Papéis & Arrumações
[Quando os lentes contavam historias fora da matéria da lição...]
"Falámos dos escolares da Universidade [Coimbra]. Hoje vamos nos referir aos professores. Ligeiramente, porque nem temos espaço nem cabedal para focar e desenvolver os mil conflitos que entre lentes se suscitaram e puzeram a Universidade em alvoroço, mormente na luta travada para provimento das cadeiras, em que a votação levava dias e os subornos eram coisa certa (...)
Vamos, acidentalmente, por curiosidade, trazer para aqui um episodio das desavenças que certamente vinham de Lisboa, pois a Universidade estava de novo e definitivamente instalada em Coimbra havia pouco tempo.
Basta, para tanto, ler o alvará régio a seguir transcrito, para se ficar a conhecer o processo usado pelos lentes para ferirem publicamente o adversário:
Eu El Rei faço saber a vós reverendo bispo Reitor dos estudos e universidade da cidade de Coimbra e aos reitores que ao diante pelos tempos forem, que porquanto às vezes acontece os lentes nas suas lições que lêem e nos autos públicos que se fazem, dizerem palavras de que os outros lentes ou letrados que nos ditos autos estão presentes, recebem escândalo, e assim os ditos lentes nas lições que lêem se põem a contar historias for a da matéria da lição em que gastam o tempo sem proveito, hei por bem que o lente que cada uma das coisas fizer, por cada vez perca o ordenado da lição daquele dia. E se for em outro auto também perca o ordenado da lição de um dia.
Notifico-vo-lo e mando que mandeis ao bedel que lhe aponte as ditas perdas dos ditos ordenados, as quais lhe serão descontadas de seus ordenados.
E este alvará mando que se cumpra e valha como carta, e será notificado no Conselho e da notificação se fará assento nas costas deste. Jorge Roiz o fez em Lisboa, a 23 de Setembro de 1538. E as ditas perdas lhe serão descontadas de seus ordenados sem remissão. Rei
Foi este o alará apresentado no Conselho em 9 de Outubro seguinte e dele tomaram conhecimento os lentes. Mas os seus termos terminantes, com a apostila de serem descontados as perdas «sem remissão», não causaram grande perturbação no cenáculo.
Continuaram a «contar-se histórias fora da matéria» e a proferirem se remoques aos colegas..."
[B. de C., jornal ? (Despertar ?), s.d. ?]
terça-feira, 18 de outubro de 2005
segunda-feira, 17 de outubro de 2005
O Hooligan Instruído do FCP
È singular o padecimento da alma futebolística no hoolingan ... perfeitamente instruído do FCP. Fala-se, como é evidente, do restaurador de jogos que, na sua crença profunda, revela os mais inebriantes prognósticos no pós-jogo ou estabelece máximas graves & extraviadas face à derrota sofrida. A paixão vilã do hoolingan é deliciosa. Como a paixão. Ou o mau perder. O jogo último do FCP contra o Benfica capricha de hipocrisia discursiva, bem à moda do mausoléu das Antas.
Incitado a comentar o desaire do FCP, o hoolingan instruído do futebol, torna-se refém dos mais variados artifícios explicativos. Ele é insultos académicos ao treinador (uma besta tacticamente), declarações requintadas à família dos jogadores, quando não se vira sentimentalmente contra o árbitro. No seu dramatismo mimoso o hoolingan é uma puta fina. Na análise protestatória, o despachado hoolingan é um cobarde intelectual. Nunca o adversário é melhor. Nem a direcção da sua agremiação alguma vez existiu. A cacofonia é sempre em relação aos jogadores e treinadores. Manias intelectuais, evidentemente.
Armado em campeão da província, o adepto do FCP recorre a tudo que seja ardiloso desde que o deixem continuar a prestar vassalagem ao compadre que habita, genialmente todos os dias santos, na Torre das Antas: Jorge N. Pinto da Costa. As inocentes ovelhas do Papa azul têm essa ternura saloia. Que se conservem assim devotos.
Deixando de fora a gentalha arruaceira azul e branca, meia dúzia de intelectuais amuados & uns tantos mais à beira de um ataque de nervos, atente-se nessa luminária do jornalismo desportivo, de nome Bruno Prata & funcionário do senhor Zé Manel Fernandes. É já um study case nacional. Para o colunista, em menos de 2 horas de futebol, a extraordinária equipa de futebol do FCP passou de bestial a simples besta, treinador incluído. A equipa com o "melhor meio-campo da Europa", desapareceu em viscosas partidas. Duas tristes horas de futebol, apenas, revelaram a máscula análise e a verborreia desse hoolingan do FCP. A escolta guerreira construída pelo vate Pinto da Costa para o futebol (em dois anos mais de 50 jogadores), mais os vários treinadores empolgantemente contratados, todos muito me(r)drosos, todos demasiado inúteis, nada dizem ao vendedor de equipas, Bruno Prata. Na sua lide doméstica jornaleira, Prata é somente um disparatado hoolingan. Para a análise do futebol do FCP, um só Manuel Serrão basta. Dois são demais.
