sábado, 22 de novembro de 2008
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O NOBRE DEPUTADO
"O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Lei de Bases do Sistema Educativo, que, em 1986, estabeleceu o quadro de referência da Reforma do Sistema Educativo, foi objecto de um consenso social e político graças a um processo de elaboração e formulação que o Partido Socialista assume e do qual se orgulha. Ao longo dos anos que se seguiram, apesar dos avisos e chamadas de atenção feitos pelos diversos partidos, sindicatos e outros órgãos representativos, aquele consenso inicial foi-se progressivamente perdendo até se atingir a situação actual de desconfiança, descrédito e conflito generalizados (…)
... em vez de planificação global e faseada, de concertação política e envolvimento dos parceiros educativos, assistiu-se durante os últimos anos à produção de um edifício legislativo e normativo abundante, mas incaracterístico, contraditório e sem um mínimo de coerência temporal (...) Por outro lado, a ausência de diálogo, amplo e sistemático, que seria exigível para o sucesso da execução da reforma, mas que se instalou como estratégia de actuação, conduziu-a a ziguezagues ditados por razões de conjuntura, de oportunidade política, de conveniência técnica e, não raras vezes, de mero interesse partidário.
O Sr. Laurentino Dias (PS): - Muito bem!
O Orador: - O cumprimento mínimo do dever de consulta às instituições representativas do tecido social ou dos parceiros educativos, a recolha de opiniões e a realização de algumas reuniões de debate após a publicação de normativos legais serviu apenas para tentar legitimar uma visão e um estilo de actuação tecnocráticos, que mais não pretendeu senão afastar a sociedade do debate e das decisões sobre as questões de fundo (...)
O PS já manifestou, por mais de uma vez, sérias dúvidas e reservas sobre a implementação da reforma. A sua filosofia subjacente implicava que o Ministério da Educação interviesse de forma coerente, concertada e programada em três áreas fundamentais: nos currículo, definindo em simultâneo os planos de estudo e os objectivos necessários para cada nível de ensino; na formação de professores, que, sendo determinante para o êxito global da reforma, deveria responder prioritariamente às necessidades de natureza pedagógica e didáctica impostas pelos novos curricula e pelos novos programas e docentes na sua relação com os pais e com a comunidade; na gestão e organização das escolas, propondo modelos administrativos menos ambiciosos mas mais adaptados à realidade das nossas escolas (...)
No sector das condições subjectivas, culturais e sociológicas da reforma, a estratégia oficial, neste domínio, tem consistido em institucionalizar a ambiguidade, a incoerência e o sentido do oportunismo.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - Institucionaliza a ambiguidade quando impõe, por via gravosa, administrativa e autoritária soluções para os parceiros educativos com os quais proclama ser depois indispensável trabalhar (...)
O Sr. António Braga (PS): - É bem verdade!
O Orador: - No entanto, exigiu a excepcionalidade da retenção, gerando um sem número de equívocos junto das escolas, dos professores, dos encarregados de educação e dos próprios alunos.
Na formação contínua de professores, o sistema de "créditos" para a progressão na carreira subverteu os seus principais objectivos. O Ministério da Educação, ao não dar prioridade à formação nas escolas e às necessidades pedagógicas e didácticas criadas por uma relação de ensino/aprendizagem de tipo novo, abriu a possibilidade de uso indiscriminado de fórmulas ultrapassadas de transmissão passiva de "conhecimentos". Pretendendo contribuir para o desenvolvimento de uma nova cultura de escola, necessária para o desempenho de novos papéis do professor, e para um associativismo de projectos e de recursos acabou por asfixiar as iniciativas autónomas das escolas através de processos burocráticos, que lhes exigiu.
Institucionaliza a incoerência e o oportunismo quando faz dos professores, individualmente e como classe, o bode expiatório da sua própria falta de rigor e de capacidade política no cumprimento das finalidades da reforma.
(...) Se existem problemas, é porque "os professores não respeitam a identidade", "boicotam as claras orientações superiores em matéria de avaliação ou de assiduidade dos alunos".
