quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007


Boletim Bibliográfico 34 da Livraria Luís Burnay

Saiu o Boletim Bibliográfico da Livraria Luís Burnay (Calçada do Combro, 43 - Lisboa). Peças há muito esgotadas, estimadas e raras.

Algumas referências: Álbum do Zé Povinho do Povo, 1908 / Antologia da Poesia Erótica e Satírica, sel. pref. e notas de Natália Correia, Afrodite, s.d. / A Maçonaria Iniciática, de João Antunes, 1918 / Arte Nova, e Curiosa, para Conserveiros, Confeiteiros, e Copeiros, ..., 1788 (raro) / Arte Portuguesa: arquitectura e escultura, de João Barreira, s.d. / Lições de Cousas, por Ladislau Batalha, s.d., II vols / Estimulo pratico para seguir o bem, e fugir ao mal: exemplo das virtudes e vícios ..., do Pe. Manuel Bernardes, 1730 / A Gíria Portuguesa, de Alberto Bessa, 1901 / Cancioneiro portuguez da Vaticana, Lisboa, 1878 / Folhas cahidas apanhadas na lama por um antigo juiz das almas ..., de Camillo Castello Branco, 1854 (raro) / A Volta ao Mundo, de Ferreira de Castro, 1944, II vols / Catálogo da Livraria de Duarte de Sousa, 1972-74, II vols / Diccionario Chorográfico de Portugal Continental e Insular ..., por Américo Costa, 1929-49, XII vols / Culinária [vários lotes] / Livro das Fortalezas, de Duarte Darmas, 1943 / Portugal na Balança de Europa, ..., de Almeida Garrett, 1830 (raro) / História Completa da Inquisição de Itália, Hespanha e Portugal ..., Lisboa, 1822 / Chiquinho, de Baltasar Lopes, 1947 [romance cabo-verdiano estimado] / Lusíada. Revista Iustrada de cultura, arte, literatura, ..., 1951-1960, XIII numrs / Bello, de Teixeira de Pascoaes, 1896 [raro opúsculo] / Angola e Congo, por F. A. Pinto, 1888 / Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, 1952 (ed. estimada por A. Casais Monteiro) / A Ilustre Casa de Ramires, de Eça de Queiroz, 1900 / Relação das Exeqvias d'El Rey Dom Filipe, ..., 1600 (raro) / Revista Contemporânea de Portugal e Brasil, 1859-1863, V vols / Lendas dos Vegetaes, por Eduardo Sequeira, 1892 (raro) / Real Confeiteiro português e brasileiro, de Sophia de Sousa, 1904 / Terra Portuguesa. Revista de arqueologia, 1916-1927, V vols [dir. Vergilio Correia] / Historia das Plantas da Europa, e das mais usadas que vem de Ásia, de África, & da América, ..., por João Vigier, 1718, II vols ["a mais antiga obra portuguesa sobre botânica", rara] / Arquivo do Conselheiro Luís Manuel de Moura Cabral [1763-1846]

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

JOAO ANTUNES - NOTAS E BIBLIOGRAFIA



O dr. João Antunes - Notas e Bibliografia

O dr. João Antunes, como foi dito, escreveu com rara inteligência, um conjunto apreciável de artigos (em revistas) e livros, sobre "conhecimentos que pela sua natureza se não devem vulgarizar". Trata-se, evidentemente, de temas ligados ao ocultismo (na sua versão primitiva, via Papus), cabalismo, esoterismo, teosofia, martinismo, teurgia, templarismo, maçonaria, carbonarismo, etc. Mas foi, particularmente, um grande mentor do pensamento teosófico, quando este estava ainda (por cá) no seu começo, tendo sido um dos fundadores (e primeiro presidente: até 1924?) da Sociedade Teosófica de Portugal [STP], nascida em 1921 [juntamente com Silva Júnior (secretário-geral e presidente a partir de 1924?), Oscar Garção, Berta Garção, Francisco Esteves da Fonseca, Artur Nascimento Nunes, Domingos Costa, Maria O'Neill].

