segunda-feira, 2 de outubro de 2006


Livraria Manuel dos Santos

Vila Nova de Gaia não tem unicamente, por companhia, os obséquios milagrosos de Luís Filipe Menezes, o estágio anti-mouro do senhor Pinto da Costa ou as suas indescritíveis rotundas. Nada disso. Com afecto elevado e mil paixões dá-se ao respeito com uma ilustrada livraria alfarrabista: a Manuel dos Santos. Na rua Prof. Urbano de Moura, ao C. C. Vilagaia (loja 18), a vida anda cobiçosa. As variedades, com actualizações permanentes, são livros de poesia, romances & novelas, história, arte, monografias, manuscritos, revistas muitas ... tudo para sentimentos ricos e afortunados. A visão pode ser conquistada, aqui.

A consultar muitas vezes.


Saudades ...

Recato nos olhos

"Prazer de olhar é uma coisa, avareza de olhos outra. Qualquer semelhança entre ambas, quanto a fins e intenções, é pura coincidência.

Nos países onde impera o namoro de rua torna-se evidente que o jogo dos olhares é um género de primeira necessidade, um ritual de maior importância no estabelecimento de idílios de futuro não-platónico (...)

'Recato nos olhos', recomendavam os escritores sagrados e com muitíssima razão. Se a Mulher de Loth não tivesse caído nas tentações do olhar não teria sido transformada como foi em estátua de sal. Mas a Mulher de Loth, senhora dos confusos tempos do Génesis não conhecia os escritores sagrados pela simples razão de que os não havia ainda nessa época. No entanto tinha o dever de dar ouvidos às recomendações do Criador e menos olhos ao mundo ..."

[Aviso prévio a respeito dos olhares, in Almanaque, Dez. 1960]

sábado, 30 de setembro de 2006


Livraria Letra Livre

Na Calçada do Combro, um grupo de virtuosos ex-livreiros da Ler Devagar, estenderam a novíssima Livraria Letra Livre. Com brilho e para felicidade nossa, possuem agora um site onde abundam livros há muito esgotados, novos & usados, estimados ou malditos (conforme o olhar), de importância para o pensamento literário, social e politico contemporâneo, a par de virtuosos fundos de editoras à revelia do mainstream habitual.

A consultar, com merecida atenção.

Calçada do Combro

"Esta rua histórica que divide o Bairro Alto do Bairro da Bica, unindo o Chiado a São Bento, foi, desde o século XIX, um eixo central do coração da cidade que ligava dois bairros populares onde os livros, os jornais e a luta política e social faziam parte do quotidiano.

Mas, se a importância dos jornais, das tipografias e das organizações sindicais e sociais cresceu significativamente a partir do começo do século XX, desde o século XVIII, estes bairros de Lisboa tinham uma forte ligação ao comércio livreiro e à indústria tipográfica como demonstra a Igreja de Santa Catarina, cuja responsabilidade cabia à Confraria dos Livreiros.

Lojas Maçónicas, choças Carbonárias, jornais sindicais, republicanos e anarquistas, bem como inúmeras tipografias espalhavam-se por ruas e vielas destes dois bairros, vizinhos do Chiado, mais tradicional e burguês. As tascas e cafés da Bica e do Bairro Alto, tal como as da Rua da Misericórdia, onde funcionava o famoso Café dos Anarquistas, praticamente ao lado da editora Guimarães, uma das mais importantes da época, eram locais de encontro de intelectuais e operários envolvidos, primeiro, na luta contra a monarquia e, depois, nas lutas sociais da Primeira República. A Greve, diário operário criado em 1908, funcionou na Rua Luz Soriano e a Casa Sindical, inaugurada em 1912, no Palácio do Marquês de Pombal na Rua do Século até à sua invasão pela polícia da república. Próximo, na Rua da Barroca, teve também sua redacção A Sementeira, a principal revista libertária feita por trabalhadores no começo do século XX. Mas inúmeras outras publicações, folhas volantes e editoras, mais ou menos duradouras, e as tipografias onde eram impressas dividiam o espaço comercial dos prédios destes bairros populares.

