domingo, 1 de maio de 2011
IN MEMORIAM ERNESTO SABATO 1911-2011
"Não devemos desperdiçar a graça dos pequenos momentos de liberdade de que podemos desfrutar: uma mesa compartilhada com pessoas que amamos, umas criaturas que ampararemos, uma caminhada entre as árvores, a gratidão de um abraço. Nós nos salvaremos pelos afectos. O mundo nada pode contra um homem que canta na miséria" [E.S.]
"Eu sou um anarquista! Um anarquista no sentido melhor da palavra. O povo crê que anarquista é aquele que põe bombas, mas anarquistas foram os grandes espíritos como, por exemplo, Leon Tolstoi" [entrevista ao diário 'O Tempo', Bogotá, 22 de junho de 1997 - via Wikipédia]
LOCAIS: "Mi padre no nos pertenecía solo a nosotros" / Ernesto Sabato, um resistente / Entrevista a Ernesto Sabato / Bibliografia / "La razón no sirve para la existencia" [Entrevista] / "Diálogos Borges Sabato" / Ernesto Sabato e a melancolia / As relações interartes em José Saramago e Ernesto Sábato
¡Hasta siempre, Ernesto!
segunda-feira, 25 de abril de 2011
VIVA O 25 DE ABRIL!
"A DEMOCRACIA não é uma palavra vã … é a Igualdade Social e Económica, tendo por instrumento a Liberdade Política. É a partilha justa, entre todos os membros da sociedade, dos bens materiais, como garantia duma igual distribuição dos bens morais entre todos. É a ponderação das forças sociais, feita pela lei e pelo pacto livre, em vez de ser feita pelo acaso cego, pela luta fratricida, pelo equilíbrio, a cada momento instável, da concorrência. É o trabalho considerado, definitivamente e realmente, a única base do Estado. É a lei feita, enfim, por todos, em serviço de todos. É o povo chamado ao banquete olímpico da Instrução, da Prosperidade e da Moralidade …
Em duas palavras: o povo pede que o deixem ser homem …"
in DEMOCRACIA, por Antero de Quental, Almanak para a Democracia Portuguesa, 1870 - sublinhados nossos.
via Almanaque Republicano.
domingo, 10 de abril de 2011
LEILÃO DE LIVROS DE PIERRE HOURCADE
DIAS – 11 e 12 de Abril (21 horas);
LOCAL – Palácio da Independência (Lisboa);
ORGANIZAÇÃO – Artes e Letras Leilões;
CATÁLOGO – AQUI.
A Artes e Letras, Leilões, vai organizar um importante Leilão de Livros do acervo de Pierre Hourcade, amanhã, dia 11 de Abril e que segue na noite seguinte. São 920 peças bibliográficas, a maior parte pertencente à Biblioteca de Pierre Hourcade, com obras de muita valia e raridade, principalmente no campo literário e artístico. O conjunto de obras de e sobre Fernando Pessoa são invulgares (pelas dedicatórias pelo punho do próprio vate F.P.) e muito preciosas.
O Catálogo do Leilão está AQUI disponível.
sexta-feira, 25 de março de 2011
IN MEMORIAM DE TARCÍSIO TRINDADE 1931-2011
"Acorda-me de manhã
Ao nascer do sol
Canta uma cantiga
Em cada estação" [Tarcísio Trindade]
O livreiro (e bibliófilo) Tarcisio Trindade (ou Tarcísio Vazão de Campos e Trindade - ver AQUI) partiu de entre nós, decerto para conversar com "os sinos e os anjos meninos", no passado dia 15 de Março. Apaixonado pelos livros que "descobria" e atravessavam séculos, autorizado e competente livreiro-alfarrabista, conversador cativante e animador de tertúlias bibliófilas na sua casa de livros antigos da Rua do Alecrim, Tarcísio Trindade sempre mereceu as maiores estimas quer do aprendiz a dar os primeiros passos na bibliofilia quer dos nossos mais ilustres (ou encartados) bibliófilos.
O respeito pelo livro antigo e moderno, a generosidade (que era verdadeira), a "modéstia" e o aprumo invulgar no trato e afeição que só uma inteligência superior possui, a "convivialidade e empatia com os seus clientes" são, por demais, conhecidas e aceites. Tarcísio Trindade foi um dos mais reputados, completos e respeitosos alfarrabistas da nossa praça. Mas também, como cidadão íntegro e fraterno, como poeta (que muito prometia), como curioso antiquário ou como político em defesa do município onde nasceu e que tanto amava, Tarcísio Trindade será sempre evocado. Era - como disse António Ventura - "um Príncipe do Mundo dos Livros". Um Amigo! E amigos assim nunca serão esquecidos.
À sua família, e em especial ao Bernardo, o nosso sentido pesar.
SOBRE TARCÍSIO TRINDADE: ler o Catálogo-Homenagem AQUI ONLINE [clicar na foto do Catálogo], com os seguintes títulos/autores:
"O Menino e as Quatro Estações" [Bernardo Trindade] / "Tarcísio Trindade Perfil Cultural e Cívico" [António Valdemar] / "Tarcísio Trindade ou a Cultura e a Modéstia de Mãos Dadas" [Artur Anselmo] / "O Meu Querido Amigo Tarcísio" [Luís Bigotte Chorão] / "Damião Peres e o Padre Casimiro ou a Evocação Amiga de um Príncipe do Mundo dos Livros" [António Ventura] / "O Meu Amigo Tarcísio Trindade" [António Pedro Vicente].