João Antunes conhece, estuda e divulga os grandes iniciados, de Hermes Trismegisto aos pitagóricos e mestres gnósticos, passando por Besant, Elifas Levi, Blavatsky, Guaita, Leadbeater, Peladan, Huissmans, G. Encausse (ou Papus, grão-mestre martinista), Saint-Martin, recorre até a Filon, Dante, Leonardo, Goethe. Conhece, portanto, a melhor (e, surpreendentemente, também a mais restrita) da bibliografia iniciática do seu tempo. Ao mesmo tempo convoca para as "ciências malditas" alguns autores ou adeptos lusos, incorporando-os na tradição iniciática portuguesa. Refira-se aos trabalhos feitos (ou às notas expostas) sobre Gil Eanes (ou Rodrigues) de Valadares, Colombo (vários artigos), Camões, D. Francisco Manuel de Melo, Pascoal Martins (ou Martinez de Pasqualys, reorg. do cabalismo maçónico), Padre António Vieira, Visconde Figanière e Morão [um dos primeiros membros da S. Teosófica de Blavatsky e pouco estudado por cá], Leonardo Coimbra, José Teixeira Rego, Ângelo Jorge (da O. Martinista), Sampaio Bruno, Alphum Sair (pseud. de um sócio do Instituto de Coimbra).

Alguma Bibliografia: As origens historicas do Christianismo e o racionalismo contemporâneo, s.d. / O Hipnotismo e a Sugestão, 1912 / Hipnologia Transcendental, 1913 / Oedipus: As Sciencias Malditas, 1914 / O Espiritismo, 1914 / A Teosofia: estudo da filosofia sincrotista, 1915 / A História e a Filosofia do Hermetismo, 1917 / A Maçonaria Iniciática, 1918 / O Livro que mata a morte [de Mário Roso de Luna, em versão port. de J. A.], Ed. Isis, 1921 / O Ocultismo e a Sciencia Contemporânea, 1922

e colabora (sendo director) na revista Isis [Revista de Questões Teosoficas e de Sciencias Espiritualistas, pertencente à Sociedade Teosofica de Portugal [1921-1922] e, do mesmo modo, na revista Eleusis [Revista Mensal Ilustrada de Cultura Filosófica – Janeiro 1927 a Março 1928, ed. da Livraria Clássica Editora].

Para terminar, e a fazer fé no que nos é dito (julgamos) pela pena de João Antunes, arquivamos o seguinte: "Está em organização a Sociedade Ocultista Portuguesa, filiada na Ordem Martinista" [in Eleusis, Maio de 1927]. Bem curioso. Fiquemos por aqui.

COLECÇÃO TEOSÓFICA E ESOTÉRICA


Colecção Teosófica e Esotérica da Livraria Clássica Editora

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

JOÃO ANTUNES [N. 10 FEVEREIRO 1885]

 

Dr. João Antunes [n. 10 Fevereiro de 1885-1956]
 
No passado dia 10 de Fevereiro, há 122 anos, nascia o dr. João Antunes, uma figura, hoje, estranhamente esquecida. Porém, foi relevante o seu trabalho (em Portugal) sobre a temática da tradição iniciática, do neo-espiritualismo, da filosofia hermética, teosofia e maçonaria, no começo do século XX. Espanta, de facto, que a copiosa obra (escrita) de João Antunes, publicada entre 1914 e 1928 (pelo que conhecemos), bem como a organização e direcção, que lhe cabe, da prestigiada Colecção Teosófica e Esotérica, ou Biblioteca do Teosofista - publicada pela Livraria Clássica Editora, de A. M. Teixeira & C.ª (Filhos), situada na Praça dos Restauradores, em Lisboa -, seja hoje misteriosamente sonegada. A tribo ligada ao debate ocultista, tão célere na propaganda e no devaneio de excêntricas figuras que nada acrescentam à trama espiritual da Lusitânia ou ao trabalho iniciático luso, resta um túmulo.

Compreende-se! Afinal uma boa parte do trabalho que dizem ter feito, saído (asseguram) inteiramente das suas cabecinhas pensadoras, provém, afinal, das profusas notas e reflexões de João Antunes. Porque não se crê que o que quer tenha ocorrido ao longo do seu percurso profano, possa, por si só, não merecer a estima dos trabalhos que nos legou e, em parte, explicar o silêncio de agora.
O dr. João Antunes é pouco referenciado e citado. Existe uma pequena biografia na Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura (Verbo), saída da pena de Banha de Andrade. É dito aí que nasceu em Lisboa, a 10 de Fevereiro de 1885, e faleceu a 9 de Junho de 1956. Lê-se: "Cedo se dedicou ao estudo das denominadas ciências ocultas, sobre que escreveu várias obras na colecção 'Psicologia Experimental'. De 1921 a 1924 dirigiu em Lisboa a Isis, revista de questões teosóficas e de ciências espirituais, e a revista Eleusis (Lx., 1927 a 1928). Tendo abandonado o exercício das ordens sacra, não é difícil concluir das suas publicações".

