sábado, 6 de dezembro de 2008
In-Libris – Montra de Natal
A In-Libris (Porto) apresenta um lote de bons livros antigos e estimados de poesia, literatura, culinária, botânica, etnografia, artes, monografias, etc.
Referências: Actas do Colóquio de Estudos Etnográficos Dr. José Leite de Vasconcelos, 1958 / Equitação e Hippologia, pelo Conde de Fornos d’Algodres, 1903 / o Jardim. Manual do Jardineiro-Amador, de Joaquim Casimiro Barbosa, 1892-3, III vols / O Novo Tratamento Naturalista, de F. E. Bilz, s.d., II vols / Curiosidades Estéticas, de António Botto, 1924 / Authentic Memoirs Concerning the Portuguese Inquisition, por Archibald Bower, 1761 / Da Vida e Morte dos Bichos, s.d., V vols / Os Lusíadas de Luiz de Camões, Ed. III Centenário, Porto, 1880 / Os Ciganos de Portugal, por F. Adolfo Coelho, 1892 / Historia da Prostituição em todos os Povos do Mundo, de Pedro Dufour, 1885-7, V vols / Historia das Inquisições de Itália, Hespanha e Portugal, 1822 (2ª ed.) / História da Cidade do Porto, 1962-5, III vols / História da Tauromaquia, Lisboa, 1951-3, II vols / A Formosa Lusitania, versos de Lady Jackson (Catarina Carlota) [camiliano e raro], 1877 / Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa, IV vols / Historia Natural Ilustrada, por Júlio de Matos, 1880, VI vols / Caravela ao Mar, de Pedro Homem de Melo, 1933 / O Rapaz da Camisola Verde, de Pedro Homem de Melo, 1954 / Despedidas, de António Nobre, 1902 / As Paróquias Rurais Portuguesas. Sua Origem e Formação, pelo P. Miguel de Oliveira, 1950 / Cancioneiro de Lisboa (sec. XIII-XX), por João de Castro Osório (intr. e notas), 1956 / À Memória do Presidente-Rei Sidónio Paes, por Fernando Pessoa e outros letrados, Porto, Ed. Petrus, s.d. / Últimos Echos de um Violino Partido, de Alfredo Pimenta, 1941 / Portucale. Revista Ilustrada de Cultura Literária, Porto, 1928-66, XIII vols / Operas. Dir. de Mário de Sampaio Rieiro, IX vols (80 fasc.)
A consultar on line.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
COM OS PROFESSORES – DIA DE GREVE NACIONAL
Em apoio & mantimento à luta dos Professores; em defesa da Escola Pública e contra o despotismo iluminado dos que têm sempre razão e nunca se enganam; em defesa do Ensino sério, de qualidade e rigor, contra a proletarização da docência; em defesa da Educação, pelo exercício da cidadania plena (sem medo) e contra a calúnia dos rebanhos muito ajeitadinhos ao poder; em defesa da honra e dignidade contra as ameaças dos eternos vendilhões com assento nas corporações de interesses. Pela santa liberdade.
Nós moralmente limpos ...!
Lopes Graça - Clamor
LIVRARIA ARTES & LETRAS – livros de temática Açoriana
A sempre única livraria Artes & Letras, sitiada no Largo Trindade Coelho, nº3-4 (Lisboa) e quasi pegadiça da Olisipo, frequentada por gente amante dos livros & curiosos bibliófilos, tem neste momento à venda uma AÇORIANA muito estimada. Ocasião para, num restinho de passeio, lá passarem, descansar e cobiçarem as peças raras e esgotadas sobre os Açores.
