quarta-feira, 24 de maio de 2006



Boa Tarde ... Henri Michaux!

O jornalismo segundo 'os próprios' ou o caso Carrilho

"Dos de nuestros grandes males: la solemnidad y la falta de humor" [Borges]

O debate maledicente de ontem, na RTP, entre três carpideiras personagens e o dr. Pacheco Pereira (de permeio) foi um arraial pavoroso de canalhice, que incomoda. O instinto grosseiro, provocador, ordinário mesmo, revelado ao longo do programa pelo trio de pavões que nos saiu na rifa televisiva, não foi agradável de seguir. Não foi, por isso, uma polémica séria, honesta e esclarecedora. Aliás, nesta lastimosa querela - como se pode estimar pelas várias defesas d'honra esculpidas em diversos locais (incluindo a blogosfera) pelas sentinelas do jornalismo corporativo ou "de classe" (ou, mesmo, por putativos candidatos) - as declarações dos indígenas instruídos sobre o assunto já estavam anteriormente assumidas. O hediondo mau da fita, para a tribo corporativa, tinha um nome só: Carrilho.

O programa foi, portanto, não um espaço para debater a corrupção no jornalismo, como é evidente ao longo das acusações de Carrilho e de Rangel, e o modo como empresas e jornalistas acofiados manipulam a opinião pública e publicada, mas uma arena de vaidades e de bufarias. Lamentavelmente.

Mas goste-se ou não da personagem Carrilho (bem retratado por Pacheco Pereira quando regista, com acerto, a máxima: "quem vive pelos jornais, morre pelos jornais"), faz todo o sentido - para que não se esqueça a questão substantiva - o que escreve José Vítor Malheiro (no Público) sobre o espectáculo da "minimização das criticas de Carrilho" ou "desagravo" corporativo, imoral, às acusações feitas. Diz:

"No fundo, tudo se passa como no proverbial caso da prostituta violada, que não consegue ver a sua queixa aceite pela polícia".

O dr. Pacheco Pereira ainda compreendeu, mas já era tarde demais e o local não era o mais aprazível. Quanto ao inenarrável Ricardo Costa a impudicícia demonstrada nos argumentos, todos dignos de delator ou de garoto escolar (eu fiz, mas sei que tu também fizeste), é o episódio mais marcante e terá efeitos nefastos, seguramente, no futuro. Afinal ... the show must go on.

Aforismos do senhor Karl Kraus ... dedicados a cavalheiros prudentes

* A missão da imprensa consiste em propagar o entendimento e, simultaneamente, em destruir a receptividade do entendimento

* Os jornais têm mais ou menos a mesma relação com a vida que a cartomante com a metafísica.

* A palavra escrita será a incorporação naturalmente necessária de um pensamento, e não o invólucro socialmente conveniente duma opinião.

* Jornalista é quem exprime o que o leitor de qualquer jornal já pensara, numa forma de que não seria mesmo assim capaz qualquer escriturário.

* A falta profundamente sentida de personalidade criou um estado de incêndio espiritual. Os bois evadem-se dos currais a meio das chamas; o publicista evade-se do assunto a meio da cultura. A meio desta pestilência espiritual, a gente tapa as ventas.

* Por que escreve fulano? Porque não tem carácter bastante para não escrever.

* O jornalismo pensa sem prazer do pensamento. A um tal domínio relegado, o artista assemelha-se à hetera obrigada a prostituir-se. Com uma diferença, porém: esta última sucumbe, sem dificuldade, também ao constrangimento. O constrangimento pode no seu caso significar prazer; no caso do primeiro, só desprazer.

* O que é que tem sobressaltos de ideias sem ideias? O que é que é mais inconsistente e impenetrável, mais infundado e imprevisível do que o boato? É jornal. O jornal é o funil dos rumores.

* A distorção da realidade na notícia é a notícia verídica da realidade.

* O historiador nem sempre é um profeta voltado para trás; o jornalista, porém, é sempre alguém que, depois, soube tudo antes.

* A humanidade inteira encontra-se já perante a imprensa no estado do actor a quem a omissão de um bom êxito poderá prejudicar. Nasce-se receando a imprensa.

* A crítica dos jornais consegue, apesar de tudo, exprimir como o criticado está para com o crítico.

* O jornalismo é uma operação a prazo em que o trigo também não existe em ideia, mas em que, realmente, há grande debulha de farelo.

* Censura e jornal - como não poderia eu pronunciar-me pela primeira? A censura pode oprimir a verdade durante certo tempo, retirando dela palavras. O jornal oprime a verdade a longo prazo, ao dar-lhe palavras. A censura não prejudica, nem a verdade, nem a palavra; o jornal, a ambas.

[Karl Kraus, "Presença de Karl Kraus contra o jornalismo", in revista Pravda, nº4, 1986]

domingo, 21 de maio de 2006


Ali à Sé Velha

"...
Amainaram as violas, na noite alta.
Quem assobia assobiadelas de opera.
Quem passa, agora, nos desvãos da rua?...