Nelson Rodrigues, nos tempos idos de 1958, sobre a selecção brasileira caída em desgraça, dizia: "O problema do escrete não é mais futebol, nem de técnica, nem de táctica. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo". E teve razão (por uma vez). Ora tal é o problema do FCP: fé. Só que doutro modo. A fé, ali para os lados das Antas só nascerá quando a fé da invocação Pinto-Costista acabar. Porque, para messias & outros sujeitos sebásticos já tempos que sobra: o prof. Aníbal de Boliqueime. A nação não suporta um, quanto mais os dois.
sábado, 15 de outubro de 2005
[No Reino do Pacheco]
"... neste Reino de Pacheco
ó meus senhores que nos resta
senão ir aos maus costumes,
às redundâncias, bem-pensâncias,
com alfinetes e lumes,
fazer rebentar a besta,
pô-la de pernas prò ar?
Por isso, aqui, acolá
tudo pode acontecer,
que as ideias saem fora
da testa de cada qual
para que a vida não seja
só mentira, só mental..."
[Alexandre O'Neill, in Poesias Completas]
"... neste Reino de Pacheco
ó meus senhores que nos resta
senão ir aos maus costumes,
às redundâncias, bem-pensâncias,
com alfinetes e lumes,
fazer rebentar a besta,
pô-la de pernas prò ar?
Por isso, aqui, acolá
tudo pode acontecer,
que as ideias saem fora
da testa de cada qual
para que a vida não seja
só mentira, só mental..."
[Alexandre O'Neill, in Poesias Completas]
A Cavalaria Cavaquista
É com o coração sensível à modéstia da putativa campanha do sr. Aníbal de Boliqueime que a os venturosos cavaleiros do imaculado Cavaquistão, de tão boa memória pátria, se organizam nessa extraordinária recolha de money para promissora colheita presidencial do próximo ano. Com coração, alma e dinheiro, os humildes seguidores do prof. Cavaco tratam já dos fundos financeiros, que tão agrado foi noutros tempos entre a entourage do PSD, com a chancela desse inefável e curioso personagem, já lendário, Eduardo Catroga. Desconhecemos o que pensará o fabuloso Dias Loureiro desse mister. Estamos, de facto, chocados!
Ao que nos é referido, arrebatado de entusiasmo anda já o antigo secretário de Estado Adjunto do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do governo do dr. Aníbal, o proficiente José António Ponte Zeferino. Na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia de Santa Isabel, o mandatário financeiro do prof. Cavaco conserva aquela sagaz arte de transformar as rosas em dinheiro. Há regaços assim, valha-nos Santa Isabel. Nem o Dias Loureiro nos seus melhores tempos faria melhor.
Impressionados ficámos, porém, com o dizer do espargido economista Catroga: "Há quem se ofereça para colar cartazes, e mesmo quem se tenha disponibilizado para ser chauffeur". Compreendemos a alegria da agremiação laranja. Regressam em força, na hora de ofício divino. Mas parece-nos mal!
Na verdade, que a dedicação de Manuela Ferreira Leite à colagem de cartazes & outros artefactos de propaganda respeitável não estejam em causa, compreende-se. Que do alto da escadaria Cavaquista, espreite a figura magnificente de Marques Mendes, de trincha e cola aos ombros, não horroriza o espectáculo. Que Miguel Beleza faça serenatas às donzelas, em vez de ardentes e zelosas pichagens em muros liberais é-nos completamente indiferente. Que Ferreira do Amaral e o iluminado Couto dos Santos transportem, devotamente, a figura em papel do dr. Cavaco pelas ruas, não é estranho. Já os vimos noutros prodígios. E, mesmo que a garotada do CDS/PP, de orelha esquerda cortada, ande a coberto da noite transportando braço-a-braço cola e baldes, em virtude cristã, tal é absolutamente normal. Mas uma questão nos atormenta, pela sua imortalidade futura: quem vai de chauffeur? Tal sacrifício, que não se deseja a nenhum herege, tem a virtude de um mistério & a delicadeza de serviço público. Candidatos!?
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
Eugenio Montale [n. 12 Outubro 1896-1981]
"Não nos peças a fórmula que te possa abrir mundos,
e sim alguma sílaba torcida e seca como um ramo.
Hoje apenas podemos dizer-te
o que não somos, o que não queremos" [Eugenio Montale]
"Vou direto ao que interessa: numa época de palavras genéricas e abstratas, palavras boas para todos os usos, palavras que servem para não pensar e não dizer, uma peste da linguagem que transborda do público para o privado, Montale foi o poeta da exatidão, da escolha lexical motivada, da segurança terminológica visando capturar a unicidade da experiência. [...] Mas essa precisão para nos dizer o quê? Montale nos fala de um mundo turbilhonante, movido por um vento de destruição, sem um terreno sólido onde apoiar os pés, com o único recurso de uma moral individual à beira do abismo. É o mundo da Primeira e da Segunda Guerra Mundial; talvez também da Terceira" [ler aqui]
"Talvez certa manhã andando por um ar de vidro,
árido, voltando-me, veja acontecer assombrado:
o nada por cima dos meus ombros, e atrás de mim
o vazio, com um terror de embriagado.
Depois, como sobre um écran postar-se-ão lado a lado
árvores casas colinas para o costumado credo.
