócrates (que rabiscou – dizem - qualquer coisa) e outras almas sorumbáticas do noli me tangere paroquial. Consta até que o dr. Pacheco Pereira, enxudioso de dinamite cerebral, mourejou por lá, decerto julgando estar a caminho do ISCTE. Alguns referem mesmo que o galanteador (de esquerda rouxinol) Pedro Adão e Silva até lá colheu a genealogia da senhora para o próximo circunlóquio de gauche. E que a abismática (& bela) F. Câncio conseguiu distinguir, definitivamente, um escolar de um estudante. Há que inspirar!

Gostámos, também, dos sermões da garotada liberal postos a correr nos linguados dos jornais e nas paineleirices da TV sobre a (des)dita "golden-share" da troupe da PT. Seguidores em aleluias da superstição (neo)liberal, castos no verdadeiro método de estudar política económica, tais senhores expandiram em idioma & orgulho patriótico o prosaísmo regulamentar do sr. Passos Coelho, o bisonho. O gracioso regimento foi seguido de perto pela parelha fragateira da blogosfera (boa noute Ò sr. João Miranda, a sua benção), que tem como máxima: sol na eira e chuva no nabal. Tudo em harmonia!

Em remate, gostámos de saber que o cavalheiro Ricardo Rodrigues, o gualdripador de gravadores, foi distinguido pelo DIAP. Um clássico! Ora se nem a sra. Ana Catarina Mendes, uma das admiradoras do génio ricardiano, conseguiu um padre-nosso pelo visado, parece-nos que a historieta será curiosa de seguir via imprensa. Talis vita finis ita.

Thank you very much!

sábado, 3 de julho de 2010

MORRENDO À CARLOS QUEIROZ


"a pátria em calções e chuteiras, a dar rútilas botinadas" [Nelson Rodrigues]

O inevitável aconteceu: a selecção portuguesa, brasileira e argentina, todas ungidas no lirismo patrioteiro, caíram mortas de tédio e gratuitas de irrelevância futebolística. Os teams, ungidos em ferocidade por essa fatal "invasão da estupidez" dos curiosos de bancada, sucumbiram à própria ideia da civilização e mentalidade desportiva. Perante a vida de futebol pragmático dos espanhóis, no regresso da autêntica "velocidade burra" holandesa e face à maldição da organização e frieza alemã, a tragédia (mesmo se "Deus é esférico") teria de acontecer.

Curiosamente, se a um certo senhor Carlos Queiroz o detalhe da planificação (curta & extravagante) o torna cego e lerdo de tanto pensar, já em Dunga a nostalgia defensiva e o pavor da correria dos holandeses o fazem ficar muito longe da máxima do grande Neném Prancha:"o jogador de futebol deve ir na bola como se fosse num prato de comida". Ora tal verbete, mesmo se documenta a equipa do vate Maradona, só pode ser enunciada com organização e "sandálias de humildade".

Quanto a nós, e resumindo a coisa, diremos que o verdadeiro brasileiro, o único argentino, é o argentino-brasileiro prof. Carlos Queiroz. Faz três em um e sempre com um alienado discurso nos lábios. Frouxo, manso, mau de bola, mas muito malabarista da palavra, eis o vaidoso Queiroz. Uma promoção Madail, um negócio (ao que parece) para continuar ... hors concours.

domingo, 27 de junho de 2010

LEILÃO DA COLECÇÃO CAPUCHO - BIBLIOTECA (Parte IV)


LEILÃO ANTÓNIO CAPUCHO - Arte, Literatura, Revistas de CulturaHistória, Ex-Libris, Mapas, Cantochão, Pergaminhos Iluminados, Gravuras e Registos, Desenhos, Estudos de Azulejaria, Heráldica, Genealogia, Numismática, Viagens, Livros Miniaturas, Manuscritos, Cartas d'Armas Portuguesas e Espanholas - CATÁLOGO ONLINE AQUI

Continuação do Leilão (PARTE IV) do riquíssimo espólio (Colecção e Biblioteca de António Capucho) que foi pertença de António Emídio Ferreira de Mesquita da Silva (1918-2009), pai do Presidente da C.M. de Cascais, António d’Orey Capucho, conforme AQUI temos vindo a registar. Faltará, ainda, uma 5ª e 6ª parte, deste importante e valioso espólio.