Vão-se apagando as luzes da ribalta,
Sobre o pano de boca o vento sopra,
Pintada e trémula a Catedral flutua ...
"

[Mário Saa, in Ali à Sé Velha, Encantada Coimbra, 2003]

Agradecimentos

"Às vezes não está nada em cima; procure-se, que está tudo em baixo" [Paracelso]

Eis-nos aqui, em perdida volúpia espiritual, para agradecer os adornos d'estilo & animados desvarios d'alma que foi objecto este estabelecimento de pronto a servir, horta literária ou "espreitador" do velho mundo, neste seu casto aniversário. Que os vossos ócios sejam memoráveis.

Ao Avatares de um Desejo, Bandeira ao Vento, Blasfémias, Bomba Inteligente, Bordado de Murmúrios, Cidade Vaga, Crítico Musical, Da Literatura, desNorte, Forma e Conteúdo, Forum Comunitário, Impensável, Legendas & Etcaetera, Linha dos Nodos, Mar Salgado, Memória Virtual, Miniscente, Musas Esqueléticas, Nova Floresta, O Insurgente, Origem das Espécies, Portugal dos Pequeninos, Retórica e Persuasão, Sub Rosa, Tomar Partido, Tugir, Welcome to Elsinore; àqueles outros bloguistas que em privado nos legaram inspiradas santidades & louvores e aos distintos ledores & amigos que de nós se lembraram, um grato obrigado. Saúde e fraternidade.

Ao mano Critico Musical, que faz brotar flores musicais encantadas cada dia, muitos parabéns pelo seu III aniversário.

terça-feira, 16 de maio de 2006


EDITAL do Almocreve das Petas

Faço saber aos que com ânimo de vista lerem este Edital, que o Almocreve das Petas, pesado nos seus três anos de opulência, afugentou gralhas económicas pouco disciplinadas, comprou, em evidente ingenuidade, folhas de trevo sócratico à mingua do rigoroso défice, adoptou um interessante teclado com imagens e prémios escolares e, porque "o verdadeiro amanhã é hoje" [Unamuno], faz dia 17 de Maio três anos de publicação.

Como antes, "está munido de água benta do rio Mondego" para esconjurar livrarias de velhinhas arminhadas, colocou o luxo intelectual em várias paróquias para sossego liberal e vai fazendo óptimos embrulhos musicais. Tem, como sempre, na mão esquerda a água benta. E confessamos, sem exagero indígena, que ainda somos pela "mão no martelo/e o martelo contra o espelho" [A. J. Forte]. Cheios de nós.

Lancemos, por fim, para altos intelectos governamentais e fiéis pregadores rosáceos, para que sintam mais aconchego subsidiado nessa vidinha saudosa da Mercearia Ferreira Leite ... a venerada

Filarmónica Fraude - Por vósCastpost

Dado nas Terras do Mondego em 16 de Maio de 2006. Masson, Contador-Geral o fez escrever. Leia-se!

3 ANOS EM ROMAGENS CON TESTA TÁRIAS



a Vós ledoras viçosas e também a Vós cavalheiros imprudentes que vindes regar em virtuoso hábito matinal este nosso jardim de letras & charnecas políticas anotamos em meloso choradinho que ao longo de três anos passaram por este estabelecimento os Senhores:

