terça-feira, 21 de setembro de 2010
DE REGRESSO – NADA A DECLARAR!
"Não tive tempo de ser mais breve" [Pe. António Vieira, in História do Futuro]
Por não chegarmos a tempo (mérito nosso) desta apostada monomania indígena do diseur elogiativo e ululante do disparate nacional, com que se tornou esta paróquia do sr. Silva, Sócrates & Coelho, Lda, generosamente posta em lume raso pela brigada do costume, pedimos a V. bem-aventurança e candura. Compreendam: "em presença da mulher amada é aconselhável colher nuvens" [Cadavre exquis – como é evidente].
Nada, pois, a declarar! E já não é o nada que nos madura a vidinha (nós para aqui a pensar no futuro), mas tão só a contemplação da ruína a que tudo isto chegou. Mesmo que fatalmente esperada, o espectáculo insolente das carpideiras do regime – como essas endechas postas a correr por inúteis ex-governantes nas Tv's, entre os quais pontifica o pasmoso Silva Lopes – torna tudo de uma soberba inqualificável e sem remédio.
Assistir ao que se vai dizendo da fazenda pública, como se a crise gravíssima com que se deparam as democracias ocidentais não permanecesse ou a subsistir se resolvesse – sempre com a cegueira habitual do correr para a frente que em todos habita por inércia e falta de coragem política -, com o fim do bem-estar económico e social de mais de 60 anos e o correspondente retrocesso e derrocada civilizacional de um século (como todos esse exaltados e intratáveis figurões prescrevem), torna tudo inútil e irretorquível.
Que o roufenho António Costa (do D.E.) discorra sobre a charneca económica, depois de há 5 anos tecer hossanas à governação do sr. Sócrates está conforme o esperado para o pessoal doméstico; que a rincharia do citado Silva Lopes exista e persista, ou que o respigado prof. Cantiga, num turbilhão de emendas, veja a paróquia isolada do mundo e da alma económica global, é absolutamente normal ou não tivessem ambos óculos universitários; que o estremecido rapaz Nogueira Leite, agora iniciado na choça de Passos Coelho, entenda a paisagem económica como a imaginou esse lustre da lusitanidade, de nome Paulo Teixeira Pinto, não é estranho nem perturba a reedição do index liberal – as nulidades atraem-se; que os sobreditos & todos os outros paineleiros e colunistas observem a vulgata do dumping social, em que Portugal, a Europa, as Américas e o mundo livre se devam transformar numa magnificente China, com remunerações de 0,70 euros/hora e o fim do Estado Social que se seguirá, não deixa de ser uma intimidade curiosa, ou não viesse a comovida receita de sujeitos pouco habituados a trabalhar e que sempre viveram à conta dos cidadãos e dos seus impostos.
Como diria Aristóteles: consuetudo est altera natura.
Por isso, não temos nada a declarar! Vossas Excelências não têm nada a declarar?
sábado, 14 de agosto de 2010
NÃO … NUNCA … JAMÉ!
"Na luminosa tarde de Verão mergulhados,/Vagarosamente deslizamos..." [L. Carroll]
O rigor de veraneio entusiasmou-nos. Olhem só, acima, como estamos quebrantados. Caprichosos! Há, nessa frescura de espírito, uma tranquilidade que nos salva do idiotismo da paróquia e do mestre régio pátrio. Longe da graciosa silly season, que o rebanho dos colunistas esforçadamente costura na preia-mar indígena, agradecidos estamos no nosso fogoso amparo. Eis o que é veranear!
Não nos atrevemos, portanto, a ressuscitar o presente vaudeville governamental. O Freeport do sr. Procurador e do seu Vice é uma lista de inspiração curiosa, um testemunho de tal agrado & protecção do dr. Cavaco, que não ousamos adornar a didáctica jurídica com histórias tormentosas. O espectáculo pode continuar! Ou então deixemos isso para o talentoso adiantado mental Henrique Monteiro (via Expresso há 1 semana) ou para o paradoxal Sousa Tavares, o castrado escolar. Ambos fazem as delícias das lavadeiras já sem esperança de casar. Não é preciso riachos de tinta ou composições de cidadania. Já não há milagres, nem lamúrias que nos salvem desses senhores. A lista de mazelas não tem fim.
Nunca contribuiremos, portanto, para o estilo sentencioso do "bota-abaixo" (genuflexão sr. Vieira da Silva), nem sequer para a tirania dos números (esses traidores) com que nos presenteia a economia indígena do sr. Sócrates & amigos. Temos os Bessas (um deles ou todos por atacado) para nos elucidar e o dr. Metelo para nos iluminar. Para declinar o bom gosto e a honestidade intelectual desses cómicos da economia & finanças, não contem connosco. Consintam, apenas, que evoquemos (neste "cenário de guerra" à la Rui Pereira) esse ser extraordinário, esse boticário de aldeia, essa gravura imortal que é o sr. António Serrano, agricultor. Bem-haja pelas suas maquinações sobre a "lavoura" e a sua melodia sobre os fogos. Apenas não se compreende como a (bela) f. Câncio, jornalista de faca e alguidar, nas suas costumeiras dicções prosaicas ao génio do sr. Sócrates, não guarda na alma e na harmonia do verbo uma qualquer escrita épica ou poema heróico, ou uma simples ode, a esse fantástico mártir da governação. O cavalheiro merece o fragor de uns linguados. Podem crer!
Jamé mencionaremos, portanto, a distinção (ou um suspiro sequer) feito ao distintíssimo doutor-mestre-conferencista Manuel Pinho, o egrégio portuga que irá marinhar nas terras de tio Obama. Gloria in excelsis, sr. António Mexia. Depois da converseta sobre o fim das reprovações no ensino (gentileza da dra. Alçada) o caminho seguinte seria por o mestre-escola a pagar para leccionar qualquer coisinha. O que se verifica. Gracias, EDP!
E, assim, o nosso exquisito veraneio (veja-se a foto acima) terá sempre a leveza de um ganhão de campina (estamos aqui, mestre Jakim), convenientemente monologado no respeito de “braço às armas feito” [Camões, com a nossa estima] & segundo a tradição da velha (nova) União Nacional, que o “respeitinho é muito bonito” (não é?). Para já (re)começamos a ler esse livro de culto do dr. Vital e do dr. Canotilho, “a Constituição instruída do dr. Cavaco Silva”. Estamos sábios, contentes! E veraneantes!
Um beijo & um abraço (conforme o repertório).
terça-feira, 20 de julho de 2010
ALMA MATER DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - NOVAS OBRAS DIGITALIZADAS
"Encontram-se disponíveis na página da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra um conjunto assinalável de documentos, iconografia, cartografia, livros, jornais, epistolografia, música manuscrita e impressa e manuscritos que ficaram agora em livre acesso ao grande público.
A Alma Mater, da Universidade de Coimbra, permite agora aceder também a um conjunto de documentos depositados na Biblioteca Geral (cerca de quatro mil documentos, publicados na sua maioria antes de 1940, aos quais correspondem perto de 500 mil imagens) a que somente alguns investigadores tinham acesso, mas que agora digitalizados ficam ao alcance de um clique.
Um dos conjuntos disponibilizados é a República Digital, onde é possível encontrar diversos jornais e publicações muito úteis para a História do Movimento Republicano, seja em Coimbra e no respectivo distrito. Ficaram disponíveis 41 jornais e revistas, donde se destacam o Almanach da República. Distrito de Coimbra, de 1913; Azagaia (1891-1892); o Clarim das Ruas (1897); A Corja (1915); O Dever (1908); A Evolução (1876-1877); A Evolução (1881-1882); O Grito do Povo (1910); Pátria (1906); Portugal (1896); República Portuguesa (1873); O Raio (1894); Resistência (1916-1918); O Trabalho (1870); O Ultimatum (1890); Voz do Porvir (1897).