Foto retirada do jornal Região de Cister, com a devida vénia.
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. JOSÉ DE SÁ MONTEIRO DE FRIAS – UMA VALIOSA CAMILIANA EM PRAÇA
DIAS – 29 de Março a 1 de Abril (21 horas) e 2 de Abril (15,30 horas)
LOCAL – Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto), Porto
ORGANIZAÇÃO – Livraria Manuel Ferreira (Porto)
CATÁLOGO – Volume I / Volume II.
A Livraria Manuel Ferreira (sob esmero de Herculano Ferreira) organiza um importante e valioso Leilão de Livros, pertencentes à rica Biblioteca do Dr. José de Sá Monteiro de Frias, no próximo dia 29 de Março e seguintes. São 1910 peças bibliográficas (de Literatura e História) de muita valia e raridade que são colocadas à venda, com uma importante, valiosa e rara Camiliana (em praça nos dias 29 e 30 de Março), com registo de cerca de 282 espécies devota e criteriosamente coleccionadas. A Biblioteca do dr. Monteiro de Frias, agora vazada em precioso Catálogo, de dois tomos, é de sumo valor, de invejável preciosidade e grande merecimento.
Façam favor de consultar AQUI e AQUI o seu inventário. E sejam felizes, porque não perdem o trabalho de erudição e a sua utilidade bibliográfica. De grande alimento para o espírito. E bem precisamos ...
quinta-feira, 24 de março de 2011
CENA ABERTA OU ENSAIOS DE MARCAÇÃO
"Life, as we know it, does not exist" [S. Mhakhaphi]
A paróquia assistiu (assiste) ao mise-em-scène da "morte" política anunciada do sr. Sócrates. A encenação foi corretamente composta, passe o facto de o palco ter dimensões curtas. O sr. Sócrates implantou a cena, fez as marcações e assinalou o ritmo. O estilo - o curioso-dramático estilo tão copiosamente caracterizado pelos doutos politólogos indígenas -, de facto, não é importante: há muito que a cenografia & a iluminação da governança do sr. Sócrates eram uma extraordinária estapafúrdia, um vaudeville, que nem um padre-nosso (a existir!) salvífico nos emprazava das bengaladas atrevidas da fuhrer Merkl ou da benzina milagrosa do sr. Sarkozy. A sopa dos pobres, pitoresco expediente paroquial & tão de agrado da clientela partidária do bloco central, está para durar, sempre insinuante e terna. A continuar!
Ontem a questão era simples - porém complicada de se lhe seguir como tragédia -, a saber: Sócrates ou Nós. Demasiado simples! Na verdade, o roteiro Socrático foi (e será) um desastre completo. A ruína financeira (que nos tem cativos), a afrontosa ditadura do merceeiro Teixeira dos Santos, a capitosa inconsciência social, a fraude & a mentira intolerável (o valor real do défice, não aqui é um simples pormenor), o despotismo corrosivo da cidadania e a alucinação que tudo destrói, trouxeram ruína à acomodatícia ruína do país. O negrume destes anos (e dos que se lhe vão seguir) é um sério aviso ao cidadão livre e fraterno. Por isso, as palminhas grupais que os serviçais do sr. Sócrates - essa infernal facção política que liquidou a honra do Partido Socialista e arruinou o país - vão fazendo cair, em fingimento nas redes sociais e nos seus enlevos partidários, é perigosa mesmo que seja uma caricatura. Ontem a questão era simples, a saber: por fim à fraude, à demagogia, à falta carácter revelada pelo sr. Sócrates & amigos. Porque um país não pode viver na mentira, na incerteza, na falta de esperança de futuro, em campanhas de ódio permanente. A chantagem política e a incompetência tinham de ter um fim.
Que do claro-escuro desta peça nos surjam galãs cómicos (o sr. Portas & garotos amestrados), até um contra-regra no Palácio de Belém agora em ensaios constitucionais primaveris, ou, principalmente, um novo encarregado do palco, um sr. Coelho espingardeando demagogicamente velhas urdiduras do ex-assinante sr. Sócrates, esclarece a tragédia cínica disto tudo e a pateada que se lhe vai seguir. O sr. Coelho (com os oráculos neoliberais à ilharga), como antes o "maravilhoso" sr. Sócrates, teima em salvar Portugal. O aranzel é conhecido: livrar-nos do Estado, deixar em rota livre o espírito pensador dos nossos empresários, que, como bem se sabe, são inteligentes, empreendedores, competentes e, curiosamente, até mesmo empresários. O resto (dizem) virá por especial simpatia e visão empresarial, qual graça ou solene te-deum de 800 anos de ex-votos pátrios. O défice subordinar-se-á, por fim, aos deveres do alheio, o exercício cívico será luminoso e logo observado, a economia será alavancada em grandiosidade nunca vista e os insubmissos especuladores (os tais… esses mesmos) serão domados, como num passe de mágica. E a Europa será nossa! Ecce filius tuum.
sábado, 12 de março de 2011
FOI BONITA A FESTA PÁ!
"Chamais-me, Cidadão? Eu aqui estou:
Alas à Liberdade!