Abel Manta * Adam Smith * Adolfo Casais Monteiro * Afonso Botelho * Afonso Duarte * Agostinho da Silva * Alberto Caeiro * Alberto Ghiraldo * Alberto Pimenta * Alejandra Pizarnik * Alexander Scriabin * Alexander Search * Alexander Woollcott * Alexandre O'Neill * Alexis de Tocqueville * Alfonso Reyes * Alfred Jarry * Allen Ginsberg * Álvaro de Campos * Álvaro Carvalhal * Álvaro de Castro * Álvaro Cunhal * Álvaro Feijó * Álvaro Lapa * Álvaro Ribeiro * Alves Redol * Ana Hatherly * André Breton * André João Antonil * Angel Crespo * Anna Akhmatova * Anselmo C. M. Castelo Branco * Antero de Quental * Antonin Artaud * António Aragão * António Cândido Franco * António Domingues * António Franco Alexandre * António Gancho * António José Forte * António Maria Lisboa * António Pedro * António Quadros * António Sérgio * António Tabucchi * António Telmo * Aquilino Ribeiro * Armando Silva Carvalho * Arthur Rimbaud * August Strindberg * Augusto Ferreira Gomes * Augusto M. Seabra * Baptista Bastos * Barbosa du Bocage * Baudelaire * Baudrillard * Bernardo Soares * Blas de Otero * Bordiga * Boris Vian * Cabrera Infante * Camilo Castelo Branco * Camilo Pessanha * Cardoso Martha * Carlos Paredes * Cecilia Bartoli * Cesário Verde * Chavela Vargas * Dagoberto L. Markl * Dalila Pereira da Costa * Dashiell Hammett * Dórdio Guimarães * Drummond de Andrade * E. E. Cummings * E. M. de Melo e Castro * Eça de Queirós * Edgar Allan Poe * Eduardo Guerra Carneiro * Eduardo Lourenço * Eduardo Teixeira Coelho * Egito Gonçalves * Eliezer Kamenezky * Emily Dickinson * Emma Goldman * Emmanuel Swedenborg * Erich Muhsam * Ernesto Sampaio * Eugénio de Andrade * Eugenio Montale * Ezra Pound * F. García Lorca * Félix Guattari * Fernando Assis Pacheco * Fernando Belo * Fernando Pessoa * Fernando Valle * Ferreira de Castro * Ferreira Gullar * Fialho de Almeida * Fiame Hasse P. Brandão * Fidelino de Figueiredo * Francisco Palma Dias * François Villon * Fyodor Dostoevsky * G. B. Shaw * Gabriel García Marquez * Georg Trakl * George Orwell * George Steiner * Giánnis Ritsos * Goethe * Gregório de Mattos * Guerra Junqueiro * Gustavo de Matos Sequeira * Guy Debord * Hans Magnus Enzensberger * Haroldo de Campos * Hart Crane * Heberto Padilla * Heinrich Heine * Heinrich von Kleist * Helder Moura Pereira * Henrique Barrilaro Ruas * Henrique de Campos Ferreira Lima * Henrique José de Souza * Herberto Hélder * Isaiah Berlin * J. P. Feio * J. Prevert * Jacques Camatte * Jacques Derrida * James Joyce * Jean Baudrillard * Jean Cocteau * Jean-Paule Sartre * Jean Renoir * João Antunes * João de Barros * João Bigotte Chorão * João Cabral de Melo Neto * João César Monteiro * João Gaspar Simões * João Guimarães Rosa * João José Cochofel * João Palma-Ferreira * João Paulo Freire (Mário) * João Rui de Sousa * Joaquim de Carvalho * Joaquim Martins de Carvalho * Joaquim Namorado * John Cale * John Coltrane * John Maynard Keynes * John Milton * Jorge de Lima * Jorge Luís Borges * Jorge de Sena * Jorge de Sousa Braga * José Afonso * José Anastácio da Cunha * José Augusto Seabra * José Blanc de Portugal * José Cardoso Pires * José Carlos Ary dos Santos * José Daniel Rodrigues da Costa * José Gomes Ferreira * José Marinho * José Mindlin * José Saramago * Juan Carlos Onetti * Julio Cortázar * Júlio Henriques * Karl Marx * Karl Krauss * Kenneth Patchen * Kurt Tucholsky * L. Wittgenstein * Lautréamont * Lawrence Durrell * Lawrence Ferlinghetti * Leminski * Leon Tolstoi * Leonardo Coimbra * Louis-Claude de Saint-Martin * Louis-Ferdinand Céline * Luiz Forjaz Trigueiros * Luiz Pacheco * Luiza Neto Jorge * Machado de Assis * Manuel Fernandes Tomás * Manuel da Fonseca * Manuel Gandra * Manuel Laranjeira * Manuel de Lima * Manuel Silva-Terra * Marcel Duchamp * Marguerite Duras * Maria Lamas * Maria Velho da Costa * Mário Cesariny de Vasconcelos * Mário Cláudio * Mário Henrique Leiria * Mário Saa * Marquês de Sade * Martinez Estrada * Max Stirner * Mayakovsky * Miguel Hernández * Miguel de Unamuno * Miles Davis * Natália Correia * Nelson Rodrigues * Neno Vasco * Octávio Paz * Olavo Bilac * Olga Orozco * Oliveira Martins * Omar Khayyam * Oscar Wilde * Otto Gross * Pablo Neruda * Padre António Vieira * Papus * Pasolini * Paul Eluard * Paul Verlaine * Paulo Francis * Paulo Quintela * Pedro Alvim * Pedro Oom * Pedro Teixeira da Mota * Philip Lamantia * Pico Della Mirandola * Pierre Louÿs * Piotr Kropotkin * Primo Levi * Pushkin * Rainer Maria Rilke * Ramalho Ortigão * Raul Brandão * Raul Leal * Raul Proença * Reinaldo Ferreira (Repórter X) * René Char * René Guénon * Robert Bresson * Ronald de Carvalho * Rosalía de Castro * Rubem Braga * Rubens Borba de Moraes * Rubén Dário * Rui Knopfli * Ruy Cinatti * Sá de Miranda * Sampaio Bruno * Sant'Ana Dionísio * Saúl Dias * Schopenhauer * Sérgio Milliet * Sérgio Vieira de Mello * Sigmund Freud * Sophia de Mello Breyner * Steinbeck * Susan B. Anthony * Sylvia Plath * T. S. Eliot * Teixeira de Pascoaes * Teresa Mesquitela * Theophilo Braga * Thomas Mann * Tom Zé * Tomás Pinto Brandão * Tomaz Kim * Tommaso Campanella * Tristan Corbière * Umberto Saba * Vasco da Gama Rodrigues * Vergílio Ferreira * Vinicius de Moraes * Virginia Woolf * Vitor Silva Tavares * Vitorino Nemésio * Walt Whitman * Walter Benjamin * Wilhelm Reich * William Blake * Winston Churchill * Y. K. Centeno