Na Calçada do Combro nº 38-A, onde já havia tido sede, em finais do século XIX, o jornal Revolução de Setembro de Rodrigues Sampaio funcionou, a partir de 1919, no antigo Palácio dos Castro Marim, depois conhecido por Palácio do Correio Velho, a sede da Confederação Geral do Trabalho, a CGT anarco-sindicalista, e do seu jornal A Batalha a principal publicação operária e sindicalista da Primeira República. Por este palácio circulavam, juntamente com centenas de trabalhadores de diversos ofícios, intelectuais como Ferreira de Castro, Pinto Quartim, Manuel Ribeiro, Campos Lima, Emílio Costa, Jaime Brasil, Mário Domingues e tantos outros colaboradores de A Batalha e dos seus suplementos literários. Encerrada, assaltada, pilhada pelos diferentes governos republicanos e, finalmente, proibida a CGT e A Batalha tiveram de abandonar definitivamente a Calçada do Combro com a Ditadura do chamado Estado Novo.

A Calçada do Combro foi assim nas primeiras décadas do século XX a via estratégica por onde passavam as manifestações operárias que após concentração na Praça de Camões seguiam até ao Parlamento em São Bento para reclamar ou protestar.

Com a ditadura desapareceu quase por completo a actividade política e social legal ou tolerada e inúmeros jornais, tipografias, bem como grupos, sindicatos, lojas maçónicas tiveram de encerrar as suas actividades. Permanecendo ainda, principalmente no Bairro Alto, inúmeras tipografias e jornais comerciais, que foram se transferindo a partir dos anos 70 para outros locais da cidade, não deixando, no entanto, de aqui se concentrar um número relevante das pequenas tipografias, editoras e livrarias alfarrabistas de Lisboa"

[in Livraria Letra Livre]

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

CATÁLOGO DE OUTUBRO DA IN-LIBRIS


Catálogo de Outubro da In-Libris

Acaba de sair o Catálogo do mês de Outubro da In-Libris (Porto). Bastante curioso o conjunto de peças dedicadas à vinha e ao vinho. Apresenta, ainda, livros de Régio, dois raros livros de António Botto (Ciúme e Alfama), o raro e valioso livro do Pe. Joao Bautista de Castro (Mappa de Portugal // Antigo, e Moderno //...), uma importante e rara peça sobre artes gráficas (Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar,..., pelo Mestre Manuel de Andrade de Figueiredo), os 6 volumes (tiragem especial) dos Discursos de Salazar, a raríssima 1ª ed. do Diccionário de Milagres de Eça de Queiroz (1900), a importante, rara e valiosa Revista de Portugal, sob direcção de Eça de Queiroz (IV vols, 1889-1892), e ainda uma estimada 1ª edição de Eça (A Relíquia), uma difícil peça de colecção surrealista (Imagem Devolvida, de Mário-Henrique Leiria, 1974), o conhecido (já raro) e curioso opúsculo de mestre Luiz Pacheco, O Caso do Sonâmbulo Chupista (ed. Contraponto), o número único da comemoração do cinquentenário da revista Presença (Coimbra, Março, 1977) e o muito raro livro de Natália Correia "O Vinho e a Lira", edição de Ribeiro de Mello (à atenção do Ricardo Jorge).

Catálogo a consultar on line.

terça-feira, 26 de setembro de 2006


SÓNIA - "s.f. nome próprio de origem eslava, de que se conhecem alguns raros exemplares em Portugal. Dostoievski fez dela uma heroína sentimental, os romances de espionagem fizeram o resto ...

Sónia como oposição à Insónia é um mito. Entre uma coisa e outra pode existir antes uma aliança perversa na base do whisky e do gira-discos em privado. Sónia é portanto a Insónia sem profamina. E é sonho sem Freud"

[in Almanaque, Maio 1961]

Bom dia ...