Mas será tarde demais; e eu escapar-me-ei calado
por entre os homens que não olham para trás, com o meu segredo"
[Eugenio Montale, in Poesia, 2004]
Locais: Eugenio Montale / Eugenio Montale (1896-1981) / Eugenio Montale - Biography / Eugenio Montale (The New York Review of Books) / Eugenio Montale (O Poema) / Eugenio Montale's speech at the Nobel Banquet, December 10, 1975 / Eugenio Montale / Eugenio Montale: La ruptura del mundo como representación / Eugenio Montale e a sua experiência humana / 5 poemas
Legião Portuguesa
"«Espírito de patriotismo e de sacrifício; fortalecimento do corpo e do espírito pelos exercícios militares; obediência aos chefes» - são no pensamento de Salazar, como vimos, as sínteses dos nossos deveres.
Anotemos hoje a última - «obediência aos chefes».
É a Legião um organismo pré-militar, constituindo uma hierarquia a milícia. Toda a organização, toda a hierarquia supõe uma ordem e consequentemente dirigentes e dirigidos. Há, portanto, chefes, chefes escolhidos por quem de direito, chefes que conquistaram os seus postos com espírito próprio. Todos eles ? dirigentes e dirigidos ? se irmanam no mesmo pensamento de servir uma causa e de a servir bem. Mas esta irmandade impõe à consciência mais fortemente um dever de obediência, porque só serve bem quem serve com disciplina ocupando o lugar que lhe foi marcado e cumprindo com zelo a ordem recebida (...)
Obedecer livremente, quere dizer, aceitar com liberdade o comando, não é diminuir a personalidade, é, ao contrário, eleva-la pondo-a ao serviço dos altos valores espirituais que dominam a nossa consciência. O Homem só é livre na medida em que escolhe. Depois tudo o prende, tudo o liga.
Prende-o a consciência impondo deveres; liga-o a Pátria pedindo-lhe a vida; prende-o a Família na obrigação duma assistência permanente e constante.
A liberdade absoluta é um mito (...)
O berço liga-o à família, o local onde nasceu e os pais que lhe devem o ser à Nação e assim o Homem fica logo com a tal liberdade limitada, quer dizer - sem liberdade absoluta.
A liberdade vem depois e consiste, como se disse, no direito de escolha.
O Homem pode escolher - servir interesses, paixões, ideias.
A sua personalidade diminui-se ou fortalece, consoante for feita a escolha. Nós escolhemos já - servir o bem comum da Nação expressa no nosso compromisso.
E, por isso, fortalecendo a nossa personalidade, obedecemos aos chefes que são os melhores, que são os guias (...)
Saber obedecer é virtude, porque exige qualidades de abnegação e de dedicação (...) Saibamos, pois servir, obedecendo aos chefes, porque assim - serviremos Portugal!"
[Clarim, in Boletim da legião Portuguesa, Março de 1945]
Curioso vai ser acompanhar o que se seguirá na sequência da noticia d'O Público [12/10/05] do "acesso público ao documento" denominado, já, "Lista da Legião Portuguesa", que como se sabe foi entregue à direcção da Torre do Tombo pela direcção do Grande Oriente Lusitano. A listagem dos agentes ou difusores das acções levados a cabo pela Legião Portuguesa - importante organismo de sustentação ideológica e para-militar do regime fascista em Portugal - colocada assim à disposição dos voyeuristas da política e pronto-a-servir à sociedade de espectáculo mediático, pode empregar muitos indigentes da política indígena, mais do ajudar investigadores ou historiadores. A ver vamos.
segunda-feira, 10 de outubro de 2005
A Movida Autárquica
"Que é o meu nada, comparado ao horror que vos espera" [Rimbaud]
Afinal a movida das autárquicas, pronto a pensar (local) dos indígenas e colunistas encartados, continua viva e pelo que se presume, recomenda-se. A animação foi séria, pelo que daqui a 4 anos haverá glória em seu nome. A decadência será brilhante.
Depois de arruadas animadas que transformam putativos eleitos em imprudentes foliões de rua, o entretimento do vasto rebanho de eleitores, correndo contra o tempo, a corrupção ou as chagas das desgraças do dia-a-dia, foi um repasto noticioso nestas semanas infindáveis. Felizmente a choldrice acabou. Para recomeçar doutro modo, dentro de dias. Adivinha-se, por aí, a excitante seara informativa presidencial.
A gestão da miséria eleitoral ou o discurso prosaico da vitória foi esta noite desanimadora. O mavioso pastor Jorge Coelho presume que o manto das medidas anti-sociais do seu governo não amargou aos eleitores. Entretanto o inefável José Lello disse qualquer coisa, mas ninguém entendeu. Por seu lado, o enérgico Marques Mendes, doutoralmente, enxuga muitas lágrimas pela estrondosa vitória laranja em terras da democracia - a Madeira. E, enquanto isso, o fenómeno Isaltino considera que ganha com o apoio, em Oeiras, de licenciados e outras intelligentzias. A coisa promete.