Sr. Presidente, Srs. Deputados: o PS entende que chegou o momento de dizer "basta" a este estado de coisas. Entende que é urgente proceder-se a um balanço da reforma educativa, no quadro de uma análise independente das medidas e acções que têm vindo a ser implementadas. Entende também que é necessário reconhecer a dimensão política da insatisfação geral dos professores e das escolas façe à reforma.
Assim, o PS irá apresentar em breve, um conjunto de propostas necessárias para mudar a política educativa e salvar a ideia de reforma.
Aplausos do PS."
in Reunião Plenária de 22 de Junho de 1994, 3ª Sessão Legislativa (1993-1994), VI Legislatura.
Joana Morais Varela
A directora da iluminada revista Cóloquio-Letras, edição da Gulbenkian, fertilizando a bela arte & a literatura indígena tantos anos a fio, numa sublime quanto apaixonada lealdade poética, foi dispensada do culto da obra e da qualidade do luxo, coisa que francamente o provincianismo da paróquia detesta. O portentoso duo Vilar & Grilo consentiu a ignomínia. E não satisfeitos com o tumulto instalado, nada incomodados com o desalento que resta entre os leitores da (singular) revista, avançaram para o "despedimento com justa causa" da Joana Morais Varela, a pretexto de susceptibilidades, presumidamente, mais ou menos prosaicas. O respeito e gratidão que se devem à directora da Colóquio – e que constituem a nobreza dos homens - não foram, decerto, contemplados. Mas não deixam de ser o genuíno sentimento dos seus leitores e admiradores. Obrigado, Joana!
"Cresce uma voz do nada para logo se calar. Suponho que o lugar de verdade para que somos remetidos é o ponto de silêncio, como se fala do ponto de fusão, como se fala do zero. Donde só é possível gritar: penso que gritas uma espécie de palavras ou de urros ou de silêncio, do silêncio mais escuro de que as vozes são capazes. Só pelo poço mais fundo da noite, na brecha última da última garganta a tua. Por isso essa história incrível.
(As histórias de amor são impossíveis: nunca se parte para nada e estamos sempre de volta à nossa perdição)"
[Joana Morais Varela, 19/11/1978, in revista Abril, nº 9, Novembro 1978, p.44]
O ESTADO DA NAÇÃO!
O amigo do dr. Cavaco: "A operação de aquisição de duas sociedades com sede em Porto Rico pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), em 2001 e 2002, numa transacção ocultada das autoridades e não reflectida nas contas do grupo, foi liderada por José Oliveira e Costa, antigo líder do Grupo SLN/Banco Português de Negócios (BPN), e por Manuel Dias Loureiro – na altura administrador executivo do mesmo grupo. A operação envolveu duas empresas tecnológicas, contas em offshore e um investimento de mais de 56 milhões de euros por parte da SLN" [Público online, 18/11/08]
Ex-ministra da Educação ou um discurso muito familiar: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia" [M.L.R, perdão, M.F.L, in Público]
Golpes de vista: "O ministro português Fernando Teixeira dos Santos, é considerado pelo jornal britânico "Financial Times" (FT) como o pior ministro das Finanças entre os 19 países da União Europeia (UE) analisados" [in Jornal de Negócios]
Provavelmente ... Nª. Sra de Lurdes Rodrigues: "Acabamos com o anterior conceito de falta justificada ou injustificadas. Há faltas. E a escola tem de ter a possibilidade de decidir se aceita a justificação. Este estatuto não fomenta as baldas, pelo contrário. As escolas passam a poder interpelar os alunos e os seus pais e a intervir (...) Sabe quantos alunos reprovaram por faltas no ano passado? Provavelmente nenhum. Estamos a falar de margens. O que acontecia era que os pais justificavam todas as faltas aos meninos. Só os pais que queriam que eles chumbassem é que não justificavam. Portanto, provavelmente nenhum. Quem é que está em condições de avaliar as justificações e a medida coerciva a ser aplicada? As escolas e os professores ..." [M.L.R., 30/10/07, in D.N. – via Educar]
Independentemente ou a qualidade do despachante: "Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo ou ao triplo dos anos lectivos, deve realizar, prova de recuperação na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite (...) deve realizar (...) uma prova de recuperação …" [artº 22.º, n.º 2 do Estatuto do Aluno]
As regras da dicção jurídica do dr. Vital: "... deve tornar-se claro, sem equívocos, que não podem ser consentidos actos de desobediência à lei por parte de direcções das escolas ou de avaliadores ..." [V.M., in Público, 18/11/08]
Didáctica da régua: "Colocávamos a régua no bolso do casaco, deixando-a um bocadinho de fora, porque tinha algum efeito no sexo feminino (...) Bem, tenho de me ir embora, porque alguém tem de trabalhar" [Mário Lino em visitação a uma escola, travestido de Valentim Loureiro em glória tecnológica ao Magalhães - in Publico, 13/11/08]
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Gente medíocre
Um grupo de gente medíocre, incompetente, arrogante e com peculiaridades totalitárias, tomou de assalto (como se fosse coisa sua) o já debilitado e degenerado edifício do ensino e educação em Portugal. Nunca desde Abril arribou a uma pasta governativa gente tão idiotamente reacionária, porque tecnicamente incompetente e politicamente emproada.