Por outro lado, do espólio de Belisário Pimenta foram digitalizadas um conjunto de 67 negativos de fotografias que mostram a época e a região.
Ficaram também acessíveis 60 livros dos meados do século XIX a meados do século XX. Entre as obras digitalizadas destacamos: as Teses de Filosofia Natural (1876) e a Teoria Matemática das Interferências (1876), de Bernardino Machado; um caderno manuscrito de Belisário Pimenta sobre a Maçonaria; A Universidade de Coimbra (1908), de Bernardino Machado; A Questão Académica de 1907: Memórias ao correr da pena (1908-1911), de Belisário Pimenta.
Uma iniciativa que não podemos deixar de elogiar e de divulgar junto de todos aqueles que nos acompanham no interesse pela História e Cultura do nosso País"
Saúde e Fraternidade
A.A.B.M.
via ALMANAQUE REPUBLICANO
segunda-feira, 19 de julho de 2010
LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE I
A pesquisa iconográfica à volta da putativa representação primeva do ancestral perdigueiro português ("the old portuguese pointer"), carta patente para o construído teórico final sobre o "perdigueiro português" que distintíssimos autores portugueses clássicos do cão de parar requereram em entusiasmo patriótico, é uma bondade - sempre adornada de curiosas omissões das fontes documentais e lacunas de inventariação - quase sempre inanimada entre manipulações admiráveis, fantasiosa opinião e fábulas nada inocentes.
Sendo incontestável a competência dos nossos investigadores credenciados do cão de parar, está longe, porém, de se ter resolvido a génese da sua problemática, porque esta é (a nosso ver) fundamentalmente uma questão de metodologia: sobre o processo de caça, da função e ensino do cão, da genética à investigação da iconografia dos antecessores do Perdigueiro Português, pois certamente que sim, mas onde também, ou principalmente, se exige que esteja aí presente o reconhecimento e validação de um discurso cinológico que tenha em conta as obras produzidas e os contextos, isto é os complexos discursivos [ver sobre o assunto Patrick Tort, "La Pensée Hiérarchique et l'Evolution", Paris, Aubier, 1983, pp-43-57; "Les complexes discurifs, La Raison Classificatoire", Paris, Aubier, 1989] representativos do campo científico e dos sistemas de pensamento. Isto é, a nosso ver, há que encontrar um aparelho epistemológico apropriado que articule e faça conjugar [cf. João Maria André] as versões internalistas (sucessão de teorias, refutações e/ou substituições de teorias) com as versões externalistas (contextos históricos, económicos, políticos e institucionais), reconstruindo o saber, desestruturado que foi numa "metáfora de espaços vazios" onde os conteúdos e produções ideológicas dominam e ocupam o discurso científico, fazendo passar-se por ele [voltaremos a esta questão da "invasão das ideologias", em concreto, no campo do discurso nacionalista presente, ao que julgamos, na evolução do debate sobre o "cão de parar"].
Mais: não equacionando deste modo, aquilo que é o nosso reparo á generalidade dos investigadores, cai-se no perigo de enramar a "fronte dos nossos cães com coroas de louro" [para citar, com todo o gosto, o padre Domingos Barroso quando se refere ao proselitismo patrioteiro de Leopoldo Machado Carmona sobre a origem nobiliárquica do perdigueiro português – p.71 da sua obra] numa tecnologia iconográfica caprichosa e eivada de lirismo, e que no fim produz uma narrativa pastoral que é uma manifesta e desnecessária trapalhada.
Regressando à questão da busca da gravura original do "perdigueiro português", que a este post diz respeito, apresentamos acima, porque nos parece conclusivo, a imagem [p. 178, aliás p. 197 na obra digitalizada pelo Google] "Le pointer espagnol", com assinatura visível de Luke Wells, retirada da estimada obra: Histoire physiologique et anecdotique des chiens de toutes les races par Bénédict-Henry Révoil. Préface et post-face par Alexandre Dumas, Paris, E. Dentu, Libraire-Éditeur, 1867.
A questão iconológica à volta da gravura de Luke Wells, que aparece repetidamente nas obras portuguesas sobre o cão de parar como sendo a representação excepcional do ancestral perdigueiro português, é surpreendente de se seguir: [Fim da Parte I in O Cão de Parar]
LER no BLOG "O CÃO DE PARAR" a Parte I e a Parte II:
- LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE I;
- LE CHIEN ROTHSCHILD OU EM BUSCA DO “OLD PORTUGUESE POINTER” - PARTE II.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
PUBLICAÇÕES ESCOLARES DO LICEU DE AVEIRO DURANTE O ESTADO NOVO
Preia-mar s.f. nível máximo da maré; o maior nível atingido pelas águas, no fim da enchente; maré cheia; maré alta
A Escola Secundária de Estarreja, "aproveitando a abundância da maré", por ser a hora esperada e seguros dos trabalhos de marinharia, lançou a revista "Preia-Mar" (em versão digital, AQUI). São 98 páginas de "(re)encontro com pessoas e documentos", uma navegação à memória das gentes e das terras que a comunidade educativa serve, uma escrita que é um "tributo à natural afeição das gentes de Estarreja", ao labor da terra, da ria e ao mar. E pelo que se vê o vento foi próspero. Muitas felicitações!
No que a este "estabelecimento" diz respeito, fazemos referência à publicação do estimado texto de Maria de Jesus Sousa de Oliveira e Silva [MJSOS], "A História das publicações escolares do Liceu de Aveiro durante o Estado Novo" [pp. 9-15], aliás uma adaptação de uma parte do mestrado da autora em História Contemporânea de Portugal ["A história e o liceu no Estado Novo", Maio 1993], via FLUC.
É evidente que o trabalho académico de MJSOS foi um serviço que enriqueceu a (então?) pobre historiografia na área da história da educação e das ideias pedagógicas em Portugal, nomeadamente o importante e incontornável contributo da imprensa periódica escolar para o estudo das reformas educativas, mas que também nos traz a dimensão do pensamento pedagógico e a construção das instituições escolares, do mesmo modo que coloca a problemática e a natureza da cultura associativa, da organização, revindicação e luta do movimento associativo da classe docente. Da República ao Estado Novo e deste ao 25 de Abril não há dúvidas que a imprensa escolar é o lugar privilegiado, o lugar de afirmação, vigilância e regulação colectiva [cf. António Nóvoa] de luta (resistência) de ideias e valores dos/contra os regimes, que a partir dos seus conflitos e polémicas caracterizam ao longo de gerações não só a obra e o sistema educativo mas que reflecte, também, a ideologia e a acção governativa ... [continua AQUI, no Almanaque Republicano]
LER TUDO AQUI no Almanaque Republicano.
terça-feira, 13 de julho de 2010
SEMANA PAROQUIAL
"Já não há malhadas nem cantigas, não há desfolhadas nem beijos às raparigas"
- a semana começou com dor de ouvido. Quando se ultimam as ceifas dos cereais (os bons primos alentejanos estão de sacrifício), se continua a poda vida e no jardim vai de se semear, eis que o chefe da exploração do PSD arranca com as chamadas "jornadas parlamentares". Nem o banho aos pés com farinha de mostarda ou algodão canforado nos ouvidos combateu a moléstia. É por demais sabido que o "bom lavrador é sempre o melhor soldado", mas este mau tempo de Julho está repleto de amadores patéticos. Afinal, se na moita já farejava o sr. Sócrates & amigos para que é que o sr. Passos (promíscuo do sr. Sócrates) vai de ocupar a tapada de S. Bento?