Gracias! ... "que é o que por cá se vai gastando". Boa Noite!

segunda-feira, 15 de maio de 2006


Emily Dickinson [1830 - m. 15 Maio 1886]

I died for beauty but was scarce
Adjusted in the tomb,
When one who died for truth was lain
In an adjoining room.

He questioned softly why I failed?
"For beauty," I replied.
"And I for truth, - the two are one;
We brethren are," he said.

And so, as kinsmen met a night,
We talked between the rooms,
Until the moss had reached our lips,
And covered up our names.


[Emily Dickinson - voz de Glenda Jackson:
I died for beauty but was scarce]Castpost

Leilão de Livros e Manuscritos - 23, 24 e 25 Maio 2006

Realiza-se nos próximos dias 23, 24 e 25 de Maio - Hotel Roma, Lisboa, pelas 21 horas - um Leilão de Livros e Manuscritos, sob direcção de Luís Burney (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa). 1124 peças, raras, esgotadas ou curiosas de Arte, Bibliografia, História, Literatura e Monografias Regionais. A não perder.

Algumas referências da 1ª noite: Actas. Congresso Internacional de História dos Descobrimentos, 1961, VII vols / Almanaque Alentejano (coord. Fausto Gonçalves), 1943-1964, VII vols / Obras de Nicolau Tolentino de Almeida, 1968 (pref. de A. O'Neill) / Miscellanea, de Miguel Leitão de Andrada, nova ed. correcta, 1867 / Obras de Ruy de Andrade [Garranos, O Burro, O Cavalo Andaluz] saídas no Boletim Pecuário / A 'raça Alter' e a reconstituição do indigenato cavalar português, por José Caldeira Areias, 1942 (sep.) / Arquivo das Colónias: publicação oficial e mensal, 1917-1931, V vols / Diálogos de Dom Frey Amador Arraiz ..., Coimbra, 1604 (2ª ed.) / Memoria Historica da Antiguidade do Mosteiro de Leça chamada do Balio ..., de António do Carmo Velho de Barbosa, 1852 / Estudos Heráldicos e Archeologicos, por Inácio de Vilhena Barbosa, 1874-75, II vols / Noticia Histórica do Corpo Militar Académico de Coimbra, de Fernando Barreiros, 1918 / Real Fabrica de Vidos da Marinha Grande, por Carlos Vitorino da Silva Barros, 1969 / Traçado e Construção das Naus Portuguesas do século XVI, de Eugénio Estanislau de Barros, 1933 / Chronica do Emperador Clarimundo ..., de João Barros, 1742 / Da Ásia de João de Barros e Diogo Couto. Nova edição, 1778-1788, XXIV vols / Dictionnaire raisoné d'Equitation, de F. Baucher, 1833 / Bibliografia do Rio de Janeiro, de viajantes e autores estrangeiros, de Paulo Berger, 1964 / Diccionario Bibliographico Brazileiro, de Augusto Victoriano Alves Sacamento, 1970 (reimp.), VII vols / Chronica de Cister ..., de Fr. Bernardo de Brito, 1720 (2ª ed.) / Manuel di Libraire et de l'Amateur de livres ..., de Brunet, 1922, Vi+II vols / Da Vida e da Morte dos Bichos, por Henrique Galvão et al, V vols / Cadernos de Literatura, XV vols / Os Lusíadas, de Luis de Camões, 1956 / Notas para a Historia do Jornalismo em Elvas, de António José Torres de Carvalho, 1931 / Apontamentos para a Historia Contemporânea, por Joaquim Martins de Carvalho, 1868 (ref. à Maçonaria e a Ordem de S. Miguel da Ala, imprensa de Coimbra, etc) / Cântico do país emerso, de Natália Correia, 1961 / Corografia portuguesa e descripçam topográfica do famoso reino de Portugal ..., do Pe. António Carvalho da Costa, 1706-1712, III vols / Ensaio Económico sobre o commercio de Portugal e suas Colónias ..., por José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, 1794 / Ditames e Ditérios, por Alfredo da Cunha, 1929-33, III vols

[continua]

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Cancer Poem

"A escrita já não é que era.
Falar do futuro, é falar do vosso.
Simples jóias para homens brilhantes.
Deixa a tua marca com uma Parker.
...
Dêem um certo ar à vossa vida.
Potente e silencioso como um tigre.
Que não teme a savana nem o fim-de-semana ..."

