sábado, 8 de março de 2008
In Memoriam de Maria Gabriela Llansol [1931-2008]
"Maria Gabriela Llansol nasce em 31, de um pai bibliófilo, de uma mãe extremosa e de um avô que intentona, e é deportado. Estudos de Direito. Advocacia rejeitada, para se vir encontrar num dos lugares filosóficos decisivos: viver com miúdos” [in Depois de os pregos na erva ..., 1973]
"... Escondeu-se para escrever; mas, antes, começou por ler no livro em que possuía a sua infinita felicidade
permanecia no princípio mas não tinha princípio; era o próprio princípio e, por consequência, não havia princípio; um no outro estava como o amado no seu amigo; e este amor que os une tem o mesmo valor que num e noutro, a mesma igualdade ...
Leio um texto e vou-o cobrindo com o meu próprio texto que esboço no alto da pagina mas que projecta a sua sombra escrita sobre toda a mancha do livro. Esta sobreposição textual tem por fonte os olhos, parece-me que um fino pano flutua entre os olhos e a mão e acaba cobrindo como uma rede, uma nuvem, o já escrito ..." [in O Livro das Comunidades, 1977]
"... Era uma vez um animal chamado escrita, que devíamos, obrigatoriamente, encontrar no caminho; dir-se-ia, em primeiro, a matriz de todos os animais; em segundo, a matriz das plantas e, em terceiro
a matriz de todos os seres existentes ..." [in Causa Amante, 1984]
quinta-feira, 6 de março de 2008
O insulto do dr. Vital Moreira!
O artigalho – em tom arrogante, grosseiro, sem brilho, nem substância – do impudentíssimo dr. Vital Moreira no jornal Público [4/03/08], intitulado “Os Professores”, é uma desafronta e um evidente insulto aos docentes (de todos os graus de ensino), aos cidadãos contribuintes e suas famílias, à classe governativa e, curiosamente, é injurioso face à obra intelectual do saudoso professor Vital Moreira. A propósito da atitude & crítica fundamentada, persuasiva, de vigilância necessária e séria dos (diversos) docentes à desastrosa e infeliz política (des)educativa do governo, o dr. Vital Moreira insiste num panfleto que é mais uma sensaboria em torno das virtudes governamentais. O discurso (inqualificável) revela, entre uma curiosa e zelante psicose conspirativa, uma angústia pouco esclarecida e não resolvida sobre o problema (e importância) da educação, do ensino público, da Escola e da classe docente, do mesmo modo que está sempre oculto o "encargo da prova" feito pelos docentes (desde o início), em toda esta questão.
O expediente insidioso do dr. Vital Moreira [VM], ao considerar que a putativa "luta" [VM dixit] dos docentes se centra "na defesa de interesses profissionais", ou não fossem para VM as pouco cariciosas corporações um caso nefando pátrio, é um costumeiro e intratável pregão, com "boa" escola mas de muito atrevimento. Picarescamente, o sábio VM deixa de fora dessa arrazoada funesta, e sem a mínima reserva, a confraria dos empregados da política, as luminárias dos partidos e sua indiscreta clientela.
O piedoso VM, nesse presuntivo enxurro corporativo (em que o "arrumo" ou o critério de leitura está ausente), estabelece uma curiosa "dissidência" entre as ditas corporações (docentes, médicos, juízes, funcionários públicos em geral) e a população ou canalha. Esta, ajoelhada e vergada às "corporações" - "forças de conservação e de reacção [mais] do que mudança" (tese afinal "que não é em geral verdadeira", como se estuda em qualquer manual de história ou direito) -, veria espantada "passar" as tradicionais "reformas" (pelo que se presume, nunca consumadas), das quais eram directamente (e unicamente) "beneficiárias". Esta pouco meticulosa quanto desaprumada (o contexto field-dependent da medida argumentativa, não aparece nunca) especialidade na argumentação de VM terá os seus encantamentos entre a boçal classe política, em especial a juventude partidária, ou em algum raminho de comentadores até, mas não colhe o génio entre aqueles que estudam, conhecem e vivem a realidade do ensino e da educação em Portugal.