- nas ditas "jornadas parlamentares" do sr. Passos, onde ao que dizem sopraram aragens das várias botinhas à la S. Comba Dão, avultou o comediante Campos e Cunha, o cavalheiro Ernâni Lopes (que tirou vários coelhos da cartola) e o inefável Vítor Bento. Pouco originais, todos a viver das migalhas dos emolumentos que patrocinaram quando foram governantes, peroraram as "mudanças necessárias", exactamente no mesmo dia em que se sabe que a economia paroquial estagna, que a oficiosa Moody’s acaba de rever em baixa o rating português e que o Orçamento para 2011 está no confessionário da União Nacional. Entretanto, desabrigado dessas desditas, o sr. dos Passos Coelho faz o roteiro da revisão constitucional e do seu próximo assalto ao Estado. Na ocasião os comentadores (próximos penduras da governação) afinaram, chorando em uníssono, a necessidade de um gabinete de União Nacional, num cenário que vai do sr. Salgado do BES ao inconfundível intelectual Manuel Pinho. As bodas governativas do sr. Passos Coelho são uma canseira, de ir às lágrimas! Ó Teixeira, dá-me a gravata!
segunda-feira, 12 de julho de 2010
VIVA ESPAÑA
"... el fútbol es la única religión sin ateos" [Eduardo Galeano]
O Sr. Carlos Queirós vibrou com a vitória da España no Mundial 2010. Com latinidade & decência, el ímpetu de los jugadores d’España fez Carlos Q. (el prodigioso portuga) engrossar o grupo de adeptos – de Rui Santos a Bruno Prata – fãs do orgullo vizinho. Queirós assegura, com toda a graça, que a selecção de España ganhou a Portugal e posteriormente (naturalmente) ei-la vitoriosa deste mundial. Portanto a vieja eloquência do fútbol dialogal indígena do sr. C.Q., embora confundido que foi pela pelota na África do Sul, permite-lhe ser um vencedor natural. Assim como o eterno Madail, el resignado. Ou os rapazes dos tamancos alaranjados.
Vosotros, como diria Rafael Alberti, "no caísteis", Ó Queirós. Que poderias fazer contra Casillas, Xavi (um valente), Villa, Puyol, Iniesta, Howard Webb, a rainha Sofia ou o polvo Paul!? Nada! Absolutamente nada! Afinal, como disse Nénem Prancha: "futebol moderno é que nem pelada. Todo o mundo corre e ninguém sabe para onde". Entendes, Queirós?
Viva Espanã, por supuesto.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
THANK YOU VERY MUCH!
Hoje estamos assim. Thank you very much!
Folheámos a ode heróica ou máxima moral de D. Maria de Lurdes Rodrigues sobre a Escola Pública, género dramático do eduquês ou as 24 arcades que igualam os melhores escryptos do Diário da República (parabéns, meu caro amigo João Pedroso, pela erudição).
Gostámos, mesmo, foi da obtida vernissage da obra rodriguiana, pois nunca se tinham encontrado, nesse responso contra a Escola Pública & os docentes, algumas das figuras mártires indígenas, como o ressuscitado Sobrinho Simões, o sr. dr. David do curriculum amestrado, a privada Isabel Soares (um beijo!), o notável sr. Sócrates (que rabiscou – dizem - qualquer coisa) e outras almas sorumbáticas do noli me tangere paroquial. Consta até que o dr. Pacheco Pereira, enxudioso de dinamite cerebral, mourejou por lá, decerto julgando estar a caminho do ISCTE. Alguns referem mesmo que o galanteador (de esquerda rouxinol) Pedro Adão e Silva até lá colheu a genealogia da senhora para o próximo circunlóquio de gauche. E que a abismática (& bela) F. Câncio conseguiu distinguir, definitivamente, um escolar de um estudante. Há que inspirar!
Gostámos, também, dos sermões da garotada liberal postos a correr nos linguados dos jornais e nas paineleirices da TV sobre a (des)dita "golden-share" da troupe da PT. Seguidores em aleluias da superstição (neo)liberal, castos no verdadeiro método de estudar política económica, tais senhores expandiram em idioma & orgulho patriótico o prosaísmo regulamentar do sr. Passos Coelho, o bisonho. O gracioso regimento foi seguido de perto pela parelha fragateira da blogosfera (boa noute Ò sr. João Miranda, a sua benção), que tem como máxima: sol na eira e chuva no nabal. Tudo em harmonia!
Em remate, gostámos de saber que o cavalheiro Ricardo Rodrigues, o gualdripador de gravadores, foi distinguido pelo DIAP. Um clássico! Ora se nem a sra. Ana Catarina Mendes, uma das admiradoras do génio ricardiano, conseguiu um padre-nosso pelo visado, parece-nos que a historieta será curiosa de seguir via imprensa. Talis vita finis ita.
Thank you very much!
sábado, 3 de julho de 2010
MORRENDO À CARLOS QUEIROZ
"a pátria em calções e chuteiras, a dar rútilas botinadas" [Nelson Rodrigues]
O inevitável aconteceu: a selecção portuguesa, brasileira e argentina, todas ungidas no lirismo patrioteiro, caíram mortas de tédio e gratuitas de irrelevância futebolística. Os teams, ungidos em ferocidade por essa fatal "invasão da estupidez" dos curiosos de bancada, sucumbiram à própria ideia da civilização e mentalidade desportiva. Perante a vida de futebol pragmático dos espanhóis, no regresso da autêntica "velocidade burra" holandesa e face à maldição da organização e frieza alemã, a tragédia (mesmo se "Deus é esférico") teria de acontecer.
Curiosamente, se a um certo senhor Carlos Queiroz o detalhe da planificação (curta & extravagante) o torna cego e lerdo de tanto pensar, já em Dunga a nostalgia defensiva e o pavor da correria dos holandeses o fazem ficar muito longe da máxima do grande Neném Prancha:"o jogador de futebol deve ir na bola como se fosse num prato de comida". Ora tal verbete, mesmo se documenta a equipa do vate Maradona, só pode ser enunciada com organização e "sandálias de humildade".
Quanto a nós, e resumindo a coisa, diremos que o verdadeiro brasileiro, o único argentino, é o argentino-brasileiro prof. Carlos Queiroz. Faz três em um e sempre com um alienado discurso nos lábios. Frouxo, manso, mau de bola, mas muito malabarista da palavra, eis o vaidoso Queiroz. Uma promoção Madail, um negócio (ao que parece) para continuar ... hors concours.
domingo, 27 de junho de 2010
LEILÃO DA COLECÇÃO CAPUCHO - BIBLIOTECA (Parte IV)
LEILÃO ANTÓNIO CAPUCHO - Arte, Literatura, Revistas de CulturaHistória, Ex-Libris, Mapas, Cantochão, Pergaminhos Iluminados, Gravuras e Registos, Desenhos, Estudos de Azulejaria, Heráldica, Genealogia, Numismática, Viagens, Livros Miniaturas, Manuscritos, Cartas d'Armas Portuguesas e Espanholas - CATÁLOGO ONLINE AQUI
Continuação do Leilão (PARTE IV) do riquíssimo espólio (Colecção e Biblioteca de António Capucho) que foi pertença de António Emídio Ferreira de Mesquita da Silva (1918-2009), pai do Presidente da C.M. de Cascais, António d’Orey Capucho, conforme AQUI temos vindo a registar. Faltará, ainda, uma 5ª e 6ª parte, deste importante e valioso espólio.
