sexta-feira, 8 de julho de 2005
Locais: Al Qaeda strikes in London's heart / Al-Qaida is exporting the war from Iraq to Europe / And this is why they did it / Conflit de valeurs / Esta vez, Londres / Iraq: the wrong war / La presse européenne s'inquiète d'une menace globale / Let the Olympics be a memorial / London: The latest ground zero / London lives / Online photos proliferate after London blasts / Please Appease Me / The price of occupation / The struggle against terrorism cannot be won by military means
quinta-feira, 7 de julho de 2005
Londres ... de novo a barbárie
Que resta dizer quando o ruído que trazemos na alma é um imenso distúrbio e a memória é coisa ininteligível. Ainda que esta cortina, negra, aberta ao terrorismo, à barbárie, ao terror, seja um vendaval constante, uma maldição - neste sonho colectivo de democracia que não pode quebrar -, ainda que o labirinto da nossa memória viva excessivamente, ainda que a prudência nos diga que "precisamos de inteligência" para o combate ao fundamentalismo religioso islâmico, ainda ... assim esta estranha incapacidade de construirmos uma estratégia comum contra o terror e a violência, perdura. Hoje Londres, ontem Madrid e Nova Iorque. Amanhã outro lugar. O espaço do terrorismo desliza na paisagem. O gesto para o derrubar exige muito mais. Entre eles esse trabalho de laicizar os Estados, seja eles quais forem. E manter a dignidade, a nobreza e as virtudes reveladas pelos londrinos que, como noutros tempos, nunca vacilaram mesmo sendo a amargura imensa. Sem vergar!
Locais: A Letter To The Terrorists, From London / BBC News / Coordinated terrorist attack in London / Letter from London / London Bomb Blasts Pool / News Now / Rush-hour attack on London / Technorati:London
quarta-feira, 6 de julho de 2005
[diálogos improváveis]
-- Mira, Fidel, éste Dirceu és un cabrón. Más uno traidor de la revolución? Donde fué que erramos, jefe?
-- Queda tranquilo, mio Che. Como dice el Bob Dylan, "Los tiempos cambian". Además, hoy en día, hay que endurecer pero sin perder la gordura.
[via Prosa Caótica]
5 - Aniversários atrasados - 5
"(... para amanhã ter a ilusão
de que o mundo é um sonho sem forma
a sair-me da cabeça.)" [J.G. Ferreira]
A desdita fez com que 5- blogs -5 celebrassem a glória do aniversário e nós por cá nem desfalecemos de alegria. As virtudes com que pedalamos na blogosfera [Oh! P'rá nós na sedução em serviço de duas rodas], neste abraçado mês de Julho, comprometem a movida. Porém, são sinceros os votos de felicitações ao Adufe, Litle Black Spot, Opiniondesmaker, Pantalassa & Um Mundo Imaginado. Sejam, por isso, benevolentes. Esvoacem de gozo & grandeza. Vistam-se de graça. Saúde e fraternidade. Cheers!
No aniversário ido ... do Dias com Árvores
[para a Manuela. Felicitações]
"¿Cómo vive una rosa
si la arrancas del suelo?" [Luis Cernuda]
"... Plantar uma árvore é desejar viver na natureza, incorpora-se nela e prolongar a própria existência. Nós vivemos com as árvores que plantamos, e, ainda quando o seu desenvolvimento máximo deva ser atingido muitos anos depois, nós acompanhamos, em espírito, esse desenvolvimento através do tempo e como que assistimos aos benefícios que essas árvores hajam de espalhar na frescura da sua sombra, na beleza do seu porte, na doçura dos seus frutos e até na riqueza da sua própria madeira. Isto é: vivemos no futuro com a árvore; e os que vierem depois de nós, hão-de certamente, lançar um olhar piedoso para essa árvore que cresceu, representando, na sua mente, a memória bendita daqueles que a plantaram ..."
