"
Fartar, gatos, que é dia de Entrudo"
É conforme eminentes sábios, que no minguante de
Fevereiro se apanham as canas & vimes para "
fazer cestos e obras grossas" [de novo o grande
Palladio dixit]. E que ao se ouvirem os primeiros trovões do ano, há lugar a geada e, claro, pouca fruta [à atenção do Sr.
Pinto da Costa]. Deste modo, os ensaios para novíssima biblioteca de V. Excia estão consolidados. A
garimpagem bibliófila [na feliz dica de mestre
Mindlin] será, pois, generosa, mesmo se o cabedal da fortuna está sombrio, por mor do sr.
Teixeira dos Santos. É ocasião para enterrar os monos, ou couve-flores, dos novíssimos poetas indígenas,
organizar o arquivo,
limpar e
colar lombadas, fazer anotações à margem e, principalmente, retirar os velhos livros dos nossos estimados
clássicos dos armários. O coleccionador é um arrumador, apaixonado.
Depois? Bem depois ...
"
Um pouco de sol
Num nada de sal
Virgem na praia.
Azul seu raio a medo o olhar criou.
Tão redonda na onda arfa uma saia?
Foi ela ou o meu dizer que se afogou?" [
Vitorino Nemésio ... claro!]
- a semanada não será suficiente sem ir ao
Leilão da Livraria Antiquária do Calhariz (sob direcção de
José Manuel Rodrigues), nos dias 17-18-19 (21 horas) na
Casa da Imprensa, à Rua da Horta Seca, 20. Trata-se do
Leilão de uma "
valiosa e variada Biblioteca composta de Livros e Manuscritos, com destaque para Impressões Quinhentistas, Seiscentistas, História, Religião, Ciência, Literatura Clássica, Descobrimentos, Viagens, Arte, etc". Os leilões de
José Manuel Rodrigues são aliciantes e desafiadores. Nunca se deve perdê-los! Voltaremos ao tema amanhã, mas entretanto pode
consultar AQUI a referência feita pelo nosso camarada A. Mendonça, no
Almanaque Republicano.
- a
Livraria In-Libris compôs, para o amador de livros, um interessante
Catálogo que reúne um ajuntamento de peças bibliográficas curiosas e incontráveis. Desde logo "
Les Caractères de la Tragédie, publié d’aprés un manuscrit atribué a la Bruyére" (1870), uma peça de colecção; depois, mesmo a propósito destes infaustos tempos, a vibrante prelecção de
Santo Agostinho (na edição da saudosa livraria Atlântida) “
Contra os Académicos"; segue-se a rara edição do "
Obscuro Dominio" de
Eugénio da Andrade, com desenhos e sobrecapa de José Rodrigues; ainda as "
Canções" de mestre
António Botto, na sua melhorada 2ª ed.; para bibliófilos encartados, apresenta-se o "
Catálogo das Obras Impressas nos Séculos XV e XVI", em II vols, com magnificas ilustrações; alguns livros publicados pela lendária
& etc.; a curiosa narrativa d’
A Grande Catastrophe do Theatro Baquet, de Jaime Filinto (1888); a rara peça poética de
Garrett, "
Lyrica de Joao Minimo" (1829); o estimado "
Deux Cents Patiences Napoléon", pelo Barão Hugues, obra familiar para o
jogo das paciências, e muito fresco para as noites de espera da demissão do sr.
Sócrates; as competentes "
Memorias de un Librero Catalon", pelo livreiro Antonio Palau y Dulcet; e o mais que
AQUI pode voluptuosamente garimpar.
- informa-se, tardiamente é certo, que saiu novo
Catálogo da contagiosa
Livraria Bizantina, acima do
Tavares Rico, sob direcção do nosso habilitado livreiro
Carlos Bobone. Temos saudades desse generoso lugar de culto (o Tavares e a Bizantina), pelo que prometemos ser breves.
- está
online o inexcedível
Boletim (nº98) do livreiro
J. A. Telles da Sylva, que, como sempre, reproduz copiosa informação sobre as peças bibliográficas e os seus autores. De consulta obrigatória para o amador de livros.
- a não perder as "
Últimas Aquisições" da
Livraria Olisipo, ancorada no
Largo Trindade Coelho (
Lisboa). No caminho vá visitar a
Artes & Letras, mesmo ao lado. Pode, de permeio, beber um tinto (ou branco) no curioso estabelecimento que fica entre essas duas livrarias. E que era um dos locais de "
desporto líquido" do mestre
Luís Pacheco. Talvez a sua alma inspire V. Excia ao dever do ofício.