Por outro lado, o engenheiro Sócrates, inestimável em comemorações, assegura-nos que legislativas não são autárquicas e que o governo segue dentro de momentos. Desculpai, pois, a interrupção. Para os lados de Felgueiras, a patrona do gentio local, embala numa cansativa discursata anti-sistema. Quase chorámos. Nessa altura, Filipe Menezes deleita-se à beira de Gaia. Discretamente. Comovidamente. Noutro registo, à cautela e contra ventos e marés, Miguel Sousa Tavares, na TVI, benze o Papa Pinto da Costa. Pelo câmbio futebolístico, contra os mouros. E na província, o Major Valentão (para os seus amigos de Gondomar) fogosamente surpreende um microfone, ao que se supõe ainda da era PSD. Como os tempos eram outros, suspirou decerto Cavaco Silva. Entretanto, Edite Estrela assoma em Sintra, fugazmente, e sem dicionário a tiracolo. Palmas! Pelo que se sabe, o jovem Pires de Lima inquieta-se com a garotada do PP. Definitivamente, a praxe já não é o que era. Doutro modo, Jerónimo de Sousa ergue o punho. A produção foi boa. A sopa caseira estava excelente. Enquanto isso, Francisco Louça considera-se derrotado. Coisa rara e inquietante.
A movida autárquica ainda balbucia. Nós ... nem por isso.
LI Catálogo da Livraria Moreira da Costa
A Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30 - Porto) lançou o seu LI Catálogo de Livros Seleccionados, Raros, Esgotados e Curiosos e que pode ser consultado on line.
Algumas referências: A Inglaterra Portugal e suas Colónias, de José d?Arriaga, 1882 / Palestras Maçónicas Realizadas no Palácio do Grande Oriente Luzitano Unido pelo Dr. Domingos Pires Barreira, 1913 / Colecção de Tratados e Concertos de Pazes que o Estado da Índia Portugueza fez com ?, por Júlio Firmino Júdice Biker, 1881 / Instituições de Economia Política, de José Ferreira Borges, 1834 / Bibliographie Instructive ou Traité de la Connoissance des Livres Rares et Singuliers, por Guillaume-François de Bure, 1764 / Colecção das Leys promulgadas e Sentenças Proferidas nos Casos da Infame Pastoral do Bispo de Coimbra D. Miguel da Annunciação das Seitas dos Jacobeos, e Sigilistas ..., Lisboa, 1769 / Feira da Ladra, Revista Mensal Ilustrada dir. por Cardoso da Martha, 1929-30, IV tomos / Conta-Corrente, de Vergílio Ferreira, V vols / A Rua das Canastras, por Luís Pastor de Macedo, 1939 / Industria, de Bernardino Machado, 1893 / João Franco e o seu Tempo, por Rocha Martins, s.d. / Rapeira ["O livro ... consta duma série de artigos de protesto contra a velha e abominável usança da rapeira ... Raparem os rochedos da beira-mar, varrendo as plantas, animaes e tudo o que os incrusta ..."], de Joaquim ferreira Moutinho, 1899 / Resumo Histórico Acerca da Antiga Índia Portugueza, de Sebastião José Pedroso, 1884 / Memoria Histórica da Villa de Barcellos, Barcelinhos e Villa Nova de Famalicão por Domingos Joaquim Pereira, 1867 / D. Miguel I, de António Ribeiro Saraiva, 1828 / Memoria e Estudo Chimico sobre as Aguas Mineraes e Potáveis de Unhaes da Serra pelo Dr. António Joaquim Ferreira da Silva, 1898
sexta-feira, 7 de outubro de 2005
Jornal O Público
"O princípio do contraditório é uma regra de ouro no Público (...)" [ponto 91), in Princípios e Normas de Conduta Profissional, Livro de Estilo do Público, Março 2005]
"No que diz respeito às cartas recebidas no jornal e que se refiram a textos nele editados elas deverão ser publicadas quando aduzirem argumentos relevantes. Nesses casos devem ser sempre publicados na íntegra (...)" [ponto 94) ibidem]
"Sempre que as cartas se refiram ao trabalho de um jornalista ou colaborador deve dar-se-lhe conhecimento prévio do seu conteúdo, e a publicação de Notas de Redacção só deverá ocorrer quando estiver em causa a verdade dos factos ou acusações à boa fé do jornalista ou colaborador (...)" [ponto 95, ibidem]
A fragilidade de um qualquer código deontológico, presente no exercício da informação, está à vista. O ensurdecedor silêncio da redacção d'O Público pela piedosa resposta-texto de Fátima Felgueiras, em sua defesa, face ás graves acusações do jornal de conluio governamental nesta sórdida história do caso da Câmara de Felgueiras, é notável. Sabia-se que a tarefa de construção de um código de conduta possível entre a classe jornalística era paixão delicada, dever estimulante, função preciosa. Os princípios jornalísticos - informar com verdade, objectividade, neutralidade, direito ao bom-nome, responsabilidade e independência - quando aplicados em conformidade são condições da (nossa/vossa) liberdade de imprensa. Se se trata de um jornal dito de referência tais disposições deontológicas são virtudes inestimáveis. E vice-versa. Porém, os mitos também caem no seu próprio luxo. É disso que se trata quando afirmações graves e dolosas, arrastando consigo pessoas e instituições, cedem a imprevistos escolhos de um qualquer direito de resposta, e para a qual o dever de informar se torna censura interna. A condição de informar, o respeito aos destinatários da informação (os leitores) e a responsabilidade do jornal O Público (que se supõe imune a pressões de todo o tipo) é, hoje, puro logro. E nem uma rectificação possível modificará tal embaraço.