A composição do dr. VM, portanto, não identifica os problemas presentes da educação; não define os objectivos educacionais do governo e as metas a alcançar com a putativa "reforma"; não compreende o que é a escola, o seu espaço escolar e a comunidade envolvente; não distingue a especificidade da profissão docente entre as suas congéneres; não reconhece a importância dos muitos estudos sobre a autonomia e gestão das escolas, a avaliação de professores e alunos ou o estatuto da carreira docente; não avalia a justeza da argumentação técnico-pedagógica usada pelos professores para explicar o seu mal-estar; não é sensível à humilhação pública da classe docente; não justifica os métodos e procedimentos autistas, arrogantes e anti-democráticos praticados pelo ME; não relaciona essas práticas autoritárias e humilhantes com a ignorância existente sobre todas essas supracitadas matérias, por parte do grupo residente no ME; nem aceita a responsabilidade do seu comportamento em toda esta questão.
O dr. Vital Moreira esforça-se por saber admirar a lide da governação. Mas não basta. Tem de estudar mais, ser mais convincente, mais verdadeiro e menos injurioso. E exibir mais respeito pelos docentes deste país, alguns dos quais foram seus alunos. Para que seja ouvido e lido, com estima e consideração. Se então o merecer!
[Foto retirada do blog do meu caro amigo Ademar Santos, com a devida vénia]
domingo, 2 de março de 2008
Hoje ... estivemos assim ... assim!
Andamos em curiosa arrumação musical. Entre o monte de lixo da vida política indígena, abrimos a luz e a suavidade das noutes ... com música. Também as fechamos, mas isso é glória nossa que não queremos ver aqui delapidada. Estamos, por isso mesmo, quase cantadores de feiras & discos piratas. Valha-nos a santa Asae!
Para finíssimos & requintados ledores, eis
Modest Mouse - Education
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V. Excia - evidentemente com autorização governamental - anda atulhado na vidinha, com pouca vibração para a avaliação do vizinho(a), tosse com frequência quando depara na TV com a Sra. Ministra da Avaliação ou o dr. Jorge Coelho? V. Excia - evidentemente com autorização governamental - recorre ao cardápio de moléstias quando sente afrontamentos e tonturas ao ouvir o sr. Albino Almeida falar dos "nossos filhos", caindo em abatimento prolongado, que nem os banhos de mar o aproveitam? V. Excia - evidentemente com autorização governamental – corre ao cozimento de figos ou a um chá de sabugueiro, quando um calafrio irrompe por todo o seu corpo quando, em caridade cristã, ouve o sr. Valentim Loureiro fazer copiosos elogios à Sra. Ministra da Avaliação? V. Excia, que não frequenta as "moutas" da literatura nem ornamenta a livraria - evidentemente com autorização governamental – tem arremedos de manifesta coqueluche todas as 3ª feiras da semana, na prelecção do sr. M. Sousa Tavares, e corre a aplicar um chá da Índia ou mesmo um cataplasma de mostarda nos pés, para o desejado tratamento?
... então não hesite. Contra o cansaço doloroso, sono agitado, calafrios insidiosos ou insónia Cavaco Silva - em casa, no escritório ou na escola -, eis que chegou: "O Xarope São João - o melhor para a tosse, bronchites e constipações". O único que não sugere comentários a V. Excia, aos comentadores e ao país. Compre já!
Typos Lvsitanus: o chefe par(a)lamentar
Arrasta consigo uma freguesia ardente, amanuense ou não, ainda dos bons tempos do Quartier Latin à Porta Férrea (Coimbra me mata!). As alegres criaturas que lhe cobiçam o lugar (olhem o sr. Vitalino Canas a sorrir), invejam-lhe a barba, a pose, a voz e as medalhas. Porém, a historiografia é o seu infortúnio. É que noutros tempos, o chefe par(a)lamentar fez brejeirices anti-fascistas com os camaradas de luta. A ocasião era, evidentemente, dos românticos. E, o nosso typo par(a)lamentar deixou de praticar há anos, quando contraiu a doença da maturidade. Traz atestados de bom porte democrático e distribui-os diariamente aos indígenas. Quer homenagem! Um pedestal no Largo do Rato e estátua na aldeia que o viu nascer. Confuso, admira-se por os seus exercícios venatórios da mocidade lhe caírem aos pedaços entre os amigos, conhecidos, simples cidadãos. Há coisas que não se esquecem! Tomem nota.