Nunca mais pura cauda se arrastou
Nas lages da cidade!" [Alexandre O’Neill]
Dia curioso e surpreendente. Inchado de liberdade, sonoridades vocais, de movimentos progressivos. Eis Lacan e o grito do recém-nascido, em pura metonímica. Da escuridão destes dias saíram ladrilhos de memorandos, mui ataviados de panfletos em letras redondas. Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Volumosa, autorizada. Cor unum et anima una. E dessas almas, naturalmente lúcidas, brotou uma nova itinerância para todos nós - os condenados às galés da fazenda. É preciso uma grande orgia. Porque foi bonita a festa, pá!
PS:Ah! os cultores corporativos do bloco central já capricharam pequenas maldades. Vieram espumar as suas mazelas, enriquecendo a lexicologia política. O sr. Sócrates justificou o grito da "canalha" com a sua contumaz imaginação cénica. O sr. Augusto SS, resignado, truncou o seu dia de trabalho precário. E o merceeiro Teixeira dos Santos, ao que parece, faz exercícios venatórios ao colo do governo colonial da fuhrer Merkl. Há ironia e malícia no ar. O dr. Coelho – atrevido no ímpeto e bisonho na praxis - ameaça fulminar qualquer acareação com o regente-engenheiro. Santo Assis ainda não rabujou, vindo do asilo parlamentar. Na verdade, não há vida além do mofo de S. Bento e do facebook do dr. Cavaco. Pelos colunistas, há advertências, sermões & tripas viradas. Há motins literários. A casta & reaccionária Helena Matos (Oh! Labii reatum! Oh! Geração do 69) arrufou, vaidosamente máscula, sumariamente caluniante. Rosariada de náusea (ou sexo de escrita) contra a vida e o seu linguarejar. O dr. Pacheco Pereira, leninista e sem lucidez, choraminga abruptamente contra os profissionais da TV. Não leu o discurso último do dr. Cavaco, um dos subscritores do PREC d’hoje. Valha-nos, ao menos, isso! No resto "enquanto os filósofos etiquetam, os relógios tiquetaqueiam". O’Neill … na porta!
quinta-feira, 10 de março de 2011
A TOMADA DE POSSE OU UM PRESIDENTE "À RASCA"
Da ociosidade presidencial, desabrigado nessa curiosa angústia no acto de falar claro, o sr. Presidente da República regressa encartado numa representação (nada) ingénua de defesa dos superiores interesses do país. É um clássico! A composição que dirigiu à Nação, muito em género epigramático, foi de facto "arrasador" para o regente desta nossa paróquia, que está a implodir em estrondo e vã glória. Ao mesmo tempo, esclarecendo o respeitabilíssimo auditório, o discurso do dr. Cavaco Silva é um mero & ratificado acto de contrição. Um ofertório a todos, e não são poucos, os que expiam as derivas económicas e políticas da fazenda, desde as promessas caricatas dos tempos & costumes do sr. Cavaco Silva, primeiro-ministro, ao drama e tragédia de hoje. Um sacrifício político pessoal inegavelmente alquebrado, mesmo que romântico. Há que gerir a carreira política. O oásis seguirá, portanto, dentro de momentos.
Na verdade, perante um comovente refúgio de "pecadores" & prestidigitadores da coisa pública, o sábio Cavaco Silva entende, porque entende, que estamos perante uma justificada "emergência económica e financeira", uma grave "situação de emergência social" e que desse submergido atoleiro há lugar a um devoto "sobressalto cívico" e, claro está, a um patriótico "despertar da letargia" indígena. Mais, o prodigioso dr. Cavaco, sem perturbação alguma, ilustrou o seu capitoso discurso com o reboliço de uma "grande mobilização da sociedade civil", porque "há limites para os esforços que se podem exigir do cidadão comum". Neste ponto o sr. Fancisco d’Assis, olhos fitos no futuro, fingiu não gostar do que ouviu. O Sr. Assis, que por educação não é um habitué da "mouta" governamental, faz tenção de arremessar o inefável Augusto S.S. para a desafronta. Há que vitimizar!
Deste modo, a narrativa epopeica do dr. Cavaco foi, de facto, agreste e demolidora, mesmo perigosa. O sr. Presidente da República - se nos lembrarmos do que ouvimos cinco anos atrás - considerou que o país está muito pior, que se perdeu cinco intermináveis anos, quiçá quinze, ou que na verdade, e por cortesia o dizemos, a trapalhada virá já desde 1985. Isto é, o dr. Cavaco reconheceu que foi incompetente no exercício da sua função presidencial, permitindo e apoiando um governo irresponsável e intelectualmente desonesto. Quem algum dia se lembrar das leis proscritoras dos "direitos autenticamente adquiridos", nos seus aspectos injurídicos, arremessados pelas corporações de interesses instalados na governação e no bloco central contra a "canalha", compreenderá a improbidade do discurso de tomada de posse e a sua problemática futura. Basta testemunhar, para contraditar, que no momento em que os docentes deste país fizeram ouvir a sua voz e exigiram na rua um civismo profissional rigoroso da parte do Estado, em legítima ambição meritocrática, o Presidente da República passeava fervorosamente com a sr. Maria de Lurdes, Ministra da Avaliação, expandindo-lhe a vaidade.
O clamor do sr. Presidente é, portanto, complicado de gerir politicamente no amanhã. Por último, quando - num imperdoável quanto audacioso silêncio - nada nos é dito sobre a União Europeia e a sua (des)construção, torna-se evidente a pouca inspiração económica e o desengano nesta sua nova magistratura activa. E sabe-se: verba volant, scripta manent …
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
XCI CATÁLOGO DA LIVRARIA MANUEL FERREIRA
Saiu o XCI Catálogo de Livros Raros e Esgotados Apresentados para Venda pela Livraria Manuel Ferreira (Rua Dr. Alves Veiga, 89, Porto).