Quadrante, nº 1, Julho 1958 ao nº 12, de Fevereiro 1963 (??). Publicação da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, dir. Orlando Neves, ed. J. Magalães Mota

Anotações:

Textos de Álvaro Lapa (nº1 - Kafka e a saudade da terra prometida), Almeida Faria (com Almeida Fernandes & Nuno Brederode dos Santos, nº 12, Autopsia do Ensino), Álvaro Cassuto, António Pedro de Vasconcelos, António Vilela, Armando de Carvalho (?) - (nº2, nº3 - Da arte da Guerra, nº 6), Carlos Moraes, Digo Freitas do Amaral (nº 9, Sobre o casuísmo nas leis), Fernando Barata , Francisco Ferreira Gomes, Helder Costa, J. C. Passos Valente (nº 5, Laicismo e Pedagogia), J. Pires de Lima, Joaquim Mestre (nº 3 - Teoria da Alienação), Jorge Pegado Liz, Jorge Sampaio (nº 9), Jorge Santos, José Augusto Seabra (nº1, 2, 3 - Apontamentos sobre a poesia portuguesa actual , 4, 7 - Temporalidade e actualidade de Fernando Pessoa), Levi Vermelho, Luís de Andrade Pina, Mário S. Mayor Cardia, Miguel Galvão Telles, Manuel Rio de Carvalho, Orlando Neves, Rui Namorado, Rui Neves, Pedro Ramos de Almeida, Sérgio Abreu e Moita, Prof. Vieira de Almeida, Vítor Wengorovius

Artigos sobre: André Gorz, André Malraux, Bergman, Camus, Fernando Pessoa (nº 7), Mário Eloy, René Clair, Saint-John Perse, Vergílio Ferreira,

Entrevistas a Carlos Candal (nº 9), Fernanda Botelho, João Esteves da Silva, José Gomes Ferreira, Marcello Caetano (nº 9), Miguel Reale, Rubens Teixeira,

Poesia: António Gancho, António Rego Chaves, Goulart Nogueira, Jorge Fernandes, José Augusto Seabra, José Cutileiro, Fernando Pessoa, Fiame Hasse Pais Brandão, Pedro Ramos de Almeida, Rui Namorado, Vasco Graça Moura,

[digitalizado pela Hemeroteca, aqui]

segunda-feira, 25 de setembro de 2006



O Sol de todos os dias

Albarda da semana

"Munto gost' ê cá d'andar a caval' sem albarda...
- Oh, filh', iss' és tu qu' és novo. Agor' ê cá, se m' amontass' em osso, caía logo
"

Esta semana, a bolsa de escribas indígenas, comentadores & condutores de artigalhos, teve gosto em demandar admiráveis empreitadas, serviços e fornecimentos curiosos. A praça pública, evidentemente em pastagens libertas e fecundas de fim-de-semana, andou pouco sensível à apalpação das circulares dos amanuenses, apesar de entender a digestão como grave. A coisa entre a canalha anda insidiosa e o bom governo da Nação, sorri. Sorri sempre! Lá para as bandas do Beato, Palácio Palmela, na EPUL ou no Rato, agora que o Gerez está mais perto e o dr. Cavaco anda feliz nos consensos, o riso é total. Gratuito. O gentio, porém, não entende tamanho esforço por tais delírios e nota que é simples "caturro da laringe". Ou, quanto muito, humor de olhos. Aliás o mesmo que tem vitimado o eng. do Tenta, ali para os lados da Luz.

A ver vamos. Por cá, com o assomar de novos escrivães à blogosfera lusa, entre os quais registe-se a pitoresca ameaça da aparição de um gracioso discípulo paleoliberal, a diversão promete durar. Será d'arromba. Ou como diria o infatigável mineiro das letras liberais - J.M. - em genuflexão teorética estimulante, "de ruim pano, muito bem saio". Absolutamente.