Mesmo assim, tem todo o sentido o que aqui é sugerido. Por isso a inquietação desta Micro-Causa, passe outros desvelos presentes, continua a ser a nossa condição de estarmos vivos. Sempre.
quinta-feira, 6 de outubro de 2005
Coimbra no dia 6 de Outubro de 1910
"Os emissários enviados no dia 5 a Lisboa, pelos republicanos de Coimbra, regressaram pelas 3 horas e meia da noite, com a carta de nomeação do dr. Francisco José Fernandes Costa para o cargo de governador civil. Conhecido o facto logo estralejam foguetes, acorrem milhares de pessoas e a Filarmónica «Boa União» sai para a rua tocando a Portuguesa e a Marselhesa, logo seguida pela Filarmónica «Conimbricense». Por volta das 8 horas foi içada a bandeira verde-rubra nos Paços do Concelho e, seguidamente, o dr. Fernandes Costa apresentou-se no Governo Civil, onde o dr. José Jardim, último governador monárquico, lhe deu posse e retirou, acompanhados do ex-administrador José Gaspar de Matos, tendo sido acompanhados, urbanamente, até à porta do edifício por Fernandes Costa e cumprimentados respeitosa e deferentemente pelos republicanos e pelo povo, ao que os depostos responderam correctamente.
A força que estava em Santa Clara recolhe ao quartel, ao tempo na Sofia, sendo aplaudido pelo povo.
Um cortejo, precedido pelas referidas bandas, sobe pela Calçada, Arco de Almedina, Rua Fernandes Tomás, Rua Joaquim António de Aguiar, Sé Velha, Rua Borges Carneiro, Largo da feira, Largo do Castelo e Rua Larga, para saudar o governador, e com ele, a República.
Nesta altura um exaltado propôs que se incendiasse a Biblioteca da Universidade. E, como encontrasse eco noutros exaltados, o barbeiro Joaquim Lobo contrariou a ideia, com o argumento de que, agora, a Biblioteca passava a ser do Povo e este não devia destruir o que lhe pertencia.
No edifico do Governo Civil, o dr. Fernandes Costa fez um discurso de agradecimento e recomendou brandura e generosidade. O cortejo retira e, pelas 13 horas, realiza-se uma sessão solene na Câmara Municipal, presidindo o dr. Fernandes Costa, secretariado pelo dr. António Leitão, novo administrador do concelho e pelo dr. Sílvio Pélico, presidente da Câmara,.
O dr. Fernandes Costa proferiu palavras de exultação pela proclamação da Republica, fez o elogio do Governo Provisório e propõe que a actual vereação continue até às novas eleições, visto ter sido eleita por sufrágio popular e ter feito boa vereação.
O dr. Sílvio Pélico responde fazendo o elogio do povo e, agradecendo a proposta, pede, renúncia de mandato.
O dr. Sidónio Pais, lente de Matemática, reforça o pedido do dr. Fernandes Costa, e o dr. Sílvio acaba por ceder (...)
As fábricas, oficinas, repartições e lojas fecharam e o povo trocava abraços, cheios de entusiasmo e, à noite houve iluminação e uma marcha aux flambeaux.
O testamenteiro do dr. Inácio Rodrigues andou pela freguesia de Santa Cruz a distribuir 100 mil reis por cada pobre pois que o testamento dispunha que tal se fizesse no dia da proclamação da Republica (...)
[in Efemérides de Coimbra, O Despertar, 12 de Janeiro de 1966]
domingo, 2 de outubro de 2005
Incêndios na Figueira da Foz
De novo as chamas invadem a Figueira da Foz. A partir das zonas fronteiriças às povoações da Serra da Boa Viagem, passando pela Senhora da Encarnação, mesmo a poucos metros do Leclerc, já em Tavarede, descendo depois até à nova circunvalação perto de Buarcos, toda a tarde (e começo da noite) a cidade da Figueira da Foz esteve (e está) debaixo de um manto de fumo espesso e negro, com vários focos de incêndios, misteriosamente (mesmo que o vento seja forte e a cidadania dos homens frouxa) originados do nada. Em Outubro, os incêndios (e os homens) ainda não estão moribundos. Quantos anos de tormentos nos restam!?
"Para que uma floresta seja esplêndida
Necessita de anos de infinito.
Não me deixeis tão depressa, amigos
Da merenda sob granizo.
Abetos que dormis nas nossas camas,
Perpetuai na erva os nossos passos"
[René Char, in Para que uma floresta]
Importante Leilão de Livros e Manuscritos - 6 e 7 Outubro
Organizado pelo Palácio do Correio Velho realiza-se no próximo dia 6 e 7 de Outubro na Calçada do Combro, 38 A, Lisboa, um leilão de livros e manuscritos, que pode ser consultado on line.
"Tem-se dito que o melhor espelho do carácter de um homem de letras é, em regra, a sua correspondência particular. Uma inocência despida de cautelas e uma sinceridade nua de artifícios transparecem nas cartas íntimas que, neste caso, o homem e não o escritor, dirige, em momentos de tormento, a familiares, amigos muito próximos ou a pessoas humildes com quem não fazia a menor cerimónia e de quem nada havia a temer (...)