Ontem, durante o debate par(a)lamentar, o chefe par(a)lamentar vestiu a sua bela farda de chefe par(a)lamentar para interpelar o senhor Presidente do Conselho de Ministros, sugerindo que sua Excelência enchesse a boca de promessas de obras públicas indígenas. O engenheiro, nada mouco, após considerar que estava perante uma sábia pergunta, não se fez rogado. E zás, perfumou a paróquia de estradas macadamizadas, avenidas à beira-mar, autoroutes ligeiras, trens de aluguer. Tudo isso acompanhado pelo olhar de rara cobiça do sr. Mário Lino.
Eis como está a garagem política nativa. Um must!
Aviso à navegação
Aos varios estaminés, sujeitos muito bem ornamentados, blogs de passe & outros estabecimentos afins, queremos dizer - doucement - que nós por cá somos assim.
"Não ser de nenhuma seita e de nenhum partido, de nenhum club, de nenhum grémio, de nenhum botequim e de nenhum estanco, não ter escola, nem irmandade, nem roda, nem correligionários, nem companheiros, nem mestres, nem discípulos, nem aderentes, nem sequazes, nem amigos, é possuir a liberdade, é ter por amante a rude musa aux fortes mamelles et aux durs appas, cujo beijo clandestino e ardente põe no coração a marca dos fortes, mas requeima nos beiços o riso dos engraçados" [in Ramalho Ortigão, Farpas, VI tomo]
Inútil insistirem. Nós somos o dono da nossa manada. Façam, portanto, a fineza de encaixar as V. cabeças para onde foram talhadas.
Agradecido!
sábado, 1 de março de 2008
Os sapatos de Manuel Pinho
Manuel Pinho - o extraordinário ministro da Economia - foi à feira internacional de calçado de Milão e, pelo que espirituosamente nos diz, às compras de sapatos italianos. Presume-se que o "biqueiro" ministro estava com o fito de catrapiscar algum Prada sport línea, talvez um Ferragamo, quiçá um Gucci, ou até mesmo uns clássicos (os nossos preferidos) Dolce & Gabbana. Temos de lhe gabar o gosto, à falta de outros abonos. No intervalo das esmeradas compras, Manuel Pinho tinha ainda tempo de arrazoar sobre o calçado lusitano, levantando a tenda indígena em terras italianas. Fica sempre bem, para mais tarde recordar, afirmativas tresvariadas como estas:
"Eu vinha cá comprar sapatos italianos, mas fiquei tão impressionado com a qualidade dos sapatos portugueses que vou levar sapatos portugueses. Vinha comprar sapatos italianos porque têm um óptimo nome em termos de design".
Calamitosos tempos ... estes, para ministro! Passo!
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
A Manifestação
Os senhores professores acudiram à chamada da honra e da dignidade do seu trabalho e manifestaram-se em plena rua, às claras, sem ocultação. Não houve lugar a manobras ou tempos de substituição. Eram eles próprios.
Os senhores professores desafiaram sua excelência o eng. Sócrates, a cabeça intelectiva de Maria de Lurdes, a "ordem" estabelecida e a sabatina pretensiosa do sr. M. Sousa Tavares. Não foi demais!
Os senhores professores conhecem bem, porque conhecem, todos essas autorizadas figuras que (agora) tão sabiamente falam em educação e ensino. Na altura havia rigor, esforço e trabalho, existiam faltas e, pasme-se, até alunos e professores. Conhecem-nos, por isso - a todos esses antigos estudantes -, muito bem.