Ora, curiosamente, a colecção que João Antunes dirigia, Colecção Teosófica e Esotérica, foi na sua grande parte objecto de tradução pelo vate Fernando Pessoa (que assinou, segundo alguns, sob o nome de Fernando Castro e, ainda, de M.C.). Trata-se de, pelo menos, de 10 obras, e entre as mais conhecidas temos: a tradução do Compêndio de Teosofia, de Leadbeater; os Auxiliares Invisíveis, a Clarividência, do mesmo Leadbeater; os Ideaes da Teosofia, de Annie Besant; um curioso livro (1916), que é o nº VIII da Colecção, 'Luz sobre o caminho e karma', atribuído a M.C. (?), e com tradução de Pessoa; outro (ainda enigmático) intitulado 'A Voz do Silêncio: e outros fragmentos do Livro dos Preceitos Aureos', nº V da colecção, com tradução (para o inglês) e anotado por H.P.B., e versão portuguesa de F. Pessoa. É, ainda, possível que a tradução ao livro de Besant, 'No Recinto Externo' (1917, nº 9 colecção) e a de 'Cartas de Outro Mundo' (1926, nº X colecção), ambas traduzidas por Ellen Thorn Machado (?), sejam do próprio Pessoa. Quer dizer que, a maioria das obras saídas na colecção referida têm a participação de Pessoa, que, como se presume, conheceria bem o dr. João Antunes. Aliás as referências em F. Pessoa ao Martinismo, podem-se explicar pelo profundo conhecimento que João Antunes tinha, como estudioso ou, mesmo como alguns asseguram, como iniciado. Idem para as questões relacionadas com a Maçonaria e a Ordem dos Templários, que como se sabe é recorrente em Pessoa.

[a continuar]

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

DIZEM QUE ...


" ... o fim deste eftabelecimento he o de animar as Letras, e levantar huma impreffão util ao público pelas fuas producções, e digna da Capital deftes Reinos" [Alvará Régio de 24 de Dezembro de 1768]

"Soneto garantido por dois anos / E é muito já, leitor que mos compraste / para encontrar a alma que trocaste / por rádio, frigoríficos, enganos ... // Essa tristeza sobre pernas faz-te temeroso e cruel e tonto e traste. / Nem pior nem melhor que outros fulanos, / não vês a Bomba e crês nos marcianos ..." [de mestre O'Neill]

"Dizem que me Junqueiro, que me tolentino
a até que me Paulino,
que tenho tudo e todos no ouvido
e não sou nada original
" [Alexandre O'Neill]


“"Fomos um para o outro todo um mobiliário ritualmente manejado e algumas vezes a missa foi recíproca muito embora não chegássemos a entrar nesse ar maravilhosamente rarefeito que é o próprio dos grande amantes e que fez subir o quarto onde eles têm a vida por um fio por um mesmo fio para fora de qualquer murmúrio que da vida corrente teime em vir" [ainda ... O'Neill]

"Há a mulher que me ama e eu não amo.
Há as mulheres que me acamam e eu acamo.
Há a mulher que eu amo e não me ama nem acama.
...
Upa garupa na mulher que me acama,
que a outra é contigo, coração que bem queres
sofrer pelas mulheres ...
" [de novo O'Neill]


Boa noite!

domingo, 11 de fevereiro de 2007


O referendo ao aborto

"O pátio está cheio de gente clamorosa" [M.V.C.]

