Obsceno
"O olho que vês não é / um olho porque o vês tu: / é olho porque te vê." [António Machado]
Madrid. No princípio é o horror que nos esmaga. Um silêncio de palavras. Longo, que as palavras voam alto. Os desvairados caminhos do terrorismo empurram-nos de pesadelo em pesadelo. Depois, em espanto cada vez maior, deixamo-nos assaltar pela banalidade do quotidiano. Poderá "o homem explicar o homem"?
Entretanto, nem perante o cansaço do horror assim desnudado os homens foram, por uma vez, dignos e sensatos. Não souberam honrar as vítimas. Não lhes fizeram justiça. Tropeçaram, ruidosamente, nos seus próprios demónios. Inventaram denúncias a seu bel-prazer, de acordo com as suas estratégias político-partidárias, numa cartilha de comportamento ideológico obsceno. Nem mesmo se prestaram a sacudir a lama que lhes fede a alma. Foram infames. Quase sempre maliciosos, cínicos, provocadores, obscenos. Insidiosamente, procuraram manipular a dor de todos nesta viagem. E de mentira em mentira, já não distinguem a verdade. Que dizer desse insano Ministro do Interior espanhol ou do vómito José Manuel Fernandes? Como nos podemos esquivar às tropelias, desde o primeiro post, do Pacheco Pereira e de outros sueltos verbosos que acometeram à blogosfera lusa?
Esquecem-se que "nós precisamos de inteligência", e que se "a vida é um processo de desordem", então o objectivo da política é transformar a desordem em liberdade consciente, generosa, inteligente e sustentada. Nada mais simples.
domingo, 14 de março de 2004
sexta-feira, 12 de março de 2004
Somos Todos Madrilenos
O sangue, o medo e a morte, abateu-se ontem sobre Madrid. Os assassinos desapareceram, covardemente. A besta passou por ali. Para trás ficou um rasto de desalento, destruição e assombro. O terrorismo é isso: um desespero político, um universo de terror, uma irracionalidade doentia. Morrer em Madrid. Como em Nova Iorque, Bagdad, África ou na América Latina. O mesmo inferno. Nada nos surpreende. Aprendemos a soletrar te-rro-ris-mo, com um azedume no corpo e o espanto na garganta. Uma guerra que nunca mais acaba. E caminhamos de olhar vazio, um enorme cansaço, as palavras "um ouvido tenso de rumor numa flor de pedra". Como recomeçar, nesta confusão caótica da vida? Ou "como posso eu começar alguma coisa de novo, com todo este dia de ontem em cima de mim" ? (Leonard Cohen)
quinta-feira, 11 de março de 2004
Leilão de Pintura Contemporânea - Dia 17 de Março (21 h) no Palácio Correio Velho
Atenção ao leilão do Palácio do Correio Velho (Calçada do Combro, 38 A, 1º- Lisboa) de Pintura Contemporânea. O catálogo está disponível on line. Vai à praça excelentes lotes de Almada Negreiros / Beecroft / Bual / Cargaleiro / Carlos Calvet / Charters de Almeida / Cruzeiro Seixas / Eduardo Malta / Eduardo Viana / Emérico Nunes / Francis Smith / Gil Teixeira Lopes / Hogan / Hollader / Isabel Laginhas / José Guimarães / José Rodrigues / Julião Sarmento / Júlio / Júlio Pomar / Júlio Resende / Lima de Freitas / Mário Cesariny / Mário Henrique Leiria / Max Papart / Menez / Pinto Coelho / Paula Rego / Rocha Pinto / Rogério Amaral / Teixeira Lopes / Vieira da Silva , entre muitos. A não perder.
Catálogo da Exposição Bibliográfica "Clássicos de Economia Política da U. C. "
"Os livros que, nesta ocasião, se mostram, parte dos riquíssimos fundos bibliográficos da nossa Universidade, servem para evidenciar como o interesse pelas questões económicas se manifesta em Coimbra, pelo menos, desde o século XVII. Obviamente, muito antes da instituição da cátedra de Economia Política (e Estatística) na Faculdade de Direito, após a reforma de 1835. Caso se tivesse concretizado, porém, a intenção do Conselho Superior de Instrução Pública de criar, na década de 1840, a Faculdade de Ciências Económicas e Administrativas na nossa Universidade poderia ser outra a celebração que se assinala com esta exposição. Poderíamos estar a relembrar a existência da Faculdade de Economia mais antiga ... do mundo. Não é o caso. Mas a ocasião fausta que é a celebração do trigésimo aniversário da entrada em funcionamento da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, é motivo de acrescido regozijo porque o que com esta exposição bibliográfica se comprova é uma curiosidade e um interesse antigos por um ramo do conhecimento que, com o tempo, assumiria uma centralidade incontrastada.
