Neno Vasco [n. 9 Maio 1878-1920]Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos, aliás
Neno Vasco, nasceu em
Penafiel, a 9-5-1878. Seguiu para o
Brasil (
S. Paulo) aos 8 ou 9 anos de idade, em companhia do pai e madrasta, tendo regressado de novo a
Portugal, para casa dos avós paternos (
Amarante). Aí acabou o liceu, tendo-se matriculado depois na Faculdade de
Direito, onde "teve como companheiro e amigo íntimo o inspirado poeta
Teixeira de Pacoaes" (foi amigo de
Faria de Vasconcelos e de
António Resende), tornando-se bacharel em 1901.
Em 2 de Março de 1901 subscrevia, em
Coimbra, um folheto -
A Academia de Coimbra ao Povo Portuguez - onde se reclamava contra as arbitrariedades da polícia. Neste mesmo ano começou a sua colaboração no jornal
O Mundo, jornal republicano que se publicava em
Lisboa, sob a direcção de
Mayer Garção. Parte em seguida para o
Brasil (fins de 1901) e, em contacto com anarquistas italianos toma conhecimento profundo da obra de
Henrique Malatesta, que o influencia profundamente e com quem se corresponde. As suas ideias, "concepções" e "prelecções" literárias são modificadas a partir daí. Disso é sinal, quer o que diz sobre o livro
Catedral (de
Manuel Ribeiro) quer o que refere (na
Sementeira) sobre literatura, revolucionários e literatos, a propósito da morte de
Octávio Mirbeau.
Assim, durante a sua permanência no
Brasil [casou com
Mercedes Moscovo, em 1905, filha de emigrantes espanhóis e de família de raízes anarquistas] desenvolveu uma intensa actividade de propaganda, fez escola e deixou muitos seguidores do seu ideal. Edita em
S. Paulo [com
Benjamim Mota,
Oreste Ristori,
Giulio Sorelli,
Tobia Boni,
Ângelo Bandoni,
Gigi Damiani, etc], em 1902, o
Amigo do Povo [de 1902 a 1904, nº 62], que teve na sua génese alguns dos principais intervenientes do movimento anarquista brasileiro, bem como um conjunto apreciável de
mulheres que tomam em reflexão a questão da "emancipação" feminina [refira-se a intervenção de
Neno Vasco na refutação da tese de
Emílio Zola acerca da fecundidade]. Em 1905, ainda em
S. Paulo, edita o periódico
A Terra Livre com
Edgard Leuenroth,
Moscoso e outros [nº1, 1905 até 8 de Junho 1907; depois reaparece no
Rio de Janeiro, até Julho de 1908, passando novamente a
S. Paulo até Maio de 1910].
[Nota: no Brasil militaram, à época e logo depois, vários anarquistas de origem portuguesa: Adelino Tavares de Pinho (comerciante do Porto e prof. da Escola Moderna no Brasil), Marques da Costa (do jornal O Trabalho), Manuel Cunha, Diamantino Augusto, Amílcar dos Santos, Raul Pereira dos Santos, José Romero, etc] Após a proclamação da
República em 1910,
Neno Vasco regressa a
Portugal [algumas ref. dizem que foi expulso do Brasil]. Em 1911, mais concretamente, a 11, 12 e 13 de Novembro de 1911 realizou-se o
1º Congresso Anarquista Português, em que participa. Em 1912, com
Lima da Costa, lança a colecção '
A Brochura Social' (edita-se 2 obras), participa em diversos encontros anarquistas (
Conferência Anarquista de Lisboa, 1914), publica no semanário de
Pinto Quartin,
Terra Livre, o folheto "
Geórgias: ao trabalhador rural", colabora nos cursos dados aos Jovens das
Juventudes Sindicalistas, nos cursos d'
O Germinal, desentende-se com
Emídio Costa (em 1914, por motivos de estratégia face à guerra), foi amigo de muitos que militaram no movimento anarquista português.
Morre, de tuberculose, a 15 de Setembro de 1920, em
S. Romão de Coronado (Trofa), pobre e anarquista. Refira-se que na «cidade de
Nova Iguaçú, Estado do Rio de Janeiro, existe desde 1976 um edifício com o nome '
Pr. Neno Vasco'»
[
continua]