Os senhores professores e, presume-se, os cidadãos de Portugal, estão proibidos de se reunirem na via pública sem a devida autorização para tal. Muito bem! Mais de 3 (três) indígenas – a lembrar outros tempos – será, certamente, uma curiosa e honrada manifestação de indignação que não acolherá decerto o bom humor policial e a gramática do sr. Sócrates, mas dará certamente valor ao empenho e à dignidade de quem trabalha. Podem estar certos disso.
A SEDES
A nova (velha) SEDES, nascida nos seus tempos ociosos de 1970, acordou do leito onde dormitava repetindo os mesmos pensamentos e pesadelos de antanho. Quem pousa os olhos na última "tomada de posição" com que brindou os indígenas, tem a convicção que os srs. Rui Vilar, Miguel Gaspar, Morais Leitão, Artur Santos Silva, Ferreira do Amaral, João Proença (cof!cof!) e outras luminárias desta burilada epopeia da modernidade Sócratista, andavam muito folgados e necessitar de "movimento". O ar santo com que frequentavam a sinecura governativa era, afinal, um ilusório disfarce, uma roupagem desalentada, uma caluniosa deturpação. Os da nova SEDES nunca, jamais, lograram cair no erro, na cegueira, na má fé e na fábula de um Portugal desenvolvido, moderno & fraterno, a acreditar na magia ministrada pelo eng. Sócrates.
A rapidez com que os seus autores foram admoestados pelo inefável Vitalino Canas, seguido de perto pela comissão dos bons costumes do reyno, diz-nos bem do estado calamitoso ou o "difuso mal-estar" em que nos encontramos. Mas não era necessário. Porque tal evocação é coisa que em qualquer localidade, empresa, instituição, largo ou romaria, é sentida e dita à boca cheia. Mas, é evidente, que os senhores da SEDES não frequentam esses antros de má vida. E fazem bem! Que os deuses os salvem!
O Tolo
"... Tolo bom é aquele que faz o que lhe mandam, que é bem inclinado mas que, tirado desta carreira, tem cabeça de pedra e cal e nada mais compreende. Sempre muito metido consigo, pede o que necessita, não faz prejuízo aos outros e alguns há que até se condoem da pobreza alheia (...)
Tolo manso é aquele que não só não faz mal mas até nada faz; foge de tudo, de nada entende; come se lho dão; tudo para ele é novo; não tem na terra pena nem glória e, finalmente, vive reduzido ao pasmo de uma criança de dois anos (...)
Tolo por arte é o que tem mais juízo, porque justamente vive no mundo como a espadana na borda do rio que, quando é mais forte a corrente de água, dobra-se para ir com ela e quando esta não lhe chega, novamente se endireita e torna ao seu antigo estado (...)
Tolo presumido é o que morre nas mãos da sua vaidade, cuida que em toda a parte mata caça mas como não conhece o alvo, gasta debalde toda a sua pólvora. Em tudo fala, em nada acerta e até é tão confiado que presume saber o que lhe é vedado a ele e aos mais homens (...)
Tolo que em tudo se mete, tem a cabeça como uma selha de eirozes vivas. Andam-lhe as ideias sempre a ferver e a saltar. Se tem a mania de Picador é pouca a cerveja preta que vem de fora para as quedas que dá. Se presume de valente leva mais maçadas do que leva o milho na eira (...) Fala muito e sempre a quebrar o fio do falamprório, como linha podre quando se dobra (...)"
[José Daniel Rodrigues da Costa, in O Espreitador do Novo Mundo, 1802 (?), aliás, in O Almocreve de Petas, Lisboa, Estúdios Cor, 1974]
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Leilão Biblioteca Jorge de Brito - 19, 20 e 21 de Fevereiro
A ex-Colecção Comandante Ernesto Vilhena, Biblioteca Jorge de Brito, vai a leilão nos próximos dias 19, 20 e 21 de Fevereiro, pela nova firma "A Leiloeira" (Rua Agostinho Lourenço, 20 C - ao Areeiro, Lisboa). Trata-se de mais um notável leilão dessa valiosa e (quase) infindável colecção do Comandante Ernesto Vilhena, actual Biblioteca de Jorge de Brito.