Dito isto, resta convidar-vos para uma viagem que começa em 1615 e termina em 1915. Três séculos em que as ideias económicas evoluem desde a «invenção» por Antoyne de Montchrestien do neologismo Economia Política - no Traicté de l'oeconomie politique, publicado em Ruão na tipografia de Jean Osmont - até ao livro de Francesco Saverio Nitti - Il capitale straniero in Itália - também aqui exposto (...)
O que há a fazer de melhor, é percorrer, nesta sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, os diferentes expositores que agora guardam, mostrando-os, estes tesouros escondidos. E reflectir sobre o significado, na sua e nossa época. Porque estes objectos expostos, todos ou quase todos contribuíram para uma aventura ou projecto que traduzimos sinteticamente pelo termo - MODERNIDADE (...)"
[Joaquim Feio, Destes Livros, Desta Exposição, in Catálogo ..., 2004]
quarta-feira, 10 de março de 2004
Delícias de Março
* A ler com atenção, o texto Novo Antisemitismo? As Novas Faces do Mais Antigo ódio do Mundo, de Nuno Guerreiro
* Curiosamente, aqueles rapazes de azul eram trabalhadores da bola. Os outros, em noite aburguesada, eram homens com maus músculos. Acontece aos melhores. Afinal, o que constitui a narrativa do futebol? Aquela corrida de Mourinho fazia parte do guião?
* Num curto comentário ao infantil convite do Ministro da Defesa, agora afadigado em aranzeis anti-soaristas, Mário Soares afirma meticulosamente: "O dr. Paulo Portas é um epígono conjuntural. Se eu fosse uma pessoa pretensiosa - que não sou - dir-vos-ia: o dr. Paulo Portas cresça e apareça. Mas eu não vou dizer uma coisa dessas, porque não tem sentido". Arreatado, muito esfolado, que terá Portas a dizer?
* Após uma folgazada festa na Casa do Sporting na Mealhada, uma claque dos ditos, depois de muito bebe água (companheiro Cintra, oblige) consagrou as horas de repouso ao indigesto "desporto líquido" para assaltar e vandalizar o Instituto da Vinha em terras bairradinas. Cepa de Maria Gomes, por excelência, a leveza e frescura da prova feita, revelou - ao que se sabe - um aroma intenso e frutado, bem personalizado. E lá foram, felizes à moda de Ferreira Torres, correndo para a capital, em jornada triunfal. Espantoso! Falta muito para o Euro?
* A ler com atenção, o texto Novo Antisemitismo? As Novas Faces do Mais Antigo ódio do Mundo, de Nuno Guerreiro
* Curiosamente, aqueles rapazes de azul eram trabalhadores da bola. Os outros, em noite aburguesada, eram homens com maus músculos. Acontece aos melhores. Afinal, o que constitui a narrativa do futebol? Aquela corrida de Mourinho fazia parte do guião?
* Num curto comentário ao infantil convite do Ministro da Defesa, agora afadigado em aranzeis anti-soaristas, Mário Soares afirma meticulosamente: "O dr. Paulo Portas é um epígono conjuntural. Se eu fosse uma pessoa pretensiosa - que não sou - dir-vos-ia: o dr. Paulo Portas cresça e apareça. Mas eu não vou dizer uma coisa dessas, porque não tem sentido". Arreatado, muito esfolado, que terá Portas a dizer?
* Após uma folgazada festa na Casa do Sporting na Mealhada, uma claque dos ditos, depois de muito bebe água (companheiro Cintra, oblige) consagrou as horas de repouso ao indigesto "desporto líquido" para assaltar e vandalizar o Instituto da Vinha em terras bairradinas. Cepa de Maria Gomes, por excelência, a leveza e frescura da prova feita, revelou - ao que se sabe - um aroma intenso e frutado, bem personalizado. E lá foram, felizes à moda de Ferreira Torres, correndo para a capital, em jornada triunfal. Espantoso! Falta muito para o Euro?
