quarta-feira, 6 de julho de 2005


Devaneios e trapalhadas da Rosa

"Pela estrada plana, toc, toc, toc,
Guia o jumentinho uma velhinha errante ...
" [G. Junqueiro]

Está claro: vem aí uma formidável trapalhada. A sentença para o país, dada com pompa e circunstância, ontem em sede do PIIP e a sua consolação, já noite dentro, pelo assombroso Sócrates (num bom momento de forma) via SIC, fundamenta os receios que lavram na paróquia lusa. O aspecto irrepreensível da apresentação da "coisa", que no dizer de Sócrates se "destina a criar um clima de confiança e de apelo ao crescimento", não ultrapassou sequer o seu merecido rescaldo.

Era ver os inauditos empresários, todos muito ajeitadinhos & ao molhe, do alto da sua imaculada quanto prudente essência empresarial, partirem à desfilada porta fora, para outro refúgio. O peditório, presume-se, não foi de muita estimação. O empresário indígena ainda se guia pelas doutrinas da infância do Estado Novo. Adormece quando lhe fazem ver que é empresário e/ou capitalista. Cá no burgo, o capital é uma vaidade para mostrar aos amigos, família & afins. Não é ferramenta intelectual nem o risco, decerto, é esmero que se venda a qualquer um.

Assim, esperar que este noviciado Plano de Fomento rosa, para além das megalomanias costumeiras e do desperdício de dinheiros públicos que gera, se concretize na/pela participação/decisão de investidores particulares lusos resulta em coisa pouco credível e, no invés, dará trapalhada certa. O exercício socrático de chamar a si ... os empresários e a populaça arrisca-se a uma pura esterilidade.

Enquanto isso, as comadres do Bloco Central, à falta de coisa melhor, lavam a roupa em S. Bento. A parceria da futricagem é verdadeiramente espantosa. O frenesim dos reparos em torno do Omo que lava melhor é uma oratória encadeada de respostas e contra-respostas, de regras e contra-regras, de desaforos liceais bem inspirados. E o Ministro das Finanças, em devoção extremada & em abono do défice, lá vai arranjando lenha para a fogueira dos impostos de todos nós, dando ocasião ao delicioso Santos Silva e ao imortal Oliveira Martins para fazerem o quebranto da rosa. Tudo engenhosamente sublime, decadente e rasca. O naufrágio está, portanto, à vista. Cuidem-se!