O ensino e a educação levadas a cabo por esse grupo não tem – nunca teve – nada a ver com a instrução pública, a inovação e mudança necessária (organizacional, pedagógica e discursiva), que forçosamente configura uma Escola aberta e moderna, de exigência e de sucesso. E onde as suas estruturas e as suas práticas sejam (sem ambiguidades) democráticas.
O grupo em causa, sem qualquer experiência da governação, afastado do acto de ensinar e do território escolar, sem sistema de valores – o habitus de grupo que transmite é a mera reprodução de uma ordem hierárquica social totalitária, sob a capa de uma sociologia das profissões e da organização, ambas centradas na coisificação do pedagógico pela tecnociência e na dissimulação da "ideologia dos dons" (leia-se Bourdieu) aqui legitimada pela alienação do enunciador (o docente) com os destinatários da relação pedagógica. A gramática escolar dessa gente é apenas a overdose do seu trabalho de luto político e que resulta numa esquizofrenia, de um despotismo e conflitualidade nunca vista no campus escolar -, sem referências e instrumentos conceptuais de esforço e trabalho no campo da sociologia da educação, mas vigorosamente apoiado no corpo escolar mais reacionário do ISCTE (o novo pronto-a-pensar do regime) e na Presidência da República, destruiu completamente o sistema educativo indígena. E arrastou, na sua irrisória querela, o PS para a lama desta comédia nada ingénua de se arvorar em grande educador e reformador do povo.
Desta forma, já não é a "cabeça" dessa gente alucinada que se pede, em toda esta tragédia. Mas a do próprio partido. A obstinação doentia tem limites. Seguramente, a infausta derrocada chegará. Estamos cá para ver e contar.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
THE FERNANDO PESSOA AUCTION
É já no dia 13 de Novembro, curiosamente na data da morte do Infante D. Henrique, que há lugar ao LEILÃO DO ANO: o Leilão Fernando Pessoa – Manuscritos, Documentos Dactilografados, Livros, Revistas de Arte e Literárias, Fotografia e outros objectos do seu espólio, pertença dos seus herdeiros. A realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelas 21horas, por Luís Trindade e Bernardo Trindade.
Já muito se disse (nos jornais) sobre este invulgar leilão, sob direcção da Leiloeira e Galeria de Arte P4Ltd (Potássio Quatro Limitada). Desde poemas, apontamentos, planos de estudos e manuscritos do poeta (publicados ou não), várias cartas enviadas pelo poeta a amigos e aos jornais, até ao cobiçado lote do "dossier" Aleister Crowley
[teremos em leilão cartas originais de Fernando Pessoa, Aleister Crowley, Augusto Ferreira Gomes, Israel Regardir, Karl Germer, Marcelle Noel, Hanni Larissa Jaeger; textos manuscritos e dactilografados sobre o "suicídio" forjado do "mágico" Crowley e publicado no DN e Noticias Ilustrado, de 5 de Outubro de 1930; várias anotações, traduções e o original dessa notável novela policiária, “"Mistério da Boca do Inferno"; um conjunto de cartas astrológicas de Fernando Pessoa, notas manuscritas do mago Crowley em papel do Hotel l’Europe (Lisboa), telegramas, etc.]
um conjunto valioso de revistas literárias (Orpheu, Presença, Contemporânea, Athena, A Águia, Sudoeste, Centauro, Ressurreição, A Renascença), livros raros do próprio Pessoa, mas também de António Botto e o invular e raro "De Secretis Libri…" (Basileia, 1598, VI vols), de Wecker Johann Jacob (trata de magia, astrologia, anjos e demónios), fotos, etc.