Algumas referências: Almanaque Açores para 1955 [coord. Manuel Joaquim de Andrade com colaboração obsequiosa de distintos escritores e poetas açorianos e continentais], 40º ano, Angra do Heroísmo, 1955 / Silhuetas biográficas e históricas, de A. Virgínio Baptista, Angra do Heroísmo, 1931 / Carta Constitucional da Monarchia Portugueza, decretada e dada pelo Rei de Portugal e Algarves D. Pedro, Imperador do Brasil, aos 29 de Abril de 1826, Angra, Imprensa do Governo, 1830 [um dos primeiros impressos dos Açores, provavelmente o primeiro. A primeira tipografia dos Açores foi iniciada em 1830, durante o Governo da Regência na ilha Terceira, com a designação de "Imprensa da Prefeitura" ou "Imprensa do Governo"] / Colecção Camoniana de José do Canto [pref. Hernâni Cidade], Imprensa Nacional, 1972 / Annaes da Ilha Terceira, de Francisco Ferreira Drummond, Angra do Heroísmo, Imprensa do Governo, 1850, IV vols / O dia 11 d'Agosto de 1829 ou a victoria da Villa da Praia. Poema heroico offerecido ao illustrissimo e excellentissimo senhor Duque da Terceira por António Luiz Gentil, Lisboa, Imprensa Nacional, 1844 / A Fenix das Tempestades, renascida na de 15 de Outubro de 1732. Com hum discurso sobre a origem dos ventos, composta, e ordenada por hum anonymo [António Correia de Lemos, 1680-1747]. Lisboa Occidental, Officina de Joseph Antonio da Sylva, Impressor da Academia Real, 1732 (raro) / Cruzada Nova. Revista nacionalista de arte & doutrina [revista integralista, com dir. de Correia de Melo e Dutra Faria], Angra do Heroísmo, Livraria Editora Andrade, 1928. 8 Fascículos / Marienses (Trovas açoreanas), por Mendo Bem [pseud. Francisco Joaquim Moniz de Bettencourt], Lisboa, 1899 / A casa fechada. Novelas, por Vitorino Nemésio, Coimbra, 1937 / O pão e a culpa. Poemas seguidos de uma versão do Dies Irae, de Vitorino Nemésio, Lisboa, Bertrand, 1955 / La voyelle promise. Poëmes, de Vitorino Nemésio, Lisboa-Paris, Edições Presença-Éditions R.-A. Corrêa, 1935 / Folhinha da Terceira para o anno de 1832, de Luz Soriano, Angra, Imprensa do Governo, 1832
A consultar [se o site estiver conforme], AQUI
COLECÇÃO ESCARAVELHO DE OURO
... A sua [Joaquim Figueiredo Magalhães] juventude impressionou-se com os intelectuais, esses seres 'flamejantes'. Queixavam-se todos de que tinham obra mas não quem os editasse. Ele ouviu-os e aventurou-se. Começou por edições soltas, entre elas O Barão de Branquinho da Fonseca. Com dinheiro de família, funda em 1950 a primeira editora, a Édipo, lançando a colecção Escaravelho d'Ouro. "Os nossos intelectuais, na altura, entendiam que a literatura policial era secundária, de fancaria. Mas há livros notáveis: o Chandler, o Dashiel Hammet, a Agatha Christie, o Simenon, o Maurice Leblanc, fui eu que os editei ...
in jornal Público (01/12/08): "Joaquim Figueiredo Magalhães. O último livro da Ulisseia s.f.f.", por Catarina Portas.
Joaquim Figueiredo Magalhães (1916-2008)
Nasceu no Porto a 5 de Agosto de 1916 o fundador da incontornável editora Ulisseia (1948). E são (ainda) dias preciosos aqueles que os seus livros (e o tempo através deles) nos recordam.
Estamos todos gratos por ter tido Steinbeck, Céline, Beckett, Durrell, Vailland, Hemingway, Yourcenar, Greene, Henry Miller, Kerouac, Mircea Eliade, Evelyn Waugh, Ezra Pound, Apollinaire, Pasolini, Boris Vian, Morávia, Mailer, Dashiel Hammett e, evidentemente, os portugueses Mário Cesariny, Luiz Pacheco, Herberto Hélder, Fiama Hasse Pais Brandäo, Manuel de Lima, José Blanc de Portugal, Cardoso Pires, Alexandre O’Neill, Vergílio Correia, Raul de Carvalho, António Ramos Rosa, Sttau Monteiro, Melo e Castro, Carlos de Oliveira, José Marmelo e Silva, Manuel da Fonseca, Faure da Rosa, Eduardo Lourenço, na boa e saudosa colheita de livros da Ulisseia. E que nós, em pecado bibliófilo, possuímos e não libertamos. Bem como a revista Almanaque, de muita memória, como AQUI nos referimos.
Um bonito texto de Catarina Portas sobre essa admirável figura que foi Joaquim Figueiredo Magalhães, foi publicado pelo jornal Público (1/12/2008) e pode AQUI ser lido.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
JOSÉ MANUEL SILVA e o Conflito na Educação
"O Governo está completamente equivocado na forma como está a gerir o conflito com os docentes. Na verdade, o entendimento necessário não é com os sindicatos, mas com os professores. Bem pode o presidente da FENPROF acentuar que são os sindicatos que representam os professores, é verdade, mas só representam alguns e já há muito tempo que a dinâmica de rejeição das políticas e da atitude do ME para com toda a classe ultrapassa largamente a acção dos sindicatos.
Se o Governo quer pacificar o campo educativo, e só admito que o faça pelo diálogo, tem de perceber que o obstáculo não são os sindicatos nem os professores, mas a própria equipa do ME. Se o Primeiro Ministro quiser ser parte da solução e não do problema tem de demitir rapidamente a equipa que dirige o ME, por uma razão simples e que é do domínio das teorias da liderança e se fundamenta nos princípios da inteligência emocional.
Quebrou-se totalmente o vínculo emocional que liga os professores ao Ministério e o que devia ser ressonância (Goleman et al, 2003) tornou-se dissonância, o que impede qualquer entendimento ou colaboração. As emoções tóxicas tornaram-se dominantes e inviabilizam o restabelecimento da confiança e do diálogo.