Algumas Referências: [Lei Sobre a Caça] Alvará, por que Vossa Magestade em commum benefícios dos Donos …., 1776 [Alvará sobre abusos de caça ilegal] / Da Caça. Palestras Cinegéticas, por António Bonfim, 1946 [c/ capítulos curiosos, como “A caça de batida à perdiz”, “A caça com furão”, “Linha de Caçadores, …] / O Livro do Caçador, de José Maria Bravo, 1957 / [Cães de Caça] Edital da Comissão Admi. Munic. Porto, s.d. / O Problema Venatório Português, por José A. de Freitas, 1945 [da Colecção Venator] / Estatismo e a Inquisição, por António José Baptista, Edições Contraponto, 1956 [invulgar obra, com a edição da Contraponto, de Luiz Pacheco] / D. Pedro. Conde de Barcelos [peça de colecção] / Relatione dell’Ambasciata Estraordinaria … Don Pietro …, Roma, 1670 [sobre a embaixada enviada por D. Pedro II a Clemente X – raro] / Revista de Ex-Libris Portuguezes, 1916-27, VI vols / [Moçambique] Decretos, Portarias, Despachos …, 1922 / Êxodo [publicação periódica], Typ. Atlântida, Coimbra, 1961 / Terra Portuguesa. Revista Ilustrada de Arqueologia, 1916-27, V vols / Per Umbram, de Eugénio de Castro, Impr. Nac., 1887, V vols [rara obra] / [Salazar] Para um Retrato de Salazar. Breve In Memoriam, 1971 / Os Azeiteiros de Camilo, por Manuel de Castro / Nada, de Julio Dantas [1º livro de poemas de J. Dantas] / A Fenix Renascida …, 1746-48, V vols / Dicionário dos Milagres, de Eça de Queiroz, 1900 (raro) / As Encruzilhadas de Deus, de José Régio, 1935 [raro] / Fado, de José Régio, 1941 [raro] / Amizade, de Mario Sá Carneiro & Tomás Cabreira Júnior, 1912 (raro) / A Romaria, de Vasco Reis, 1934 [raro] / Cartilha do Marialva, de José Cardoso Pires, 1960 [raro] / Rampa, de Adolpho Rocha (aliás Miguel Torga), 1930 [raro] / O Amor em Visita, de Herberto Helder, Contraponto, 1958? [raro] / Nome de Guerra, de Almada Negreiros, s.d. [1938?] / In Memoriam Conde Monte Real, 1934 [raro] / Proudhon e a Cultura Portuguesa, organ. de Pedro Veiga (Petrus), 1967-68, 1967-68, IV vols (???) / Obras de [A. Bessa Luís, Agostinho da Silva, Alves Redol, Ana de Castro Osório, António Botto, António Feijó, Aquilino Ribeiro, Armando Silva Carvalho, Branquinho da Fonseca, Carlos Loures, Eça de Queiroz, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Gomes Leal, Irene Lisboa, João Rui de Sousa, Jorge de Sena, José Régio, Miguel Torga, Natália Correia, Pedro Homem de Mello, Raul de Carvalho, Rui Mendes, Ruy Belo, Ruy Cinatti, Sidónio Muralha, Sophia M. Breyner, Vergílio Ferreira, Wenceslau de Moraes].
CATÁLOGO ONLINE AQUI
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
NO HORTO D’ALVALADE
"Futebol não tem mistério. Difícil é jogar bonito."
A vitória "doce e santa" dos vermelhos da Luz(itânia) no Horto d’Alvalade é duas vezes melhor. Por educação jogamos com dez jogadores. Fomos benevolentes! E em indelével paciência - que a bola não rola para todos – contemplamos o tormento e o luto lagartal. Fomos sinceros! Na arte – em sumário e puro exercício espiritual – demos honras ao nosso cavalheirismo. Não fingimos: jogámos bonito, olho na bola e passe de mágica para afastar a monotonia. Eis o que foi uma "vitória doce e santa".
O jogo não tem história. E se na verdade Hélder Postiga – essa metáfora do futebol – é apanhado mais vezes em fora de jogo que o sr. Sócrates em contradições ou devaneios, não se pense que é por malévola ambição. Ou por arte de espera. Postiga (ou o outro) não é desses.
Ao contrário, o filme do jogo relatado pela dupla jornalistas de serviço à SportTV do distinto vendedor Joaquim Oliveira é bizarra e madraça. A oratória anti-vermelha desses troveiros não passa de uma (má) cópia do "Tratado sobre a Invenção" de mestre Cícero, mas sem nenhum trabalho ou suposta reflexão. Antes as festivas colunas de João Marcelino no Diário da Manhã ou a pesporrência reaccionária do adolescente Raposo (Henrique) no presépio do Expresso. Há que ter originalidade para não matar o talento. No resto, uma vez SLB, sempre SLB!