O Catálogo para o leilão, que tem a pena do livreiro José Vicente (consultor da leiloeira para os livros e manuscritos), com peças raras e muito estimadas, pode ser consultado aqui.
A não perder.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Leonardo - revista de filosofia portuguesa
"Leonardo é uma iniciativa da mais nova geração da Escola da Filosofia Portuguesa. O que queremos significar é o seguinte: primeiro, que integramos uma tradição poética e filosófica que se iniciou com Sampaio Bruno e formalizou num "organon" principial com Teixeira de Pascoaes e Leonardo Coimbra na Renascença Portuguesa. Depois, surgiram os continuadores com a geração de José Marinho, Álvaro Ribeiro e, mais tarde, Orlando Vitorino, que desenvolveram a doutrina e sistematizaram as teses. A geração dos mais velhos está ainda representada por António Telmo (...)
Pertencer à geração da Escola da Filosofia Portuguesa exige um compromisso espiritual: é de sua livre opção que, todos nós, os da Leonardo, aceitam conviver em tertúlia segundo o magistério que vai de mestre a discípulo e que caracteriza a iniciação filosófica e literária assegurada sem interrupção, desde há 150 anos, ao longo das sucessivas gerações. Todos nós, os da Leonardo, ouvimos a palavra de viva voz de mestres e o que nos distingue é sermos heterodoxos e livres na exegese e na hermenêutica. Todos nós, cumprimos os requisitos que nos foram transmitidos por Álvaro Ribeiro, necessários á compreensão da filosofia portuguesa: acreditar em Deus e possuir, de alguma forma, formação esotérica (...)
Todos nós, os da Leonardo, cumprimos em diverso grau o segundo aspecto. O esoterismo não é ocultismo, nem se confunde com a paixão oriental. A operação é racional, ordinal e o teorema desenhável. O movimento é íntimo, individual e necessário à autognose. Sem tradição, ou seja, o que nos vem da herança, perde-se a razão da palavra e do verbo e inveja-se a ordem no mundo (...)"
[ler mais aqui - sublinhados nossos]
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Leilão Particular na Junta de Freguesia do Bonfim - amanhã pelas 15 horas
Amanhã, dia 16 de Fevereiro pelas 15 horas, decorre um Leilão Particular constituída por Raras Primeiras Edições de Garrett, Eça, Wenceslau de Morais, Eugénio de Castro, Pascoes, Pessoa, Sá-Carneira, Régio, António Botto, Almada Negreiros, Totga, etc. 888 Cartas de José Régio, 7 Cartas de Abel Salazar, e muito mais – no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim (Porto), a cargo da Livraria Manuel Ferreira, do Porto.
Uma notável Biblioteca Particular vai à praça, hoje na cidade do Porto. Organizado pelo livreiro-antiquário Manuel Ferreira, da cidade do Porto, este leilão de raras edições literárias, que abarca os mais admiráveis poetas e prosadores portugueses, bem como um conjunto de cartas autógrafos de Abel Salazar e José Régio, é um evento de muita importância, dadas as valiosas peças em praça.
A não perder. Ver Catálogo aqui.
Temos andado ... assim!
"Non exiguum temporis habemus, sed multum perdimus"
Uma estucha a vidinha. De medonha que é não tem havido lugar, por estes lados, a recitações ou comentários da paróquia. Temos folgado da bloga! Andamos afastados dos campos estremecidos da poesis e da política paroquial. A miséria é tanta, a destruição tamanha, tão sólida e duradoira, que nos retirámos quase moribundos. A derrocada do país é total. E irremediável. Nunca tão poucos fizeram tanta ruína ... sozinhos. O sinistro cárcere que se instalou no reyno - por mais protestos de liberdade que existam – e o espectáculo vergonhoso da derrocada das instituições (e dos homens), é uma usurpação e uma maldição agonizante. O protesto, outrora radiante por tão bramado que era, resta hoje um tumulto que apenas arde nas nossas almas. A época das flores tarda. E curiosamente – tomem nota – falta ainda muito para o mês de Abril.
