Vasco Pulido Valente: o explicador"
A crítica dos jornais consegue ... exprimir como o criticado está para com o crítico" [
K. Kraus]
Vasco Pulido Valente tem o talento que a sua prosa (explosiva) fabrica, mesmo que a argumentação seja "curta" e o entusiasmo excessivo. Eloquente na reprovação,
genial nos (
des)agravos, desconcertante no expediente, não cede (presume-se que ainda pratica) à criadagem dos fúteis, à devassa melada dos jornaleiros, às tonsuras dos políticos. No
Vasco há uma beleza (ácida) de escrita, um encantamento astucioso, uma ventura e humor inconfessável. Nunca foi guardião de políticos ou jornalistas e por isso meio país indígena foi engordando com os "
caldos" do camarada
Vasco. Mesmo assim, o nosso
maître-à-penser não deixa, para o bem e para o mal, de ser um caso de estroina divertido, do mesmo modo que é um dos maiores colunistas, "
neste país de putas respeitosas" [
VPV].
Mais recentemente, num momento menos feliz,
VPV contraiu a doença da ingenuidade e que a sua assumida repugnância não revelaria. O irreprimível gozo de ser o
explicador do sórdido do Estado (esse bombo da festa), tanto que até fez o
sr. Arroja tornar do além salazarista, começa a fantasiar anodinamente as suas croniquetas semanais. Como outros, deu-lhe para a miudeza da estratégia política e para a sugestiva ressuscitação da presumida garotada liberal nativa. Expliquemos.
Em tese - no
Público, de domingo último - o romântico camarada
Vasco pensa que um
Paulo Portas "mais tranquilo", benevolente aos costumes (liberais) e à prática democrática, exaurido da costumeira vaidade pacóvia e definitivamente afastado que estaria da conhecida "animosidade" que suscita, numa mão exibindo um cardápio fora do "liberalismo diletante" e na outra o cartório pátrio-cristão, seria (
ad gloriam) um serviço público prestimoso à direita e ao país. Não se imagine que foi fácil, ao nosso Vasco, dar uma de explicador. Mas a coisa, por imperfeita que seja, teve o proveito de fornecer "livre trânsito" à rapaziada liberal que pulula na blogosfera e, decerto, ao inefável
José Manuel Fernandes & Cia, provocando um vertiginoso labor de escrita e um pronunciamento hormonal perigoso.
Ora tudo isso é absolutamente absurdo, mesmo que tenha a graça do próprio
Vasco. Mas até se pode compreender. Suspirar, em puro exercício venatório, por mais um partido (certamente temível)
réplica do atulhado
PSD e faceto do bufante
PS, mostra a grandeza ardilosa do vero
génio. Teremos, pela humorada e autorizada explicação do camarada
Vasco à varanda do
Público,
paródia para muitos anos. Estamos inscritos.