Domingos Sequeira [1768-1837]
n. em Lisboa a 10 de Março de 1768
"Pintor português, considerado o percursor do movimento romântico português, parece ter sido o primeiro em Portugal a dedicar-se à arte litográfica. A introdução da litografia em Portugal deu-se tardiamente, datando de 1823 o seu exercício particular e de 1824 o reconhecimento oficial da sua utilidade. O artigo publicado nos Annaes das Sciencias, das Artes e das Lettras, de 1819 (vol.III), atribuído a Cândido José Xavier, constitui a primeira notícia no nosso país sobre a Litografia, arte então emergente. Em 1822, Luís Mousinho de Albuquerque, escreve na mesma revista sobre esta técnica gráfica que havia estudado em Paris. Será precisamente ele que enviará a Domingos Sequeira em 1822-23, uma prensa e algumas pedras litográficas. Em 1824 D. João VI, por decreto de 11 de Setembro, cria em Lisboa a Officina Regia Lithographica." [in, Museu Virtual da Imprensa]
Locais: Biografia / Domingos Sequeira / Domingos António Sequeira (1768-1837)
terça-feira, 9 de março de 2004
30 anos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Exposição "Livros Raros de Economia na Universidade de Coimbra", na Biblioteca Geral da UC e lançamento da edição facsimilada do Essai Statistique Sur le Royaume de Portugal, de Adrien Balbi com comentário crítico de Romero de Magalhães.
Exercício de paciência
A história será contada em todos os pormenores. O prof. Cavaco existe, não é uma ilusão de óptica. José Manuel Fernandes, referência obrigatória sempre que se fala no afago do poder, surpreenderá em artigalho matutino, em tom sério e pouco gazeteiro. O sempre prudente escriba, Bettencourt Resende, medirá as alturas da queda, revelando as técnicas posicionais. Dado o tipo de sugestão profetizada, Luís Delgado não entra em debates estéticos, avançando com uma resma de ordens de argumentos, todos bem santanizados, que é lícita a agitação. A acrobacia discursiva destes senhores dará brilho e admiração a toda a semana politica. Neste exercício de paciência que é as presidenciais, e até que o engenheiro Guterres clame por nós, despedimo-nos que somos mais pelos "heróis todo o ano", porque "das coisas boas da Terra todos sem excepção têm a máxima culpa" [MCV]
A história será contada em todos os pormenores. O prof. Cavaco existe, não é uma ilusão de óptica. José Manuel Fernandes, referência obrigatória sempre que se fala no afago do poder, surpreenderá em artigalho matutino, em tom sério e pouco gazeteiro. O sempre prudente escriba, Bettencourt Resende, medirá as alturas da queda, revelando as técnicas posicionais. Dado o tipo de sugestão profetizada, Luís Delgado não entra em debates estéticos, avançando com uma resma de ordens de argumentos, todos bem santanizados, que é lícita a agitação. A acrobacia discursiva destes senhores dará brilho e admiração a toda a semana politica. Neste exercício de paciência que é as presidenciais, e até que o engenheiro Guterres clame por nós, despedimo-nos que somos mais pelos "heróis todo o ano", porque "das coisas boas da Terra todos sem excepção têm a máxima culpa" [MCV]
Que é feito deste senhor? Alguém nos diz? Ah! Não!? Que não há registos, dizem. "Old times are dead times", assegura aqueloutro. Que acabou a afinidade com os deuses, suspira aquele. Quanto ao homem, declaro que nunca deparei com ele em toda a minha ida, confirma um outro. Mas não é certo que só a vulgaridade sucede às orações nocturnas? Que é impossível continuar no teatro doméstico da vida, porventura mal acompanhado? Que a originalidade é um segredo bem guardado? Os deuses retiraram-se e depois ... como é que isto tudo acaba? Quem nos ilumina o tabuleiro? Alguém nos diz?