Quanto à albarda da semana, pela abastança do Dito & Feito na página de referência do Sol (Sol lucet omnibus) a modos que movendo admiração pelo zelo e caridade de pensamento, vai para o benevolente José António Lima. O abraço (solar) depositado em Souto Moura foi de grande inspiração. Para o bom do Lima, um sujeito, que por acaso é Procurador-Geral da Republica, ser amador no que faz, inábil e, principalmente, não cumprir com zelo as funções que lhe foram destinadas, não significa rigorosamente nada. Pelo contrário, tal sujeito, que por acaso é (ou foi) PGR, "colocou a justiça ao serviço da país". De tal modo que Lima, vindo do sepulcro da Justiça, considera que "nunca alguns poderes até então intocáveis haviam sido confrontados pela Justiça e (helás!) tratados em pé de igualdade com os restantes cidadãos". E acompanha a sublime exaltação judicativa, com referência ao caso da pedofilia, ao glorioso Apito Dourado, ao magnânimo caso Portucale, ao saudoso caso Fátima Felgueiras & Isaltino Morais, ao deduzido caso do Envelope 9, e por aí fora. Como se sabe, os resultados estão à vista. E no pensamento suspiroso do Lima, no "campo da justiça e da investigação criminal [somos] um país mais adulto, mais democrático e mais desenvolvido". Parabéns, pois, dr. Souto Moura. Muito agradecido. Encantados, ó Lima.

Trata-se, portanto, de chorar à memória de Souto Moura. E porque a sarabanda dos muitos Limas é livre de qualquer (auto)censura, medo, lisonja, subsídio ou perdição politica & para que não nos falte imperfeição alguma, enchemos o blog de

Tom Zé - Sem Saia, Sem Cera, CensuraCastpost

Como diria o M.E.C., "não fez mel? Não faz mal! / Amanhã vendemos tainhas!"

Bom dia.

Fenda

"Fenda é uma bola de ice cream partida por entre os muros altos da universidade a bocejar de tédio
Meteoricamente fálica no rabo imenso da ciência catedrática
Ah minha gente
Como somos impuros e belos! ..."

[Vasco Santos, Palavras, in Fenda nº 1, 1979]

"... Nesta paisagem de desassossego, que discurso corporal poderemos inscrever quando a crise do desejo é o vértice de uma ruína largamente apetecida?" [Fenda, 1982]

"... Estamos num tempo em que a literatura deixou de fazer parte da cultura geral, num tempo de espectadores, e até acho engraçado que ainda não me tivessem perguntado pela crise. Editor que não esteja em crise até é mal visto. O português sempre teve gosto por roer ossos - creio que era Jorge de Sena que dizia isto -, portanto estamos bem 'posicionados' para por os óculos de sol e ficar à espera. De quê? Da bactéria antropófaga da modernidade e dos dinheiros da CEE, e com isto vamos aliviando a dor de corno (...) Que livros editar nesta crise? Que livros para este mundo irrespirável? Que livros na doença e na assepsia? ..."

[Vasco Santos, entrevista ao Mil Folhas, ??]

sábado, 23 de setembro de 2006


"Há quem busque o saber pelo saber: é uma torpe curiosidade.
Há quem busque o saber para se exibir: é uma torpe vaidade.
Há quem busque o saber para vendê-lo: é um torpe tráfico.

Mas há quem busque o saber para edificar, e isto é caridade.
E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência"

[São Bernardo de Claraval, Sobre o cantar dos cantares, Sermão 36, III]

Leilão de Livros e Manuscritos: 25, 26 e 27 Setembro 2006

O Palácio do Correio Velho realiza nos próximos dias 25, 26 e 27 de Setembro - Calçada do Combro, 38 A, pelas 15 horas - um Leilão de Livros e Manuscritos. A não perder. Catálogo on line.

"Arte - História - Literatura Clássica e Moderna - Enologia - Genealogia - Heráldica - Culinária - Direito - Legislação - Geologia - Mineralogia - Medicina - Ourivesaria - Revistas - Turismo - Religião - Colecção de Fotografias dos Edifícios dos C.T.T. (anos 40) - Manuscritos dos séculos XVII, XVIII e XIX