Falaremos do leilão ao longo da semana. A não perder.
Ensino: agravos, calúnias & blogs
1. Maria de Lurdes Rodrigues, ainda ministra da educação, deu ontem uma série de entrevistas às televisões a propósito da manifestação de repúdio dos professores contra a sua pessoa. Esteve em todas elas, pastoreando os incautos espectadores e celebrando a sua incompetência política. Em todas elas, a arrogância e "teimosia" assumidas apontam para a sua insipiência em "matéria de gestão de organizações". Que é total.
Tratando quer um "quartel”" quer uma escola, como sendo uma única e a mesma organização, logo iguais conceptualmente, o seu exercício intelectual e académico põem em evidência as suas fracativas competências científicas-pedagógias na matéria. E revelam o estado do ensino académico indígena. E logo ela que, não por acaso, aparece como sendo uma putativa expert nesse folheto curioso que é a sociologia das organizações. Se não se soubesse que tal panegírico é assunto recopilado via o imaginário providente de João Freire (anarquista aposentado), com o apoio dos inefáveis empregados do regime que vegetam no ISCTE ou desconhecendo-se como a douta socióloga aplica na prática política e governativa os ensinamentos teóricos que lecciona, seríamos julgados a acreditar na bondade das suas medidas. Infelizmente não é assim! Qualquer um que queira saber as razões que estão por detrás do conflito entre (todos) os professores e a ministra tem à sua disposição na internet todos os materiais para uso do contraditório nessa matéria. Que o faça, livremente. Se for ainda capaz.
2. Calúnias. Não falamos das afirmações do caluniador e provocador Emídio Rangel, porque o caso é de foro psicanalítico e não argumentativo. As palavras insulsas ficam sempre bem a quem as profere.
Mas os editoriais do DN e do JN, pelo fraseado gasto e a manifesta inverdade no que escrevem, para além de ridículo são de lamentar. O editorial do DN é, de facto, de uma leviana ignorância e maledicência ao considerar puras deturpações como "casos concretos". O jornalista (?), presume-se o próprio Marcelino, não estudou a matéria em causa, limitando-se a repetir os rumores lançados pela ministra da educação. É ignorante porque afirma que "professores avaliados tem apenas de preencher uma ficha de definição de objectivos com duas páginas" – o que não é verdade totalmente – repetindo ad nauseam o que é lançado via governo. O porquê deste extraordinário e típico rumor era curioso de descobrir. O João Marcelino tinha (e tem) ocasião de saber se é ou não assim: basta ir a uma qualquer escola ou consultar documentação na internet.
Mais: o João Marcelino repete "que há muitos professores que já foram avaliados". O Marcelino, dando préstimos a iguais afirmações da ministra, não sabe que tipo de professores foram avaliados, em que contexto e como. Esquece-se de dizer que a tais docentes (os contratados e os que subiam de escalão até final do ano lectivo) não se utilizou a mesma metodologia (só tiveram de fazer a sua autoavaliação) com que agora se brinda os docentes do quadro e que, curiosamente, se encontram actualmente a trabalhar, na sua maioria, em caixas de supermercado ou estão no desemprego. Mas podia saber quem foi "avaliado" (e como?) se fosse autónomo, tivesse interesse, fosse atento e soubesse fazer uma simples pesquisa. Isto é, se fosse jornalista.
Por fim, é inútil referir o study case desse típico gerente dos jornais dos regimes, o senhor José Leite Pereira, director do JN. Num editorial abjecto, repetindo a pataco as enormidades do seu camarada João Marcelino (porque será?) pincela uma sensaborona croniqueta, onde o que avulta é apenas a pífia repetição desse espantalho das corporações e da defesa de direitos adquiridos. Para isso estamos conversados. Não é o jornalista Leite Pereira que pode vir dar lições sobre essa matéria. Ou a vergonha caiu de vez?