Até lá ... Feliz aniversário, Mr. Bobby Fischer.
segunda-feira, 8 de março de 2004
"Desde o princípio tiveram os homens de se julgar semideuses caídos de sua graça por obra da mulher; e logo depois tiveram que se inventar redimidos através do ventre de nova mãe, essa santa, essa capaz de conhecer Deus no seu ventre e de no seu ventre incarnar o deus salvador, depois chamado o filho do homem – que ironia rebuscada – na sua vida e nos seus actos exemplares. Porque o homem vai fazendo o mundo e cavando o seu tumulo, e vai chamando a mulher, então dizendo-lhe «mãe», para que esta lhe nomeie o mal e o bem, e lho signifique, e tome em si o absurdo insuportável da ordem das coisas, e vai o homem fazendo o mundo sobre o ventre acolhedor e produtor da mulher, então dizendo-lhe «coisa de mim», e posto na mulher o mal e o bem e o absurdo insuportável da ordem das coisas é então justo que seja ela a primeira vítima, ela a culpada até ao momento em que finalmente o homem chama a mulher, dizendo-lhe «mulher», e repara que está vazio o lugar a seu lado"
[Novas Cartas Portuguesas, Futura, 1974]
domingo, 7 de março de 2004
LEILÃO DE LIVROS - Dias 15, 16 e 17 de Março de 2004 [CONTINUAÇÃO]
Conjunto de jornais, salientando-se A Pátria (Lx. 25/08/1900) c/ artigo de Gomes Leal s/ Eça / Revista A Revolução Social nº 17 de Agosto de 1888 (comunista-anarquista, Porto) com artigo s/ Eça e os Maias / Bosch ou o Visionário Integral, de José Augusto França, Lisboa, 1944 / Cartas de Gilberto Freyre / Gente Lusa, Arquivo de Letras e Arte, nº1 a 5, 1915-16 (revista onde escreveram Leonardo Coimbra, Camilo, Manuel Laranjeira) / Poesias autografas de D. C. Warnest [Ernesto Guerra da Cal] (1911-1994), sendo uma intitulada "Homage to Frederico Garcia Lorca on the 30º anniversary of his death", Lisboa, 1984 (é-nos dito que há uma refª a lápis onde se regista uma "confidência do poeta", na qual E. G. da Cal , "que tendo sido na juventude intimo de Lorca", teria escrito 6/7 poemas que constavam nas Obras Completas de Lorca) / Cartas de Leitão de Barros, algumas sobre à sua secção "Os Corvos" / Carta(s) de Álvaro Lins, onde é referido que "se for eleito Juscelino Kubitschek" então seria embaixador em Lisboa / Obras Completas de Gregório de Matos, Bahia, 1968, VI vols / Giestas de Memória, de Nelson de Matos, Lisboa, 1966 (junto c/ uma carta manuscrita) / Carta, Fotografia de Somerset Maugham, e um manuscrito de LFT descrevendo os assuntos "conversados" nesse "memorável almoço" (28 de Setembro de 1947) / Subsídios para a Historia de uma Geração (Bosquejo histórico de uma série de revistas que falharam), de José de Melo, 3 pgs dact. de Fev. 1959, onde se refere as revistas Vómito (1950), Cadernos do Centro (1954), Paralelo 25 (1956-57) e Sincerismo (1957-58) / Respiração Mental (Manuscrito e Livro). O Problema da Censura, de Alberto de Monsaraz, 1946, com uma carta man. com comentários sobre o tema / Carta manuscrita de Vianna Moog (7/6/1977) comentando a morte de Carlos Lacerda / Vida e Literatura de Pedro Moura e Sá, Lx, 1960 / Conjunto de 31 Cartas de figuras do Nacional-Sindicalismo, datadas de Junho de 1933 a Dezembro de 1934 (destaque para José de Campos e Sousa, Dutra Faria, José Garcia Domingues, Visconde de Porto Cruz, António Tinoco) / Manuscrito de um parecer da Academia das Ciências sobre o significado da palavra "escritor", original mas pelo punho de Vitorino Nemésio (Junho 1972) / Cartas dact. de João Palma-Ferreira (Julho 1967 a Dez. 1988) com refª a Mourão-Ferreira, Cesariny, Sena, Eduardo Pardo Coelho / Folhetos (31) raros da Polémica do Bom Senso e do Bom Gosto / O Terrível Engano, de LFT, sep. do artigo do DP de 2 de Nov. 1949 sobre a morte de Carlos Queiroz em Paris / Manuscrito Inédito de Arnaldo Saraiva, dactilografado e corrigido à mão de 1961 (refª a Ruy Belo, Cesariny, Herberto Helder, O'Neill) / Cartas manuscritas e um original dactilografado de Agostinho da Silva / Cartas (8) de Philippe Soupault .