Tal como na Saúde Correia de Campos percebeu isso e o Primeiro Ministro também, é forçoso que no conflito da Educação se entenda que não há saída para o problema sem mudança de caras e de procedimentos. Os professores perderam, há muito, a confiança em quem supostamente os devia liderar, e quando os líderes perdem a confiança dos liderados, deixam de o ser.
Espero, sinceramente, que não se caia na tentação de fazer da anunciada greve do dia 3 uma forma de tentar partir a espinha ao movimento de contestação docente, e que haja a iniciativa política suficiente para encontrar uma solução que resolva o problema de fundo e não qualquer cosmética de ocasião ..."
[José Manuel Silva, in Campo Lavrado]
Nota: o Dr. José Manuel Silva é militante do PS, foi presidente da Comissão Concelhia do PS em Leiria e candidato à sua Câmara Municipal. Ex- Director Regional de Educação do Centro (DREC), é professor e director da Escola Superior de Educação de Leiria [onde está a ultimar o seu projecto de investigação em liderança escolar, sendo um estudioso de questões sobre a gestão e administração privada e pública].
domingo, 30 de novembro de 2008
MONEY
"Nada de nosso temos senão o tempo, de que gozam justamente aqueles que não têm paradeiro" [Baltasar Gracián]
Aos herdeiros do tempo-mercadoria, lamúria justamente marxiana, sem o poeta Groucho comungando, suave de poesis em língua saburrosa, pelo lado errado e conformista das coisas, que o antigo pregador das barbas registou. Ao dr. Cavaco Silva, jaculatório de êxtase económico, descerrando o urbi et orbi da crise indígena, pois famosos eram os tempos do oásis passa-montanhas. Ao dr. José Lelo, habilidoso naturalista, disfarçado de economista que a RTPN nos envia em doses regulamentares, pela calada da noute, que o serão está frio. Ao sugestivo Correia de Campos, acarinhando um qualquer Outubro em frémitos anedóticos e com zelo de empregado do regime, com sede no Largo do Rato e presépio no ISCTE. Ao dr. Dias Loureiro – evidentemente – pela muita impressionante mágica da teoria financeira permanente, que Trotsky está ali (fatigadamente) à espreita, evidenciada pelo referencial de competência respectiva, apesar da cor do dinheiro enganar a ortografia, o rosto e o génio.
A moi-même, que vamos tão longe quanto o Domingo engana.
Bom dia!
Ensino, mentiras e videotape
"O jornalismo é uma operação a prazo em que o trigo também não existe em ideia, mas em que, realmente, há grande debulha de farelo" [Karl Kraus]
1. O aparecimento em carrossel de membros do Ministério da Educação & os seus habituais apparatchiks nos media, gotejando incentivos à desvairada "reforma" de ensino com que nos brindaram estes quase 4 anos, transformaram a semana finda num espectáculo de informação, desinformação e ocultação, invejável. De tal modo as articuladas benzeduras postas a correr por essa curiosa gente foram ridículas – tão assombrosa foi a fantasia, a confusão e o desnorte – que a náusea tomou definitivamente lugar, mesmo entre os que, anteriormente, estampavam singulares "panfletos" em louvor e oração à obra de N. Sra. De Lurdes Rodrigues. Numa única semana, o reportório de gaffes, insolências & demais desvarios permitiram desvelar o carácter da gente que está à frente do ministério, dito de Educação. E justifica o tom trauliteiro dos seus apaniguados, alguns muito chorosos e saudosos do velho Botas de Santa Comba. É a vida!
2. Depois da semana anterior, Maria de Lurdes Rodrigues (perigosa anarquista, em dormência) nos ter entrada pela casa dentro, via TV, em oráculos didácticos e cantos épicos sobre assuntos que não conhece nem sabe (trata-se de educação e ensino, evidentemente), esta semana os jornais (D.N. e Público) auxiliaram a "festa" com um animado perfil da senhora, simples e pleno de fogo "revolucionário". Para os profanos da revolução, colher a pregação & a epopeia de Lurdes Rodrigues é, certamente, uma curiosa aventura jornalística para assombrar e dar a conhecer aos meninos dos Magalhães, mas para iniciados um simples arcaísmo de juventude, sem mais.
De entre os escribas que conduziram o perfil da extinta ministra da educação, pelo esplendor romântico e vigor varonil, está a prestante Fernanda Câncio [DN, 22/11/2008]. A bela e curiosa trovadora do regime – uma descoberta que a tipografia indígena espalhou e a blogosfera anichou – viu em Lurdes Rodrigues uma "estóica mas sensível, dura mas suave, distante mas sedutora" senhora. Talvez por isso mesmo resolveu enriquecer a croniqueta, grifando-a com um sólido e urbano título: "Os bons vencem sempre". A linguagem pitoresca e formosa da doce Câncio não merecia tão generoso letreiro.
