sábado, 21 de março de 2009
CUSPIR O DIA da POESIA
"Juro
não tem auto-crítica
que me tire
as saudades
de uns tiros"
[Alex Polari, 1978]
sexta-feira, 20 de março de 2009
In-Libris – Livros de Março 2009
A In-Libris (Porto) apresenta um lote de livros esgotados e alguns raros de temática variada (monografias, bibliografia, história, literatura, ...)
Referências: Authentic Memoirs Concerning the Portuguese Inquisition, de Archibald Bower, 1761 / Brasil-Holandes, Editora Index. Rio de Janeiro. 1995. 5 vols / Almeida (monografia), por José Vilhena de Carvalho, 1973 / A Granja de Todos os Tempos, de António Paes de Sande e Castro, 1973 / Cancioneiro de Lisboa, de João de Castro Osório, 1956, III vols / Os Judeus em Portugal, de Mendes dos Remédios (ed. fac.), II vols / Os Vales Submarinos Portugueses, de Carlos Freire de Andrade, 1937 / Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado, IV vols / Nova Recolha de Provérbios e Outros Lugares Comuns Portugueses, de Fernando Ribeiro de Mello, Afrodite, 1974 / História da República Portuguesa, por Raul Rego, V vols / Obras de Al Berto, Alberto Monsaraz, Alberto de Serpa, Almada Negreiros, Alves Redol, Américo Durão, Ana Hatherly, Antero de Quental, António Botto, António Ferro, António Sérgio, Camões, Cardoso Pires, Carlos de Oliveira, Eduardo Dias, Fernando Pessoa, Ferreira de Castro, Francisco Rodrigues Lobo, Guerra Junqueiro, João Chagas, João Penha, Joaquim Namorado, Jorge de Sena, José Régio, José Rodrigues Miguéis, Luis de Sttau Monteiro, Maria Judite de Carvalho, Natália Correia, Natércia Freire, Papiano Carlos, Pedro Homem de Melo, Ruben A., Ruy Cinatti, Silva Gaio, Teixeira de Pascoaes, Tomás Ribeiro, Tomaz da Fonseca / Revista PORTUCALE, Porto, 1928-66, XXIII vols+4 fasc. (imagem no alto) / Revista PRESENÇA (fac. Em III vols) / Revista Renovação, 1925-26, XXIV numrs / História da Cultura em Portugal, de José António Saraiva, 1950-62, III vols.
A consultar on line.
O TRIUNFO de EDUARDA MAIO
A metamorfose do Estado do sr. Sócrates e da sua Imprensa teve hoje (e aqui) o seu vocabulário mercantil, agora inçado via serviço público da RTP. O inconcebível "anúncio" de "promoção da Antena 1" é uma ária bufa, resfolegando bem à labita de um Santos Silva ou empacotado à medida do piedoso Arons de Carvalho. Não por acaso, no vocabular anúncio entra a voz ronronante de Eduarda Maio, face conhecida do programa "Juiz Decide" e biógrafa romântica do "Menino d’Oiro".
Retratando muito bem o espírito da actual União Nacional, a virtuosa senhora jornalista (?) Eduarda Maio – paga com dinheiro público – observa um horror exibicionista às greves & outras tradições (presumidamente) "comunistas". Não bastava a ar grave & patético do sr. Sócrates ou o autorizado gorjeio do aparecido Correia de Campos (cavalgando argumentos de mau gosto, hoje, na TVI24) contra manifestações e demais reparos públicos, constitucionalmente legislados, como tinha de surgir essa extraordinária senhora patrocinando essa assertiva consumação numa estação pública.
Não há, aqui, nenhuma inconsciência da administração da Antena 1, pois as "ideias criativas" foram aprovadas em sede própria. Dispensa-se qualquer roupagem explicativa, desses senhores. Afinal, o que isto traduz, sem surpresa de maior, é a garantia total dos serviçais do sr. Sócrates em propagandearem his master voice. E de brincarem vergonhosamente com a miséria de muitos.
quarta-feira, 18 de março de 2009
CADERNO DE FILOSOFIA EXTRAVAGANTE
No próximo dia 21 (sábado), pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal de Sesimbra, será apresentado o primeiro número dos Cadernos de Filosofia Extravagante.