domingo, 13 de fevereiro de 2011
ANTÓNIO TELMO - A AVENTURA MAÇÓNICA
Lançamento do Livro (póstumo) de António Telmo: "A Aventura Maçonica. Viagens à Volta de um Tapete. Seguido de Autobiografia e Sobrenatural em Luís de Camões"
DIA: 14 de Fevereiro (21 horas)
LOCAL: Círculo Eça de Queiroz [Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 4]
APRESENTAÇÃO: Nuno Nazareth Fernandes
EDITORA: Zéfiro
[via Almanaque Republicano]
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
EGIPTO - PRAÇA DA LIBERTAÇÃO
"Open the windows so we’ll know what’s happening" [Ibrahim Abdel Meguid, in No One Sleeps in Alexandria"
"¿Por qué se han rebelado los egipcios? La respuesta está en la naturaleza del régimen. Un régimen tiránico puede privar al pueblo de libertad pero, a cambio, le ofrece una vida fácil. Un régimen democrático puede no ser capaz de acabar con la pobreza, pero la gente tiene libertad y dignidad. El régimen egipcio ha quitado a sus ciudadanos todo, incluidas la libertad y la dignidad, y no ha cubierto sus necesidades diarias. Los cientos de miles de manifestantes de El Cairo no son más que una representación de los millones de egipcios que han vivido con sus derechos suprimidos" [Alaa Al Aswany - via EL PAÍS]
"Quisera eu ser capaz de mimetizar a autoconfiança resoluta com que Justine abria caminho por essas ruas na direção do café onde eu estava à sua espera: El Bab. Nossas conversas já estavam impregnadas de subentendidos que considerávamos o bom presságio de uma simples amizade..." [Durrell]
"... Os homens conhecem o passado.
Os deuses conhecem o devido,
de todas as luzes senhores únicos e completos.
Os sábios do devido o fado
percebem ..."[Kavafis]
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
NOTÍCIAS DA FRENTE
"Quando se proclamou que a Biblioteca compreendia todos os livros, a primeira reação foi de uma felicidade extravagante" [Borges]
A Lua crescente sugere as utopias ou uma nobreza sem inchação. Este tempo de tardança está a ter um repertório curioso e mui reverente, e nem o adestramento dos colegiais do dr. Cavaco nos vai tirar do tédio (ouvi-nos mestre António Nobre!). O regente Aquário promete-nos (sempre) acreditadas actividades cívicas e outras tantas assembleias mais ou menos fúnebres. Justum! Porém a Lua de Peixes já anda por aí. Marques Mendes a perorar, entre a boca e a louca. Augusto S.S. a confessar: "Je ne sais pas lire". Patienta sapientiae comes est.
Nas obras de Fevereiro não há lugar à "pedra talhada". O neófito deve semear o acervo bibliográfico com livros não despiciendos, apanhando, na prudente melancolia de bibliófilo, livros que honrem a livraria. Evidentemente que o aprendiz sabe que o livro "tem uma ordem" e na "poda" é justo conhecer a descrição do mesmo, para que a sementeira (ou garimpagem) produza farta colheita. Uma segunda lavra, antes da arrumação da obra, deve ser ultimada. Ler os livros e transcrever notas nos cadernos, diria Umberto Eco. Isto é cerzir os dados e depurar - acrescentamos nós. Com entusiasmo e sem fadiga. Nem improviso!
- o regato do livro antigo, estimado & raro laboriosamente luta contra a crise do mercado livreiro, sempre com o prestígio que os seus Leilões confirmam. No próximo dia 17 de Fevereiro (21,30 horas), a Leiloeira Renascimento, sita na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), 20 C, põe à praça um conjunto curioso de livros, opúsculos (raros) e manuscritos. O Catálogo [que ainda não recebemos, decerto por incúria ou obscurantismo do sr. Estanislau Mata Costa, sacerdote-mor dos CTT] ou o seu trabalho é de toda a utilidade e pode ser AQUI consultado.
- duas raras peças da estimada bibliografia maçónica, ambas do final do século XIX, estarão a caminho de reimpressão. Os invulgares exemplares, mesmo que em edição fac-similada, são fundamentais para a nossa história contemporânea. O livreiro em questão - e que por discrição não avançamos -, que se dedica ao comércio do livro antigo por paixão e gosto, está de parabéns tal o serviço público que vem prestando aos amantes dos livros e à cultura. Aguardemos, pois!
- o site da nossa amiga Gabriela Gouveia é uma verdadeira redenção para cativos e uma alumiação instrutória aos bibliófilos. Fora o curioso preçário com que decora a sua belíssima montra de livros, toda a impressão e nível gráfico é de grande eloquência. Saudação de todos nós!
- dos Boletins, Catálogos & demais proveniências: a não perder o Boletim nº110 de J. A. Telles da Sylva, online; ultimado está (assim acuda à nossa chamada) o novo Boletim de Livros seleccionados da Livraria Bizantina, pertença do ilustrado Carlos Bobone, eminente galerista & estimado livreiro. Dão-se alvíssaras, pelo correio de véspera. À atenção do sr. Estanislau.
- pela mão de um risonho vassalo do sr. Estanislau, chegou-nos a mais recente edição patrocinada pela Livraria Letra Livre, uma obra onde se reúne os "textos e comentários de natureza histórica e política sobre o século XX português" ou o "material subversivo" de João Maria Paulo Varela Gomes, cidadão activo (mesmo que "clandestino") nesta "democracia filofascista". Trata-se da "Memória Ideológica no Centenário da Republica" (Viva a República Abaixo os Ladrões) – AQUI por nós já referenciada -, conjunto de artigos publicados no Alentejo Popular. Salientamos, nesta medida justa do tempo, os artigos sobre "Deportados em Timor"; um curioso texto crítico - sobre esse mártir da estória do actual regime, Rui Ramos - que Varela Gomes intitula "Rui Ramos um moderno cronista da Corte e a sua ‘História de Portugal’; as excelentes notas sobre "Sarmento Pimentel" ou "João Chagas" e vários textos obre a II República, como "Vital Moreira e a ‘Memória do Fascismo Ibérico", "José Mattoso e o direito à Memória", "Pulido Valente e Sousa Tavares, Intelectuais Miguelistas", entre outros. Pedidos à Livraria Letra Livre.
