sexta-feira, 12 de março de 2004


Somos Todos Madrilenos

O sangue, o medo e a morte, abateu-se ontem sobre Madrid. Os assassinos desapareceram, covardemente. A besta passou por ali. Para trás ficou um rasto de desalento, destruição e assombro. O terrorismo é isso: um desespero político, um universo de terror, uma irracionalidade doentia. Morrer em Madrid. Como em Nova Iorque, Bagdad, África ou na América Latina. O mesmo inferno. Nada nos surpreende. Aprendemos a soletrar te-rro-ris-mo, com um azedume no corpo e o espanto na garganta. Uma guerra que nunca mais acaba. E caminhamos de olhar vazio, um enorme cansaço, as palavras "um ouvido tenso de rumor numa flor de pedra". Como recomeçar, nesta confusão caótica da vida? Ou "como posso eu começar alguma coisa de novo, com todo este dia de ontem em cima de mim" ? (Leonard Cohen)