Colaboram, entre outros, António Telmo, António Carlos Carvalho, Pedro Sinde, Elísio Gala, Pedro Martins, Luis Paixão. [ler toda a colaboração, AQUI]
"A apresentação será feita por três dos colaboradores desta publicação não-periódica da Serra d'Ossa: Luís Paixão, Isabel Xavier e Rodrigo Sobral Cunha.
No dia seguinte, domingo, haverá nova sessão de apresentação, desta vez em Lisboa, na Galeria Matos Ferreira. Terá início às 18 horas, e contará com a participação de António Telmo, Pedro Martins e Renato Epifânio." [ler mais, AQUI]
ALBERTO COSTA
Alberto Costa, então moçoilo da Faculdade de Direito de Lisboa, num texto publicado na revista Movimento (nº1, s.d., edição da secção cultural da AAFDL) e, curiosamente dedicado a Jaime Gama, intitulado "Revolução na Revolução", evidentemente a propósito da saída do livro de [Régis] Debray (1967), em vaidade expandida cataloga as mazelas da "gramática de luta" política de antanho. Os rebentos do foquismo insurreccional (de atestado Castrista) exigiam, pela figura viciosa do praticismo espontaneísta, a atenção do jovem Alberto, então fiel do vocábulo "partido da classe operária". Num texto perfeito de rigor conceptual, o autor rima as regras da táctica e estratégia e está seguro nos escolhos da teoria e da prática, numa "sintaxe revolucionária" exemplar. Bons tempos os do Alberto, ou não fosse ele um provado lamechas teórico.
Esta peregrinação "literária", que para muitos nada dirá mas que para outros fará enxugar algumas lágrimas, diz muito sobre este nosso tempo de pura azia pragmática. Envolto nesta quadra de roupagem liberal, o bom do ilustre paroquiante nunca mais lerá exercícios tão espirituosos. O ex-camarada Costa (Alberto) fechou-se por dentro, implacável, sem teoria ou prática que possa ganhar o céu. Gama (Jaime) está, por sua vez, semi-vivo no seu aparente trabalho de servente da nova Assembleia Nacional. A "gramática de luta" d’hoje tem o surro ideológico do fatito de Augusto Santos Silva (ex-professo pichador de paredes da Invicta) e o gratuito gozo político do artista amestrado José Lello.
A volúpia que estes novos capatazes desfrutam nos intelectuais indígenas, agora vibrantes no seu abrigo universitário (tope-se a plantação feita no ISCTE), é qualidade exclusiva da nova civilização. O ofício dos Silva’s & Lello’s é uma sabedoria pragmática. A humanidade A.S. (antes de Sócrates) findou. Alberto Costa não respira mais. Nós por aqui distraídos!
Inventário de Livros Raros e Desconhecidos - Memória da Escola Portuguesa (do séc. XVIII ao séc. XX)
"Este livro revela-nos o valioso espólio bibliográfico e arquivístico, pouco conhecido ou mesmo ignorado, existente na Secção de Reservados da Escola Superior de Educação de Lisboa. O espólio, que aqui é enumerado, nasceu da fusão dos acervos de três instituições pedagógicas com vasta tradição na Educação e no Ensino em Portugal: a Escola Normal Primária de Lisboa, a Escola do Magistério Primário e, em menor escala, o Instituto António Aurélio da Costa Ferreira. Organizado e catalogado pelo autor, este património, que o presente livro nos dá a conhecer, é constituído por fontes manuscritas, impressas, obras de autores portugueses e estrangeiros, principalmente francesas, datadas do século XVIII ao século XX. Entre as preciosidades reveladas figura o Dicionário Universal de Educação e Ensino, de 1886, traduzido por Camilo Castelo Branco. Com a publicação deste trabalho, os investigadores vão poder reconstituir situações e acontecimentos, conhecer personalidades e compreender momentos relevantes do percurso educativo, pedagógico e cultural português. Um livro que se assume como um contributo para a História da Educação de Portugal" [ler, AQUI]
Inventário de Livros Raros e Desconhecidos - Memória da Escola Portuguesa (do séc. XVIII ao séc. XX), de José Eduardo Moreirinhas Pinheiro, Colibri
domingo, 15 de março de 2009
À NOUS LA LIBERTÉ
[Voice over Singer]: Liberty is the happy man's due / He enjoys love and skies of blue / But then there are some / Who no worse crimes have done / It's the sad story we tell / From a prison cell
Guard: Not at work? Don't you know that...