[José de Castro, in pref. A Árvore, Biblioteca da Infância, 1913]
Devaneios e trapalhadas da Rosa
"Pela estrada plana, toc, toc, toc,
Guia o jumentinho uma velhinha errante ..." [G. Junqueiro]
Está claro: vem aí uma formidável trapalhada. A sentença para o país, dada com pompa e circunstância, ontem em sede do PIIP e a sua consolação, já noite dentro, pelo assombroso Sócrates (num bom momento de forma) via SIC, fundamenta os receios que lavram na paróquia lusa. O aspecto irrepreensível da apresentação da "coisa", que no dizer de Sócrates se "destina a criar um clima de confiança e de apelo ao crescimento", não ultrapassou sequer o seu merecido rescaldo.
Era ver os inauditos empresários, todos muito ajeitadinhos & ao molhe, do alto da sua imaculada quanto prudente essência empresarial, partirem à desfilada porta fora, para outro refúgio. O peditório, presume-se, não foi de muita estimação. O empresário indígena ainda se guia pelas doutrinas da infância do Estado Novo. Adormece quando lhe fazem ver que é empresário e/ou capitalista. Cá no burgo, o capital é uma vaidade para mostrar aos amigos, família & afins. Não é ferramenta intelectual nem o risco, decerto, é esmero que se venda a qualquer um.
Assim, esperar que este noviciado Plano de Fomento rosa, para além das megalomanias costumeiras e do desperdício de dinheiros públicos que gera, se concretize na/pela participação/decisão de investidores particulares lusos resulta em coisa pouco credível e, no invés, dará trapalhada certa. O exercício socrático de chamar a si ... os empresários e a populaça arrisca-se a uma pura esterilidade.
Enquanto isso, as comadres do Bloco Central, à falta de coisa melhor, lavam a roupa em S. Bento. A parceria da futricagem é verdadeiramente espantosa. O frenesim dos reparos em torno do Omo que lava melhor é uma oratória encadeada de respostas e contra-respostas, de regras e contra-regras, de desaforos liceais bem inspirados. E o Ministro das Finanças, em devoção extremada & em abono do défice, lá vai arranjando lenha para a fogueira dos impostos de todos nós, dando ocasião ao delicioso Santos Silva e ao imortal Oliveira Martins para fazerem o quebranto da rosa. Tudo engenhosamente sublime, decadente e rasca. O naufrágio está, portanto, à vista. Cuidem-se!
Livros & Arrumações [encomenda para o L. Miranda, Zé Viana e pró Motinha, algures a algarviar]
- curiosa separata da Revista Agronómica [vol.23(4):201-220, 1935] de Manuel de Sousa da Câmara intitulada "Abegão e Abegoaria". Trata-se, como se diz, de "ligeiros subsídios para um vocabulário agrícola e florestal português", importante para o conhecimento da "indústria agrária" e útil à "ciência dos campos". Estes apontamentos são agraciados ao Padre Luisier, Gustavo Matos Sequeira, Carlos Paim dos Reis, Augusto Ruela, Veloso de Araújo, Domingos Rosado, Rodrigues Simões e Carlos Rates (curioso!). Sobre cada uma das palavras [abegão e abegoaria] o autor faz um historial etimológico interessante, de vastas referências; depois parte para o significado da palavra, subsídios corográficos e elementos genealógicos
Para abegão temos, então, dirigente da abegoaria, empregado, chavão da lavoura, abaixo de feitor, carpinteiro de carros, fabricante de utensílios de lavoura e, ao que é dito, só é observado a sul do Mondego já que a Norte subsiste o moço, rapaz de penso ou pensador. Ao que o autor nos diz, abegão governa, para os lados de Benavente, o mancebo, os maiorais de bois, os contramaiorais, o roupeiro e o anojeiro, isto é "manda em todos os campinos". Portanto "ser abegão apresenta grandes dificuldades no exercício do logar; carece de grande experiência, bastante esperteza, muito desembaraço e provada honestidade". Cita o autor o excelente livro "Ribatejo" (1929), de Francisco Câncio, Mendes Leal Júnior ["O Campino", 1860] e "Atravez dos Campos - Usos e Costumes Agricolo-Alentejanos? (1903), de José da Silva Picão. Refira-se que, ao que se sugere, nalgumas terras alentejanas a palavra "abegão" foi substituída por "apeirador" (Campo Maior). Mais registos bibliográficos: Memória sobre a População e a Agricultura de Portugal (1868), de Rebelo da Silva; Épocas de Portugal Económico, de Lúcio de Azevedo. Para "Abegoaria", consultar ainda: Cintra Pinturesca (1838), de J. A. Pereira de Lacerda; O Livro do Alportel (1928), de Estanco Louro; Elucidário das palavras e Frases que em Portugal Antigamente se Usaram (1865), de Frei Joaquim de Santa Rosa Viterbo.