Aux livres Citoyens!
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
DESCULPA LÁ VILLAS BOAS!
"Quem ajoelha é padre, e na Igreja, meu filho" [?]
O fabuloso intelectual dos Andrades, o tecnocrata Villas Boas, quando hoje foi flagelado por duas lascivas bolas, cegou de vez para o futebol. A fama desse inglório Mourinho d'Oporto, que tanto entusiasmou as românticas peixeiras do Bolhão e fez mesmo arquejar os estilistas do Blasfémias [o JMF não conta, é intelectual], esfumou-se pela grandeza de 2 (duas) eruditas bolas. E o gentio da paróquia das Antas – aqueles que na véspera folcklorizaram em V. Nova de Gaia - nunca lhe perdoará... jamé.
A equipa dos Andrades apresentou-se de cintura dura na defesa, numa estrutura de arrufo e ranço futebolístico, roncando aqui e ali no último terreno de jogo com essa alma penada do esconde-esconde, o clássico & festivo Hulk. Os vermelhos ignoraram-no, por que o dia não era de caça. A instrução de Jesus foi perfeita, mesmo sádica: fazer pressing impetuoso, ocupando espaços, saindo da marcação com inteligência e gozo, e marcar. E o intelectual Villas Boas ajoelhou, manso e místico. E converteu-se! Mas que duas bolas "boas de paz"!
Obrigado Maicon! Desculpa lá, Oh! Villas Boas.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O VENCEDOR CRISPADO
"O cérebro é uma coisa magnífica … todos deveriam ter um"
O vitorioso dr. Cavaco, no entusiasmo febril do cartaz da noite eleitoral e excitado na glória da tribuna popular, comiciou aos incréus, fazendo o seu último tour de force político. E virou espectro, qual censor aos vassalos. De vassoura em punho caluniou-se, com rara distinção. Para os mais jovens, como se um mestre-escola fora, aludiu "verdade" & "transparência" na política, imprudentemente amnésico. De punhal à cinta, nada tolerante, vociferou pela honra e carácter, qual demagogo disfarçado, esquecido das indulgências durante o período eleitoral, mesmo com ele próprio. Para a posteridade folheou a alma dos adversários, vergastou 75% dos eleitores indígenas, em curiosa e áspera domesticação folhetinesca. Virou panfletário. Fez história. Intriga. Sem se nunca maçar.
Curiosamente, o pouco piedoso dr. Cavaco - aquele que no íntimo da sua alma publicitou ser o único nativo que dominava os areópagos financeiros internacionais e a crise mundial, avisando (de dedo em riste) que ou se resolvia já a questão da eleição presidencial ou vinha dos céus "uma contracção do crédito e uma subida das taxas de juro" –, assistiu ironicamente, um dia depois da sua divina eleição, a mais um "nervosismo" dos mercados e correspondente subida da taxa de juro, aumentando as dúvidas de default de Portugal. Suprema ironia de um putativo economista traído pela profunda e fatal economia.
Na verdade, como diria o nosso Eça, "a política é a ocupação dos ociosos, a ciência dos ignorantes, e a riqueza dos pobres". Restará acrescentar ao político a crispação. E a estes pobres dias, o burlesco que tudo isto encerra. Di meliora.
domingo, 23 de janeiro de 2011
24 JANEIRO - LEILÃO LIVROS DO SÉCULO XVI AO SÉCULO XIX
DIA – 24 de Janeiro 2010 (21 horas)
LOCAL – Palácio da Independência (Largo de São Domingos – ao Rossio), 11, Lisboa
ORGANIZAÇÃO – Artes e Letras Leilões
CATÁLOGO – AQUI [clicar na capa do Leilão] ou AQUI
A recente leiloeira Artes e Letras organiza um importante e valioso Leilão de Livros do Século XVI ao Século XIX, com 203 peças de muita estimação. Sob organização de dois dos nossos mais relevantes e experientes Antiquários-Alfarrabistas, José Vicente (da Livraria Olisipo) e Luís Gomes (da Livraria Artes & Letras), o Leilão decorrerá no Palácio da Independência, ao Rossio, a partir das 21 horas de amanhã, dia 24 de Janeiro.