Factory person: ...work is mandatory. Because work means liberty.
René Clair [1898 - m. 15 de Março 1981]
H.P. LOVECRAFT [m. 15 Março 1937]
"The world is indeed comic, but the joke is on mankind" [H. P. Lovecraft]
LOCAIS: H. P. Lovecraft (1890-1937) / H. P. Lovecraft Archive / The HP Lovecraft Historical Society / The Complete works of H. P. Lovecraft / The H.P. Lovecraft Film Festival / O Mestre do Indizível / An H.P. Lovecraft Anthology (digitalizado)
sexta-feira, 13 de março de 2009
4 ANOS DE INCOMPETÊNCIA, OUTROS TANTOS DE PREPOTÊNCIA
"... o terrorismo mais eficaz é sempre o do Estado: os grupos matam simbolicamente, o Estado estatisticamente" [Alberto Morávia, 1978]
O governo esquizofrénico do sr. Sócrates ladrou alto durante quatro anos. A sua governança, mais que a (urgente) exaltação dos cidadãos em prol do esforço colectivo e autonomia, tornou-se um modelo de ilusionismo político, de irracionalidade estatística e leviandade autoritária. Da pesada herança recebida, o sr. Sócrates (e amigos) acumulou outras mais, ao mesmo tempo que exercitou uma colossal mentira, em espectáculos absolutamente deprimentes.
Ao esforço e dedicação, perda de direitos sociais e restrições cívicas por que os cidadãos passaram todos estes anos, o sr. Sócrates lançou mão de um activismo fossilizado (acompanhe-se as intervenções autoritárias do inenarrável Santos Silva), dissimulado em putativas "reformas", curiosamente da mesma natureza que as tentadas (e nunca permitidas pelo antigo partido socialista) por Durão & Santana. A alucinação do défice (outrora sebento, pelas mãos de Ferreira Leite), a natureza de classe (ou as corporações de interesses) que representa o seu governo e a compleição despótica do seu governo, são marcas espinhosas que perdurarão.
O sr. Sócrates mais que governar o país, "domesticou" (José Gil) a sociedade. E com ele pronunciou a transfiguração do outrora partido socialista, agora transformado em correia de transmissão do grupo de interesses do sr. Sócrates. O Sócrates way of life é um arrazoado ideológico saído do curral do Estado Novo corporativo e onde, reluzentemente, se integram alguns prosistas do anti-fascismo, de momento em trânsito para o "vil metal". Note-se os vitupérios e o desprezo, da parte dos guardiães do templo do sr. Sócrates e sempre com a cumplicidades de conhecidos jornaleiros acofiados, contra a desobediência civil ("direito político fundamental" ou "condição de liberdade") que a dado passo se instalou entre nós e a polémica que então emergiu. Leia-se. O espírito de quartel está todo ali!
Pouco dado ao uso (ou aborrecimento) de explicar qualquer tipo de pensamento político ou ideológico sobre as medidas tomadas, nestes infaustos quatro anos de terror, o sr. Sócrates caiu no modismo herdado via Giddens (conhecido traficante da 3ª via). Mas, sem a gentileza do sábio "mestre", nunca aprendeu as suas regras, só os seus excessos. A questão do papel e peso do Estado, a reforma na Justiça, na Educação e na Saúde, nunca foram pensadas como parte integrante de um qualquer modelo desenvolvimentista, que se conheça. Apenas resultou num total fracasso, que a situação comatosa da justiça, da educação e da saúde confirma. A operacionalização das putativas reformas foram sempre erráticas, ou quanto muito à la carte. Ninguém as entendeu, mesmo se num primeiro momento obtiveram copiosos aplausos de todo o bloco central e um excelente apreço nos media. Por isso, ao fim destes quatro anos de decomposição do Estado Social, o país está exangue, de rastos e sem qualquer remédio. Mas não é o sr. Sócrates o derrotado. Somos todos nós. Vergonhosamente!
JOÃO MESQUITA
Faleceu ontem de manhã, em Lisboa, João Mesquita. Um competente e estimado jornalista, que tantos serviços prestou à sua classe. Um generoso e combativo cidadão. Até sempre, João!