Não tagarelámos aqui sobre o aborto. Não porque nos fosse indiferente, mas sim porque a cacofonia e a lamúria que se assistiu era pouco saudável. Os putativos heróis "defensores" das mulheres, um grupo de toleirões castos juntos com melífluas mulheres e outros tantos aparelhados ao delicioso raminho liberal - agora em trabalho de parto aos valores edificantes do Estado -, produziram uma escanifrada discursata, grosseira por vezes e hipócrita sempre, que não aturamos. A sabatina atingiu, por vezes, apetites vorazes. As sentenças condenatórias do abominável César das Neves, a avinagrada opinião de Laurinda Alves, os exorcismos cristãos do imortal prof. Arroja, do dr. Bagão Félix ou a ladainha descomunal de Assunção Cristas ou Graça Franco, todos urrando em estilo vergonhoso e arrogante, se bem que esclarecedor, são de enorme cansaço intelectual. Se não fosse a tragédia do aborto clandestino, que esses requintados histéricos irresponsavelmente defendem, seria um pastiche curioso. Mas o modo como a pragmática (reaccionária) foi assumida - de tão verbosa foi - e as bafientas argumentações então surgidas, vindas do raminho perseguidor de mulheres, impressiona negativamente. Por isso mesmo - e pelo que se sabe nas sondagens eleitorais - o eleitorado deu-lhes a devida resposta. A tolerância tem sempre limites. E mesmo que o flagelo do aborto clandestino não acabe de vez (nunca será possível) ou mesmo que se pressinta dúvidas (absolutamente fundadas) nas capacidades do dr. Correia Campos para a missão, pode-se dizer que a cidadania está, momentaneamente, de regresso. Ainda bem.

EM PORTUGAL


"Na mediania é que está a sensaboria, já lá (não) diz o provérbio. Em Portugal nada dura mais que quinze dias, quinze dias que podem ser muitos anos, claro. Como não temos vida colectiva intensa e não vivemos problemas comuns, os casos (excepção feita ao do Eusébio), como sucede noutros países, habituamo-nos muito depressa (e aborrecemo-nos) ao que é novo, diferente, Daí o nosso cepticismo de raiz e a estranha capacidade (?) de banalizarmos tudo. É que o novo não tem em nós consequências. È apenas vidrinho, uma missanga de cor diferente. O que nós queremos é que nos façam ó-ó"

[Alexandre O'Neill, in Alexandre O'Neill Uma Biografia Literária, de Maria Antónia Oliveira, 2007]

O Ministério da Educação

"Mais do que o TLEBS ser bem ou mal em si, o que importa é quem tentou implementar isso. Se o Ministério da Educação fosse um lugar credível para os professores, estes, os principais envolvidos em todo o processo, seriam capazes de dialogar e de intervir de modo a que se modificasse muita aresta mais incómoda. Os professores não precisam de interventores culturais a falarem por eles. São gente, na sua maioria, informada, dedicada e habituada ao diálogo transformador. O problema está em que desacreditaram de tudo o que possa vir de um ministério que os apoucou, aviltou e desautorizou. Um ministério que elegeu como inimigo a abater, diga o que disser na sua demagogia, aqueles a quem devia servir. Sobre este assunto já o Padre António Vieira se pronunciou, como talvez nos ministérios se não saiba.

Quotidianamente, a escola serve ao ministério para abater a autonomia do professor: nos horários em que o rouba, nas avaliações em que o conspurca, nas portarias em que o desumaniza. Perante esta situação de abate sistemático, esta via de desprezo pela vontade continua de aprendizagem e actualização, mesmo sem ter apoios económicos de lado nenhum, a que o professor geralmente gosta de se dedicar, esta espoliação do tempo para pensar e informar-se e ler e ir ao teatro e ao cinema e às exposições onde o melhor de si pode apreender o melhor dos outros, esta transformação do professor de educador e amigo dos seus alunos em criado de servir e bode expiatório do inevitável insucesso escolar: como há-de alguém querer interessar-se por qualquer proposta que surja de um declarado inimigo assim? TLEBS e outras situações existentes não perderam por causa das opiniões abalizadas que as atacam - e que eu estou longe de discutir aqui, tanto mais que em muitos casos concordo com essas opiniões. Perderam porque ninguém respeita nem pode respeitar um ministério como este que lhes caiu em sorte"

[Joaquim Manuel Magalhães, in Algumas Palavras, Expresso-Actual, 9/02/2007]

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007


Se queres ser bom juiz ...

"Se queres ser bom juiz,
ouve o que cada um diz.