Conjunto de jornais, salientando-se A Pátria (Lx. 25/08/1900) c/ artigo de Gomes Leal s/ Eça / Revista A Revolução Social nº 17 de Agosto de 1888 (comunista-anarquista, Porto) com artigo s/ Eça e os Maias / Bosch ou o Visionário Integral, de José Augusto França, Lisboa, 1944 / Cartas de Gilberto Freyre / Gente Lusa, Arquivo de Letras e Arte, nº1 a 5, 1915-16 (revista onde escreveram Leonardo Coimbra, Camilo, Manuel Laranjeira) / Poesias autografas de D. C. Warnest [Ernesto Guerra da Cal] (1911-1994), sendo uma intitulada "Homage to Frederico Garcia Lorca on the 30º anniversary of his death", Lisboa, 1984 (é-nos dito que há uma refª a lápis onde se regista uma "confidência do poeta", na qual E. G. da Cal , "que tendo sido na juventude intimo de Lorca", teria escrito 6/7 poemas que constavam nas Obras Completas de Lorca) / Cartas de Leitão de Barros, algumas sobre à sua secção "Os Corvos" / Carta(s) de Álvaro Lins, onde é referido que "se for eleito Juscelino Kubitschek" então seria embaixador em Lisboa / Obras Completas de Gregório de Matos, Bahia, 1968, VI vols / Giestas de Memória, de Nelson de Matos, Lisboa, 1966 (junto c/ uma carta manuscrita) / Carta, Fotografia de Somerset Maugham, e um manuscrito de LFT descrevendo os assuntos "conversados" nesse "memorável almoço" (28 de Setembro de 1947) / Subsídios para a Historia de uma Geração (Bosquejo histórico de uma série de revistas que falharam), de José de Melo, 3 pgs dact. de Fev. 1959, onde se refere as revistas Vómito (1950), Cadernos do Centro (1954), Paralelo 25 (1956-57) e Sincerismo (1957-58) / Respiração Mental (Manuscrito e Livro). O Problema da Censura, de Alberto de Monsaraz, 1946, com uma carta man. com comentários sobre o tema / Carta manuscrita de Vianna Moog (7/6/1977) comentando a morte de Carlos Lacerda / Vida e Literatura de Pedro Moura e Sá, Lx, 1960 / Conjunto de 31 Cartas de figuras do Nacional-Sindicalismo, datadas de Junho de 1933 a Dezembro de 1934 (destaque para José de Campos e Sousa, Dutra Faria, José Garcia Domingues, Visconde de Porto Cruz, António Tinoco) / Manuscrito de um parecer da Academia das Ciências sobre o significado da palavra "escritor", original mas pelo punho de Vitorino Nemésio (Junho 1972) / Cartas dact. de João Palma-Ferreira (Julho 1967 a Dez. 1988) com refª a Mourão-Ferreira, Cesariny, Sena, Eduardo Pardo Coelho / Folhetos (31) raros da Polémica do Bom Senso e do Bom Gosto / O Terrível Engano, de LFT, sep. do artigo do DP de 2 de Nov. 1949 sobre a morte de Carlos Queiroz em Paris / Manuscrito Inédito de Arnaldo Saraiva, dactilografado e corrigido à mão de 1961 (refª a Ruy Belo, Cesariny, Herberto Helder, O'Neill) / Cartas manuscritas e um original dactilografado de Agostinho da Silva / Cartas (8) de Philippe Soupault .