3. Por sua vez a Blogosfera, quase sempre escrava de factos e da retórica política posta a correr por criaturas sem nome, dorme "como um cevado". Bem comportadinha e sem liberdade de acção, como qualquer liceal, faltou à chamada. O ensino ou a educação irritam-lhe ou parcos neurónios, sonega-lhe a inspiração e a verve. A Blogosfera embirra com o ensino e os educadores. Fosse outro o escarcéu, já tinha publicado excelentes gatafunhos de gramática política & parido tão artificiosos como retrincados textos. Muitos dos blogs, ditos de referência, estão mais para a agulha e o dedal partidário. Ou sindical. Ou corporativo. Afinal porque razão haveriam de prosar e debater o ensino ou a educação? Acaso alguns desses extraordinários "cães de guarda" do regime, na sua boémia internauta, poderiam gastar as teclas, contestar ou opinar sobre a questão, talvez, absolutamente vital do país que é o ensino e a educação? Não podiam! Isto porque, tais fervorosos bloguers frequentam, como almas gémeas ou como comensais, o repasto do regime. Ora nunca se viu alguém morder a mão que lhe dá de comer. Evidentemente que não.
José Maria da Costa e Silva (Almarjão) 1920-2008
Estão de luto os amantes dos livros, todos aqueles que cultivam a sua paixão única e intemporal. No passado dia 4 de Novembro faleceu (com 88 anos; nasceu a 3 de Janeiro de 1920) um dos mais notáveis livreiros-alfarrabistas portugueses: José Maria da Costa e Silva (Almarjão). Fundou a estimada Livraria Histórica e Ultramarina (1956), outrora situada na Travessa da Queimada (Bairro Alto), tendo mudado há pouco tempo para a Rua José Lins do Rego. José Maria da Costa e Silva, conhecedor da sua arte e ele mesmo um coleccionador curioso, era um invulgar cultor de tertúlias sobre o livro ou documento antigo e sempre disponível para ajudar investigadores e estudiosos.
Lastimavelmente, tempo antes, faleceu um outro estimado livreiro, o José Rebelo do Manuscrito Histórico (Calçada do Sacramento, ao Chiado).
Uma grande e irreparável perda para todos nós
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
COM OS PROFESSORES!
Num momento de aviltamento do ensino público - onde a arrogância, o cinismo e o desacerto técnico-pedagógico do Ministério da Educação são de uma insensatez perigosa e com evidente apoio e responsabilidade deste governo estéril e amargoso - ninguém pode ficar indiferente ao que se passa na escola pública e na educação em Portugal.
Os professores, expostos em praça pública aos mais sórdidos dos interesses pela tutela merecem, pelo manifesto equilíbrio das suas revindicações – que são, afinal, de interesse geral da nação, logo de todos nós–, pela evidência dos factos e pela exposição séria, clara e objectiva da sua disputa (consultar abundante material, p. ex, aqui), que se reponha a dignidade profissional e pessoal dos seus profissionais, tolhidos que estão na sua capacidade de esperança e renovação da Escola.
Que a dita "avaliação de desempenho" dos docentes seja avulsa, confusa, burocrática, subjectiva, abusiva, desconexa, arbitrária, contraditória, inaceitável, penalizadora de competências científicas e pedagógicas dos docentes e desrespeitadora do trabalho com os educandos e a comunidade – logo não se tratando, nem sendo uma verdadeira avaliação - e que, ironicamente, tais postulados não preocupem o Ministério da Educação, os pedagogos instalados no comércio do eduquês ou os "sábios" das escolas superiores da educação, é de momento e nesta atmosfera de medo e assombro em que se vive, indiferente. O tempo chegará para esse ajuste de contas! Por ora os professores resistem, com inquebrantável energia. Com convicção, sem servilismos! A todos, o nosso apoio.
Manifestação: Terreiro do Paço, 14,30h – Dia 8 de Novembro
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A Coisa da Madeira
As tolices, palavrórios e mútuas injúrias, admiravelmente continuadas dos deputados da Assembleia Legislativa da Madeira, sempre pitorescamente acoitadas por Alberto João – esse trágico César da modernidade –, fazem a chacota, o riso e desprezo do gentio, imortalizando para sempre aquelas curiosas personagens.