Seja como for, a lista de mazelas e rimas forçadas, deram a conhecer uma caridosa quanto divertida anarquista, que o seu compadre João Freire um dia desenganou na militância, mas que se pode consultar (para quem for jornalista e cultive escritos prosaicos) na expiada revista A Ideia, procurando uma sua qualquer reflexão ou contributo sobre as ideias libertárias ou o anarquismo em geral. Não vale – já se sabe – o esforço crepitante de receber e enviar cartas ou o hercúleo trabalho de cintar o periódico. Isso, não!
Fica, porém, por ensaiar a um jornalista sério – talvez quando a Lurdes Rodrigues sair definitivamente do palco do ministério – a vexata question de se saber, o seguinte: quanto custou aos contribuintes a atabalhoada reforma educativa, com o ECD à cabeça? se os seus encantadores e sábios autores fazem parte do pessoal do Ministério da Educação ou se foi uma encomenda em outsourcing? e se foi comissionado, quem assinou? Agradecia-se a presença de um jornalista, s.f.f.!
sábado, 22 de novembro de 2008
O Livreiro Coleccionador
"O coleccionador, o livreiro e o leiloeiro disputam e povoam o alfarrabista José Vicente. O aficcionado colecciona obras sobre o concelho de Oeiras, o livreiro possui quatro estantes de dicionários bibliográficos e o leiloeiro esmera-se com os catálogos. Negociou por três anos uma gravura de Paço d'Arcos, pela qual pagou uma "fortuna". Debruça-se sobre obras de referência antes de comprar o que vende na Olisipo. Realizou-se por ter em mãos a segunda edição dos Lusíadas, que leiloou. "Não se faz livreiro quem não gosta de livros", sentencia aos 61 anos, 48 dedicados à profissão.
Os dicionários bibliográficos são auxiliares fiéis de José Vicente. O Inocêncio Francisco da Silva para a literatura portuguesa, o Palau para a ibérica e o Brunet para a francesa. "A maioria dos livros chegam através das famílias dos coleccionares, que desejam desfazer-se das bibliotecas depois da sua morte. É preciso investigar as obras para avaliá-las. Há livros antigos que não têm valor. Quando os compro, introduzo no sistema informático não só as características da obra, mas também um verbete criado por mim".
Livros de viagem, astronomia, genealogia e descobrimentos moram nas prateleiras da livraria Olisipo – homenagem à editora de Fernando Pessoa e António Botto. Os coleccionadores que a frequentam são leais, alguns diários. "Há coleccionadores em bruto e por temática. Todos valorizam o cheiro a velho, que sabe melhor, a textura do papel, o tipo da encadernação e o que é difícil de encontrar". Fechados numa cristaleira, como prata da casa, exemplares únicos como Viagem pela Arábia, obra holandesa de 1774, a venda por 2.500 euros, e um Comentário ao Direito Espanhol de 1585 por 800 euros. Neste ano já editou três catálogos com as obras da Olisipo, com tiragem média de mil exemplares.
As bibliotecas são um contínuo, garante José Vicente."Se algumas estão a rarear outras estão a formar-se por novos coleccionadores, mas estão escondidas", ressalva. O último leilão que organizou, como consultor de livros e manuscritos, tinha entre suas pérolas Os Lusíadas, edição de 1584. e uma Bíblia de 1539, com encadernação de época em carneira com fechos. Em 2005 publicou O Valor do Livro Antigo em Portugal, onde constam os livros aqui leiloados nos séculos XV e XVI. Para o ano está prevista a publicação do segundo volume, a abordar o século XVII. "Sentir-me-ei completo se conseguir publicar esta obra até os dias de hoje, é um contributo para a informação sobre livros antigos", orgulha-se José Vicente"
In REPORTAGEM: "O Amor de Papel dos Alfarrabistas", DN Gente, DN, 22/11/2008, p. 5. Inclui, ainda, a reportagem (com alguns erros tipográficos) do DN, textos de Isadora Ataíde e fotos de Orlando Ribeiro, sobre o oficio dos estimados livreiros-alfarrabistas, João Lopes Holtreman, Nuno Gonçalves e José Manuel Rodrigues.
NOTA: dispusemos online no BIBLIOMANIAS, 3 (três) textos produzidos em memória de JOSÉ MARIA ALMARJÃO [1920-2008], para consulta futura e em gratidão ao Homem e ao Alfarrabista. Consultar, AQUI.
PATÉTICO
Duas almas penadas – Dias Loureiro e Judite de Sousa - mostraram, ontem na RTP1, o talento dos "bons" tempos do governo do dr. Cavaco Silva. Tivemos a sorte de ouvir a voz poderosa de Dias Loureiro sobraçando a pele de um administrador de importantes empresas, e em especial da SLN, mas que mais sugeria estarmos perante a doutrina curiosa do meu merceeiro (que o amigo Joaquim de facto tem, e muita) sobre as suas mercadorias do que face a uma autoridade (e génio) no métier empresarial.