Jamais ouças, entretanto
qualquer Espírito-Santo
dos tais chamados de orelha!
Mal te induz e te aconselha,
mantém-te surdo aos zumbidos
dos zângãos intrometidos
...
Juiz de facto ou de direito
nunca olvide este preceito
que a prudência lhe prescreve:
- Qual mulher de César, deve,
a-de-mais de honesto ser,
não deixar de o parecer
no que faz, ou diz, ou escreve"

[Alfredo da Cunha, Ditames e Ditérios. Glosas em verso de ditados ou dizeres comuns, Lisboa, 1930]

Catálogo LVII da Livraria Moreira da Costa

Saiu o Catálogo LVI da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30 - Porto). Peças esgotadas, algumas raras. Pode ser consultado on line.

Algumas referências: História da Literatura Portugueza. Sá de Miranda e A Eschola Italiana, por Theofilo Braga, 1896 / O Comercio do Porto ao completar 70 Anos. Notas para a sua história, por Bento Carqueja, 1924 / Cartas de Afonso de Albuquerque, ..., TomoI a VI, 1884-1915 / Perfil do Marquês de Pombal, de Camilo Castelo Branco, 1882 / O Vinho de Porto processo d'uma bestialidade ingleza, por C. C. Branco, Porto, 1884 / A Gíria dos Estudantes de Coimbra, de Amílcar Ferreira de Castro, FLUC, 1947 / III Congresso Pedagógico do Ensino Secundário Oficial. Realizado em Braga (9-12 Jun. 1929), 1930 / Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, de Natália Correia, Afrodite, Maia, 1981 / Revolução do Porto (31 de Janeiro 1891). Discurso de defeza pelo advogado José Alberto de Sousa Couto perante o Segundo Conselho de Guerra, 1891 / Anais, Crónicas e Memorias Avulsas de Santa Cruz de Coimbra, por António Cruz, 1968 / Decretos de 29 de Novembro de 1836 e 13 de Janeiro de 1837 que ... Reforma Judiciária, 1837 / Estatutos da Universidade de Coimbra Confirmados por el Rey ..., 1654 (raro) / O Sargento-Mor de Vilar (Episódios da Invasão dos Franceses em 1809), de Arnaldo Gama, 1863, II vols / Guia de Portugal, 1938-88, VIII vols / Jornal da Associação Industrial Portuense, II tomos, nº1 (15 Ag. 1852) ao nº 24 (15 Jul. 1854), LVIII numrs / A Nossa Casa, de Raul Lino, 1919 (2ªed.) / O Livro Azul ou Correspondência Relativa aos Negócios de Portugal traduzida do Inglez [trad. de Eduardo de Faria], 1847 / As Ideias Liberaes ultimo refugio dos inimigos da Religião e do Throno, por Joaquim José Pedro Lopes, 1823 (2ª ed.) / Conjunto importante de Miscelâneas (a ver) / A Patuleia. Catalogo dos documentos manuscritos que pertenceram a José da Silva Passos e ..., 1909 / Esclavage et Liberte ..., de Alph Ride, Paris, 1843, II vols (raro) / O Meu Adeus, por Afonso Lopes Vieira, 1900

domingo, 4 de fevereiro de 2007


Notas sobre o Colóquio: A Revolução de Fevereiro de 1927 contra a ditadura

Está já, no Almanaque Republicano, um breve resumo das comunicações apresentadas no Colóquio "A Revolução de Fevereiro de 1927 contra a ditadura: oitenta anos depois", realizado no passado dia 2, do corrente mês, em Coimbra. Nestes tempos em que a imprensa de "referência" tem copiosos fait-divers para elucidar os indígenas, pelo que está sempre ausente destes e outros eventos, eis um útil serviço público. A ler, aqui.

A semana que passou

... não tributámos a devida homenagem ao sr. Manuel Pinho & à sua "dissonância cognitiva". Não se cumpriu, portanto, os votos ardentes de alguns neófitos ledores. Estes, decerto com olhares errantes do muito viajar, tinham-nos honrado com a instrução privada de graciosas missivas. O sr. Pinho tem um grupo maravilhoso de anjos. E, porque andam folgados, buscando o prémio da reverência & o emprego do reyno, não nos desamparam a loja. Perfeito! São excelentes correios e para todo o serviço. Mas como se notou, a nossa escrita foi um túmulo. Na verdade, tulit alter honores. Apropriadamente, preferimos sorrir com os panfletos do comissário Fernando Madrinha e as pérolas do infalível Daniel Amaral, no Expresso do dr. Balsemão. São, um tudo ou nada, mais licenciosos. E, por demais, inqualificáveis.