"... Corria o ano de 1971 e é matriculado no Liceu Camões, para fazer o quinto ano (...) fundador do núcleo do Camões do Movimento Associativo do Ensino Secundário de Lisboa (MAESL)..." [ler, AQUI]
"Usava então o cabelo pelo meio das costas (até ao dia 16 de Dezembro de 1973, em que eu [José Manuel Fernandes], ele e mais uns 160 estudantes fomos presos por uma noite ..." [ler, AQUI]
[entre eles o Bernardo (P.A.V.), a Elsa e a Maria da Luz (R. D. Leonor), o João e o Luís (D. Dinis), a Helena (D. Pedro V). Alguns dos (16 dos 146 ou 160?) estudantes foram levados para Caxias. Deu origem a greves, RGA's, ocupações - caso no P.A.V., do ginásio - e expulsões]
"Nascido em Coimbra em 3 de Junho de 1957, João Mesquita foi um empenhado activista nas causas em que acreditou desde a sua juventude, tendo iniciado a profissão em Março de 1979 no jornal Voz do Povo. Trabalhou, depois, no vespertino Notícias da Tarde (1982), onde se destacou como repórter parlamentar, transitando para o Jornal de Notícias (1985) e, posteriormente (1988), para o Semanário, de onde saiu para integrar a Redacção fundadora do Público (1989), tendo permanecido neste jornal até 1993. Trabalhou, depois, no diário As Beiras (até 1994), no semanário Independente e em A Capital, de onde saiu em Março de 2002. Como freelance, manteve colaborações com várias publicações, nomeadamente o semanário Expresso" [ler, AQUI]
Até sempre, João!
[foto, tirada d'AQUI, com a devida vénia]
terça-feira, 10 de março de 2009
84, Charing Cross Road
"The life that I have is all that I have - and the life that I have is yours"
Serão agradável, via canal Hollywood. Miss Hanff disse um dia: "If I live to be very old, all my memories of the glory days will grow vague and confused, till I won't be certain any of it really happened. But the books will be there, on my shelves and in my head - the one enduring reality I can be certain of till the day I die."
Lá fora – entretanto – os indígenas eram acometidos por piedosas paisagens. Ninguém escolhe, com lucidez, a sua própria noite.
sábado, 7 de março de 2009
LETREIRO LICENCIOSO NECESSÁRIO AOS SRS. DEPUTADOS
A regressada Assembleia Nacional tem urgência do uso escorreito da colocação da palavra, do furto da grandeza do vocábulo, do eco da oratória. O acolhimento, na tertúlia parlamentar, que a legenda do insigne deputado Eduardo Martins impiedosamente verberou ao ouvido do sr. Candal (filho) fez - segundo dizem - honras de improvisação. O espectáculo, indiscutivelmente feminino, que a verborreia discursiva do sr. Candal compõe, merece não só uma elocução aperfeiçoada mas exige também uma fonética subsidiária. Em verdade (naquele local) não há oradores negligentes, mas sim devassidão política. O sr. Candal (filho) atrapalha-se nos exercícios práticos de lisonja ao seu patrono. Compreende-se! Mas por isso mesmo deve continuar a esforçar-se para restaurar as letras pátrias. Assunto que o sr. Eduardo Martins - distinto promotor do purismo e concisão da linguagem – solidamente e harmoniosamente observa.
Portanto, para que ao deboche político se junte o dom pessoal no uso do castiço vocabular, os srs. deputados devem ser puros na linguagem e devassos na ideologia. Em bom português, o fraseador político terá de ter qualidades e vícios de estilo que a libertinagem do trabalho não confere. Estamos convencidos que a locução "eu só faço o natural se queres variedades vai ao teatro" [cf. Eduardo Nobre] não tem fundamento e é intolerável.
Por isso, para fazer bom uso da vernaculidade e fugir à banalidade, para deputados estreantes ou com ócio, aqui vos deixamos um reputado letreiro licencioso. Bom trabalho!