[Sarenco, Cancer Poem]

tomou o seu ... Carrilho hoje!?

"Podem encontrar-se coisas obscenas em todos os livros, exceptuando no anuário dos telefones" [G. B. Shaw]

Ao que parece a Blogosfera indígena contraiu a doença "Carrilho". É só acompanhar o grupo florido & zeloso dos comentaristas habituais e observar os reparos íntimos que discorrem sobre o affair Carrilho - putativo prof. de filosofia, deputado, ex-ministro da Cultura e ex-candidato à CML. Todos tomaram, em doses ponderosas, um delicioso Carrilho, para mais tarde recordar. Bravo!

Pelo testemunho dos nossos intelectivos bloguistas, presume-se que o livro (Signo da Verdade) do dr. Carrilho vendeu como pãezinhos quentes: compraram e leram (à maneira de Marcelo e sem embargo de vista) à grande e ... à Lisboa! A bicha de compra estava, pois, proibitiva. Há público para tudo nessa paróquia educada, onde todos são letrados, artistas, negociantes de selos (para as fiancés, evidentemente), filósofos (daqueles em que o corpo caminha sempre à sua frente) ou meros comediantes. Curiosamente nessas ocasiões, salta sempre o Freud (que habita em cada um) e um Carmona-Presidente, com galões de marechal e tudo. O indígena da blogosfera impressiona sempre.

Pouco importa que o dr. Carrilho seja, ele-mesmo, um jornalista, pois só (como diz Millor Fernandes) se reconhece um quando ele "está falando mal do jornalismo". E o bloguista instruído não pode tudo topar. Tem de dobrar os cotovelos em torno do teclado, esquecer o requinte de malvadez que lhe quebranta a alma pastoral e lavrar qualquer coisita, desde que diga mal da personagem da semana. E hoje o figurão é o dr. Carrilho. Ricardo Costa, o anão político com mais contactos por m2 na lusa-esfera, já tinha soletrado a infamante opinião sobre o dr. Carrilho: "Nem para delegado de turma era alguma vez eleito!". A blogosfera, assim vigorada, seguiu o anão. Implacável!

Uma dúvida extraordinária subsiste: o que significam as palavras proferidas por Emídio Rangel!? A que propósito! E com que fundamento? Dão-se alvíssaras a quem o explicar! O programa segue dentro de momentos. Se deixarem!

quarta-feira, 10 de maio de 2006


10 Maio de 1933 - Berlin

"Era um dia toldado e chuvoso. E toldada estava, apesar dos cânticos e dos uniformes, a disposição dos estudantes. Os métodos dos novos senhores ainda não eram no fundo bem os seus. Eles sabiam que não só se podem amar livros, como também odiá-los. Que se queimem livros publicamente em virtude de uma ordem era coisa que ainda tinham de aprender. Era evidente para todos, sem excepção, que hoje davam um espectáculo inesquecível e execrável a todo o mundo civilizado. Um espectáculo que haveria de ficar indelevelmente registado nos anais da Humanidade. E talvez sentissem também que a sua marcha era uma marcha voluntária através do jugo imposto! Eram eles precisamente que nunca deveriam ter iniciado este passo de carrasco! Goebbels fizera emanar uma palavra de ordem para a ralé, mas não a deixou executar pela plebe, mas pela elite! Era um caso diabólico não convincente, mas a seu gosto. Com o auto de fé de hoje pôs termo à liberdade de escritores, os estudantes alemães executaram as suas próprias pretensões de uma futura liberdade de opinião. O crime que cometeram nesta noite foi ao mesmo tempo um suicidio antecipado ..." [Nota: "o relato de Erich Kastner refere-se à queima dos livros que teve lugar em 10 de Maio de 1933 na Praça da Ópera em Berlin"]

[Erich Kastner: Podem queimar-se livros?, 1947 - in 'A renovação da literatura de expressão alemã na primeira década do pós-guerra (1945-1955)', de Ludwig Scheidl, Ed. Colibri, 1998]

Leilão da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho - Hoje

Termina, hoje à noite, pelas 21 horas, no Amazónia Lisboa Hotel (Trav. Fábrica dos Pentes, 12/20, Lisboa) o valioso Leilão da Livraria de Bernardino Ribeiro de Carvalho, a cargo de Pedro de Azevedo, que (como sempre) apresentou um Catálogo absolutamente deslumbrante e de extrema utilidade bibliográfica. A não perder.