Podem, assim, os nossos zeladores sócraticos acalmar a fúria e despachar o unigénito da economia para a ociosidade da Horta Seca. E, caros guardiães, descansai, e olhem que até o mestre Aquilino Ribeiro já dizia:"meu santo, é impossível despachar como requer". Até breve! Santa noite.

Leilão de Livros - 5, 6 e 7 Fevereiro 2007

Sob direcção de José Manuel Rodrigues (Largo do Calhariz, 14, Lisboa) vai-se realizar um leilão de "uma valiosa Biblioteca composta de livros e manuscritos postais e ex-libris, com destaque para a literatura clássica e modernista, historia de Portugal, dos Descobrimentos e do Brasil, Guerras Liberais, arte, Arquitectura, Religião, Filosofia, Judaica, Estrangeiros sobre Portugal, Viagens, África e Oriente, etc."

O Leilão realiza-se nos próximos dias 5, 6 e 7 de Fevereiro - na Casa da Imprensa, Rua da Horta Seca, nº 20, Lisboa, pelas 21 horas. A não perder.

Algumas referências 1º dia: Al Berto [ed. raras] / Álbum com 20 Diapositivos, "representando um compacto dos filmes de Jean Renoir, entre 1924-39" / Almanaques [de vários anos] / Il Castello di Pavone, por Rui d'Andrade, 1957 / Antologia do Humor Português, Afrodite, 1969 / Gralha Despavonada, de Joaquim de Araújo / Archivo Histórico Portuguez, 1903-1916, XI vols / Arte e Arqueologia, 1930-33, V vols / A Liturgia de Sangue, J.C. Ary dos Santos, 1963 / A Batalha. Suplemento Literário e Ilustrado, Ano I (3 Dez. 1923) ao Ano II (1924) [colab. Ferreira de Castro Raul Brandão, Stuart] / Augustina Bessa Luís [15 títulos] / Bocage [import. Miscelânea] / A Paródia, de Rafael Bordalo Pinheiro et al [1ª série completa] / António Botto [4 peças] / Sketches of the Country, Character and Costume in Portugal, ..., de William Bradforf, 1809 / João Cabral do Nascimento [5 livros] / Luiz de Camões [conjunto apreciável de obras] / Ensaio Bibliographico, por Ernesto do Canto, 1888 [catalogo raro sobre liberalismo-absolutismo] / Capricórnio. Rev. cultura moçambicana, 1958 / Cardoso Pires [10 peças] / Mário Cesariny [8 obras] / O Chaveco Liberal, red. José Ferreira Borges, Almeida Garrett e Midosi, 1829, XI numrs / Ruy Cinatti [7 obras] / O Criacionismo, de Leonardo Coimbra, 1912 / Natália Correia [14 livros, muito estimados] / Os Descobrimentos Portugueses, de Jaime Cortesão, II vols / D. Manuel II [sep. do Correio da Manhã, 1922] / Évora Encantadora, de Celestino David, 1923 / Discursos dos Ilustres Deputados Republicanos, 1906 / Eça de Queiroz [7 peças].

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007


O Cão de Parar - Actualização

A tradição cinegética navega prudente, sensata e sem fadiga, entre falcoaria, cetraria & montaria, em torno do "cão de parar”" ou do nosso "perdigueiro" de estimação. Estamos de visu et auditu em autores sagrados e na copiosa bibliografia existente. Temos para iluminar

Jehan de Franchières, num clássico de falcoaria; a raríssima obra federiciana, a Arte de Cetreria de Federico II, do século XIII; a maior referência na literatura cinegética, o livro de Gaston Phoebus [1331-1391], o conhecido "Livre de Chasse"; o registo da rara obra Hawking Or Faulconry (sec. XVII); um curioso catálogo (on line) ditto "A Catalogue of Books Ancient & Modern Relating to Falconry. With Notes, Glossary, and Vocabulary"; ainda on line, e para download, a estimada obra "A Caça no Brasil"; um registo, notas e bibliografia sobre o notável e incontornável trabalho de G. de Marolles, "Chiens de Faucon Chiens d'Oysel Chiens d'Arrêt"; e o raríssimo incunábulo, "Le Liure // De la chasse du grant seneschal de // Normendie. Et les ditz du bon // chien soulliart : qui fut au roy loys // de France", de Jacques de Brézé.