LEILÃO - BIBLIOTECA ANTÓNIO CAPUCHO (PARTE IV)
DIAS - 28, 29 E 30 DE JUNHO DE 2010
LOCAL - Calçada do Combro, 38 A, 1º, Lisboa
ORGANIZAÇÃO - Palácio do Correio Velho

sábado, 26 de junho de 2010

O BIBLIÓMANO


"Le Bibliomane thésauriseur est heureux de posséder ses livres, parce qu'il les aime avec jalousie: sa bibliothèque est un sérail ou les eunuques même n'entrent pas; ses plaisirs sont discrets, silencieux et ignorés: il ne permet pas à un ami la vue d'une de ses maîtresses, souvent fort peu dignes d'exciter l'envie; il se persuade que nul rival ne lui dispute les attraits d'impression et de reliure desquels il est épris; il jouit solitairement : il nie ses richesses, comme s'il craignait les voleurs; il en rougit comme s'il les avait mal acquises; il se fâche quand on le presse de questions à ce sujet, et il mentira plutôt que de s'avouer propriétaire d'un volume qu'il a légitimement acheté.

Ses livres gisent enfermés à triple serrure, cachés derrière un rideau opaque, semblable au voile de l'arche sainte; encore ces précautions sont-elles rarement justifiées par la nature même des ouvrages, qui ne franchissent guère la rigoureuse catégorie de la morale et de la religion: il y a chez ces bibliomanes une passion concentrée, purement égoïste et nourrie de son propre aliment, passion qui se croirait profanée si l'objet n'était pas un mystère au monde.

Le Bibliomane vaniteux a de belles éditions, de splendides reliures, une bibliothèque bien choisie et bien rangée: il dépense des sommes immenses pour la compléter; c'est un soin dont il se remet entièrement à un bouquiniste intelligent, à un bibliographe officieux; du reste, il ne lit pas, et souvent il n'a jamais lu: il collectionne des livres, comme il ferait des tableaux, des coquilles, des minéraux, des herbiers. Sa bibliothèque est une curiosité qu'il montre à tous, au premier venu, à des femmes, à des agents de change, à des enfants, peu lui importe que les gens sachent ce que c'est qu'un livre, et, qui plus est, un beau livre !

Le Bibliomane envieux désire tout ce qu'il ne possède pas; et, dès qu'il possède, son désir change de but: sait-il que tel livre existe chez un amateur avec lequel il rivalise, aussitôt sa quiétude est aux abois; il ne mange plus, il ne dort plus, il ne vit plus que pour la conquête du bienheureux livre qu'il convoite; il emploie tout, jusqu'à l'intrigue et la séduction, pour attirer à lui le bien d'autrui; les refus, les difficultés augmentent, irritent sa concupiscence; bientôt il sacrifierait sa fortune entière à un seul instant de possession; mais un rien , la découverte d'un second exemplaire du même livre, une critique en l'air, une réimpression, voilà cette impatience qui s'abaisse et cette ardeur qui se glace. Tout à l'heure l'envieux souhaitait la mort du maître de ce cher livre, afin de s'enrichir aux dépens du défunt! Ce bibliomane est malheureux, comme tout envieux doit l'être, et son malheur recommence à chaque nouveau désir. C'est le Lovelace des livres: il en devient amoureux, et il les poursuit avec acharnement jusqu'à ce qu'il les ait entre les mains; alors il les dédaigne, il les oublie, et il cherche une autre victime.

Le Bibliomabe fantasque n'adore ses livres que pour un temps; il les recueille avec curiosité, il les habille avec générosité, il les installe avec honneur, il les entretient avec faveur; tout-à-coup l'amour se lasse, se refroidit, s'éteint: le dégoût a commencé! adieu, gentes demoiselles! le grand Seigneur réforme son harem: aux Circassiennes succéderont les Espagnoles, aux blanches Anglaises, les négresses du Congo; le grand Seigneur vend ses femmes à l'encan; mais demain il en achètera de moins jolies qui auront pour lui le charme du caprice et de la nouveauté.

Le Bibliomane exclusif ne fait cas que d'un certain ordre de livres, et ne courtise ni les plus rares ni les plus singuliers; il a une collection, c'est là son dieu et son âme; tout ce qui est en dehors de sa collection ne l'intéresse pas; mais il ne néglige aucune recherche, aucuns frais, pour étendre cette collection, pareille à ces immenses et informes monuments orientaux élevés sur le bord des chemins, avec les pierres que chaque voyageur y dépose en passant. Le bibliomane exclusif consacrera son temps, son argent et sa santé, à l'entassement d'une bibliothèque toujours curieuse, mais aussi toujours monotone. Ici, Pétrarque se multiple en douze cents volumes; là, ce sera Voltaire en dix mille pièces réunies une à une, ou bien le théâtre seul fournira des milliers de brochures, ou bien la Révolution française régnera paisiblement sur des cimetières de paperasses"

Extracto de "Les Bibliomanes", por Paul Lacroix (Bibliophile Jacob) - via Blog "LE BIBLIOMANE MODERNE" [ler mais]