LEILÃO - BIBLIOTECA ANTÓNIO CAPUCHO (PARTE IV)
DIAS - 28, 29 E 30 DE JUNHO DE 2010
LOCAL - Calçada do Combro, 38 A, 1º, Lisboa
ORGANIZAÇÃO - Palácio do Correio Velho
sábado, 26 de junho de 2010
O BIBLIÓMANO
"Le Bibliomane thésauriseur est heureux de posséder ses livres, parce qu'il les aime avec jalousie: sa bibliothèque est un sérail ou les eunuques même n'entrent pas; ses plaisirs sont discrets, silencieux et ignorés: il ne permet pas à un ami la vue d'une de ses maîtresses, souvent fort peu dignes d'exciter l'envie; il se persuade que nul rival ne lui dispute les attraits d'impression et de reliure desquels il est épris; il jouit solitairement : il nie ses richesses, comme s'il craignait les voleurs; il en rougit comme s'il les avait mal acquises; il se fâche quand on le presse de questions à ce sujet, et il mentira plutôt que de s'avouer propriétaire d'un volume qu'il a légitimement acheté.
Ses livres gisent enfermés à triple serrure, cachés derrière un rideau opaque, semblable au voile de l'arche sainte; encore ces précautions sont-elles rarement justifiées par la nature même des ouvrages, qui ne franchissent guère la rigoureuse catégorie de la morale et de la religion: il y a chez ces bibliomanes une passion concentrée, purement égoïste et nourrie de son propre aliment, passion qui se croirait profanée si l'objet n'était pas un mystère au monde.
Le Bibliomane vaniteux a de belles éditions, de splendides reliures, une bibliothèque bien choisie et bien rangée: il dépense des sommes immenses pour la compléter; c'est un soin dont il se remet entièrement à un bouquiniste intelligent, à un bibliographe officieux; du reste, il ne lit pas, et souvent il n'a jamais lu: il collectionne des livres, comme il ferait des tableaux, des coquilles, des minéraux, des herbiers. Sa bibliothèque est une curiosité qu'il montre à tous, au premier venu, à des femmes, à des agents de change, à des enfants, peu lui importe que les gens sachent ce que c'est qu'un livre, et, qui plus est, un beau livre !
Le Bibliomane envieux désire tout ce qu'il ne possède pas; et, dès qu'il possède, son désir change de but: sait-il que tel livre existe chez un amateur avec lequel il rivalise, aussitôt sa quiétude est aux abois; il ne mange plus, il ne dort plus, il ne vit plus que pour la conquête du bienheureux livre qu'il convoite; il emploie tout, jusqu'à l'intrigue et la séduction, pour attirer à lui le bien d'autrui; les refus, les difficultés augmentent, irritent sa concupiscence; bientôt il sacrifierait sa fortune entière à un seul instant de possession; mais un rien , la découverte d'un second exemplaire du même livre, une critique en l'air, une réimpression, voilà cette impatience qui s'abaisse et cette ardeur qui se glace. Tout à l'heure l'envieux souhaitait la mort du maître de ce cher livre, afin de s'enrichir aux dépens du défunt! Ce bibliomane est malheureux, comme tout envieux doit l'être, et son malheur recommence à chaque nouveau désir. C'est le Lovelace des livres: il en devient amoureux, et il les poursuit avec acharnement jusqu'à ce qu'il les ait entre les mains; alors il les dédaigne, il les oublie, et il cherche une autre victime.
Le Bibliomabe fantasque n'adore ses livres que pour un temps; il les recueille avec curiosité, il les habille avec générosité, il les installe avec honneur, il les entretient avec faveur; tout-à-coup l'amour se lasse, se refroidit, s'éteint: le dégoût a commencé! adieu, gentes demoiselles! le grand Seigneur réforme son harem: aux Circassiennes succéderont les Espagnoles, aux blanches Anglaises, les négresses du Congo; le grand Seigneur vend ses femmes à l'encan; mais demain il en achètera de moins jolies qui auront pour lui le charme du caprice et de la nouveauté.
Le Bibliomane exclusif ne fait cas que d'un certain ordre de livres, et ne courtise ni les plus rares ni les plus singuliers; il a une collection, c'est là son dieu et son âme; tout ce qui est en dehors de sa collection ne l'intéresse pas; mais il ne néglige aucune recherche, aucuns frais, pour étendre cette collection, pareille à ces immenses et informes monuments orientaux élevés sur le bord des chemins, avec les pierres que chaque voyageur y dépose en passant. Le bibliomane exclusif consacrera son temps, son argent et sa santé, à l'entassement d'une bibliothèque toujours curieuse, mais aussi toujours monotone. Ici, Pétrarque se multiple en douze cents volumes; là, ce sera Voltaire en dix mille pièces réunies une à une, ou bien le théâtre seul fournira des milliers de brochures, ou bien la Révolution française régnera paisiblement sur des cimetières de paperasses"
Extracto de "Les Bibliomanes", por Paul Lacroix (Bibliophile Jacob) - via Blog "LE BIBLIOMANE MODERNE" [ler mais]
sexta-feira, 25 de junho de 2010
BRASIL: FAZER A FEIRA DE VÉSPERA
"Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades" [Barão de Itararé]
Quando acabou o jogo Portugal-Brasil a dificuldade era saber, do Brasil, que equipa era aquela que andou por ali a "trocar fichinha". À promoção brasileira que Portugal era freguês de caderno, exportada por alguns "idiotas da objectividade" (quer nos brasis quer entre os nossos paroquianos), concluiu-se que o Brasil, para além da frustração de andar a "jogar de ouvido", nada mais tem para dar aos seus torcedores, mesmo que faça a feira de véspera.
Com uma indisfarçável má vontade em jogar futebol, com uma irritada e irritante linha de jogo e um grupo de jogadores que se espraiam a morcegar ao mesmo tempo que dão pau [Felipe Mello é leviano e sarrafento] "antes de molhar a camisa" [Nelson Rodrigues dixit], a mais deslavada das selecções brasileiras arrisca-se a ir para casa bem cedo.
Sem Kaká (Julio Baptista é jogador grosso) nem Robinho, a equipa de Dunga (agora entediado a estudar a história do apartheid) é banal, irretocável, uma droga. Nenhuma criatividade ofensiva, sem craques nem samba. Maicon não pode fazer muito (não é Ronaldo), está em versão de "bode cego" e levou, por isso mesmo, um banho de Fábio Coentrão que deu um passeio em campo. Lúcio (um fala barato) é um facilitador, um desastre, de tal modo que se Ronaldo tivesse jogado apoiado o jogo seria outro. Pena que o Raul Meireles desperdiçasse um golo mais que possível e, por que não, mais que justo.
A equipa portuguesa é uma incógnita. Por vezes raia a magia, noutras ocasiões são de uma permissividade e desorganização total. O erudito e ridículo Carlos Queiroz (aquela de Portugal entrar de fato de macaco e sair de smoking lembra a presença filosófica do dr. Cavaco Silva) apostou num esquema de jogo ainda mais fechado do que contra a Costa do Marfim. Burocrático, sem alma nem chama, Queiroz joga simplesmente para os pontos. Eis a sua religião. Eis a sua esperança. Até agora deu certo esse mundo espiritual do sr. Queiroz: "quem tem a bola ataca, quem não tem, se defende". Até surgir o dia onde "quem não faz, leva!".
quarta-feira, 23 de junho de 2010
XVI MARCHÉ DE LA BIBLIOPHILIE - PARIS
XVI Marché de la Bibliophilie (Paris) - 23 a 27 de Junho.