Gostaria de destacar, dentre os autógrafos, um núcleo de 46 poemas de Sebastião da Gama, cerca de 12 cartas e bilhetes-postais de Mário de Sá-Carneiro, 25 escritas por Vitorino Nemésio e 8 cartas de António Gedeão, ao seu colega e amigo Pissarro, repassadas da maior melancolia e solidão. Os poemas de Sebastião da Gama, guardados até hoje, como um tesouro, pelas mãos piedosas de um íntimo amigo, são o canto desse grande plantador de sonhos, professor e poeta, desaparecido aos 28 anos, e que doente durante todo o seu curso e todo o magistério, viveu, por prescrição médica, no Portinho da Arrábida, região que cantou comovido, nos seus poemas. Ele foi poeta pela graça de Deus, ser permanente em fraternal convívio com as almas e com as coisas, fazendo da vida uma alegre dádiva, pressentindo já a sua existência demasiado breve para o canto que devia cumprir. As cartas de Vitorino Nemésio, são na sua maioria escritas ao irmão Teotónio, de Coimbra, onde foi aluno de Direito e de Letras, militante republicano académico e membro do grupo literário Tríptico, precursor da «Presença». (...) Mário de Sá-Carneiro, nas cerca de 12 cartas e bilhetes-postais, dirigidos a Armando Cortes-Rodrigues, Fernando Pessoa e José Pacheco, transparece como o génio que conseguiu dotar a literatura portuguesa, na prosa e sobretudo no verso, de algumas das suas formas mais originais, densas e expressivas. (...) Rómulo de Carvalho, professor metodólogo, cientista e poeta estreado aos 50 anos, com o pseudónimo de António Gedeão, revelou-se surgindo como um grande poeta, de um modernismo assente em alicerces clássicos. O conjunto da sua obra poética foi publicado nas «Poesias Completas», de 1964. (...)
[Isabel Maiorca, in Catálogo]
Livros & Arrumações
Curiosa separata da Revista Brasileira de Geografia, nº 4, Ano VII, com um trabalho de Moacir M. F. Silva, intitulado "Como se distribuiu a iluminação pública do Rio de Janeiro", datada de 1946. Refere os "ciclos" por que passou a iluminação da cidade "como serviço público organizado" [iluminação a azeite, a gás e iluminação eléctrica]. Situa a "iluminação pública a azeite de peixe" no final do sec. XVIII [no tempo de José Luís de Castro].
"Era especialmente carne de baleia que fazia objecto de ativo comércio no Rio-de-Janeiro. Entravam as baleias em Maio à procura das águas mais tranquilas da baía (Guanabara) para a época da cria e até fins de Agosto permaneciam numerosas (...) Eram os principais produtos, além da carne, o chamado azeite de peixe, as barbatanas e os resíduos chamados borra (galagala) que, ligados à cal do Reino davam às edificações uma consistência notável (...) Os depósitos de azeite eram na Lapa dos Mercadores e no Bairro de São-José (...) Cada baleia, calculava-se então, dava 16 pipas de azeite e 15 arrobas de barbatanas" [citado, pelo autor, da Historia da Cidade do Rio-de-Janeiro, de Delgado de Carvalho, 1926]
Diz-nos Moacir Silva que, antes da iluminação a azeite de peixe, a cidade por mais de duzentos anos ["desde a sua fundação em 1565 até finais do sec. XVIII"] "dormiu inteiramente à escuras".
"Naqueles tempos o povo recolhia-se cedo; ao anoitecer fechavam-se quase todas as casas, havia limitado numero de lojas de comércio, e sendo as ruas tortuosas, estreitas, sem calçamento, nem iluminação, tornava-se perigoso o transito nocturno, especial emente nas ruas em que não havia os lampeões dos nichos ..." [citação do autor da obra O Rio-de-Janeiro, sua história, monumentos, etc., do Dr. Moreira de Azevedo, 1877, II vol.]
Apresenta Moacir Silva o edital de 3 de Janeiro de 1825, onde se estabelece o "horário de recolher": "No verão, depois das 10 horas da noite, e no Inverno, depois das 9, até a alvorada, ninguém se poderá isentar de ser revistado. E para que todos saibam dessas horas, o sino da Igreja de São Francisco de Paula e do convento de São-Bento dobrarão pelo espaço de meia hora, sem interrupção. Todas as portas das casas de residência deverão ser fechadas logo que anoiteça. Depois dos toques de sinos, ninguém poderá ficar parado nas ruas, bem como nas portas das tabernas". E porque foi tal edital saído da pena do desembargador Francisco Alberto Teixeira de Aragão, "o povo passou a chamar o sino da Igreja de São Francisco de Paula, o «Aragão»".
A iluminação a gás ocorre nos meados do sec. XIX (25 de Março de 1854). Refere-se que a "Praça D. Pedro II, as ruas do Ouvidor, Rosário, General Câmara, São-Pedro e Primeiro de Março", foram as primeiras "que tiveram lampeões de gás". A partir daí o calçamento a paralelepípedos das ruas teve lugar. Até 1828 a iluminação "estava a cargo da Intendência Geral da Polícia" e manteve-se até fins de 1933 quando desaparece para dar lugar à iluminação eléctrica ["a partir de 1 de Janeiro de 1934 toda a iluminação pública está sendo feita por electricidade"].