Mas – dizem alguns - a vida lá fora corre. E, na blogosfera, pelo que se vai sabendo, a paciente minúcia no arquejo da política destes tempos de trevas ou essa antiga & curiosa habilidade receituária de genuflexão ao(s) poder(es), exercício herdada da defunta União Nacional, são virtuosamente revelados por estes senhores e outros mais. Longe vai o tempo onde a bloga irradiava intelecto e elevação. Hoje a blogosfera, afogada que está em encómios aos diferentes raminhos partidários, é apenas um comércio político. Por isso, o roteiro, o aparato, a bizarria e o gosto (Oh! O gosto!!!…) da cantilena política oficial, o rinchar desse gentio bajulador (sem espinha vertical) e todos esses protagonistas das récitas Sócratistas, têm o "sabor decorativo" de outrora.
Paz às suas almas.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
In-Libris – Livros de Janeiro
A In-Libris (Porto) apresenta para este mês de Janeiro, de novo, um conjunto de peças raras, esgotadas e de muita estimação de Albert Cim [Le Livre. Historique - Fabrication - Achat - Classement - Usage et entretien], Almada Negreiros [A Invenção do Dia Claro, 1921], António José Saraiva, António Maria Lisboa, Armando da Silva Carvalho, Avelar Brotero [Flora Lusitanica, ...], Camilo Pessanha, Eduardo Sequeira [À Beira Mar, 1889], Eloy do Amaral, Ezra Pound, Fernando Echevarria, Fernando Pessoa [ed. especial da Mensagem], Gastão Cruz, Fiama H. Pais Brandão, Jeronymo Cortez [Segredos da Natureza, ...], Luiza Neto Jorge, Pedro Dufour [História da Prostituição, ...], Pedro Veiga (Petrus) [Os Modernistas Portugueses], Rafael Bluteau, Raul de Carvalho, Visconde de Lagoa [Glossário Toponímico da Antiga Historiografia Portuguesa Ultramarina], lote de livros de culinária e gastronomia [como o Cozinheiro Completo, ou Nova Arte de Cozinheiro e de Copeiro, ..., 1849], a estimada História do Regímen Republicano em Portugal e uma rara obra da bibliografia surrealista mandada (re)editar por Cesariny de Vasconcelos e Cruzeiro Seixas: "Reimpressos Cinco Textos Colectivos de Surrealistas em Português de que são Autores" [Lisboa, Tip. Peres, 1971].
A consultar on line.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Cavaco & Sócrates, Cia Lda
O dr. Cavaco Silva, em mais uma formidável estopada sobre a ruinosa governação do sr. Sócates & amigos, em visitação extraordinária ao reyno, saiu-se, na sua prosaica vacuidade e a propósito da questão do Serviço Nacional de Saúde, das tropelias e malfeitorias do ministro Correia de Campos e da (ainda) indulgente crispação dos nativos sobre esse senhor, com um "acalmem-se", "vamos ao diálogo". A alegoria do dr. Cavaco, que não deve ter animado a estrivária dos paroquiandos, está longe da velha máxima da D. Constança – "Habituem-se! Vamos continuar" – pertença do sábio rosa, ao que dizem depositário do maior intelecto indígena, António Vitorino. Mas é do mesmo fino recorte.
O dr. Cavaco que se cuide! Depois do seu ardor estremecido pelo tricotado d'Alcochete, após a piedosa discursata sobre o putativo terrorismo que vem aí ao virar da esquina, o dr. Cavaco, nesta mãozinha dada hoje ao corpo ministerial socrático, arrisca-se a uma nova comoção dos indígenas, fartos desta inteligentzia doméstica. A afronta do dr. Cavaco & Sócrates, Cia Lda, é um atropelo ao bom senso e paciência de qualquer um. O folheto posto a circular pelo dr. Cavaco é um insulto, perante o descalabro total desta governação e deste país. O gentio começa a impacientar-se. Estão calados, por demais. Ninguém os vê sorrir. Ninguém os vê chorar. Vem aí borrasca! Quem ficar, que se cuide.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Almanaque Republicano – Actualização
"O Almanaque Republicano tem percorrido, em renovação espiritual, assuntos, factos e figuras, aditando, de passagem, notas biobibliográficas & recenseando obras admiráveis (...)