Pénis / Pila / Picha - abono de família, apenso, assobio, banana, barambaz, barrote, berimbau, bilharda [corruptela decerto da "bilharda: f. Jogo de rapazes, que consiste em fazer saltar com um pau comprido outro mais pequeno", cf. mestre Cândido Figueiredo], cacete [na acepção de "O rapaz recebeu o cacete e seguiu", cf. Poesia Popular Brasileira], caralho
[usado por Plínio Marcos – curioso dramaturgo falecido em S. Paulo em 1999 – na peça/novela policial "O assassinato do anão do caralho grande", 1996; ou com o mesmo sentido que deriva o poema de Joaquim Pessoa "Ó caralho! Ó caralho! / Isto de a gente sorrir / com os dentes cariados / esta coisa de gritar / sem ter nada na goela /..."; equivalente ao "o enfermeiro que me ajudava repetia Caralho caralho caralho com pronúncia do Norte", saído da pena de António Lobo Antunes, in Cu de Judas; loc. copiosas vezes utilizada na obra "O Meu Pipi" e escusadíssimo quando diz:"Que porra de esquizofrenia é essa, caralho?"],
careca, carocho, chicote-da-barriga, coiso, encomenda, farfanho, flauta-lisa, gaita, gregório, lalau, mandrião, mangalho [loc. pop. que Jorge de Sena usa em Os Grão-Capitães:"puxar por um mangalho"], marsapo, mascoto, mingalho, pechota [diz-se no Norte], pica, picha, piegas, pincel, piroca, pau-barbado, pau-de-leite, pendureza, pissa
[termo registado, ainda, na exuberante obra de Pierre Louys, Manual de Civilidade para Meninas, onde se regista;"Não suspendais pissa postiça nenhuma à cabeceira do vosso leito. Tais instrumentos colocam-se por debaixo do travesseiro", p. 9; do modo cordial, ainda Louys assegura que "cativam-se os homens assim: pondo-lhes um grãozinho de sal na ponta da pissa e chupando-a, depois, até o sal se derreter", p. 30; é erro – diz Louys -, confundir o termo com Teseu; e em bom português não se deve dizer "O que mais gostava de ser era Metelo", cf. Louys, p.19],
porra [de uso esforçado, como filosoficamente Guerra Junqueiro nos serviu n’A Torre de Babel ou a Porra do Soriano, "A porra do Soriano, é um infinito assunto! / Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto? / Onde é que ela começa? / Onde é que ela termina"], puxador, quilé, romão-cego, sardão, solino, surdo, tinoco [não confundir com Tinouco Vieira O Xantho, pseud. José A. X. Coutinho, que escreveu a insigne obra, "Freio métrico para os novatos de Coimbra em oito oitavas", 1749, cf. Dic. Pseudónimos de Albino Lapa], tangalho, trincalho, verga, vergalho (ou finório, Alberto Bessa), zezinho, faro (cf. Artur Bívar), galinha (cf. Alberto Bessa), camarão pequeno (cf. Cândido de Figueiredo)
[retirado do Dicionário Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões, P&R, 1984]
domingo, 1 de março de 2009
VITAL MOREIRA, FUTEBOL & APAGÕES
Vital Moreira é profissionalmente correcto, culturalmente estimado, pacificamente democrata, mas politicamente imprudente. Ao aceitar ser cabeça de lista pelo partido do sr. Sócrates ao Parlamento Europeu, além de entrar (definitivamente) no inner circle dos seus duvidosos amigos, não faz mais que dar "cobertura científica ao reaccionarismo" [cf. Vital Moreira, Vértice, 1979, nº416] e aos "arrochos" dessa gente. Decididamente Vital Moreira "perdeu a cabeça" [ibidem] com o sr. Sócrates. Coisa já previsível ao longo dos seus desbragados escritos na Causa Nossa e pelos jornais. Nunca nenhum independente (que o seja) foi tão longe em defesa do chefe e do seu grupo de interesses.
Decerto que o "carácter compromissório" [ibidem] de Vital Moreira é diferente do catecismo de um Santos Silva ou das diatribes do aio vigilante Lello. Mas a campanha psicótica injuriosa, difamatória e a inqualificável contra os educadores – os médicos, ou a função pública em geral – e a instrução pública (que os seus textos de raiva ostentam) apresenta-o, desde logo, como um ignorante em matéria educativa. Assunto, aliás, que totalmente desconhece e não pratica. Vital Moreira, na sua especulação socrática, não entendeu ainda que mais que um ministério da educação se precisa é (aqui e na Europa) de um ministério de instrução. Coisas, absolutamente diferentes!