"[Bernardino Ribeiro de Carvalho] nascido em 1846, na freguesia de Cabaços, concelho de Alvaiázere, viria depois para Lisboa trazido por um tio, Bernardino José carvalho, que no comércio de importações e madeiras exóticas conseguira uma apreciável fortuna. Foi tal o grau de identificação que entre ambos se estabeleceu que o associou aos seus negócios e lhe deu em casamento uma das filhas, D. Maria Cristina de Carvalho. E essa actividade comercial viria a ocupá-lo de tal maneira que nela labutou até 1910, na do seu falecimento.
Dispondo certamente dos meios de fortuna assim adquiridos e animado sobretudo pela paixão dos livros, era assíduo frequentador de alfarrabistas e leiloeiras, visto que no seu espólio bibliográfico se encontram vaias espécies adquiridas na venda das livrarias do Visconde de Juromenha (1887), dos Marqueses de Pombal (1888), de José da Silva Mendes Leal e Jorge César de Figanière (1889), dos Condes de Linhares (1895) e de José Maria Nepomuceno (1897), entre certamente várias outras.

As compras que por essa e outras vias foi fazendo revelam, ao simples exame dos títulos, um conhecimento, um bom gosto, um apreço pelos livros de maior raridade e alguma preferências temáticas [Camoniana, Viagens marítimas, Arte de Cavalaria, Restauração, Orações Fúnebres e Constituições Sinodais, Invasões Francesas, Lutas Liberais, Bom-senso e Bom-gosto, Obras de José Agostinho de Macedo, Manuscritos, etc] que dele permitem traçar um completo perfil de bibliófilo ..."

[Aníbal Pinto Castro, in prefácio ao Catalogo da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho, 2006]

terça-feira, 9 de maio de 2006


Neno Vasco

Publicou: Reclus, Evolução, Revolução e Ideal Anarquista, (trad. N.[eno] V.[asco]), Biblioteca Sociológica, S. Paulo, 1904 / Geórgicas: ao trabalhador rural, Terra Livre, Lisboa, 1913 / Da Porta da Europa (factos e ideias: a questão religiosa, a questão política, a questão económica 1911-1912), Bibl. Libertas, Lisboa, 1913 / A Concepção Anarquista do Sindicalismo, Editorial A Batalha, Lisboa, 1923 (ed. póstuma??.); 2ª ed., Afrontamento, Porto, 1984

Peças de Teatro: Greve de Inquilinos: farça em 1 acto, Editorial A Batalha, 1923 / Pecado de Simonia, 1907

Colaborou em diversos periódicos: A Batalha; A Lanterna (S. Paulo); A Obra; Aurora (Porto); Germinal (Lisboa); Guerra Social (Rio de Janeiro); O Amigo do Povo; O Diário de Porto Alegre; Sementeira; Terra Livre; Voz do Trabalhador

Bibliografia sobre Neno Vasco: Adriano Botelho - Alguns Traços Biográficos de Neno Vasco, A Ideia, nº 2, Novembro, 1974, pp.12.17 / Almanaque d'A Batalha 1926, pref. Maria Filomena Mónica, col. Raízes, Edições Rolim, Lisboa, s.d. / António Ventura - Anarquistas e Socialistas em Portugal. As convergências possíveis (1892-1910), Edições Cosmos, Lisboa, 2000, p. 305 / Daniel Aarão Reis Filho - Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e as estratégias sindicais nos anos 10, Univ. Federal Fluminense / Edgar Rodrigies - O despertar operário em Portugal (1834-1911), Editora Sementeira, Lisboa, 1980, p. 238 / Edgar Rodrigues - Os Libertários (José Oiticica, Maria Lacerda de Moura, Neno Vasco, Fábio Luz), Achiamé / João Freire - Neno Vasco, anarquista, Diário Popular, Lisboa, 2.10.1980.

Locais: Neno Vasco / Em torno do jornal O Amigo do Povo: os grupos de afinidade e a propaganda anarquista em São Paulo nos primeiros anos deste século [Edilene Teresinha Toledo] / Edgar Rodrigues e o Movimento Anarquista no Brasil / Imprensa Operária / Memória anarquista do Centro Galego do Rio de Janeiro (1903-1922) / Indisciplina e Iconoclastia: sobre sociabilidades de anarquistas na Primeira República brasileira

Neno Vasco [n. 9 Maio 1878-1920]

Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos, aliás Neno Vasco, nasceu em Penafiel, a 9-5-1878. Seguiu para o Brasil (S. Paulo) aos 8 ou 9 anos de idade, em companhia do pai e madrasta, tendo regressado de novo a Portugal, para casa dos avós paternos (Amarante). Aí acabou o liceu, tendo-se matriculado depois na Faculdade de Direito, onde "teve como companheiro e amigo íntimo o inspirado poeta Teixeira de Pacoaes" (foi amigo de Faria de Vasconcelos e de António Resende), tornando-se bacharel em 1901.