Boas leituras

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007


Almanaque Republicano - Actualização

"o tempo é um robusto deus castanho, taciturno, selvagem e intratável" [Eliot]

Eis de novo no Almanaque Republicano, as instruções, a bibliografia e o testemunho sobre a grande Alma Portuguesa. Blog em fascículos profanos, de merecida estimação, oferecido à blogosfera lusa por dous cavalheiros livres & devotos da saudade, ruma cada vez mais luminoso sob a égide do Arcanjo de Portugal, promovendo antiquíssimos cantares, velhas preces e clamores espirituais eternos.

Na pedra temos:

foto de Benoliel do assalto ao jornal A Nação a 21 de Outubro de 1913; biografia de José Félix Henriques Nogueira; o assinalar do falecimento do historiador A. H. de Oliveira Marques; uma curiosa foto de um grupo de republicanos da Figueira da Foz, lendo o jornal O Mundo; a evocação da data de nascimento de Gomes Freire de Andrade [1757-1817], com referências sobre a maçonaria e uma bibliografia sobre o homenageado; foto da chegada de Bernardino Machado, regressado da viagem oficial das comemorações do 31 de Janeiro, na cidade do Porto, em Fevereiro de 1916; um extenso e interessante post sobre a memória histórica da revolta do 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto; a reprodução de um edital do Governo Civil do Porto, no dia 31 de Janeiro de 1891; um contributo importante para a leitura do 31 de Janeiro de 1891, intitulado "Subsídios para uma Bibliografia do 31 de Janeiro de 1891"; reprodução do cartaz comemorativo do 65º Aniversário do 31 de Janeiro de 1891, na cidade de Aveiro; extracto da análise publicada n'O Povo de Aveiro, no dia 8 de Fevereiro, desse ano, sobre os acontecimentos da revolta do Porto; "reprodução parcial da primeira página de O Seculo de 13 de Fevereiro de 1881, com o manifesto do Centro Eleitoral Republicano do Porto"; aviso do Colóquio: A Revolução de Fevereiro de 1927 contra a ditadura, a realizar amanhã, em Coimbra.

A ler e consultar o Almanaque Republicano. Sempre ao V. dispor!

Saúde e fraternidade.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007


In-Libris - Catálogo de Fevereiro 2007

Invulgar Catálogo da In-Libris (Porto), com um conjunto estimado de várias obras (raras) de António Pedro, António Ramos Rosa, Herberto Helder, Jorge de Sena, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Miguel Torga, Natália Correia, Vitorino Nemésio, entre muitas outras peças. Um Catálogo excelente para bibliófilos e amadores de livros.

A consultar on line.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007


Anúncio completamente grátis

V. Excia quer passar clandestino entre as vexantes e humilhantes portagens, com que o Governo e o senhor Ruas da ANMP presumem salvar as almas motorizadas dos indígenas, não pagando o dízimo a um qualquer mefistofélico Carmona? V. Excia têm horror à bicicleta que lhe faz lembrar a figura robusta de Macário Correia ou a graça campestre de um ambientalista obediente? V. Excia tem espírito varonil & calçado corrido de um tal Manuel Pinho e suspira, há muito, pelo seu cross-country pela paróquia, sem a BT à ilharga? V. Excia fantasia, em cuidada ordem & disciplina cristã, com o jaguar de Paulo Portas e quer ser chauffeur liberal, fazendo inveja ao seu vizinho? E V. Excia, minha cara leitora, não cuida alcançar seios hirtos, esféricos e firmes recostando-se à canalha num qualquer albergue da Carris ou carruagem do Metro, mesmo que a irreverência seja muita?

... então apronte-se. Está já em preparação o magnífico automóvel Studebaker, série 1924. Numa vila ou cidade perto de si. Para sujeitos decentes. Como nós e vós!

Hoje ... estivemos assim!