Dias Loureiro, trémulo e escandalosamente assustadiço, brindou os ouvintes com uma máscara (já muito conhecida) de ignorância em todos os assuntos que lhe diziam respeito, perante a deferência piegas da sua colega Judite de Sousa. Foi patético seguir a excelência do método loureiriano de administração de empresas, onde ninguém entendeu o que ele por lá fazia senão que tinha encontros espapaçados (e a sós) com o inefável Oliveira e Costa - "brilhante, muito inteligente, um trabalhador incansável", ainda segundo a propaganda do amigo e conselheiro de Cavaco Silva – e que num qualquer tempo assinava as contas da mercearia (o singular BPN), muito à boa maneira do que o meu distinto amigo Joaquim faz. E assim vai a Banca indígena!
O deprimente esclarecimento público de Dias Loureiro, ao que parece, estimulou a memória desses (também) curiosos António Marta e Miguel Beleza. Os amigos do sr. Cavaco Silva são bem estranhos e decerto não ficará por aqui a converseta. Resta saber como é que o politicamente "aprisionado" Presidente da República responde a este "oportuno" episódio que lhe caiu no regaço. Responderá na mesma moeda ao sr. Sócrates!? Ou passa!
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O NOBRE DEPUTADO
"O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Lei de Bases do Sistema Educativo, que, em 1986, estabeleceu o quadro de referência da Reforma do Sistema Educativo, foi objecto de um consenso social e político graças a um processo de elaboração e formulação que o Partido Socialista assume e do qual se orgulha. Ao longo dos anos que se seguiram, apesar dos avisos e chamadas de atenção feitos pelos diversos partidos, sindicatos e outros órgãos representativos, aquele consenso inicial foi-se progressivamente perdendo até se atingir a situação actual de desconfiança, descrédito e conflito generalizados (…)
... em vez de planificação global e faseada, de concertação política e envolvimento dos parceiros educativos, assistiu-se durante os últimos anos à produção de um edifício legislativo e normativo abundante, mas incaracterístico, contraditório e sem um mínimo de coerência temporal (...) Por outro lado, a ausência de diálogo, amplo e sistemático, que seria exigível para o sucesso da execução da reforma, mas que se instalou como estratégia de actuação, conduziu-a a ziguezagues ditados por razões de conjuntura, de oportunidade política, de conveniência técnica e, não raras vezes, de mero interesse partidário.
O Sr. Laurentino Dias (PS): - Muito bem!
O Orador: - O cumprimento mínimo do dever de consulta às instituições representativas do tecido social ou dos parceiros educativos, a recolha de opiniões e a realização de algumas reuniões de debate após a publicação de normativos legais serviu apenas para tentar legitimar uma visão e um estilo de actuação tecnocráticos, que mais não pretendeu senão afastar a sociedade do debate e das decisões sobre as questões de fundo (...)
O PS já manifestou, por mais de uma vez, sérias dúvidas e reservas sobre a implementação da reforma. A sua filosofia subjacente implicava que o Ministério da Educação interviesse de forma coerente, concertada e programada em três áreas fundamentais: nos currículo, definindo em simultâneo os planos de estudo e os objectivos necessários para cada nível de ensino; na formação de professores, que, sendo determinante para o êxito global da reforma, deveria responder prioritariamente às necessidades de natureza pedagógica e didáctica impostas pelos novos curricula e pelos novos programas e docentes na sua relação com os pais e com a comunidade; na gestão e organização das escolas, propondo modelos administrativos menos ambiciosos mas mais adaptados à realidade das nossas escolas (...)
No sector das condições subjectivas, culturais e sociológicas da reforma, a estratégia oficial, neste domínio, tem consistido em institucionalizar a ambiguidade, a incoerência e o sentido do oportunismo.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - Institucionaliza a ambiguidade quando impõe, por via gravosa, administrativa e autoritária soluções para os parceiros educativos com os quais proclama ser depois indispensável trabalhar (...)
O Sr. António Braga (PS): - É bem verdade!
O Orador: - No entanto, exigiu a excepcionalidade da retenção, gerando um sem número de equívocos junto das escolas, dos professores, dos encarregados de educação e dos próprios alunos.
Na formação contínua de professores, o sistema de "créditos" para a progressão na carreira subverteu os seus principais objectivos. O Ministério da Educação, ao não dar prioridade à formação nas escolas e às necessidades pedagógicas e didácticas criadas por uma relação de ensino/aprendizagem de tipo novo, abriu a possibilidade de uso indiscriminado de fórmulas ultrapassadas de transmissão passiva de "conhecimentos". Pretendendo contribuir para o desenvolvimento de uma nova cultura de escola, necessária para o desempenho de novos papéis do professor, e para um associativismo de projectos e de recursos acabou por asfixiar as iniciativas autónomas das escolas através de processos burocráticos, que lhes exigiu.
Institucionaliza a incoerência e o oportunismo quando faz dos professores, individualmente e como classe, o bode expiatório da sua própria falta de rigor e de capacidade política no cumprimento das finalidades da reforma.
(...) Se existem problemas, é porque "os professores não respeitam a identidade", "boicotam as claras orientações superiores em matéria de avaliação ou de assiduidade dos alunos".