Em 2 de Março de 1901 subscrevia, em Coimbra, um folheto - A Academia de Coimbra ao Povo Portuguez - onde se reclamava contra as arbitrariedades da polícia. Neste mesmo ano começou a sua colaboração no jornal O Mundo, jornal republicano que se publicava em Lisboa, sob a direcção de Mayer Garção. Parte em seguida para o Brasil (fins de 1901) e, em contacto com anarquistas italianos toma conhecimento profundo da obra de Henrique Malatesta, que o influencia profundamente e com quem se corresponde. As suas ideias, "concepções" e "prelecções" literárias são modificadas a partir daí. Disso é sinal, quer o que diz sobre o livro Catedral (de Manuel Ribeiro) quer o que refere (na Sementeira) sobre literatura, revolucionários e literatos, a propósito da morte de Octávio Mirbeau.

Assim, durante a sua permanência no Brasil [casou com Mercedes Moscovo, em 1905, filha de emigrantes espanhóis e de família de raízes anarquistas] desenvolveu uma intensa actividade de propaganda, fez escola e deixou muitos seguidores do seu ideal. Edita em S. Paulo [com Benjamim Mota, Oreste Ristori, Giulio Sorelli, Tobia Boni, Ângelo Bandoni, Gigi Damiani, etc], em 1902, o Amigo do Povo [de 1902 a 1904, nº 62], que teve na sua génese alguns dos principais intervenientes do movimento anarquista brasileiro, bem como um conjunto apreciável de mulheres que tomam em reflexão a questão da "emancipação" feminina [refira-se a intervenção de Neno Vasco na refutação da tese de Emílio Zola acerca da fecundidade]. Em 1905, ainda em S. Paulo, edita o periódico A Terra Livre com Edgard Leuenroth, Moscoso e outros [nº1, 1905 até 8 de Junho 1907; depois reaparece no Rio de Janeiro, até Julho de 1908, passando novamente a S. Paulo até Maio de 1910].

[Nota: no Brasil militaram, à época e logo depois, vários anarquistas de origem portuguesa: Adelino Tavares de Pinho (comerciante do Porto e prof. da Escola Moderna no Brasil), Marques da Costa (do jornal O Trabalho), Manuel Cunha, Diamantino Augusto, Amílcar dos Santos, Raul Pereira dos Santos, José Romero, etc]

Após a proclamação da República em 1910, Neno Vasco regressa a Portugal [algumas ref. dizem que foi expulso do Brasil]. Em 1911, mais concretamente, a 11, 12 e 13 de Novembro de 1911 realizou-se o 1º Congresso Anarquista Português, em que participa. Em 1912, com Lima da Costa, lança a colecção 'A Brochura Social' (edita-se 2 obras), participa em diversos encontros anarquistas (Conferência Anarquista de Lisboa, 1914), publica no semanário de Pinto Quartin, Terra Livre, o folheto "Geórgias: ao trabalhador rural", colabora nos cursos dados aos Jovens das Juventudes Sindicalistas, nos cursos d'O Germinal, desentende-se com Emídio Costa (em 1914, por motivos de estratégia face à guerra), foi amigo de muitos que militaram no movimento anarquista português.

Morre, de tuberculose, a 15 de Setembro de 1920, em S. Romão de Coronado (Trofa), pobre e anarquista. Refira-se que na «cidade de Nova Iguaçú, Estado do Rio de Janeiro, existe desde 1976 um edifício com o nome 'Pr. Neno Vasco

[continua]

3º Aniversário do Mar Salgado

"... dá sempre um 'Bom dia!' ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa ...
" [A. O'Neill]

Já não se comemoram anos como antigamente. A vidinha está um ninho de rios leitosos. Pois! Até entre os marinheiros há uma pressa de partida que impressiona. Andam sempre com o cabo de amarração no espírito e o olhar oculto. Ah, maldito futebol. Hirra, infecto défice. Psiu! ó coisas lindas que o mar desvela. O que faz falta, mesmo, é "uma mulher no mar alto". Só assim o tempo de aniversário nasce todos os anos.

A equipa operativa do Mar Salgado fez 3-Anos-3. Aos marujos ... parabéns!

segunda-feira, 8 de maio de 2006


3º Aniversário do Abrupto

"Este retrato vosso é o sinal
ao longe do que sois, por desamparo
destes olhos de cá, porque um tam claro
lume não pode ser vista mortal ...
" [Sá de Miranda]

O Abrupto fez 3 anos, de muita estimação. E, portanto, inspira fogosos amargos de escrita a alguns bloguistas, pouco resistentes à dose de 'libertinagem' estética, literária & política com que invade a blogosfera lusa. O Abrupto, assim atirado ás malvas em nome de agendas pessoais e lestos julgamentos, embora mais roufenho & áspero que o habitual, é um blog de notável encantamento e grande complacência.