sábado, 6 de março de 2004
LEILÃO DE LIVROS – Dias 15, 16 e 17 de Março de 2004
Resenha Bibliográfica da Biblioteca que Pertenceu ao Escritor, Crítico Literário e Académico Luiz Forjaz Trigueiros - 2ª Parte
Literatura Portuguesa, Brasileira, Francesa / Espanhola, História e Arte, Filosofia, Poesia / e ensaios, incluindo um Invulgar e Valioso / conjunto de Manuscritos Autógrafos / (Cartas, Postais, Originais e Cartões de Visita) / dos mais Consagrados Escritores, Poetas, / Artistas e Políticos do Século XX / Segunda Parte / ... / sob Direcção de José Manuel Rodrigues (Livraria Antiquária do Calhariz, Lisboa)
Local do Leilão: Casa da Imprensa, Rua da Horta Seca, nº 20 – Lisboa
Trata-se da segunda parte do leilão da Biblioteca de Luiz Forjaz Trigueiros, após o leilão de Setembro de 2003. Apresenta 975 peças, sendo de referir um conjunto importante de manuscritos autógrafos de inúmeros escritores portugueses e brasileiros. Apresenta, ainda, na introdução ao catálogo, um excerto dum texto de LFT, "Presença da Literatura Brasileira em Portugal", bem como reproduções de algumas fotografias a leilão (ex: Jorge Amado, Paul Valery ou Vitorino Nemésio).
Algumas referências: Cartas de Francisco Luís Amaro (da Revista Colóquio/Letras) salientando o centenário de Mário Beirão e c/ muita informação literária / Carta de José Carlos Ary dos Santos, c/ papel timbrado dos «Studios Zeiger», Março de 1964 / 4 Cartas de Henrique Barrilaro Ruas, c/ destaque para a última (1991) sobre o Partido Popular Monárquico: «Por mim, penso que, feita que foi esta última experiência, importa acabar. Acabar como partido. Não resultou, paciência» / Cartas (18) e postais (3) de Pierre Benoit para Forjaz Trigueiros, de 1948-1958. Refira-se à informação trocada sobre o romance «Prête Jean» (Fev. 1952), "dedicado a Portugal, ao sebastianismo e a Sidónio Pais" / Carta(s) de Augustina Bessa-Luís, c/ especial refª a uma, datada de Agosto de 1989, sobre a admissão de ABL à Academia Brasileira, tendo o apoio de LFT, onde o agradecimento de ABL é "simplesmente admirável" / Conjunto importante de livros sobre o Brasil, desde Arte, Critica Literária, Festas Populares, Poesia, ... / Carta(s) de Marcello Caetano, salientando-se um cartão onde é feito "um comentário crítico à selecção" de LFT para uma "antologia sobre Angola", que teria deixado desgostoso MC, dado não terem sido incluídos "Vicente Ferreira, Couceiro, Hipólito Raposo, Maria da Graça Azambuja e Reis Ventura" / Valioso conjunto de centenas de cartões de visita de alguns escritores e intelectuais portugueses / Original de Fernanda de Castro, poema ms. "A Mestra de Lavores", 1940-50 / Cartas de António Celestino, enviadas de S. Salvador da Bahia, C/ inúmeras refª a Jorge Amado e amigos bahianos (Carybé, Genaro) / Original dactilografado e assinado de 7 poemas de Ruy Cinatti e um outro original com 6 poemas (nov. 1976-Jan. 1977) / Fotografia de T. S. Elliot, tirada "em Évora", Maio de 1938, identificando-se, "Fernanda de Castro, D. Maria Eça de Queiroz, T. S. Elliot (de calças à golf),..., Alberto Cutileiro, Forjaz Trigueiros" [Continua]
Resenha Bibliográfica da Biblioteca que Pertenceu ao Escritor, Crítico Literário e Académico Luiz Forjaz Trigueiros - 2ª Parte
Literatura Portuguesa, Brasileira, Francesa / Espanhola, História e Arte, Filosofia, Poesia / e ensaios, incluindo um Invulgar e Valioso / conjunto de Manuscritos Autógrafos / (Cartas, Postais, Originais e Cartões de Visita) / dos mais Consagrados Escritores, Poetas, / Artistas e Políticos do Século XX / Segunda Parte / ... / sob Direcção de José Manuel Rodrigues (Livraria Antiquária do Calhariz, Lisboa)
Local do Leilão: Casa da Imprensa, Rua da Horta Seca, nº 20 – Lisboa
Trata-se da segunda parte do leilão da Biblioteca de Luiz Forjaz Trigueiros, após o leilão de Setembro de 2003. Apresenta 975 peças, sendo de referir um conjunto importante de manuscritos autógrafos de inúmeros escritores portugueses e brasileiros. Apresenta, ainda, na introdução ao catálogo, um excerto dum texto de LFT, "Presença da Literatura Brasileira em Portugal", bem como reproduções de algumas fotografias a leilão (ex: Jorge Amado, Paul Valery ou Vitorino Nemésio).