Sr. Presidente, Srs. Deputados: o PS entende que chegou o momento de dizer "basta" a este estado de coisas. Entende que é urgente proceder-se a um balanço da reforma educativa, no quadro de uma análise independente das medidas e acções que têm vindo a ser implementadas. Entende também que é necessário reconhecer a dimensão política da insatisfação geral dos professores e das escolas façe à reforma.
Assim, o PS irá apresentar em breve, um conjunto de propostas necessárias para mudar a política educativa e salvar a ideia de reforma.
Aplausos do PS."
in Reunião Plenária de 22 de Junho de 1994, 3ª Sessão Legislativa (1993-1994), VI Legislatura.
Joana Morais Varela
A directora da iluminada revista Cóloquio-Letras, edição da Gulbenkian, fertilizando a bela arte & a literatura indígena tantos anos a fio, numa sublime quanto apaixonada lealdade poética, foi dispensada do culto da obra e da qualidade do luxo, coisa que francamente o provincianismo da paróquia detesta. O portentoso duo Vilar & Grilo consentiu a ignomínia. E não satisfeitos com o tumulto instalado, nada incomodados com o desalento que resta entre os leitores da (singular) revista, avançaram para o "despedimento com justa causa" da Joana Morais Varela, a pretexto de susceptibilidades, presumidamente, mais ou menos prosaicas. O respeito e gratidão que se devem à directora da Colóquio – e que constituem a nobreza dos homens - não foram, decerto, contemplados. Mas não deixam de ser o genuíno sentimento dos seus leitores e admiradores. Obrigado, Joana!
"Cresce uma voz do nada para logo se calar. Suponho que o lugar de verdade para que somos remetidos é o ponto de silêncio, como se fala do ponto de fusão, como se fala do zero. Donde só é possível gritar: penso que gritas uma espécie de palavras ou de urros ou de silêncio, do silêncio mais escuro de que as vozes são capazes. Só pelo poço mais fundo da noite, na brecha última da última garganta a tua. Por isso essa história incrível.
(As histórias de amor são impossíveis: nunca se parte para nada e estamos sempre de volta à nossa perdição)"
[Joana Morais Varela, 19/11/1978, in revista Abril, nº 9, Novembro 1978, p.44]
O ESTADO DA NAÇÃO!
O amigo do dr. Cavaco: "A operação de aquisição de duas sociedades com sede em Porto Rico pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), em 2001 e 2002, numa transacção ocultada das autoridades e não reflectida nas contas do grupo, foi liderada por José Oliveira e Costa, antigo líder do Grupo SLN/Banco Português de Negócios (BPN), e por Manuel Dias Loureiro – na altura administrador executivo do mesmo grupo. A operação envolveu duas empresas tecnológicas, contas em offshore e um investimento de mais de 56 milhões de euros por parte da SLN" [Público online, 18/11/08]
Ex-ministra da Educação ou um discurso muito familiar: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia" [M.L.R, perdão, M.F.L, in Público]
Golpes de vista: "O ministro português Fernando Teixeira dos Santos, é considerado pelo jornal britânico "Financial Times" (FT) como o pior ministro das Finanças entre os 19 países da União Europeia (UE) analisados" [in Jornal de Negócios]
Provavelmente ... Nª. Sra de Lurdes Rodrigues: "Acabamos com o anterior conceito de falta justificada ou injustificadas. Há faltas. E a escola tem de ter a possibilidade de decidir se aceita a justificação. Este estatuto não fomenta as baldas, pelo contrário. As escolas passam a poder interpelar os alunos e os seus pais e a intervir (...) Sabe quantos alunos reprovaram por faltas no ano passado? Provavelmente nenhum. Estamos a falar de margens. O que acontecia era que os pais justificavam todas as faltas aos meninos. Só os pais que queriam que eles chumbassem é que não justificavam. Portanto, provavelmente nenhum. Quem é que está em condições de avaliar as justificações e a medida coerciva a ser aplicada? As escolas e os professores ..." [M.L.R., 30/10/07, in D.N. – via Educar]
Independentemente ou a qualidade do despachante: "Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo ou ao triplo dos anos lectivos, deve realizar, prova de recuperação na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite (...) deve realizar (...) uma prova de recuperação …" [artº 22.º, n.º 2 do Estatuto do Aluno]
As regras da dicção jurídica do dr. Vital: "... deve tornar-se claro, sem equívocos, que não podem ser consentidos actos de desobediência à lei por parte de direcções das escolas ou de avaliadores ..." [V.M., in Público, 18/11/08]
Didáctica da régua: "Colocávamos a régua no bolso do casaco, deixando-a um bocadinho de fora, porque tinha algum efeito no sexo feminino (...) Bem, tenho de me ir embora, porque alguém tem de trabalhar" [Mário Lino em visitação a uma escola, travestido de Valentim Loureiro em glória tecnológica ao Magalhães - in Publico, 13/11/08]
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Gente medíocre
Um grupo de gente medíocre, incompetente, arrogante e com peculiaridades totalitárias, tomou de assalto (como se fosse coisa sua) o já debilitado e degenerado edifício do ensino e educação em Portugal. Nunca desde Abril arribou a uma pasta governativa gente tão idiotamente reacionária, porque tecnicamente incompetente e politicamente emproada.