Aponta-se quase sempre o estilo e o disparate desses inefáveis farsistas da coisa pública como resultado de um provincianismo ignorante, de um intrincado uso da palavra e do verbo ou, mesmo, do estigma da inexistência & uso de tradições democráticas, que obstinadamente e curiosamente imperam já depois da ditadura. O cadastro da coisa é enorme. Bem como os prevaricadores e o bate palmas de alguns dos incondicionais do PSD e seus acólitos. A valentia dessa gente toda diz muito sobre o país que temos.
O caso dos constantes "mimos" entre esses peritos do vitupério, sendo cómico ou trágico segundo os seus ledores, tomou hoje, porém, uma intolerância inaceitável. O grupo de deputados do PSD/Madeira decidiu "adiar as próximas sessões plenárias do Parlamento madeirense", em resposta às aleivosias de um deputado da oposição, como se o Parlamento fosse coisa sua. O grotesco desta decisão toma as raias de absurdo quando se assistiu ao impedimento físico de entrada no Parlamento do deputado prevaricador por um "comando" privado de seguranças (sem poder jurídico para tal), como se de uma casa privativa se tratasse.
Não se trata, já, de nos rirmos da bagunça constante no parlamento madeirense ou da sua repugnante agitação, mas sim de observar a existência de um vergonhoso abuso do poder, que confirma a mais completa inexistência de um estado de direito democrático. Que isso não incomode a sra. Ferreira Leite ou que possa merecer o silêncio do sr. Cavaco Silva, não se estranha nem surpreende. A coisa não é mais que a observância do enorme charco onde estamos atolados. Da prática política do sr. Sócrates à teoria política do dr. Cavaco, a diferença é nenhuma. As almas são, justificadamente, iguais. Santa miséria!
Barack Obama - Chicago Victory Speech
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
AMERICA 2008
"estamos prontos
e de barrete na mão
estamos prontos
prá desfiguração
Por um pedaço de pão
para o pai e para o filho
para toda a geração
estamos prontos
estamos tontos
somos pontos
d’interrogação
prontos
prá desfiguração ..." [?]
terça-feira, 4 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
LEILÃO – BIBLIOTECA DO DR. JOSÉ JOAQUIM DE OLIVEIRA BASTOS
De 4 a 14 de Novembro, sempre pelas 21 horas – na Junta de Freguesia do Bonfim, Campo 24 de Agosto, Porto – vai decorrer um valioso leilão organizado pela Livraria Manuel Ferreira. Trata-se da venda da estimada e muito valiosa Biblioteca do ilustre advogado e bibliófilo Dr. José Joaquim de Oliveira Bastos, que apresenta 2851 peças de grande valia e excepção.
Com um acervo raro de manuscritos (como o acervo epistolar de Flávio Gonçalves, cadernos manuscritos do pintor João Glama Stroeberlle, poesias manuscritas de Camillo), um núcleo de estimados e raros Periódicos e Almanaques, livros de Arte, Pintura e Escultura, ex-Librismo, livros de História com alguns peças raras do fim do séc. XIX e já do período republicano, uma Camiliana absolutamente notável, uma excelente Queirosiana, muitas obras de Literatura Clássica e Moderna, a ex-Biblioteca deste conhecido bibliófilo percorre quase tudo o que é de interesse dos finais do séc. XIX e XX. Com copiosas anotações de Manuel Ferreira – conforme AQUI pode consultar – os 2 (dois) Catálogos produzidos para esse Leilão pela sua Livraria Alfarrabista são, como sempre, de grande esmero e erudição.
Leilão, portanto, a não perder, mesmo que os tempos sejam de crise.
Catálogo on line.
A crise financeira e os "boys" do regime
O estouro do sistema de crédito internacional, sejam quais os motivos que o geraram, tornou os bancos insolventes. A acção do establishment político-financeiro nesta bancarrota mundial, mesmo que tais "génios" mostrem abundantes "lágrimas de crocodilo", configura a maior burla no sistema financeiro que há memória.