Curiosamente (ou não), a questão da instrução e do ensino tem atravessado o debate académico e político por toda essa Europa (vide França e Alemanha), tendo assumido um lugar central e urgente, dado a falência da instituição educativa e do modelo de ensino neoliberal - modelo esse que Lurdes Rodrigues e o próprio Vital pela paróquia defendem – e a urgência de medidas de requalificação profissional dos seus cidadãos. No Parlamento Europeu, em que trincheira ideológica Vital Moreira se colocará?
Por outro lado, a cantilena das "reformas em curso" do governo (que, de facto, são urgentes, mas ninguém vê) com que tem blindado o seu próprio discurso, mais que o seu opinioso protestatório a favor da governação, é, isso sim, o branqueamento de verdadeiras e boas reformas. De facto, como Vital Moreira um dia escreveu, andam por aí um raminho de "juristas do Estado-de-Direito" [Vértice, 1974, nº369] que se armam, quando a contestação sobe de tom, em "campeões do Estado-de-Direito" [ibidem]. Vital Moreira, em todos os assuntos da fazenda, comporta-se nesse registo.
Finalmente – já o dissemos - Vital Moreira é academicamente competente e tecnicamente insuspeito. Postulados não desprezíveis num Parlamento. Mas o seu propósito de gorjear no grupo de amigos do sr. Sócrates, não lhe vai trazer aplausos ou fidelidades. Pelo contrário, perde-se um académico e não se ganha um político. Não por sinal, os excursionistas de Espinho, pouco dispostos ao debate político, depois do futebol visto durante o decorrer do Congresso, foram virtuosos no apagão salvífico. E das trevas nunca virá luz. Como se sabe.
In-Libris – Mais livros de Fevereiro
A In-Libris (Porto) apresenta um novo lote de (50 livros) usados e antigos de temática variada - poesia, literatura, arte, artes gráficas, sociologia, etnografia, história,etc.
A consultar on line.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
OS AMIGOS DO SR. SÓCRATES
"A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" [Stig Dagerman]
A curiosa romagem a Espinho (este fim-de-semana) dos amigos do sr. Sócrates – a que chamaram graciosamente Congresso – é notícia, desde logo porque é um sério abalo ao ex-partido socialista português. Marca o desânimo e a confusão da gente socialista, que algures existe e ainda resiste. Em Espinho, nunca tantos patrulheiros políticos reaccionários, se nos esquecermos da dita "esquerda" punheteira que habita na blogosfera, estiveram juntos. Tais próceres neo-populistas ofertaram um show business terrorista: ora inocentemente assomadiços contra a imprensa ou sempre de olho na reputação do Chefe.
Nem uma só ideia política consistente deu à luz, em Espinho. Frivolidades inúteis, calúnias tenebrosas (vide o regresso da "campanha negra"), chibatadas à esquerda (o BE agradece), eis a originalidade dos amigos do sr. Sócrates. A crise social, económica e financeira foi definitivamente escorchada: simplesmente não existe! Os "problemas dos portugueses" não interessam, em demasia, para tais sujeitos. Bem pode António José Seguro pregar tal deficit no debate: a ausência é total. Naquele manicómio de engajados do sr. Sócrates, o beija-mão está primeiro e as suas vidinhas & dos amigos, a seguir. Os vagabundos da vida são sempre a canalha. Ou algum desabrido jornalista.
De facto, não surpreende que o mundo à volta do patrulheiro Augusto Santos Silva seja um circo, a exigir as suas suspirosas tiradas "sociológicas"; e que o pavor político do inútil presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, se transforme numa agitada e miserável comédia discursiva; ou que o ridículo José Lello, assanhado porteiro do sr. Sócrates, ainda tenha alguma coisa para dizer. Esta gente, que nada aprendeu nestes seus quatro anos de terror autoritário e despotismo pacóvio, é parte do problema que a crise (económica, financeira, mas principalmente ética e de cidadania) autoriza. Jamais tais professos podem envolver as pessoas num esforço colectivo nacional (à boa maneira do que Obama um dia referiu), porque, além do bom senso, lhes falta um simples e único pingo de democracia. E de liberdade. Como um dia – já muito longínquo – um senhor chamado Mário Soares teve a ousadia de proclamar. Adiante!