O ensino e a educação levadas a cabo por esse grupo não tem – nunca teve – nada a ver com a instrução pública, a inovação e mudança necessária (organizacional, pedagógica e discursiva), que forçosamente configura uma Escola aberta e moderna, de exigência e de sucesso. E onde as suas estruturas e as suas práticas sejam (sem ambiguidades) democráticas.
O grupo em causa, sem qualquer experiência da governação, afastado do acto de ensinar e do território escolar, sem sistema de valores – o habitus de grupo que transmite é a mera reprodução de uma ordem hierárquica social totalitária, sob a capa de uma sociologia das profissões e da organização, ambas centradas na coisificação do pedagógico pela tecnociência e na dissimulação da "ideologia dos dons" (leia-se Bourdieu) aqui legitimada pela alienação do enunciador (o docente) com os destinatários da relação pedagógica. A gramática escolar dessa gente é apenas a overdose do seu trabalho de luto político e que resulta numa esquizofrenia, de um despotismo e conflitualidade nunca vista no campus escolar -, sem referências e instrumentos conceptuais de esforço e trabalho no campo da sociologia da educação, mas vigorosamente apoiado no corpo escolar mais reacionário do ISCTE (o novo pronto-a-pensar do regime) e na Presidência da República, destruiu completamente o sistema educativo indígena. E arrastou, na sua irrisória querela, o PS para a lama desta comédia nada ingénua de se arvorar em grande educador e reformador do povo.
Desta forma, já não é a "cabeça" dessa gente alucinada que se pede, em toda esta tragédia. Mas a do próprio partido. A obstinação doentia tem limites. Seguramente, a infausta derrocada chegará. Estamos cá para ver e contar.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
THE FERNANDO PESSOA AUCTION
É já no dia 13 de Novembro, curiosamente na data da morte do Infante D. Henrique, que há lugar ao LEILÃO DO ANO: o Leilão Fernando Pessoa – Manuscritos, Documentos Dactilografados, Livros, Revistas de Arte e Literárias, Fotografia e outros objectos do seu espólio, pertença dos seus herdeiros. A realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelas 21horas, por Luís Trindade e Bernardo Trindade.
Já muito se disse (nos jornais) sobre este invulgar leilão, sob direcção da Leiloeira e Galeria de Arte P4Ltd (Potássio Quatro Limitada). Desde poemas, apontamentos, planos de estudos e manuscritos do poeta (publicados ou não), várias cartas enviadas pelo poeta a amigos e aos jornais, até ao cobiçado lote do "dossier" Aleister Crowley
[teremos em leilão cartas originais de Fernando Pessoa, Aleister Crowley, Augusto Ferreira Gomes, Israel Regardir, Karl Germer, Marcelle Noel, Hanni Larissa Jaeger; textos manuscritos e dactilografados sobre o "suicídio" forjado do "mágico" Crowley e publicado no DN e Noticias Ilustrado, de 5 de Outubro de 1930; várias anotações, traduções e o original dessa notável novela policiária, “"Mistério da Boca do Inferno"; um conjunto de cartas astrológicas de Fernando Pessoa, notas manuscritas do mago Crowley em papel do Hotel l’Europe (Lisboa), telegramas, etc.]
um conjunto valioso de revistas literárias (Orpheu, Presença, Contemporânea, Athena, A Águia, Sudoeste, Centauro, Ressurreição, A Renascença), livros raros do próprio Pessoa, mas também de António Botto e o invular e raro "De Secretis Libri…" (Basileia, 1598, VI vols), de Wecker Johann Jacob (trata de magia, astrologia, anjos e demónios), fotos, etc.
Falaremos do leilão ao longo da semana. A não perder.
Ensino: agravos, calúnias & blogs
1. Maria de Lurdes Rodrigues, ainda ministra da educação, deu ontem uma série de entrevistas às televisões a propósito da manifestação de repúdio dos professores contra a sua pessoa. Esteve em todas elas, pastoreando os incautos espectadores e celebrando a sua incompetência política. Em todas elas, a arrogância e "teimosia" assumidas apontam para a sua insipiência em "matéria de gestão de organizações". Que é total.
Tratando quer um "quartel”" quer uma escola, como sendo uma única e a mesma organização, logo iguais conceptualmente, o seu exercício intelectual e académico põem em evidência as suas fracativas competências científicas-pedagógias na matéria. E revelam o estado do ensino académico indígena. E logo ela que, não por acaso, aparece como sendo uma putativa expert nesse folheto curioso que é a sociologia das organizações. Se não se soubesse que tal panegírico é assunto recopilado via o imaginário providente de João Freire (anarquista aposentado), com o apoio dos inefáveis empregados do regime que vegetam no ISCTE ou desconhecendo-se como a douta socióloga aplica na prática política e governativa os ensinamentos teóricos que lecciona, seríamos julgados a acreditar na bondade das suas medidas. Infelizmente não é assim! Qualquer um que queira saber as razões que estão por detrás do conflito entre (todos) os professores e a ministra tem à sua disposição na internet todos os materiais para uso do contraditório nessa matéria. Que o faça, livremente. Se for ainda capaz.