Nota necessária: "Aos estábulos de bois em Gouveia e regiões circunvisinhas denominam-os simplesmente lojas e em Santarém, Almeirim e povoados limítrofes lhes chamam motas, assim como noutros pontos do Ribatejo os distinguem por palheiros". Valeu!?
- curiosa separata da Revista Agronómica [vol.23(4):201-220, 1935] de Manuel de Sousa da Câmara intitulada "Abegão e Abegoaria". Trata-se, como se diz, de "ligeiros subsídios para um vocabulário agrícola e florestal português", importante para o conhecimento da "indústria agrária" e útil à "ciência dos campos". Estes apontamentos são agraciados ao Padre Luisier, Gustavo Matos Sequeira, Carlos Paim dos Reis, Augusto Ruela, Veloso de Araújo, Domingos Rosado, Rodrigues Simões e Carlos Rates (curioso!). Sobre cada uma das palavras [abegão e abegoaria] o autor faz um historial etimológico interessante, de vastas referências; depois parte para o significado da palavra, subsídios corográficos e elementos genealógicos
Para abegão temos, então, dirigente da abegoaria, empregado, chavão da lavoura, abaixo de feitor, carpinteiro de carros, fabricante de utensílios de lavoura e, ao que é dito, só é observado a sul do Mondego já que a Norte subsiste o moço, rapaz de penso ou pensador. Ao que o autor nos diz, abegão governa, para os lados de Benavente, o mancebo, os maiorais de bois, os contramaiorais, o roupeiro e o anojeiro, isto é "manda em todos os campinos". Portanto "ser abegão apresenta grandes dificuldades no exercício do logar; carece de grande experiência, bastante esperteza, muito desembaraço e provada honestidade". Cita o autor o excelente livro "Ribatejo" (1929), de Francisco Câncio, Mendes Leal Júnior ["O Campino", 1860] e "Atravez dos Campos - Usos e Costumes Agricolo-Alentejanos? (1903), de José da Silva Picão. Refira-se que, ao que se sugere, nalgumas terras alentejanas a palavra "abegão" foi substituída por "apeirador" (Campo Maior). Mais registos bibliográficos: Memória sobre a População e a Agricultura de Portugal (1868), de Rebelo da Silva; Épocas de Portugal Económico, de Lúcio de Azevedo. Para "Abegoaria", consultar ainda: Cintra Pinturesca (1838), de J. A. Pereira de Lacerda; O Livro do Alportel (1928), de Estanco Louro; Elucidário das palavras e Frases que em Portugal Antigamente se Usaram (1865), de Frei Joaquim de Santa Rosa Viterbo.
Nota necessária: "Aos estábulos de bois em Gouveia e regiões circunvisinhas denominam-os simplesmente lojas e em Santarém, Almeirim e povoados limítrofes lhes chamam motas, assim como noutros pontos do Ribatejo os distinguem por palheiros". Valeu!?
segunda-feira, 4 de julho de 2005
2 - Aniversários - 2
"Quem dirá o número dos meus dias?
Como será então o som da minha boca? ..." [M.S. Lourenço]
Eis um somatório de virtudes: um homem & duas mulheres, entre poemas, análises, ideias e vocábulos - geometria imortal - teimam em iluminar a blogosfera lusitana. O viço das palavras é uma felicidade perturbante. Os mysterios (ou a miséria) da lide política comentados no Bloguitica & a perpétua poesis do/no Tempo Dual são puríssimos resguardos para todos nós. Fazem 2 libertos anos. Parabéns, saúde e fraternidade.