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
SPORTING: O ATREVIMENTO
Paulo Bento é o maior folgazão dos treinadores de futebol. Um perfeito sobrevivente carnavalesco. E, curiosamente, não há assessor político que não o corteje e estude. Não por ser uma perfeita nulidade no seu mister (o que seria tranquilamente normal) ou pelo patético vocabulário usado em cada flash interview, mas pela faina assombrosa de nunca assumir tropeçar na sua própria miséria. Daí os arrufos da rapaziada dos governos & dos think tank indígenas, pela singular personagem. Na verdade, Paulo Bento está para a teoria política como o eng. Sócrates para o palanfrório futebolístico da Assembleia Nacional. No futebol a máxima de ambos é que o "crítico é um privilegiado que só começa a jogar quando o jogo termina: por isso ganha sempre". E, dizem, não há combate mais limpo que esse. Até o Santos Silva – se lhe soletrarem docemente – entende. Deo gratias!
Hoje, porém, o Paulo Bento está livre desse admirável raminho de críticos. Até mesmo dos que, de peito generoso, dizem:"A bola rola para todos, mas só dá bola para alguns". Paulo Bento, mesmo que não tenha memória, deixou jogar. A derrota contra os boches foi uma liberalidade. Arriscada! O atrevimento dos seus jogadores foi pensar que depois da viciosa correria contra o nosso Glorioso (2ª parte, no sábado passado) tinham pernas, coração e ânimo para o jogo do Bayern. Paga-se caro a tolice, a aventura e a intrujice. Esqueceram-se, há três dias, que num jogo de futebol "quem corre é a bola, senão era só fazer um time de batedores de carteiras". Hoje viu-se no que isso dá. Muito atrevimento.
DA INSTRUÇÃO DA MULHER
Em petição & provimento a S. Exa., o Sr. Rui Pereira, Ministro dos Costumes do Reyno:
"... Madre D. Ana Máxima de Mota e Silva, religiosa do mosteiro de Santa Ana, pelo qual, tendo sido autorizada a sair de clausura para uso de banhos, se obriga a ir directamente para casa do seu irmão, Dr. ..., e dahi para os banhos, levando sempre o rsoto coberto, e portando se com aquella modéstia, e cautela devida às virgens dedicadas a Deos, co o tão bem na ida, estada e regresso para convento ser sempre na companhia do dito seo sobrinho e da creada, indo em carruage, ou liteira, e se sujeitava a não conversar com pessoas estranhas (…); e que sucedendo anoitecer lhe alguma vez pelo caminho, ou sendo lhe necessário tomar algumas refeiçoens corporaes, prometteo de não fazer em estalajaes publicas ..." [1784, Julho, 1, Coimbra (Mosteiro de Santa Ana) – in Câmara Eclesiástica de Coimbra, mc 35, Arquivo de Coimbra]
"Inquirição de Isidoro de Abreu Cardoso, como testemunha da devassa que teve lugar após visitação à igreja de santo Isidoro de Melo. A referida testemunha revelou que Antónia da Costa, da freguesia de Nogueira, viera àquela vila infamada de mensinheira e fizera varias curas andando pellas casas dos enfermos ... não usava de palavras, mas pondo hua galinha preta no estomago ..." [1712, Setembro, 16, Melo (c. Gouveia) – in Livros de Devassas - Vouga, lv. 72, fl. 21, Arquivo de Coimbra]
"Inquirição de Maria, solteira, filha de ..., moradora em Ançã, na sequência da devassa que teve lugar após visita pastoral à igreja de Ançã. A testemunha referiu que Ana Bagulha era mulher de mau procedimento e costumada a desinquietar as mulheres honradas desencaminhando as para ellas se desonestarem e dá conta do que lhe contara uma moça solteira chamada Páscoa que com muitas lágrimas chorando lhe dicera que a dita Ana Bagulha fora a cauza da sua perdissão ..." [Livros de Devasssas – Vouga, 1725, lv. 72, fl. 21, Arquivo de Coimbra]
reprodução do Catálogo da Exposição, "Os direitos da mulher e da criança (séculos XVI-XIX)", org. Arquivo da Universidade de Coimbra, 2007
TEMOS ANDADO POR AÍ ...