Alguma referências: Iardim de Portvgal, em qve se da noticia de algumas Sanctas & outras molheres illustres …, de Luís dos Anjos, 1626 / Archivo Portuguez Oriental, 1857, V fasc / Sketches of Country, Character, and Costume, in Portugal and Spain …, de William Bradford, 1812 / Primeira Parte da Chronica de Cister …, de Fr. Bernardo de Brito, 1602 / Os Lvsiadas do Grande Lvis de Camoens …, 1613 (por Pedro Craesbeeck) / Hieronymi Cardani In Cl. Ptolemaei de Astrorvm Ivdiciis …, de Girolano Cardano [curiosa e rara peça de astrologia e magia, com inúmeras tabelas astrológicas e horóscopos, do estimado matemático, médico e astrólogo Girolamo Cardano], 1578 / Opera Sanctissimi Martyres Caecilii Cipriani Episcopi …, por São Cipriano, 1525 / O Non Plus Ultra do Lvnario e Prognostico Perpetuo Geral …, de Jeronymo Cortez, Lisboa, 1757 [inclui curiosas tabelas para aceder ao “número áureo” este famoso almanaque] / Trattato Del’vso Del Et Della Fabrica Astrolabio …, por Egnatio Danti [cosmógrafo de Cosme de Médicis], 1569 / Definições e Estatvtos dos Cavaleiros & Freires da Ordem de N. S. Iesu Christo …, 1628 / O Engenheiro Portuguez Dividido em Dous …., de Manuel de Azevedo Fortes, 1728-9, II vols / Manuscrito da Mesa da Consciência e das Ordens Militares do Desembargador do Paço Francisco José da Serra Craesbeck de Carvalho, [1750?] / Manuscritos Diversos [importantes lotes de manuscritos; registamos a "Tragica Historia do dia 13 de Janeiro 1759 na Praça de Belém da cidade de Lx.ª", de punho anónimo, com interessantes revelações (e notas genealógicas) sobre os acontecimentos de antanho] / As Obras do Doctor Francisco de Saa de Miranda …, 1614 / Nobiliario de D. Pedro Conde de Barcelos …, 1640 [raríssima peça] / A Arte Magica Anniquilada do Marquez Francisco Scipiaõ Maffeo …, 1783 [s/ magia e astrologia] / Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto …, 1678 (2ª ed.) / Peucero, Sebastiano Theodorico Vuinshemio E Johanis Sacrobosco, Gasparo …, 1578 [s/ astronomia] / Textus De Sphera Joannis De Sacobosco Cum Additione …, de Joannes de Sacrobosco, 1511.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
PRESIDENCIAIS – XEQUE À REPÚBLICA!
"On ne fait pas des omelletes sans casser des oeufs" [?]
Dizem por aí que há eleições presidenciais. Uma frescura de cidadania, um rendez-vous caricioso e inviolável, uns ex-votos constitucionais. Pode ser que sim! Como deparámos com uma zarzuela política provinciana, utilíssima para encarapuçar indígenas falidos e despeitados, inspirada & estrugida por uns curiosos artistas prometendo o visionamento de novos amanhãs celestiais ou financeiros, é muito conjecturável existir tão caridoso evento.
Não fora a colónia dos rapazes dos jornais grasnando o pavor pela reputação lendária do fuhrer Angela Merkel e as finanças nativas pós eleitorais, o alvoroço condimentado pelas agências de rating articulado por ex-economistas [gute nacht! frau Teodora Cardoso] ou as réplicas simplórias do "mártir" dr. Cavaco Silva nos saraus televisivos, quase que apostávamos que não. Que eleições presidenciais eram no tempo em que havia homens probos, cavalheiros de carácter e de bons costumes. Não agora.
Mas pode ser que sim, que um dia haja eleições, já que alguns espíritos superiores como o dr. Marques Mendes, o padre-mestre Emídio Rangel & a sua lança socrática, sem esquecer a casta Helena Matos (oh! a geração do 69) e a presença iluminante do perigoso lidador esquerdista Pedro Adão e Silva, a ela (presidenciais) deram acolhimento, bizarria e musculação.
Ao que nos dizem os troveiros, o candidato Cavaco Silva (e a sua Maria) tem o morgadio do Palacete de Belém por mais uns tempos. O raminho de "democratas" praticantes que se aprestam a colocar a écharpe para ensaiar o novo (ex)reportório cavaquista está em franco movimento. O talento da gente bizarra do ex-BPN, o contágio financeiro da sopa dos ricos do sr. Fantasia & Cia, a prosa enlevada de Lobo Xavier e a pesporrência do arq. Saraiva do Sol – conhecidos trampolinistas - vão dar, certamente, a táctica e estratégia futura para que o dr. Cavaco graciosamente prospere in limine, enquanto o sr. Sócrates pode segurar a comédia a que nos habituou. Duas almas gémeas!
No resto, e entretanto, os defuntos do PSD podem (des)esperar, que fenecem descalços. O pieds-de-nez costumeiro do dr. Cavaco à política ou a sua prosápia sobre o carácter humano engrossou o aranzel indígena, mesmo entre os seus acólitos e demais cativos. A coisa está negra, mesmo para o futuro presidente. Quanto a nós, pouco dados a albardas ou a meneios que não sejam as da liberdade e virtude cívica, teremos de nascer duas vezes para acreditar que corre por aí qualquer excerto eleitoral. Mesmo sabendo que "nada é mais atraente que as coisas desonestas" [Ovídio], não ficaremos na foto para a posteridade. Sans rancune.
Boa noute!
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
BOAS FESTAS E ANO NOVO FRATERNO!
PRESIDENCIAIS – O LENTE IRACUNDO
"Tudo se paga nesta terra, o bem e o mal. O mal é mais caro, naturalmente" [Céline]
A paróquia, arrefecida na sonolência pela crise da crise, está definitivamente vítima de um mestre-escola. O educador presidencial Cavaco Silva, em requintado e alucinante mascar de palavras, largou (de vez) à desfilada verbal pelas charnecas indígenas, soqueando o espantado nativo televisivo com o incipit da velha gritaria de ser lente. Em econômico-financeiras, repete o sábio dr. Cavaco.