110 Livreiros, todos de grande estimação, montam as tendas na Place Saint Sulpice. Das 11 in matinas até ás 2o horas, haverá lugar a um corropio ao livro antigo, estimado, raro ou de ocasião. Paris me mata!
Organização: GIPPE
sábado, 19 de junho de 2010
MARCELO REBELO DE SOUSA: O ESPIRITUOSO
"O conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou hoje a ausência do Presidente da República, Cavaco Silva, nas cerimónias fúnebres do escritor José Saramago, considerando que é mais importante a sua presença espiritual do que física"
Espiritual, o que é? Abrimos o útil José Pedro Machado e lemos: "Espiritual: Do espírito ou a ele referente || Que diz respeito à religião ou à consciência || Místico; incorpóreo".
Ora aí temos a traquinice joeirada do formidável intelecto de Marcelo R. de Sousa. Que nos diz Marcelo? Que o dr. Cavaco – Presidente da República de Portugal – não participa nas cerimónias fúnebres do mais importante cidadão da cultura portuguesa contemporânea, porque, com paciência existencial (quiçá esotérica) e só com essa superior instrução, deve, no seu ofício presidencial, estar presente indelevelmente em espírito e não na sua forma pessoal seca e tesa.
Dai que por vezes, durante as cerimónias fúnebres no edifício dos Paços do Concelho de Lisboa, se sentiu vagamente o fenómeno desse incredibile ergo divinum da presença espiritual do dr. Cavaco.
Em rigor, o que se passou é que esse ser etéreo que é o dr. Cavaco se tinha transladado incorporeamente para o local. Nesse espiritual "a posse ad esse" intimativo, como parece ser o apostolado da sua mundança como presidente, o dr. Cavaco evitou envolver-se esotericamente com esse demiurgo das letras (ainda um simples infra-etéreo, presume-se) que dá pelo nome Sousa Lara. Lamentavelmente, a providência não cuidou ainda deste último teleológico sujeito.
O mesmo já não acontece nos sermões exotéricos do prof. Marcelo, que, bem estremecido e sem tibiezas abusadas, declara hoje & para todo o sempre que vê o lampejar espiritual de Cavaco Silva a pairar sobre a paróquia. Espirituoso, este Marcelo.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
OBRIGADO, SARAMAGO!
"Escrever, não é outra tentativa de destruição, mas antes a tentativa de reconstruir tudo pelo lado de dentro, medindo e pesando todas as engrenagens, as rodas dentadas, aferindo os eixos milimetricamente, examinando o oscilar silencioso das molas e a vibração rítmica das moléculas no interior dos aços" [in Manual de Pintura e Caligrafia, Moraes, Dezembro de 1976]
"Vai Ricardo Reis a descer as Rua dos sapateiros quando vê Fernando Pessoa. Está parado à esquina da Rua de Santa Justa, a olhá-lo como quem espera, mas não impaciente. Traz o mesmo fato preto, tem a cabeça descoberta, e, pormenor em que Ricardo reis não tinha reparado da primeira vez, não usa óculos, julga compreender porquê, seria absurdo e de mau gosto sepultar alguém tendo os óculos que usou em via, mas a razão é outra, é que não chegaram a dar-lhos quando no momento de morrer os pediu ..." [in A Ano da Morte de Ricardo Reis, Caminho, 1984]
"... vejo o que esta dentro dos corpos, e às vezes o que está no interior da terra, vejo o que está por baixo da pele, e às vezes mesmo por baixo das roupas, mas só vejo quando estou em jejum, perco o dom quando muda o quarto da lua, mas volta logo a seguir, quem me dera que o não tivesse ..." [in Memorial do Convento, Caminho, 1982]
"O Pessoa [Fernando] seria o grande Nobel da nossa época. Esse sim. Mas como? Quem é que conhecia o Pessoa? Nem nós ..." [Saramago, Entrevista de Carlos Vaz Marques, in Ler, Junho de 2008]
"A felicidade, fique o leitor a sabendo, tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles. Entregue as suas flores a quem saiba cuidar delas, e comece. Ou recomece. Nenhuma viagem é definitiva" [in Viagem a Portugal, Círculo de Leitores, 1981]
ATÉ SEMPRE JOSÉ SARAMAGO!
"As palavras mais simples, mais comuns,
As de trazer por casa e dar de troco,
Em língua doutro mundo se convertem:
Basta que, de sol, os olhos do poeta,
Rasando, as iluminem" [in Os Poemas Possíveis, Portugal Editora, 1966]
"... o autor está no livro todo, o autor é todo o livro, mesmo quando o livro não consiga ser todo o autor ..." [Saramago, in "O autor como narrador", Ler, Verão 97]
"... tudo quanto é nome de homem vai aqui, tudo quanto é vida também, sobretudo se atribulada, principalmente se miserável, já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação ...” [in Memorial do Convento, Caminho, 1982]
Morreu Saramago. Partiu o escritor para o sono eterno, porque "os homens são mortais mas não se pode ter a certeza de que todos / o sejam só aqueles que são vistos morrer diante dos nossos olhos" [Saramago, in Primeiro e Segundo Poemas dos Mortos]. Saramago, "esse escolhedor de factos", fez de facto história. Escreveu, desassossegou, construiu mundos ficcionais & escrita da terra, tomou posições políticas assumidas (qualidade de homem livre), deixou-nos coisas luminosas e boas. Faz parte da nossa história (Lusa ou Atlante), mesmo se como portugueses tivesse acabado a "nossa missão histórica", porque "estamos cansados de viver". A Saramago a nossa eterna gratidão!
Parte José Saramago e leva já saudades. Subiu alto! E tal como outros dos nossos escritores & poetas (e foram muitos e foram os melhores de várias gerações) a viagem feita foi de exílio pátrio, cerradas que lhe foram as portas, desta paróquia provinciana, mal frequentada e de má fama. Venceu a mediocridade da fala & comércio dos Sousas Laras (esse polícia das letras), dos vários "Engenheiros" e demais incumbentes da coisa pública, prenhes de rosariadas insónias, que atentos e veneradores sempre alimentamos. José Saramago afrontou-os continuamente, seguro e viril, em nossa glória e por orgulho patriótico. Mas não o calaram! E, por isso, nós jamais o abandonaremos.
Daqui, destes campos sacros e antiquíssimos do Mondego, o nosso derradeiro Vale! de despedida.
Até sempre Saramago!
quarta-feira, 16 de junho de 2010
EU VI O VALTER LEMOS!
"Gaita! Sempre tem feito um calor" [Dr. Pluma, in Primavera autónoma das estradas, de M.C.V.]
No remanso do lar, após porfiado pousio do prazer da blogosfera (dote de paragem), descortinámos entre a camuflagem da TV (na RTPN ou, melhor, no media delirante do felicíssimo reinado do sr. Sócrates), o pressuroso Valter Lemos, dito secretário de Estado do Emprego.
Dantes, o Valter Lemos, ou fazia de prodigioso vereador em Penamacor, evangelista atribulado do eduquês indígena, presidente de um qualquer humilíssimo instituto albicastrense, ou fazia de assessor em Macau, missionário da educação nativa, ou Secretário de Estado da Educação. Agora exportou-se para a secretaria de Estado do Emprego. Onde é regente!