Algumas referências: Cartas de Francisco Luís Amaro (da Revista Colóquio/Letras) salientando o centenário de Mário Beirão e c/ muita informação literária / Carta de José Carlos Ary dos Santos, c/ papel timbrado dos «Studios Zeiger», Março de 1964 / 4 Cartas de Henrique Barrilaro Ruas, c/ destaque para a última (1991) sobre o Partido Popular Monárquico: «Por mim, penso que, feita que foi esta última experiência, importa acabar. Acabar como partido. Não resultou, paciência» / Cartas (18) e postais (3) de Pierre Benoit para Forjaz Trigueiros, de 1948-1958. Refira-se à informação trocada sobre o romance «Prête Jean» (Fev. 1952), "dedicado a Portugal, ao sebastianismo e a Sidónio Pais" / Carta(s) de Augustina Bessa-Luís, c/ especial refª a uma, datada de Agosto de 1989, sobre a admissão de ABL à Academia Brasileira, tendo o apoio de LFT, onde o agradecimento de ABL é "simplesmente admirável" / Conjunto importante de livros sobre o Brasil, desde Arte, Critica Literária, Festas Populares, Poesia, ... / Carta(s) de Marcello Caetano, salientando-se um cartão onde é feito "um comentário crítico à selecção" de LFT para uma "antologia sobre Angola", que teria deixado desgostoso MC, dado não terem sido incluídos "Vicente Ferreira, Couceiro, Hipólito Raposo, Maria da Graça Azambuja e Reis Ventura" / Valioso conjunto de centenas de cartões de visita de alguns escritores e intelectuais portugueses / Original de Fernanda de Castro, poema ms. "A Mestra de Lavores", 1940-50 / Cartas de António Celestino, enviadas de S. Salvador da Bahia, C/ inúmeras refª a Jorge Amado e amigos bahianos (Carybé, Genaro) / Original dactilografado e assinado de 7 poemas de Ruy Cinatti e um outro original com 6 poemas (nov. 1976-Jan. 1977) / Fotografia de T. S. Elliot, tirada "em Évora", Maio de 1938, identificando-se, "Fernanda de Castro, D. Maria Eça de Queiroz, T. S. Elliot (de calças à golf),..., Alberto Cutileiro, Forjaz Trigueiros" [Continua]
sexta-feira, 5 de março de 2004
Todos Loucos
Não estamos bem. Diremos mais, estamos perfeitamente esquizofrénicos. A bagunça é total. Quem acompanhar as manchetes dos jornais e da rádio julgará, certamente, que é assombração astral. A vida pública portuguesa atingiu o grau zero da estultícia. Quem é que anda aí? Vejamos: dizem, aqui, que das 127 fotos do álbum fotográfico do processo Casa Pia, mostradas às testemunhas, 126 são de indivíduos famosos. E logo, como peixeirada, o jornal publica-os na primeira página. Extraordinário. O segredo de justiça é um engano de olhos. A realidade, afinal, é a súplica do Ministério Público (santa incompetência) do levantamento da imunidade parlamentar a estes deputados, por violação do segredo de justiça. Encantador. Parece aquele "descer lentamente com o vagar de quem sobe". O Presidente da Câmara de Lisboa, putativo candidato a candidato presidencial, desenvolve um excelente exercício de cidadania: convidar, via McDonald's (só podia), alunos do primeiro ciclo de escolaridade para assistir ao Euro 2004. A condição é que não possuam "deficiência física ou mental em virtude da necessidade de acompanhamento especial". Pois, assim dito à maneira americana, é magnífico e prenhe de cidadania. Ao clarim da McDonald's o candidato Santana Lopes certifica primeiro, volta atrás depois. Ainda não é desta que vemos a luz ao fundo do túnel. É natural. Afinal, temos de ter a prudência da serpente, é que "com a chegada das andorinhas, nunca se deve modificar o andar”". Evidentemente.
quinta-feira, 4 de março de 2004
Converta-se!