"Não tive nunca nada a ver com as
guitarras dos estudantes: eu vivia
num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos das

pessoas de regresso a suas casas
fazia compras na mercearia
e algum livro mais forte que então lia
já era para mim como um par d'asas

amigos vinham ver-me que eu servia
de ponche ou de Madeira malvasia
para soltar as línguas livremente

um que bramava um outro que dormia
eu abria a janela e só dizia
ao menos estas ruas têm gente"

[Fernando Assis Pacheco, in Louvor do Bairro dos Olivais]

sábado, 27 de janeiro de 2007

Entrevista profana ao ... Miniscente

Mestre Luís Carmelo, na sua bondade de resgate opinativo sobre alguns aspectos conceptuais da blogosfera (coisa de mystério a neófitos), solicitou a este estabelecimento, que cuida de cativos instruídos & imprime letras carinhosas, a devassa de um inquérito. O desejo do Mestre, cumpre-se. É, pois, com ventura sorridente, que aqui partilhamos, à nossa ilustrada clientela, tão elevada missão. Graças! Luís Carmelo.

E, com a devida vénia ao editor, e para espargir os nossos paroquianos, deixamos um pequeno testemunho sobre tão delicado assunto [... a blogosfera]:

«A blogosfera é um dos poucos divertimentos intelectuais, que nos resta, contra o tédio. Palavra com 10 letras, de muita circulação em cafés, alcovas partidárias e oficinas de jornais, é a "máquina desejante" [chez Guattari] pós-moderna que mais aparenta viver. Não sabemos se é da crise de paradigma que nasce o ofício ou se, pelo contrário, é pela blogalização que se vai domesticar a crise. O certo é que esta epidemia do bloganço ainda está pouco vigiada, regulamentada ou admoestada, segundo rezam autorizados comentadores lusos. Assim, mui incivilizada contra o enfado, a blogosfera indígena é daquelas que mais aprontam "o grande espectáculo do desastre, o incêndio, a decomposição" [Tzara] da fazenda pública. Daí que os psiquiatras andem falidos, pois a blogofilia é "ainda menos aborrecido do que divertirmo-nos" [Baudelaire].
Alguns exegetas (nós, evidentemente) falam da blogosfera como uma sociedade invisível, à maneira de Daniel Innerarity, em que se assume uma nova relação entre espaço e sociedade, com movimentos e produção social própria, de "dimensão silenciosa" e fora do controlo do poder do Estado. Esta movediça desterritorialização, de transgressão global e em rede, marca uma nova discursividade, inscreve a vertigem da dissidência, sendo portanto a transformação mais radical dos nossos dias. E é sinal, pois, de uma "outra globalização": o investimento do desejo. Basta, por isso»

[ler todo o Inquérito, aqui mesmo]
Fotografia: um raminho de Ministros

"Eis, enfim, a definição da imagem, de toda a imagem: a imagem é isso de que estou excluído" [Barthes]

Entre a confidência, o detalhe & a distribuição anatómica dos corpos (e rostos) na imagem do raminho de ministros (ali ao lado), há um código "natural", uma "cena" reunida de puro convite à conversão do leitor. Acolá, os olhares ministeriais interrogam-se e perturba-nos a impudência observada. Os sorrisos enigmáticos, muito bem improvisados, não deixam de ser tumultos moralizadores a qualquer rebelião indígena. A uma harmonia assim, o nosso remorso é uma simples minúcia. Sob os auspícios do Expresso, tão piedosa felicidade fotogénica é uma conspiração. Uma vingança.

Barthes fala-nos da fotografia como "um elipse da linguagem e uma condensação de todo um inefável social", isto é, a fotografia constituiria uma "arma anti-intelectual, com tendência a escamotear a política em benefício de uma 'maneira de ser', de um estatuto sócio-moral". Nada de mais exacto. A máscara ociosa de Manuel Pinho é uma pura deserção ao gélido rigor da fé económica, sendo um castigo a todos nós; a pose divertida de Lurdes Rodrigues revela uma transgressão inolvidável, uma falha na senhorial crispação com que todos os dias nos visita; Pires de Lima apresenta a fortuna da posição ousada e, confesse-se, uns lábios prometedores, logo utile dulci. O espelho deformador da imagem do raminho de ministros aí está, radiante de fulgor. A pátria agradece. Desolados e privados de fé jubilosa, vamos também de folia. A noite promete!