Era dantes, o Valter, utilizado na "chasse à la tiresse", curiosa expressão que os franceses usam quando (na caça) se referem à utilização do cão para empurrar a caça para a armadilha. Não tinha, Valter Lemos, qualidades, não tinha know-how, habilidade intelectual, urbanismo. Tinha, Valter Lemos, apenas adversários (todos nós) que cumpria empurrar para a "rede" da mentira política. Na fadiga caiu V. Lemos na secretaria do Emprego. Onde faz alexandrinos poéticos ao "emprego" e à formação profissional, para júbilo do loquaz Vieira da Silva e delírio da inefável Helena André. O casto João Proença, esse divertido amarelo sindical, pode, doravante, dormir como um cevado (Deo juvante).
Hoje mesmo, o verboso Valter Lemos proclamou na "Antena Aberta" da RTPN, perante terríveis desencantos mundanos, que o "desemprego" caiu nos centros de emprego (harmoniosamente, pensa-se). A natureza, a perfeição e o desvario televisivo do Valter Lemos - sempre ocioso entre a desafinação estatística e a patusca quanto gaguejante argumentação sobre esse melífluo tombo do desemprego – trouxe de imediato uma assuada de comentários, que o pobre coitado cegou de pânico. Depois de ser corrido (com belíssimos letreiros, diga-se) da vida escolar, pelos docentes, eis que o jactante V. Lemos se presta a ser agraciado com insultos, pelos desempregados deste país.
É que, por detrás desse corpus alienum do "desemprego" (que cai ou não cai) está apenas a manipulação estatística do génio imaginativo desses "novos" garotos políticos, que a pós adesão á União Europeia fez nascer em toda a parte. Com graciosidade! E bizarria! Para nossa escravidão.
terça-feira, 1 de junho de 2010
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. ARTUR NOBRE DE GUSMÃO
DIAS – 31 de Maio e 1 a 3 de Junho de 2010
LOCAL - Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro, Lisboa), 20 C
ORGANIZAÇÃO – Leiloeira Renascimento
CATÁLOGO – AQUI
Continua hoje e até ao dia 3 de Junho o LEILÃO DA BIBLIOTECA do Dr. ARTUR NOBRE DE GUSMÃO.
Artur Nobre de Gusmão [n. 1920 - m. 2001], professor Catedrático jubilado de História de Arte pela Universidade de Lisboa, apaixonado por arqueologia e história da arte, especialista em arte Cisterciense, foi, ainda, director do serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gubenkian, deixa-nos, na sua área de estudos e de paixão bibliófila, uma Biblioteca copiosa em peças bibliográficas de grande valia e raridade.
O Catálogo online, sob tutela de José Vicente, assim o revela.
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
A GAFANHA - CAMPOS LIMA
"A Gafanha, meus caros senhores, não é senão esta boa terra de mesquinharias e de toleimas, a fingir de nação da Europa e que nem ao menos por decoro anda de tanga. A Gafanha é a ‘piolheira’, onde só é gente o sr. Burnay. A Gafanha são os padres do ‘Portugal’, é a intentona, é a juventude monárquica, é a barriga do sr. Alpoim, a chefia do sr. Vilhena, a lei de 13 de Fevereiro, a beleza do sr. D. Manuel, o ‘Vasco da Gama’, o discurso da coroa, a chalaça do sr. Ferreira do Amaral e os adiantamentos. A Gafanha é esta terra de cegos, onde não havendo ao menos quem tenha um olho para ser rei, por esse facto se pensa fazer a República ..." [in A Gafanha, nº1]
A Gafanha. Quinzenário(?) Anarquista [nº1 (Março ? 1909) a nº 8 ? (1909)]. Editado por Campos Lima [João Evangelista]; correspondência, Rua do Ouro, 149, 2º, Lisboa; composto e impresso na Typ. Minerva, de Gaspar Pinto de Souza & Irmão, Vila Nova de Famalicão.
A Gafanha é um periódico de grande raridade, dado a perseguição e as penas a que estavam sujeitos aqueles que pugnavam pelas "doutrina do anarquismo", resultante da Lei de 13 de Fevereiro de 1896 [cf. Rita Pereira, A Gafanha, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Maio de 2010 – onde encontra a entrada bibliográfica ao periódico. Não consta da bibliografia consultada por R. Pereira, o livro de Alexandre Vieira, "Para a História do Sindicalismo em Portugal" onde é referido a existência de apenas 8 numrs d’A Gafanha], pelo que se desconhece quer o inicio da sua publicação quer o seu terminus.
A Gafanha, nº1 e nº2 – digitalizado pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;
A Gafanha – Ficha histórica por Rita Pereira, H.M.Lisboa.
[publicado no Almanaque Republicano]
quinta-feira, 20 de maio de 2010
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS - PARTE III
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS (PARTE III e ÚLTIMA)
DIAS: 20 a 22 de Maio // 26 a 29 de Maio - sempre às 21 horas;
LOCAL: Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto), Porto
ORGANIZAÇÃO: Livraria Manuel Ferreira.
(Re)Começa hoje o Leilão da valiosa e excepcional Biblioteca - que referimos AQUI - reunida pelo estimado bibliófilo e notável cidadão dr. Laureano de Barros (1921-2008). Será a III parte deste Leilão, que é já hoje um dos mais notáveis, completos e valiosos acervos literários da segunda metade do século XX. As peças bibliográficas reunidas (descritas e redigidas com mestria pelo mestre Manuel Ferreira), o seu valor bibliofílico (que será sempre bem diferente do bibliográfico, segundo Pina Martins), a preciosidade dos exemplares que são levados à praça, as belíssimas e estupendas encadernações de algumas espécies, tornam esta Biblioteca e este Leilão um momento único e imperdível na cultura portuguesa.
Catálogo do volume I (20 a 22 de Maio)
Catálogo do volume II (27 a 29 de Maio)
LOCAIS: Livraria Manuel Ferreira – Leilão da Biblioteca do Dr. Laureano Barros (III Parte) [Tertúlia Bibliófila] / Raríssima primeira edição da Peregrinação na última etapa do leilão da biblioteca de Laureano Barros [jornal Público]
terça-feira, 18 de maio de 2010
BIBLIOTECA EUGÉNIO DA CUNHA E FREITAS - PARTE I
LEILÃO - Continua (desde ontem, dia 17) o LEILÃO da BIBLIOTECA EUGÉNIO DA CUNHA E FREITAS, hoje e até ao dia 19 de Maio. A cargo de Pedro de Azevedo, esta valiosa e estimada Biblioteca (aqui em sua I parte) é excelente na genealogia, heráldica, arqueologia, etnografia, história de arte, etc.
Local: Amazónia Lisboa Hotel (ao Jardim das Amoreiras), Lisboa.
Dias: 17, 18, 19 de Maio (21 horas)
O Dr. Eugénio da Cunha e Freitas [1912-2000] nasceu em Lisboa (30 de Agosto) e faleceu em 10 de Dezembro de 2000. Teve cargos públicos e institucionais importantes: pertenceu ao Ministério Público no Tribunal de Lisboa, foi administrador do concelho de Sesimbra (1935), secretário da Câmara dos Administradores de Falências do Porto (1935-1982), vogal da Comissão de Etnografia e História da Junta de Província do Douro Litoral (1947-1980), foi o primeiro Director do Boletim da Associação Cultural “Amigos do Porto” (19519), delegado da Junta Nacional de Educação no concelho de Vila do Conde, Presidente da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Azurara, director da estimada revista “O Tripeiro” (1961-1973) e pertenceu a inúmeras instituições (Associação dos Arqueólogos Portugueses; Sociedade História da Independência de Portugal; Academia Portuguesa de História; The American International Academy; Academia Nacional de Belas Artes; Associação Portuguesa de Geneologia; Sociedade de Estudos medievais; Associação Portuguesa de Ex-Libris, etc.).