Curiosa separata da Revista Brasileira de Geografia, nº 4, Ano VII, com um trabalho de Moacir M. F. Silva, intitulado "Como se distribuiu a iluminação pública do Rio de Janeiro", datada de 1946. Refere os "ciclos" por que passou a iluminação da cidade "como serviço público organizado" [iluminação a azeite, a gás e iluminação eléctrica]. Situa a "iluminação pública a azeite de peixe" no final do sec. XVIII [no tempo de José Luís de Castro].
"Era especialmente carne de baleia que fazia objecto de ativo comércio no Rio-de-Janeiro. Entravam as baleias em Maio à procura das águas mais tranquilas da baía (Guanabara) para a época da cria e até fins de Agosto permaneciam numerosas (...) Eram os principais produtos, além da carne, o chamado azeite de peixe, as barbatanas e os resíduos chamados borra (galagala) que, ligados à cal do Reino davam às edificações uma consistência notável (...) Os depósitos de azeite eram na Lapa dos Mercadores e no Bairro de São-José (...) Cada baleia, calculava-se então, dava 16 pipas de azeite e 15 arrobas de barbatanas" [citado, pelo autor, da Historia da Cidade do Rio-de-Janeiro, de Delgado de Carvalho, 1926]
Diz-nos Moacir Silva que, antes da iluminação a azeite de peixe, a cidade por mais de duzentos anos ["desde a sua fundação em 1565 até finais do sec. XVIII"] "dormiu inteiramente à escuras".
"Naqueles tempos o povo recolhia-se cedo; ao anoitecer fechavam-se quase todas as casas, havia limitado numero de lojas de comércio, e sendo as ruas tortuosas, estreitas, sem calçamento, nem iluminação, tornava-se perigoso o transito nocturno, especial emente nas ruas em que não havia os lampeões dos nichos ..." [citação do autor da obra O Rio-de-Janeiro, sua história, monumentos, etc., do Dr. Moreira de Azevedo, 1877, II vol.]
Apresenta Moacir Silva o edital de 3 de Janeiro de 1825, onde se estabelece o "horário de recolher": "No verão, depois das 10 horas da noite, e no Inverno, depois das 9, até a alvorada, ninguém se poderá isentar de ser revistado. E para que todos saibam dessas horas, o sino da Igreja de São Francisco de Paula e do convento de São-Bento dobrarão pelo espaço de meia hora, sem interrupção. Todas as portas das casas de residência deverão ser fechadas logo que anoiteça. Depois dos toques de sinos, ninguém poderá ficar parado nas ruas, bem como nas portas das tabernas". E porque foi tal edital saído da pena do desembargador Francisco Alberto Teixeira de Aragão, "o povo passou a chamar o sino da Igreja de São Francisco de Paula, o «Aragão»".
A iluminação a gás ocorre nos meados do sec. XIX (25 de Março de 1854). Refere-se que a "Praça D. Pedro II, as ruas do Ouvidor, Rosário, General Câmara, São-Pedro e Primeiro de Março", foram as primeiras "que tiveram lampeões de gás". A partir daí o calçamento a paralelepípedos das ruas teve lugar. Até 1828 a iluminação "estava a cargo da Intendência Geral da Polícia" e manteve-se até fins de 1933 quando desaparece para dar lugar à iluminação eléctrica ["a partir de 1 de Janeiro de 1934 toda a iluminação pública está sendo feita por electricidade"].
quarta-feira, 28 de setembro de 2005
Arrumações - Vynil, CD's e Cassetes Piratas
A voz que se solta, ali da pedra esquerda ao lado, sobre a campa de todos nós é tormento arrebatado. Um agasalho d'alma em desencontros incertos. E que se acolhe nos braços quando a cabeça e o tronco são míseros descaminhos. Para que a narração dê mostras de gratidão, para todos aqueles que o tempo afoitou nas virtudes domésticas, eis Belle & Sebastian, em Stay Loose. Que cada um tropece em si próprio, são os nossos votos. Boa noute.
"I was feeling like a loser
You said «Hey, you've still got me»
I was feeling pretty lonely
You said «You wanted to be free»
I was looking for a good time
You said «Let the good times start»
With a quiver of your eyelid
You took on someone else's part..."
[Belle & Sebastian, Stay Loose - letra aqui]
O Alegrismo
"Sobre o mais belo trono do Mundo nunca se sentou senão um rabo" [Montaigne]
O ruído das presidenciais é enorme. Singular pelo entusiasmo manifesto entre os indígenas, memorável de arrebatamento in blogosfera lusa & admirável de literatura política pelo oratório delicioso da imprensa, as presidenciais revelam-se uma ementa difícil de tragar.