Para o Barnabé na Hora da sua Viagem
"Sou um marco
plantado há muitos anos:
Sei que aqui começa a vila
Sei que aqui começa o campo.
...
Muitas colheitas passaram,
crianças homens estão
a vila cresce e nas vinhas
amadurecem as uvas.
Tudo passa, por toda a vida
soluçam cheias as mãos ...
... Só eu sou o marco,
imóvel para sempre,
seco por uma angústia
de não ser vila nem campo"
[Angel Crespo, in Aqui, trad. Manuel de Seabra]
4 de Julho
"América dei-te tudo e agora não sou nada.
...
Não me sinto nada satisfeito não me chateies.
Não vou escrever o meu poema enquanto não estiver
Perfeitamente equilibrado.
América quando serás tu angélica?
Quando é que te despes?
Quando é que olharás para ti através do sepulcro?
...
América porque estão as tuas bibliotecas cheias de
lágrimas?
América quando é que enviarás os teus ovos para a Índia?
Estou farto das tuas exigências loucas.
...
América não empurres eu sei o que faço
América as flores de ameixieira estão a cair ..."
[Allen Ginsberg, in "América", trad. Manuel de Seabra]
sexta-feira, 1 de julho de 2005
Juan Carlos Onetti [n. 1 Julho 1909-1994]
"He ido por el camino ascendente y descendente;
He sufrido y he creado en otros días;
He deseado todo y he dicho adiós a la esperanza;
He vivido y amado y cerrado la puerta." [R. L. Stevenson]
"Hay sólo un camino. El que hubo siempre. Que el creador de verdad tenga la fuerza de vivir solitario y mire dentro suyo. Que comprenda que no tenemos huellas para seguir, que el camino habrá de hacérselo cada uno, tenaz y alegremente, cortando la sombra del monte y los arbustos enanos" [Onetti, 1940]
"Onetti. Juan Carlos Onetti. Agent provocateur. Con y sin nombres fingidos. Siempre atento de preservarse de publicidad. Infestado de leyendas como otros de hongos. Su influencia ni ancha ni extensa, pero profunda. Indiferente frente al barullo de los adeptos no llamados. Recompensado con un silencio que recién la estupidez tipo general hace estallar. En consecuencia: la agitación internacional, el exilio, y finalmente la gloria: breve y sin compromisos. Un mito ya en vida. Un sobreviviente en el grupo clandestino de los no muertos del cerebro, en el mundo creado por él" [ler aqui]
Locais: Juan Carlos Onetti / Juan Carlos Onetti (1909 - 1994) / Juan Carlos Onetti / Juan Carlos Onetti (página oficial) / Onetti a cinco años de su muerte / Textos de Onetti / La obra de Juan Carlos Onetti: Una literatura del desarraigo
quinta-feira, 30 de junho de 2005
EDUARDO GUERRA CARNEIRO
UMA CAMPANHA ALEGRE
O País está uma choldra. O espectáculo é deprimente. Cheia de graça a equipa dos anotadores dos crentes grava por toda a fazenda a salvação & a virtude da santidade do défice minguado. As aparências de tão nobre programação, em nome da rosa, não são amortecidas pelos indígenas, que jazem enfastiados por tão elevado quanto repetitivo tributo pátrio. O sono da indiferença & da morte arrastada, por tão abundantes promessas regeneradoras, é um acto patriótico. Contra a sanha feroz da turba costumeira dos amigos Socráticos todas as suspeitas são legítimas. A tolerância tem limites. A sem vergonha, que aparece em altos brados, presume-se que ainda não. Sempre assim foi. "Todos iguais, irmãos em tudo". O que seria a Nação sem tais sujeitos?