Tem um copioso trabalho publicado em jornais e revistas e "obras de fundo, com realce para temáticas da História, da Etnografia e da Genealogia, e muito especialmente, para a história dos concelhos do Porto e de Vila do Conde”. A sua obra “é prolixa e vasta e a que deixou manuscrita monumental".
"Foi um bibliófilo e coleccionador, deixou um legado raro e variado de livros, folhetos e preciosidades manuscritas" [in Catálogo da Biblioteca Eugénio da Cunha e Freitas, Parte I, Pedro de Azevedo, Maio, 2001]
terça-feira, 11 de maio de 2010
BENTO XVI E A REPÚBLICA PORTUGUESA
"A viragem republicana, operada há cem anos, abriu na distinção entre a Igreja e o Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja" [Bento XVI]
"Nos cem anos da República, as minhas felicitações e a minha bênção a Portugal inteiro, país rico em humanidade e cristianismo" [Bento XVI]
in visita de Bento XVI a Portugal (11/05/2010)
via Almanaque Republicano.
sábado, 8 de maio de 2010
TWIST OF ASSIS & RODRIGUES'S
Duo mui almofado, de corpo gingão, voz das antigas. A dupla artística Assis & Rodrigues saiu frenética de S. Bento (dever d’ofício) e exportou-se para a paróquia. As TV’s imortalizaram o instantâneo e o excitativo momento. O senhor Rodrigues, conselheiro do Assis & flor ascendente do sr. Sócrates, diz que é irreflectido. O companheiro Assis, em agitação juvenil, é solidário, lembrando-se de outros recalcitrantes espíritos matosinhenses. O senhor Rodrigues é excessivo de munições contra os jornaleiros. E Assis, correndo a sua lista de mazelas, assegura que Rodrigues é dos "melhores" na deputação. Rodrigues ferve de indignação, enquanto lambisca gravadores. O sr. Assis, imaginoso no detalhe, garante que Rodrigues é rapaz de "grande lealdade, capacidade política e rigor". Os Abrantes, de imediato, esguicham postas urbi et orbi. A canalha sorri. O expediente deve continuar. O twist lascivo da dupla Assis & Rodrigues é um desastre. "Haja hoje para tanto ontem" [Leminski].
domingo, 2 de maio de 2010
ATÉ SEMPRE MANEL!
Era um Homem popular entre os vendedores da Feira da Ladra, um resguardo único para os amantes dos livros usados, um dedicado amigo do seu amigo. Todos os sábados, ignorado o sol ou a chuva, lá estava ele na Feira da Ladra vendendo velhos e novos alfarrábios, jornais e revistas, livros amarelecidos pelo uso e tempo, papéis pintados de outros homens e mulheres, com energia e sem fadiga, semeando conversas, paixões, generosidades. Em redor da sua carrinha, em tantas manhãs, quantos grupos de amadores de livros descerraram curiosas conversas, ergueram cânticos a livros perdidos, trocaram palavras de circunstância, enquanto o sr. Manel, com um sorriso nos lábios alumiava a Feira com o seu pregão matinal.
O Manel, homem rijo, espontâneo, franco, enérgico, deixou-nos na passada semana. O Manel da Feira da Ladra, forte e corajoso, não resistiu à presumida benevolência do tempo que tudo esquece. Todos os seus amigos – que são muitos – irão sempre relembrá-lo. Homens destes, que se cultivam pelo afecto, não ficam esquecidos. O Manel tinha um lugar especial entre nós, amantes dos livros, e ficará para sempre na nossa memória.
Ao Manel o nosso profundo respeito. Á família, aos filhos que continuarão a sua obra, o nosso pesar.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
IN MEMORIAM JOSÉ VITORINO DE PINA MARTINS
"O verdadeiro bibliófilo é aquele que deseja possuir livros para com eles dominar a logosfera e pelo respeito que eles merecem tanto no plano da cultura como no da própria beleza, raridade da espécie e da elegância das próprias encadernações – factores, estes, de autêntica estesia"
[João Vicente de Pinto Marques, aliás pseud. de José Vitorino de Pina Martins, in "Para o Perfil de um Bibliófilo", Catálogo da Biblioteca R. de G. (admirável e terno texto de Pina Martins, de leitura necessária), Leilão da Azevedo & Burnay, Lisboa, Maio de 1984]
José Vitorino de Pina Martins foi um dos mais brilhantes estudiosos da História do Livro, um erudito da História do Humanismo e do Renascimento, um fulgurante investigador e bibliófilo notável. O seu saber admirável, autêntico, iluminado, marcou exuberantemente a cultura portuguesa. A sua obra literária e científica é sublime, mesmo desconcertante. O seu legado de bibliófilo de excepção, perturbante pela sua imensa erudição e de raríssimo entusiasmo sobre os alfarrábios, deixou-nos estudos extraordinários e um acervo bibliográfico sem igual. A sua opulenta biblioteca pessoal – decerto a mais valiosa dos nossos tempos -, adquirida há anos pelo grupo Espírito Santo, é disso testemunha. Até sempre doutor Pina Martins. Um abraço fraterno!
Sobre a biografia e a bibliografia (muito copiosa) de José Vitorino de Pina Martins consultar a entrada da Wikipédia (que está conforme o texto de Manuel Cadafaz de Matos, publicado nos "129 Trabalhos Científicos de um Grande Investigador José Vitorino de Pina Martins", Catálogo de Exposição Bibliográfica, B. N., Lisboa, Março de 1998, pp. 7-12). Como curiosidade, observa-se em textos (sob pseudónimo, como o que atrás referimos, mas outros mais sugerem ter saído da mesma pena, e curiosamente aparecidos em Catálogos) uma inquietação em torno da simbologia, uma curiosa escrita de teor, que se pode apelidar, "esóterica" ("secreto amador de obras raras" ?), o que não será alheio o profundo conhecimento que tinha das obras de Camões, Bernardim Ribeiro, D. Francisco Manuel de Melo, Dante e do grande Padre António Vieira. Por último, Pina Martins escreve, ainda, poesia, sob o nome de Duarte de Montalegre.
Outros Locais: Pina Martins (Diário de Coimbra)/ Obituário: Pina Martins faleceu hoje em Lisboa (Correio da Beira Serra) / J. V. de Pina Martins em Convívio com os Clássicos (Aires A. Nascimento) / Palavras de afecto, com memória (Aires A. Nascimento) / Giovanni Pico della Mirandola: (1463-1494)
CRUELDADE!
"crudelem medicum intemperans aeger facit"
Anda por aí um arrazoado colectivo & pouco higiénico sobre uma presuntiva conspiração – como é óbvio, "revolucionária" – de uns inçados especuladores capitalistas que, na sua gula d’ofício, folgam por levar o nosso piedoso país à bancarrota. Pelo que se diz no balneário paroquial, a bordoada última da (outrora) benemérita Standart & Poor’s, ao avaliar (com a devida vénia à sra. Lurdes Rodrigues) o "estado de negação" do risco da dívida, mandou-nos para a galeria do junk e (pasme-se) fez subir o CDS (i.e., os credits default swaps). Mais, consta que tais infames empresas de rating nos trazem pela trela. A ferocidade é, salvo melhor opinião, de assinalar.
A lista de mazelas que repentinamente ilustrou a situação é conhecida. A disenteria dos argumentos da veneranda classe dos economistas & demais incumbentes da coisa pública, em torno da "turbulência", "nervosismo" e "credibilidade" que acossa a paróquia, é formidável. Ó inclemência!