Tal inventariação assim desenhada, afastada a condição tarefeira do crítico/historiador (que não somos) ou o pretexto de devaneio de uma qualquer erudição (que não possuímos), não é (pitorescamente) um simples capricho de coleccionistas (sem dormir nocturno). Mas significa, pelo arquivo de fontes e pelo repertório apresentado a todos vós (e nós), a expressão do sentimento & gozo de (re)valorizar uma época das "mais interessantes da história da sociedade portuguesa contemporânea". Curiosamente, pelas várias crises (espirituais, culturais, económicas e políticas) então sustentadadas e nunca dirimidas, as conflitualidades de antanho parecem estar de novo a renascer no Portugal de 2007, tal a profusão de indícios a esse respeito. A "canibalização" (para utilizar uma feliz expressão de Miguel Real, in "A Morte de Portugal") política e a "humilhação" a que assistimos sugerem que não se tem em conta as figurações que os reiterados eventos da história nos legou. O que é espantoso! (...)"
[in Ano de 2007: os melhores livros - ler tudo aqui, aqui e aqui]
Como os tempos exigem memória(s), inspiração, desejo sobre o desejo (que a vidinha anda desenfeitada e algo escravizada pelo(s) poder(es) desta rapaziada iluminada que nos caiu sobre as nossas cabeças), o Almanaque Republicano, literatura farta que faz a forte gente, dá relevo (aqui, aqui e aqui), sem exaltação ou sustento, ao "Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890" e seus posteriores desenvolvimentos. E porque afinal, há que dizê-lo, "isto anda tudo ligado", presta-se a facultar biografias e bibliografias, notas e factos que se pode reunir. À vossa benevolente atenção, pois!
A ler e consultar o Almanaque Republicano. Sempre ao V. dispor!
Saúde e fraternidade.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
In-Libris – Livros sobre Cultura Judaica
A In-Libris (Porto) abre o seu 1º Catálogo do ano com "um excelente lote de livros de recente aquisição sobre Cultura Judaica". Antigos e modernos, a temática Judaico-Portuguesa, Marranismo, História, estão aqui presentes.
Temos, assim, obras raras e estimados de Alexandre Herculano, Alexandre Teixeira Mendes, Anne London & Bertha Kahn Bishov [The Complete American-Jewish Cookbook], António José Saraiva, Cecil Roth, César da Silva, Charles Dellon, Damião de Góis, David Augusto Canelo, Elvira de Azevedo Mea & Inácio Steinhardt, Grace Aguilar, Herlander Ribeiro, João Pinto Delgado et al [Marrano poets of the Seventeenth century. An Anthology of the Poetry of ... Edited and translated by Timothy Oelman. s.d.], Mendes dos Remédios, Miguel Real, Moses ben Nahman [Commentaries on the Pentateuch], Nicolau Emérico [O Manual dos Inquisitores, Afrodite, 1972], Paul Goodman ["a edição é dedicada ao Yehidim e às pessoas idosas da congregação espanhola e portuguesa dos Judeus (Shaar Ashamaim)"], Raul Rego, Richard Zimler, Roberti Bellarmini [Polttiani. // Societatis Ieufu, // S.R.E. Cardinalis // Inftitutiones linguæ Hebraicae, poftremo // Recognitæ, ac locupletatæ. // Huie editione accefferunt Tabulæ duæe, quarum prima Hebraica linguæ elementa praecipua, altera vero omnium coniugationum tam analogarum quam anomalaram varieratem comprehendi:Item Linguae Syriacis characteribus edita. // Coloniæ Allobrogvm, // Apud Petrum de la Rouiere. // M. D.C. XVI.], Samuel Usque, Théodore Vibert [La race Semitique, 1883]
A consultar on line.
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