Importante arquivo documental do maestro e compositor Francisco de Lacerda (1869 -1934) - ESPÓLIOS REAIS. Valiosa documentação respeitante às Contas de Despesa que fez o Marquês de Marialva, em Viena de Áustria, por ocasião das festas do casamento da Senhora Arquiduquesa D. Leopoldina com o Príncipe D. Pedro, futuro Rei D. Pedro IV. Notável conjunto de 51 cartas e documentos do arquivo particular de S. M. a Rainha D. Augusta Vitória, consorte de El-Rei D. Manuel II. Invulgar lote de receitas médicas prescritas a El-Rei D. Manuel II e à Rainha D. Augusta Vitória"

terça-feira, 19 de setembro de 2006


Luíz Augusto Rebello da Silva [1822 - m. 19 Setembro 1871]

"... Rebello da Silva, ainda mesmo entregue às tarefas da politica, que em espíritos menos fecundos esterilizam sempre o ideal e atam os voos a tudo que não seja rastejar no terreno das questões positivas, conservou sempre o seu lugar mais ou menos activa na imprensa literária.

(...) Como orador, Rebello da Silva é uma das palavras mais correctas e inspiradas da nossa tribuna. Antes de chegar ao parlamento, o seu tirocínio oratório havia já sido longo e auspiciado. Vimo-lo, mancebo de 17 anos, começar nesses ensaios de discussão na Sociedade Escolástico-Phylomatica [sociedade situada na Rua da Atalaia, Bairro Alto, onde numa 'sala disposta à maneira de parlamento', com um pequeno 'espaço para a galeria pública', uma grupo de pessoas assistia às oratórias eloquentes, 'enérgicas' e 'intimativas' dum grupo de indivíduos, como Thomaz de Carvalho, Vieira de Carvalho, Andrade Corvo, Rebelo da Silva, que discutiam questões como: influência da civilização na história; a reacção romântica e os efeitos da literatura no Ocidente da Europa, et.], para ir progressivamente conquistando créditos e triunfos, até chegar à arena politica, onde os largos horizontes dos debates parlamentares lhe ofereceram o âmbito, o ar, e o fogo para todos os arrojos do seu verbo audaz (...)

Um dos grandes triunfos oratórios de Rebello da Silva, o maior talvez pelo quadro de circunstâncias que o rodeava, foi o seu discurso a respeito do Acto Adicional em 1852. Militava então na oposição, e no banco dos ministros sentavam-se homens da craveira de Rodrigo Fonseca Magalhães, do Duque de Saldanha, de António Luiz de Seabra, e do Visconde d'Almeida Garrett. ..."

[J. M. d'Andrade Ferreira, in Revista Contemporânea de Portugal e Brazil, Ano I, Abril 1859]

Obras: A Tomada de Ceuta (anónimo), in Cosmorama Literário, 1840 / Raússo por homisio, in Rev Universal Lisbonense, 1842.43 / Ódio velho não cansa, 1849, II tomos / Cartas ao sr. Ministro da Justiça, sobre o uso que faz do púlpito e da imprensa uma fracção do clero português, 1850 / O Duque de Saldanha, e o Conde de Thomar, 1850 / A Mocidade de D. João V, 1852-53, IV tomos / Fastos da Igreja: historia da vida dos Santos ornamentos do cristianismo, 1854 / A pena de talião, Panorama, 1855 / Memoria Biographica e Literária acerca de Manoel Maria Barbosa du Bocage, 1855 / Othelo, ou o mouro de Veneza, 1856 / O Infante Santo, Archivo Universal, 1859 / Contos e Lendas. Uma aventura d'el rei D. Pedro, Archivo Universal, 1860, 1873 [inclui 'A Última Corrida de Touros em Salvaterra'] / História de Portugal nos Séculos XVII e XVIII, 1860-1871, V tomos

Escreveu em diversos jornais e revistas, como O Archivo Universal [O Mosteiro da Batalha, tomo III; A Última Corrida de Touros em Salvaterra; A Torre de Belém] / Panorama [Poetas da Arcádia - António Correia Garção, Domingos de Reis Quita, António Diniz da Cruz e Silva; Estadistas Portuguezes. Diogo de Mendonça Corte-Real] / Revista Contemporânea de Portugal e Brazil [Oradores Portuguezes. José Estevam, Bulhão Pato]

Locais: Luis Augusto Rebelo da Silva / Luis Augusto Rebelo da Silva (1822-1871) / Luiz Augusto Rebelo da Silva [blog]

segunda-feira, 18 de setembro de 2006



"... Um revólver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria
...
O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pé ante pé
Um senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perdeu a fé

Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de facto perigosos
Um instantinho de beleza ..."