Este rapaz, aqui ao lado, é de muita estimação. Não se troca contra reclamação. Se o procurarem nos jornais, desistam, não está à venda. É um poeta da baliza. Um encantador da arte de bem jogar. Um trovador encarnado. Um devir da juventude. O rei da baliza. Não está à venda, juramos. A sua arte é a nossa vaidade. O seu aprumo a nossa glória. A sua qualidade a nossa emoção. Vede como a felicidade lhe está no rosto. Exacto, sublime, insolúvel. Restos de um passado ou um passo de esperança? Um dia todos descobriremos que tudo não passou de um mau sonho. Converta-se!

Eugénio de Castro [1869-1944]
n. em Coimbra a 4 de Março de 1869
"... O amor da beleza não é, mesmo quando parece excluir o amor da vida, uma manifestação de pessimismo. Eugénio de Castro, ensinou, pela alta qualidade e também pela quantidade dos seus livros, a crença na arte, a fé no esforço e na consciência do poeta. Foi o contrário dum portador de desânimo.
Desdenhoso e seguro, ao ver os nossos últimos parnasianos conduzirem a poesia a uma soporífera banalidade, lançou-se com «Oaristos», logo seguido de «Horas», em pleno entusiasmo simbolista. Exageros voluntários, emprego de palavras raras ou arcaicas, uso de imagens estranhas, ressurreição de ritmos antigos, simultãnea à adopção do verso livre - conquista dos simbolistas franceses - audácias verbais, explendor de adjectivação, tudo isso empregou para forçar a atenção de aqueles que não sentiam a decadência do nosso lirismo, ou que se acomodavam com ela (...) «Oaristos» caiu como uma enorme pedra na água estagnada da nossa poesia! Levantou água que a todos salpicou e lavou. Provocou espanto, critica, ironias, troças. Mas exerceu uma acção salutar e rápida! A nossa poesia contemporânea deriva em grande parte da obra de Eugénio de Castro, e o seu livro marcou uma data histórica ..."
[João de Barros, da Hist. de Portugal, vol III, in Obras Po?tica, vol IX, Portucalense, 1944]
"... Amores venaes, concupiscências luciferinas:
Ruth, a fermosa bruna, e Basalisa, a loira,
Theodora, a ruiva como as tangerinas,
Mas, sobre todas: Basalisa, a loira ...
Oh os seus olhos! Sua unhas em amêndoa! E em cálix
O seu collo! E seus dedos digitalis!
E quando, n'uma noite de flagrancias,
(Lembrando isto todo o coração me doe!)
Forte enleei, apoz violentas reluctancias,
Sua ancas de Deusa em meus braços de Heroe! ..."
[EC, in Horas, 1891]
quarta-feira, 3 de março de 2004
Marguerite Duras [1914-1996]
m. em Paris, a 3 de Março de 1996
"... Noites inteiras ao telefone. A dormir de encontro ao auscultador. A falar ou calados. Fruem um do outro. Orgasmo negro sem contacto nem rosto. Olhos fechados. Só a voz, o texto das vozes diz os olhos fechados.
É ela a primeira a querer vê-lo. Encontrá-lo.
Muitos encontros combinados. À última hora desmarcados. Há sempre circunstâncias imprevistas a impedir o encontro. Ele não se admira com a permanência do impedimento dos encontros. Acredita sempre que são possíveis. Acredita nela.
Todos os que gritam de noite nas catacumbas do telefone parisiense combinam ver-se. Os encontros nunca se dão.
Ela combina duas espécies de encontros. Os que são desmarcados. Os que não têm tempo de desmarcar. Ele vai a todos os encontros.
Em breve, ele torna-se incapaz de mudar o rumo à historia (...)"
[Marguerite Duras, O Navio «Night», in Revista Abril, nº 9, 1978]
"... A pele é duma sumptuosa suavidade. O corpo. O corpo é frágil, sem força, sem músculos, poderia ter estado doente, estar em convalescença, é imberbe, sem outra virilidade que a do sexo, é muito fraco, parece à mercê de um insulto, débil. Ela não o olha no rosto. Não o olha. Toca-o. Toca a doçura do sexo, da pele, acaricia a cor dourada, a desconhecida novidade. Ele geme, chora. Está num estado de amor abominável.
E a chorar fá-lo. Primeiro há a dor. E depois esta dor é por sua vez possuída, transformada, lentamente arrancada, levada até ao gozo, abraçada a ela. O mar, sem forma, simplesmente incomparável (…)
[M. Duras, O Amante, Difel, 1984]
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