Conhece-se há muitos anos a total promiscuidade entre auditores, consultores e revisores de contas nas mais diversas empresas e instituições, e que tiveram o aplauso e o apoio exemplar de sinistras figuras indígenas – quase todos, não por acaso, angariadores de fundos partidários - que se alaparam nos conselhos de administração e nos conselhos fiscais dessas mesmas empresa. Não espanta o que a crise financeira agora revela, nessa nauseabunda fraude sem limites, mais a mais quando o regulador – com interesses próprios no jogo partidário – nunca actuou, nem estava "autorizado" a fazê-lo, por motivos óbvios.
Contra esta evidente certeza, bem conhecida por todos - mesmo entre os jornaleiros dos media de referência -, neste charco actual onde se vive, surge agora esse paradigmático "boy" do regime, de nome Victor Constâncio, impunemente e com o maior dos atrevimentos, a lavar as mãos enquanto autoridade de supervisão bancária da situação de bancarrota a que chegou o BPN. Este galhardo funcionário do Banco de Portugal, adornado de títulos académicos mas com um péssimo desempenho profissional no seu trabalho de supervisor, deveria tirar as ilações do seu (mau) trabalho, que é pago à custa dos contribuintes, e demitir-se. A sua avaliação de desempenho é manifestamente negativa.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
JOAQUIM DE CARVALHO 20 ANOS DEPOIS - FIGUEIRA DA FOZ
TERTÚLIA – Joaquim de Carvalho e a ideia de Pátria
Com Carlos Pinto Coelho (moderador), Fernando Catroga e Miguel Real.
Presença de: Alexandre Franco de Sá, António Pedro Pita, Carlos André, Fernando Rosas, José Júlio Lopes, Pacheco Pereira, Paulo Archer, Reis Torgal.
30 DE OUTUBRO: 22 horas – Casino da Figueira da Foz
Ver no Almanaque Republicano ou no In Memoriam Joaquim de Carvalho: NOTAS POLÍTICAS SOBRE JOAQUIM DE CARVALHO - Parte I e Parte II
domingo, 26 de outubro de 2008
JOSÉ CARDOSO PIRES: 10 ANOS DEPOIS
... Cardoso Pires morreu na madrugada de 26 de Outubro de 1998 (...)
'O Zé era um homem eternamente solitário apesar de estar sempre rodeado de gente'. Lobo Antunes [António]conta que em casa dele havia muito poucos livros e que não havia um único livro seu à vista. 'Tinha muito pudor'. Recebia imensos livros, rasgava a página da dedicatória e deitava fora o resto, revela. Tal como não tinh fotografias suas ou da família na sala mas tinha três do Hemingway (...)
in Cláudia Moura, "Um Escritor não chora", Notícias Magazine (D.N./J.N.), 26/10/2008
... Antes do seu primeiro exílio, em 1959, fundou e coordenou a revista Almanaque, com uma redacção composta por Augusto Abelaira, José Cutileiro, Luís de Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill e Vasco Pulido Valente. 'O programa era simples: ridicularizar os cosmopolitismos como sinónimos de provincianismo, sacudir os bonzos e demonstrar que a austeridade é uma capa do medo e da ausência de imaginação', disse a Portela [Artur]. Mais tarde, com Vítor Silva Tavares, fundou o suplemento & etc. do Jornal do Fundão, para depois dirigir o Suplemento Literário e A Mosca, ambos do Diário de Lisboa (...)
no auto-retrato Fumar ao Espelho [Cardoso Pires] questionava 'E agora, José?'. 'A cada interrogação aspira, fundo e lento, até o morrão do cigarro abrir brasa no vidro do espelho, e há altura em que pensa de alto 'Acta est fabula', se assim me posso exprimir em sinal de despedida (...) E com esta me despeço, adeus até outro dia, e que a terra nos seja leve por muitos anos e bons neste lugar e nesta companhia'.
in César Avó, "E agora, José?", revista Tabu, nº111, 25/10/2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Wassup 2008
Charlie Stone, de regresso. A nova Wassup entra na escolha presidencial. Eis a Bud, i.é., a Budweiser para os neófitos do desporto líquido, em versão geracional. Produção da Believe Media. A Pub no seu melhor.
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