[Alexandre O'Neill, Inventário]

"O impossível senhor Sócrates"

"Chego agora à mais eminente das minhas proposições: imagino a ordem. Ou antes, imagino primeiro uma grande ideia, depois, uma maior ainda, e assim por diante; e com este modelo imagino cada vez mais ordem na tua cabeça! Primeiro é tão divertida como um quarto de uma solteirona e tão asseada como uma estrebaria militar; depois grandiosa, como uma brigada em formação de batalha; depois, enfim, completamente louca, como quando se regressa da messe em plena noite e se ordena às estrelas: Universo, atenção: direita, direita volver!"

[Robert Musil, Um Homem sem Qualidades]

"Todas as vezes os assistentes imaginam que sou sábio quanto aos assuntos sobre os quais experimento os outros" [Sócrates]


"Criancinhas paregóricas de todos os países uni-vos" [W. Burroughs]

Paregórico: que suaviza ou acalma as dores; calmante; anódino || elixir ... antiga preparação opiácea da farmacopeia, também chamada tintura de ópio composta ou tintura de ópio benzóica [in Gr. Dic. L. Port, de JPM]

Mas que lindo menino ...

"... Não existe RTP. Existe a TV do José Eduardo Moniz. Está ali para se servir e o preço que tem de pagar é servir o poder, seja o PS (que o meteu lá, não esqueçamos ...), seja o PSD ou outro qualquer. Este tipo de gente serve todos os regimes. Mas ele não é eterno: não pode ir mais acima porque já está no topo da empresa, é quem manda mais. Portanto a esta hora já deve andar a namorar as privadas. E ainda vamos assistir ao cúmulo da imoralidade - que é o José Eduardo Moniz, o homem de mão, o homem que moldou a RTP à sua semelhança, depois de minar a TV pública e liquidar a sua credibilidade, sair para outro canal e passar a concorrer com a própria RTP ,,,"

[Miguel Sousa Tavares - entrevista à Kapa, Maio 1991]

Sol-e-dó

Por um lado o soltador arq. Saraiva não se saiu bem nas entrevistas televisivas a que se voluntariou. Esteve resinoso demais com Balsemão (soledades?), gracejou com o BCP (ou foi com os telespectadores?) e terminou incomodado com o surto de DVD's e publicidade do Expresso. Não se devia ter entretido em solapamentos antigos, nem caído como um qualquer infame soldadesco, na agitação do dr. Balsemão.

Por outro lado, o solevado arq. Saraiva ganhou a aposta. O jornal vendeu como pãezinhos quentes. Em qualquer soleira ou banca de jornais, o jornal esgotou. Será para solidificar? Veremos, mas seria bem melhor caminhar em solipé. Os rapazes do dr. Balsemão, sabe-se, andam soluçantes. Mas é de suspeitar. Soliamente bastaria ao dr. Balsemão enlaçar todas as semanas, ao seu jornal, uma qualquer iconografia de Scarlett Johansson (mesmo que estivesse ao colo do dr. Marques Mendes) para que o arq. Saraiva fosse para o desemprego. Há mulheres tão solarosas, que não têm perdão. Eu que o diga.

Por fim, o jornal soletreado letra-a-letra é uma alma gémea daquele feito pelo dr. Balsemão. Não inovou graficamente; apresenta textos como que solfejados do CM; tem uma revista de nome Tabu (a que propósito?) inenarrável, logo ali onde se deveria marcar a diferença com a Única (mãozinha do Rainho?); não tem uma secção dedicada à cultura (livros, música, cinema, teatro), o quer significar que não há clientes para tão estranha heresia. Será? Afinal que classes ou segmentos de público se pretende atingir? Que há de errado nisto tudo? Alguém nos diz? Agradecido.