Para que à sombra dos seus abrigos cada um se recoste em doce prelecção, dali, da pedra esquerda adoptiva, lhes enviamos, neste rigor de estação política, o sempre estimável Eça de Queirós em "Estudo Social de Portugal em 1871". Que vos faça bom proveito!
5 - ANIVERSÁRIOS - 5
5 blogs, sem salas privativas, bom sortido de postas para paladares exigentes, óptimos de serviço público para estadia prolongada e justamente considerados como elegantes & graciosos de sedução, fizeram nestes santos dias os seus aniversários. O cartel assim caprichoso é de arromba. O que seriam as nossas noutes de blogosfera sem essa arte de bloguear cousa estimosa & de perfeição venturosa!?
Parabéns Aba de Heisenberg, Memória Virtual, Natureza do Mal, Respirar o Mesmo Ar e Terras do Nunca. Saúde e Fraternidade.
EMÍDIO GUERREIRO (1899-2005)
«um homem digno é um homem livre e só se é livre quando se é digno» [E.G.]
"Emídio Guerreiro nasceu em Guimarães em 6 de Setembro de 1899 e ali morreu, ao fim de 105 anos de andanças por um mundo que lhe apareceu à luz da candeia e o viu partir em plena aventura espacial. O tempo andou depressa e ele fez tudo por acelerá-lo. Gostava de falar e prolongava os prazeres da vida, mas nunca ao ponto de perder a ocasião de ver a história passar diante de si.
Aos 17 anos ofereceu-se como voluntário do Corpo Expedicionário Português, com guia de marcha para as trincheiras da Flandres, onde queria ser soldado na Grande Guerra de 1914-18 (...) O homem teve sempre uma atitude democrática e quando perdia afastava-se. A sua cidadania exerceu-a na divulgação dos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade (...)
A 5 de Dezembro de 1917, Sidónio Pais fez um golpe de Estado e desmobilizou as tropas que deviam ir render os que estavam na Flandres, desviando Guerreiro do conflito. Mas outras viriam e nelas participou: a Guerra Civil de Espanha (1936-1939) e a II Guerra Mundial (1939-1945).
Regressou aos estudos e tornou-se um brilhante aluno de Matemática, na Universidade do Porto. Mereceu a distinção de em 1931 ser nomeado assistente extraordinário de Cálculo Diferencial, trabalhando com Gomes Teixeira, um insigne mestre. Foi-o por três meses. A nomeação não foi homologada por insubmissão política. O seu nome estava já referenciado pela polícia política do regime do Estado Novo desde 3 de Fevereiro de 1927, quando participou no levantamento militar contra a ditadura, liderado pelo general Sousa Dias, pelo director da Seara Nova, Jaime Cortesão, e pelo republicano de esquerda José Domingos Oliveira (...)
A interdição quanto à realização de uma carreira docente (...) foi a gota de água na paciência daquele jovem assistente. Ele fora convidado e, num acto de intolerância política, despediam-no (...) É certo que já estava ligado à oposição democrática, através da loja maçónica Comuna, onde adoptara o significativo nome de «Lenine» ..." [António Melo, in Público, 30 Junho 2005]
[colabora no semanário Humanidade (1 de Set. 1929 a 5 Abril 1931) - periódico do Grupo de Estudos Filosóficos Social «Lux», do Porto, e sob direcção de Carlos Cal Brandão - juntamente com Viriato Gonçalves (Grupo Liberdade), Mem Verdia, M. Sousa Cabral, Barros Lima, Ângelo Vaz, Guedes do Amaral, Alfredo Leitão, Jaime Cirne, Sentieiro de Almeida, Luís de São-Justo, A. Barros Júnior, Gonçalo Moura, José Manuel de Deus, Elmano Lavrar, Diógenes Fernandes Costa, Luiz Andrade, ...]
"Em 1932, a autoria de um panfleto contra o presidente Óscar Carmona levou-o à prisão, de onde se evadiu no mesmo ano. Partiu então para o exílio em Espanha, onde deu aulas. Quando, em 1936, começou a Guerra Civil de Espanha, Emídio Guerreiro lutou ao lado dos republicanos. Em 1939, com a vitória dos franquistas, fixou-se em França, passando à clandestinidade quando os nazis invadiram o país, já em plena Segunda Guerra Mundial. Durante os anos da guerra, Emídio Guerreiro foi um membro activo da Resistência contra a ocupação alemã.