É certo que o embalsamado Vieira da Silva desapareceu e o sr. Teixeira dos Santos deambula por todo o lado, mas não havia razão para, nesse divertimento de estar o país a arder pelas patifarias a soldo de excitados capitalistas, ver surgir o raminho filosofante dos Campos e Cunha, Eduardo Catroga, Braga de Macedo (petit-maître ajuramentado), o Bagão Félix, Pina Moura (o arreda-deficits) ou, mesmo, esse novo poeta-economista, Nicolau Santos (na falta dos Silva Lopes & Cia). É uma crueldade o que fez, a estes patriotas, o cacete de infames capitalistas d’além-mar. Abaixo a especulação, grita o Valter Lemos, em bom economês.
É certo que o ex-administrador do Oásis, o dr. Cavaco, adverte que não vai perorar; é verdade que o casto Paulo Portas capricha no "seu" CDS, vertendo lágrimas viçosas anti-capitalistas; está provado que os clones Sócrates & Passos Coelho se sentaram (matreiramente) no dorso da besta do PEC, qual repolho d’amor indígena, requerendo medidas urgentes à canalha; está até conforme as doutas e sábias demonizações anti-capitalistas dos associados da CIP, sendo que o sr. Van Zeller, a pedido de várias famílias, legitimou até o engenho revolucionário que vem decerto por aí; foi bonito ver o sr. Mendonça, das Obras a publicar, anunciar, no seu génio de distinto académico, aeroportos e TGV’s, em pura emanação divina.
Tudo isso é justo, deslumbra, é até erótico de se seguir, mas cremos que não havia nexexidade! A paróquia já deu sobejas provas que se afunda sozinha, com ou sem mercenários especuladores. Aliás, o dr. Cavaco Silva está onde está para a provar que "plutôt mourir que changer". Apertem os punhos!
domingo, 25 de abril de 2010
25 DE ABRIL
"Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra
...
Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
...
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós..."
[Alexandre O’Neill]
sexta-feira, 23 de abril de 2010
DIA MUNDIAL DO LIVRO
"Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar" [P. A. Vieira]
"Na leitura, a amizade é subitamente reconduzida à sua pureza primordial. Com os livros, nada de amabilidades. Se passarmos a noite com esses amigos, é porque assim verdadeiramente nos apetece. A eles, pelo menos, só a contragosto é que muitas vezes os deixamos". [Marcel Proust]
"Que outros se gabem das paginas que têm escrito; a mim orgulham-me as que tenho lido. Não terei sido um filólogo, não terei inquirido sobre declinações, os modos, a laboriosa mudança das letras [...] mas ao longo dos meus anos tenho professado a paixão da linguagem" [Jorge Luís Borges]
"Temos o direito de exigir aos poetas que não levem com eles para o túmulo os segredos do seu ofício" [Mayakovsky]
"Pode-se avaliar a beleza de um livro pelo vigor dos safanões que ele nos deu e pelo tempo que levamos depois a recompor-nos" [G. Flaubert]
"É preciso olhar os livros por cima do ombro do autor" [Paul Valéry]
"A leitura não é a mesma coisa aos vinte anos que aos sessenta. O jovem lê tudo. O ancião não lê senão o que lê. O jovem lê tudo e de tudo aproveita pouco. O ancião lê pouco e do pouco aproveita tudo [...] Dizia um filósofo que o importante é saber não o que se há-de ler, mas sim o que ‘não’ há que ser lido" [Azorín]
"Nunca nos entregaremos suficientemente ao trabalho apaixonante que consiste em aproximar os textos". [Marguerite Yourcenar]
"Divido todos os leitores em duas categorias: os que lêem para lembrar e os que lêem para esquecer" [William L. Phelps]
"Uma das melhores maneiras se recriar o pensamento de um homem: reconstituir a sua biblioteca". [Marguerite Yourcenar]
"Há o hábito de pensar que se entra numa biblioteca para procurar um livro. Não é verdade. Sim, por aí se começa, mas o que na realidade se busca é a aventura" [Umberto Eco]
"Fundar bibliotecas era ainda construir celeiros públicos, acumular reservas contra um inverno do espírito que, por certos indícios, vejo que infelizmente se aproxima" [Marguerite Yourcenar]
"O coleccionador sente que o seu capital está seguro, que deixa uma herança mais certa que propriedades urbanas ou papéis de crédito. Se isso não é ainda a maré de rosas para os escritores de hoje, é um consolo: o consolo de que terão a velar-lhes pelos tempos fora, e a calá-los da traça, a mão fina e cuidadosa do bibliófilo" [Aquilino Ribeiro]
"A História do Livro é, a seu modo, uma tentativa de recuperação deste mundo complexo onde o mai amplo saber convive em boa paz com as lacunas do quod nihil scitur. Tarefa aliciante para os que saberão sempre muito pouco". [Artur Anselmo]
"Quantos ledores, tantas as sentenças" [Sá de Miranda]
sexta-feira, 16 de abril de 2010
REGRESSO À PARÓQUIA!
"É nas taças que se entorna o tempo" [Guimarães Rosa]
Este viçoso estabelecimento, discreto nas reimpressões e libérrimo para a correcção das "miudezas da vida", andou folgado & em trabalhos d’arrumação e aprumo. Na verdade, como bem nos disse Max Jacob:"tudo o que existe está situado". E assim foi, porque as "obras son amores" de calendário e não há, de facto, o risco de morrer de tédio. Deixámos as antiqualhas, a maledicência e ferros curtos para outros, e, é verdade, não frequentámos os actos. Reaprendemos as leituras d’ocasião, as marginálias, os recortes, marcámos jornais e revistas, aplicamo-nos no excesso dos textos malditos, curámos instruções e fomos estranhamente ociosos no recreio. Ordenámos o espírito.
Com proba lucidez formámos cadernos, pastas cartonadas, bordámos papel, raspámos livros, cosemos folhas & papéis, alceámos velhos cadernos, consolidámos a livralhada e papel velho. Subimos estantes, viajámos na livraria (qual António Francisco Barata!) e ordenámos o caos.
Lá por fora, o tumor da bancarrota não nos fez usar a erva das "sezões". A paróquia do sr. Sócrates & Amigos é uma "febre" insana ou lugar "mal frequentado", que nem a colherada do BCE ou a crónica do FMI (que por aí vem, de mansinho) nos tira do sério. O corpo há muito se habituou a tão danosa gente. O choro folhetinesco sobre a economia, o deficit, a corrupção em trânsito do país, a falta de carácter dos governantes, a decadência das instituições nesta "fermosa estrivaria", as epístolas cúmplices do dr.Cavaco ou o gorjeio das oposições, são assunto para jornaleiros & indígenas protegidos e proveitosos para essa curiosa cáfila de economistas que se espalham por todo o lado, primorosos a enriquecer de teorias (nunca verificadas) a mioleira do gentio (que treme de medo ao ouvir o iluminado dr. Cantigas Esteves ou o evangelista Silva Lopes) e o seu próprio bolso. Nada de espanto!
E, com a bazófia e logro dessa estranha gente, fica reparada a mansidão indígena, para que a "vidinha" continue. Para nós, que não temos obra a fazer nem cabedal a cobiçar, lembramo-nos, sempre, do que disse Lincoln Ralphs: "Os nossos pais talvez não estivessem seguros sobre o que o futuro poderia ser, mas raramente punham em dúvida que viesse a haver futuro". Ámen!
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