2. Calúnias. Não falamos das afirmações do caluniador e provocador Emídio Rangel, porque o caso é de foro psicanalítico e não argumentativo. As palavras insulsas ficam sempre bem a quem as profere.
Mas os editoriais do DN e do JN, pelo fraseado gasto e a manifesta inverdade no que escrevem, para além de ridículo são de lamentar. O editorial do DN é, de facto, de uma leviana ignorância e maledicência ao considerar puras deturpações como "casos concretos". O jornalista (?), presume-se o próprio Marcelino, não estudou a matéria em causa, limitando-se a repetir os rumores lançados pela ministra da educação. É ignorante porque afirma que "professores avaliados tem apenas de preencher uma ficha de definição de objectivos com duas páginas" – o que não é verdade totalmente – repetindo ad nauseam o que é lançado via governo. O porquê deste extraordinário e típico rumor era curioso de descobrir. O João Marcelino tinha (e tem) ocasião de saber se é ou não assim: basta ir a uma qualquer escola ou consultar documentação na internet.
Mais: o João Marcelino repete "que há muitos professores que já foram avaliados". O Marcelino, dando préstimos a iguais afirmações da ministra, não sabe que tipo de professores foram avaliados, em que contexto e como. Esquece-se de dizer que a tais docentes (os contratados e os que subiam de escalão até final do ano lectivo) não se utilizou a mesma metodologia (só tiveram de fazer a sua autoavaliação) com que agora se brinda os docentes do quadro e que, curiosamente, se encontram actualmente a trabalhar, na sua maioria, em caixas de supermercado ou estão no desemprego. Mas podia saber quem foi "avaliado" (e como?) se fosse autónomo, tivesse interesse, fosse atento e soubesse fazer uma simples pesquisa. Isto é, se fosse jornalista.
Por fim, é inútil referir o study case desse típico gerente dos jornais dos regimes, o senhor José Leite Pereira, director do JN. Num editorial abjecto, repetindo a pataco as enormidades do seu camarada João Marcelino (porque será?) pincela uma sensaborona croniqueta, onde o que avulta é apenas a pífia repetição desse espantalho das corporações e da defesa de direitos adquiridos. Para isso estamos conversados. Não é o jornalista Leite Pereira que pode vir dar lições sobre essa matéria. Ou a vergonha caiu de vez?
3. Por sua vez a Blogosfera, quase sempre escrava de factos e da retórica política posta a correr por criaturas sem nome, dorme "como um cevado". Bem comportadinha e sem liberdade de acção, como qualquer liceal, faltou à chamada. O ensino ou a educação irritam-lhe ou parcos neurónios, sonega-lhe a inspiração e a verve. A Blogosfera embirra com o ensino e os educadores. Fosse outro o escarcéu, já tinha publicado excelentes gatafunhos de gramática política & parido tão artificiosos como retrincados textos. Muitos dos blogs, ditos de referência, estão mais para a agulha e o dedal partidário. Ou sindical. Ou corporativo. Afinal porque razão haveriam de prosar e debater o ensino ou a educação? Acaso alguns desses extraordinários "cães de guarda" do regime, na sua boémia internauta, poderiam gastar as teclas, contestar ou opinar sobre a questão, talvez, absolutamente vital do país que é o ensino e a educação? Não podiam! Isto porque, tais fervorosos bloguers frequentam, como almas gémeas ou como comensais, o repasto do regime. Ora nunca se viu alguém morder a mão que lhe dá de comer. Evidentemente que não.
José Maria da Costa e Silva (Almarjão) 1920-2008
Estão de luto os amantes dos livros, todos aqueles que cultivam a sua paixão única e intemporal. No passado dia 4 de Novembro faleceu (com 88 anos; nasceu a 3 de Janeiro de 1920) um dos mais notáveis livreiros-alfarrabistas portugueses: José Maria da Costa e Silva (Almarjão). Fundou a estimada Livraria Histórica e Ultramarina (1956), outrora situada na Travessa da Queimada (Bairro Alto), tendo mudado há pouco tempo para a Rua José Lins do Rego. José Maria da Costa e Silva, conhecedor da sua arte e ele mesmo um coleccionador curioso, era um invulgar cultor de tertúlias sobre o livro ou documento antigo e sempre disponível para ajudar investigadores e estudiosos.
Lastimavelmente, tempo antes, faleceu um outro estimado livreiro, o José Rebelo do Manuscrito Histórico (Calçada do Sacramento, ao Chiado).
Uma grande e irreparável perda para todos nós
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