... a guardar o ouro dos emolumentos, que a coisa está preta. O cartório do sr. Teixeira dos Santos é tão vibrante como a novela do BPP, mas mais cobrada que a contribuição aos melhoramentos do BPN. Este último, porto franco das sinecuras tem, como se sabe, "mais laranja" & mais "rosa". Os motivos de precaução & a sensatez de uma pausa bloguista, estão explicados. No resto, catrapiscámos em todo o lado curiosos papéis pintados (e autografados) e, ingenuamente, pecámos em húmidas paisagens espirituaes. Evidentemente nada comparáveis com aquela outra com que a nova polícia dos costumes do sr. Rui Pereira afugentou da paróquia de Braga. Mas estivemos bem perto! Pelo meio da vernissage do caos, que se pressente e que não tem remédio, ainda tivemos tempo para ir ao horto d’Alvalade, cumprir promessa. Aqueles rapazes das riscas verdes têm uma boa passada. Trotaram muito bem depois do intervalo. Uns cavalões! Levá-los para o atletismo era de bom proveito pátrio. Quanto ao futebol, confesso que não vi. Estarei com problemas de visão como o Manuel Pinho? Credo! Valha-me S. Sócrates!
Saúde e fraternidade.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Leilão ex-Colecção Ernesto Vilhena, Biblioteca Jorge de Brito III parte – 17 e 18 de Fevereiro
No próximo dia 17 e 18 de Fevereiro (21,30h) na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), 20 C, Lisboa, vai à praça 955 lotes, parte proveniente da Biblioteca Jorge de Brito (ex-Colecção Comandante Ernesto Vilhena). A leiloeira é a Renscimento e o excelente Catálogo foi elaboado pelo livreiro José Vicente.
Conjunto estimado (e raro) de Serigrafias, Arte, Arqueologia, Bibliografia (Diccionario Bibliographico Portuguez), uma Camiliana (ver a "A Infanta Capellista", 1872), Comoneana (vide Lusíadas, ed. III Centenário), Colonial, Culinária, Descobrimentos, Direito, Equitação, Gravuras, História Antiga, Jornalismo, Literatura, Literatura Modernista, Litografias (ver Costumes de Portugal, Lisboa, 1865), Livros de interesse para a I República, Manuscritos, Monografias, Ourivesaria, um livro raro de Fernando Pessoa ("35 Sonnets", Lisbon, 1918), Sermões, Tauromaquia (ver Gran Biblioteca de Selecciones del Museo Torino Espanol, 1977), Revistas, Almanaques e Periódicos (vide Almanach de Trancozo; Almanach Portuguez, 1826; Revista Portuguesa de História, Coimbra; Terra da Beira, Castelo Branco). Algumas peças com dedicatória dos autores ao comandante Vilhena.
Pode-se consultar o Catálogo online, AQUI.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
PARECER preliminar de Garcia Pereira – versão completa
Toda a alucinação dos normativos em torno do concebido ECD, a "avaliação de docentes" & demais ferretes do M.E. contra a Escola Pública e os professores, têm aqui o seu contraditório jurídico.
É muito importante (e reconfortante) esta apreciação de Garcia Pereira, mesmo sabendo-se anteriormente que o construído jurídico-administrativo de Lurdes Rodrigues (seguindo outras muitas leis do governo) era claramente inconstitucional. Por isso, nada de novo, tal a inabilidade laboratorial dessa palavrosa gente. Só peca este receituário jurídico por ser tardio e não ter sido considerada no tempo (como devia) como um decisivo mecanismo colectivo de acção (e de cidadania) pelas estruturas sindicais. Como sempre, tais cantadores de feira vieram, agora, apregoar tal forma de luta associativa. É tarde! Demasiado tarde para quem ministra sindicatos e associações de classe. Foi necessário um grupo de docentes independentes (nada desprevenidos pelo sentido que a luta adoptava) avançar para tal embargo, para que muitos entendam (no futuro) que a luta política tem tantas vertentes quantas as que quisermos e a imaginação permita. E, seguramente, que a luta jurídica, a par do marketing político em defesa da classe (que, aliás, a imagem pública dos docentes consente), têm aqui o maior sentido nesta contenda. Afinal, para que servem os sindicatos?
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