A galeria pública dos putativos candidatos - por ora sufocados em ambiciosas estratégias de vaidade - que se consideram legítimos descendentes do actual "notário da lei" - Jorge Sampaio - para se sentarem no cadeiral da casa de Belém, é assombrosa. Tanto ou quanto extraordinário é o silêncio, cheio de graça, dos partidários conservadores, liberais & coisa e tais, momentaneamente órfãos do mistério presidencial. Manifestamente ainda não se está em época de bolo-rei, mas a privação do "pater-família" de Boliqueime começa a impacientar tais gentios, mesmo que a aritmética das sondagens seja um belo manto para o próximo Inverno. O embuçado presidencialista, agasalhado pelo luxo da ex-maioria governamental, ao que nos diz, muito consumido de humildade e divino em paternalismo, anda convictamente estupefacto. Suspeitamos que a corja dos modestos saudosistas de antanho, também. Talvez todos eles se recordem das sábias palavras de Mário Saa: "A história principal da vida dum homem é a sua aflição". Pode ser que sim. E, talvez por isso, o espectro tarda em felicitar a nação. Mas a nação, como se sabe, estima andar prenhe de felicidade, esplendor e glória. Não está para aflições, mesmo que o "génio" assegure entusiasmo.
Entretanto, o deputado-poeta (ou poeta-deputado) Manuel Alegre enfaixou-se na lide presidencial. O sentimento de júbilo dos órfãos & desvalidos da política, em sede presidencial, com o fim da meditação "alegrista" e ufanos pela chamada "republicana" aos indígenas, foi total. A fé no "imperativo cívico" foi comovente. Ei-los que partem afagados pelo entusiasmo de cidadania e com fé heróica de "somar votos à esquerda". Mesmo que lhes digam que "o poeta é um fingidor" a romagem está conseguida e reclama-se laureada vitória. Pouco lhes importa que o "alegrismo" se passeie recatadamente braço dado com a "fraude" da governação "socrática" ou se o sublime descanso (ou discurso) "poético" sobre a crise económica e social nunca tenha sido quebrado. A marcha não admite razão. O "alegrismo" é uma derradeira paródia lusa. Quando despertar do torpor da presumida "rebeldia" revelará o seu delicado caminho. E o drama final disso tudo surgirá. Porquanto "o homem paciente vale mais do que o valoroso".
II - Livros sobre o Rio de Janeiro antigo (continuação da encomenda)
"... Rio em ol em amba em umba sobretudo em inho
de amorzinho
benzinho
dá-se um jeitinho
do saxofone de Pinxinguinha chamando pela Velha Guarda
como quem do alto do Morro cara de Cão
chama pelos tamoios errantes em suas pirogas ..." [C. Drummond de Andrade]
A. do Vale Cabral [Guia do Viajante no Rio de Janeiro, R. Janeiro, 1882] / Carlos Xavier Paes Barreto [A Cidade do Rio de Janeiro e suas dúvidas, 1959] / Ernesto Sena [O Velho Comércio do Rio de Janeiro, s.d.] / Gondin da Fonseca [Biografia do Jornalismo Carioca, 1941 (com lista de jornais sec. XIX)] / Manuel Bandeira & Carlos Drummond de Andrade [Rio de Janeiro em Prosa & Verso, José Olympio, 1966] / Paulo Berger [A Tipografia no Rio de Janeiro: impressores bibliográficos 1808-1909, 1984] / idem [Bibliografia do Rio de Janeiro viajantes e autores estrangeiros, 1980] / Roberto Macedo [Apontamentos para uma Bibliografia Carioca, Centro Carioca, 1943] / idem [Efemérides Cariocas, 1943] / Ruben Borba de Moraes [Bibliographia Brasiliana, Colibris, 1958 (em inglês mas ok)] / Vivaldo Coaracy [Memórias da Cidade do Rio de Janeiro, José Olympio, 1955 (ou 1965, ou 1988)] / idem [O Rio de Janeiro no Século 17, 1965]
terça-feira, 27 de setembro de 2005
Benfica Football Club - Encantamento para ganhar
Colhei um coach holandês, na véspera de eleições presidenciais, antes do nascer do sol e quanto o tempo for tormentoso, e seguidamente, se o vício for piedoso e o mau olhado escolástico, colocai-o no antigo terceiro anel, como se faz a um homem cruel pois "Deus não pode estar em tudo e muito menos sempre a trabalhar", advertindo-o de 2 em 2 minutos que as substituições podem não existir pero que las hay, las hay; ordene-se que olhe, sem demora ou horror, para o cliché do horto d'Alvalade, e obrigando-o a dar dois passos atrás e três à frente, tome-se um ramo de azevinho, mais três gotas de Vilarinho misturadas com elixir Veiga, um pó de boa Vieira, lançando-se água de borragens, para resolver a miopia; aplique-se em seguida por todo o corpus do esconjurado. Fazer uma novena, em jejum, com devoção.
T. S. Eliot [n. 26 Setembro 1888-1965]
"... E se eu disser que dou passeios por becos quando anoitece,
E vou fitando o fumo que sobe do cachimbo
De homens em mangas de camisa, à janela, solitários?...
Eu devia ter sido um ferro de duas garras
A rasgar o fundo desses mares de silêncio ..."
[T. S. Eliot, A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock, Assírio & Alvim, 1985]
Locais: The T. S. Eliot Page / T.S. Eliot: Biographical Timeline / T. S. Eliot: poeta de entreguerras
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