Como o lente chibata as suas próprias palavras - que só muito depois são vertidas tecnicamente em politiquês pelo gentio manso dos jornais e, em especial, traduzidas pela soutachée imaginativa da sra. Maria João Avillez -, enquanto vai acasalando a função de ex-governante com a de presidente e ex-lente, a rosariada do ululante candidato e futuro presidente não se entende nem se pode avaliar. O dr. Cavaco é o três em um, resfolegando manuais & pasmos de adolescente.
O dr. Cavaco era em tempos aquele que nunca se enganava e jamé tinha dúvidas. Algarviadas, evidentemente! Agora, em refutação do folheto BPN & em resposta ao apoio fúnebre dado ao (des)governo do sr. Sócrates, acrescentou-lhe literariamente o catecismo moral: "é preciso nascerem duas vezes para ser mais honestos do que eu". Ao dito, o sr. Dias Loureiro deu o seu último suspiro. Amém!
Nada disto diz respeito às cabrioladas do sr. Defensor de Moura, que já se viu o que anda por ali a mitigar ao governo e o frete que faz a outros candidatos. É que o sr. Sócrates tem agentes em todas as paróquias. Tal como as despicientes agências de rating na taramelada zona Euro. Não há, portanto, qualquer acaso ou substância bizarra a recompor pelos debates. Que, aliás, ninguém de boa fé acompanha ou reverencia.
Por que o fundo da questão, a saber, será sempre perceber como é que a laboriosa providência indígena nos foi, uma vez mais, madraça & vassala. Explicar como, num único momento, decerto por um formidável e raro prodígio do éter universal, se encontraram essas duas almas gêmeas – o sr. Sócrates & o dr. Cavaco -, será sempre um fenômeno pouco luminoso, mesmo que passional seja.
Nada há mais pacífico que reservar o momento em que, vindo dos tempos de canga do antigo "oásis" do dr. Cavaco - alucinação desovada pelo economista sr. Silva -, a nossa mísera fazenda se esticou até aos nossos dias e, no seu estro, espinoteou nesta paródia (amargurada) da governação do sr. Sócrates & amigos. O resultado esteve sempre à vista, mesmo se os argumentos dos publicistas eram esforçados. O resultado está, particularmente, á vista, mesmo se o lente dr. Cavaco, pessoalmente, faça unguentos ou consulte os astros & os compadres. Toca a andar!
domingo, 19 de dezembro de 2010
O POLÍTICO
"A noite é quando uma pessoa está cansada do dia"
Aos ledores instruídos nos recatos nocturnos, aos novos que adengam na blogosfera, às meninas discretas e (im)prudentes, aos presumidos pastores dos jornais, a criados desatentos, à confraria dos snrs. Silvas, aos ilustres adegueiros Lellos & V. Lemos, aos pitorescos escrivães Sousas Tavares & J. Manuel Fernandes, à caprichosa toilette chez Helena Matos, ao sereníssimo D. Emídio Rangel, à Venerável Casa do Largo do Rato, aos discípulos do beato Augusto Santos Silva (vulgo S.S.) ... oferece-se as máximas escriptas de mestre Palmeirim, obra muy bem acabada sobre cousas notáveis do reyno de Portugal e da União.
"Quando um homem qualquer não tem de fazer, e receia por um resto de pudor passar por vadio, mete-se a político.
Ser político, em Portugal, significa falar no orçamento e não o ler; na Carta Constitucional, e não saber onde ela se vende; no poder executivo, e confundi-lo com todos os outros poderes, menos com o próprio poder executivo.
Para se ser político, precisa-se: primeiro, audácia; segundo, ignorância; terceiro, ociosidade. Com estes três predicados, a leitura de alguma folha periódica, e o conhecimento pessoal de dois ou três homens que já fossem ministros, está o político feito.
O político é geralmente um homem enfastiado e fastidioso, a quem correm mal os negócios públicos e pior ainda os domésticos (...)
A primeira cor da bandeira do político é a liberdade. Outras, conforme os tempos, crismam-se de – progresso – melhoramentos materiais - economias e moralidade. Como pedir custa pouco, o político pede tudo, até tributos bem pesados ... que não pesem a ninguém.
Por via de regra o político, no exercício das suas tendências e faculdades, corre todos os partidos, defende todas as teorias, abraça todas as opiniões, e tem a habilidade de se confessar ainda por cima coerente com as doutrinas de todos os publicistas, o que é um absurdo.
O político incorrigível é uma espécie de tabuada cronológica, indica com exactidão as datas, mas poupa-se ao incómodo de filosofar sobre a significação dos números (...)
O político tem com o perdigueiro a analogia de farejar e levantar a caça. Notícia sem fundamento, ou boato sem verosimilhança, nasce exclusivamente do político. É ele que justifica mais do que ninguém a frase popular fazer de um argueiro um cavaleiro. O que os franceses chamam canard e nós dizemos galga é de ordinário invenção do homem dado às evoluções e artimanhas da política. Não podendo ajeitar o mundo à sua feição e desejos, compraz-se em pôr em circulação a mentira que, correndo de boca em boca, chega a ganhar foros de verdade averiguada como tal (...)
O político endurecido nos vícios da sua profissão tem de ordinário uma roda de papalvos que o ouvem com respeito, e aplaudem com entusiasmo ...”
Luís Augusto Palmeirim, Galeria de Figuras Portuguesas, P&R, 1989, pp 117-119
Boa noute ... que pretium laborum non vile.
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