O Abrupto tem 3 anos. De boa memória. O Abrupto-independente-do-mundo é Pacheco Pereira mais 'a sua circunstância'. Com tranquilidade no olhar, prazer de escrita, memória e inteligência, o valimento é incontornável. Parabéns!

O Velho de Belém

"O Expresso publicou ontem uma notícia inesperada, inconcebível, quase absurda (...) De que se trata? Segundo o Expresso, o dr. Cavaco, Presidente da República, não só pensa que a situação económica portuguesa está 'condenada' até 2010, mas nem sequer tem a certeza de que ela 'melhore' depois disso. Ou seja, pode mesmo acontecer que não 'melhore' nunca (...)

Convém não esquecer que o dr. Cavaco se candidatou a Belém declarando que não se 'resignava' à decadência económica do país, que pretendia restaurar a 'confiança' na sua força e no seu futuro e que a eleição dele era a 'última oportunidade' de parar e de inverter o declínio de uma década e o crescente afastamento da 'Europa'. Quem acreditou nisto, dito e redito com emoção e ênfase, votou nele. Se o dr. Cavaco acha agora que a queda vai continuar e que ele vai assistir de Belém, inerme e calado, a um desastre inevitável, perdeu qualquer legitimidade politica. Se alegar, como de costume, que não conhecia a situação, arruína para sempre a sua velha imagem de seriedade e competência. E se atribuir à sorte e ao mundo as desgraças de Portugal, a desculpa habitual do desespero, não convence ninguém.

Por outras palavras, no fundo, o problema é este: sabia ou não sabia o dr. Cavaco o que esperava e o que esperava o país? Se não sabia, nada o desculpa. Mas se, de facto, sabia, o objectivo da campanha presidencial foi, desde o princípio, o de premeditadamente iludir os portugueses. Nos dois casos, não há explicação que o salve (...)

[Vasco Pulido Valente, in O Velho de Belém, jornal Público, 7/05/2006]

domingo, 7 de maio de 2006


Uma anedota de equipa, uma direcção gabarola

"cão azeiteiro nunca bom coelheiro" [Adágios]

Acabou (graças, senhor!) o campeonato de futebol. O nosso coração é filho de Coimbra e da Figueira da Foz. Somos regionalistas. Não vamos em provocações. Não andamos em rebanho. Só um néscio poderia seguir esses propagandistas fendidos, os senhores Luís Filipe Vieira e José Veiga. Um dupla de sovados, bufaneando de grandes dirigentes aos indígenas alienados (que os há). Por isso, aqui estivemos em Coimbra a acompanhar a nossa Briosa, com o ouvido tenso no Naval. E fomos felizes. Viva!

A copiosa derrota do grande Benfica, tirando a frivolidade de ter uma equipa modesta e sem ardor "macho", não é insignificante. A vassourada feita no início da época aos jogadores campeões, acamou jogadores e associados. A gabarola direcção do Glorioso, sem serviço que se visse de utilidade e empenho, é palavrosa antes de ser profissional; a equipa técnica tem ritmo confuso e desesperançado, transpira uma angústia frequente; o balneário, sempre muito público e publicado, é bonito nas suas camisolas vermelhas, mas fora disso, a jogar, é um ajuntamento de meninas a tricotar, sabe-se lá o quê. O abuso de alguns desses jogadores trajarem a camisola encarnada, é um sacrilégio incompreensível. Um atentado à inteligência. Que só a mediocridade da dupla Vieira & Veiga, entendem. E alguns fundamentalistas do nosso querido glorioso.

Cabeças célebres e chapéus originais

" ... O chapéu dá personalidade. Um homem nu com o chapéu na cabeça, é alguém. O que seria de Napoleão se não tivesse usado chapéu? O que lhe deu celebridade? Foi o braço ao peito, a caixa de rapé, o caracolinho na testa? Ninharias! O que o tornou famoso foi o chapéu ..." [Arnaldo Leite, in O Tripeiro, nº1, Maio de 1950]

Figuras (esquerda para a direita): Anselmo de Morais, Brito e Cunha e Conde de Samodães

Anselmo Morais: "Grande chapéu, grandes barbas e grande jornalista. Chamavam-lhe «o Anselmo d'A Actualidade», por ser director e proprietário dum diário com aquele título. Homem de actividade e iniciativa, fundou a Imprensa Portuguesa ..." [Arnaldo Leite, ibidem]

Brito e Cunha: "Original chapéu, lembrando sueste de homem do mar. Figura simpática. Cônsul da Itália. Pai de Nuno Brito e Cunha, charmeur da eterna juventude e um dos poucos monóculos que ainda aparecem pelas ruas da Invicta" [idem, ibidem]

Conde de Samodães: "Chapéu de lustro, já sem lustro, num homem ilustre. Penante de seda todo arrepiado, como pelo de gato, quando lhe surge pela frente atrevido fraldiqueiro (...) Pingos de cera, pingos de rapé e rios de inteligência" [idem, ibidem]