Findo o conflito, Emídio Guerreiro voltou ao ensino de Matemática na Academia de Paris. Na capital francesa, foi um dos fundadores da Liga Unificada de Acção revolucionária (LUAR), em 1967. De regresso a Portugal, depois do 25 de Abril, participou na fundação do PSD e foi presidente do partido em 1975, devido a doença de Sá Carneiro" [in Jornal de Notícias, 30 Junho 2005]
quarta-feira, 22 de junho de 2005
ANIVERSÁRIO DO AVATARES
"Recebo humildemente esta desordem
da carne, das palavras,
dos dedos brutos do tempo.
- Recebo tudo, e canto como quem deixa um sinal
maravilhoso" [H. Hélder]
Um estilo de paixão biográfico. O desejo a raiar a felicidade. A escrita luzindo, porque "é tudo sublevado para o olhar" [Herberto, claro!]. A cordial gratidão de todos nós. Um coração excelente! Estão assim passados 2 (dois) anos de virtudes admiráveis do Avatares do Desejo. Parabéns!
[em jeito de ... "Defesa do Poeta", por Natália Correia, ali ao lado. Para o Bruno]
A GREVE: A BOA E A OUTRA
As qualidades patenteadas no opinioso protestatório expedito pelos novos pastores do rebanho Socrático, contra a impura greve dos docentes do ensino básico e secundário, são de um espectáculo constrangedor que aniquila qualquer um. O tumulto que vai na alma desses jovens messiânicos de antanho, agora recostados nos maples do politicamente burguês & alapados na academia fleumática da vida, não é mais que um sermão gratulatório recitado aos indígenas que padecem desse insofrível incomodo de abraçar um funcionário público. Estão neste caso, os suspiros exalados pelos meus caros amigos, Vital Moreira e Paulo Pedroso, ou essa desdita da agonia dos docentes anunciada por João Gonçalves.
Tais pronunciamentos, pelas imprecações de teor político referidas e, principalmente, pela descomunal ocultação do procedimento administrativo ou (in)jurídico tricotado pela tutela, de cariz ilegal e politicamente reaccionário, são momentos que imortalizam a história pública lusa. Com a curiosidade de difundir no "rebanho" socialista a ideia que a "boa greve", iluminada e melodiosa, é aquela que for sempre contra a governação do que chamam (com graça admirável) a direita, autoritária ou nem tanto. O embuste de se aceitar manobras dilatórias jurídicas, que qualquer governante do Estado Novo aplaudiria sem rebuço algum, desvela que não só não se vive num Estado de Direito pleno (o poder disciplinar da tutela, sendo óbvio, ainda não lhe permite ser juiz em causa própria), como os seus intervenientes manifestam uma grosseira apetência pelo autoritarismo, que nada tem a ver com o que prosaicamente se chama socialismo.
E não se pense que temos metafísica de míope. Nem por isso! O facto de não acedermos com facilidade ao corpo reivindicativo (e à praxis) que é solicitado pelas organizações sindicais dos docentes para dar inicio à greve, não nos permite seguir aqueles maledicentes críticos para quem os vadios do funcionalismo público são a fonte de todo o mal. Tais alimárias pranteiam a defesa de um "igualitarismo" estulto em toda a administração pública, de baixo a cima, nivelando tudo e todos, a maior parte das vezes sem saber do que falam e, muitas vezes, tentando iludir quem avançou com as reformas que agora pretendem retirar. E se ligarmos a toda esta questão a renovada fúria e obsessão pelo défice, então, muito justamente, teremos de aceitar que as revindicações dos trabalhadores da administração pública são parte integrante das suas estratégias de sobrevivência. E como tal, são justas. Tal como as greves. Porque, para nós, a "boa greve" ... não é, sempre, uma outra qualquer.
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