quarta-feira, 18 de março de 2009


ALBERTO COSTA

Alberto Costa, então moçoilo da Faculdade de Direito de Lisboa, num texto publicado na revista Movimento (nº1, s.d., edição da secção cultural da AAFDL) e, curiosamente dedicado a Jaime Gama, intitulado "Revolução na Revolução", evidentemente a propósito da saída do livro de [Régis] Debray (1967), em vaidade expandida cataloga as mazelas da "gramática de luta" política de antanho. Os rebentos do foquismo insurreccional (de atestado Castrista) exigiam, pela figura viciosa do praticismo espontaneísta, a atenção do jovem Alberto, então fiel do vocábulo "partido da classe operária". Num texto perfeito de rigor conceptual, o autor rima as regras da táctica e estratégia e está seguro nos escolhos da teoria e da prática, numa "sintaxe revolucionária" exemplar. Bons tempos os do Alberto, ou não fosse ele um provado lamechas teórico.

Esta peregrinação "literária", que para muitos nada dirá mas que para outros fará enxugar algumas lágrimas, diz muito sobre este nosso tempo de pura azia pragmática. Envolto nesta quadra de roupagem liberal, o bom do ilustre paroquiante nunca mais lerá exercícios tão espirituosos. O ex-camarada Costa (Alberto) fechou-se por dentro, implacável, sem teoria ou prática que possa ganhar o céu. Gama (Jaime) está, por sua vez, semi-vivo no seu aparente trabalho de servente da nova Assembleia Nacional. A "gramática de luta" d’hoje tem o surro ideológico do fatito de Augusto Santos Silva (ex-professo pichador de paredes da Invicta) e o gratuito gozo político do artista amestrado José Lello.

A volúpia que estes novos capatazes desfrutam nos intelectuais indígenas, agora vibrantes no seu abrigo universitário (tope-se a plantação feita no ISCTE), é qualidade exclusiva da nova civilização. O ofício dos Silva’s & Lello’s é uma sabedoria pragmática. A humanidade A.S. (antes de Sócrates) findou. Alberto Costa não respira mais. Nós por aqui distraídos!