quarta-feira, 6 de abril de 2005

Livros & Arrumações

* Separata do Instituto de Cultura Italiana em Portugal, nº 4 e 5, 1941, intitulada "Dante em Portugal e no Brasil. Ensaio bíblio-iconográfico", pelo Director de Arquivo Histórico Militar de Lisboa, Cor. Henrique de Campos Ferreira Lima. O autor a partir da "interessante e valiosa exposição" (15 de Junho de 1929) realizada na Biblioteca Nacional sobre Dante, sem que houvesse a publicação de qualquer catálogo, empreendeu a tarefa de fornecer material bibliográfico sobre tudo o que se publicou em língua portuguesa "relativamente ao autor da Divina Comédia", dado a sua falta quer em Portugal ou no Brasil. Assim, além de uma introdução necessariamente explicativa - onde é sugerido algumas das "influências dantescas na nossa literatura", como em Garcia de Resende, no poeta D. João Manuel, Anrique da Mota, em Diogo Brandão, Duarte de Brito. Refere, ainda, uma provável intervenção na obra de Bernardim Ribeiro ou Camões) -, Henrique de Campos Ferreira apresenta 214 obras, entre traduções (47), comentários, críticas, biografias, livros com referência, etc., registos iconográficos, uma vária e um suplemento.

"Assim de todo mudado
Ali junto me cheguei;
E neste modo fallei
Assas bem temorisado.
Oh gentes atribuladas,
Porque razão de vós dê
Dizei a causa porque
Sois assim atormentadas!
" [Diogo Brandão, in Fingimento de amor]

Isaac Asimov [m. 6 Abril de 1992]

"Num estudo sobre "Social Science Fiction", Isaac Asimov dividiu a história da Ficção Científica em três períodos:
O primeiro estende-se desde os mais remotos e problemáticos percursores até o ano da publicação da revista Amazing Stories em 1926. É uma era amorfa, sem fronteiras precisas, descontínua, iluminada aqui e ali por esforços esporádicos e raramente conscientes.
O segundo, de 1926 a 1938, floresce a era "Gernsback". Proliferam as revistas de aventuras siderais e os "Comic Strips", umas e outras inteiramente dedicadas à manutenção do herói exagerado, viril e americano e à glória de raça humana (branca, como está bem de ver).
O terceiro, de 1938 até os dias actuais, assinala-se a consciencialização do género e o progressivo melhoramento de sua qualidade literária ..."

[in História da Ficção Científica - Uma Antologia da Ficção Científica, desde os primórdios da Literatura Fantástica até os dias actuais]

segunda-feira, 4 de abril de 2005


Aniversário

"hoje rebentou para aí um sol que não devia
deixar ninguém de fora do jubileu
eu, por mim, vos ponho assim o coração
ao léu
" [in Novas Cartas Portuguesas]

Passaram 2 (dois) anos sobre esses exercícios, sempre brandos & luxuriantes, que ao longo do tempo acompanhamos na Bomba Inteligente. Lugar de afectos que o tempo sustém, teatro do belo, primorosamente reescrito, a sua presença é a nossa glória. A nossa noute festiva. A paz ao fim do dia. Por tudo isso, daqui destas "lindas águas" do Mondego, enviamos a maior das felicitações e dos abraços.

Leilão de uma notável Biblioteca - Dias 4, 5 e 6 de Abril

Realiza-se hoje, pelas 21 horas na Casa da Imprensa (Rua da Horta Seca, nº20, Lisboa) a primeira parte do leilão de mais uma biblioteca. A cargo do livreiro-alfarrabista José Manuel Rodrigues (Largo do Calhariz, 14, Lisboa) o leilão, a continuar por mais 2 noites, possui Catálogo competente. Das 1092 peças a leiloar estão incluídas temáticas tão diversas como: "Náutica, Marinharia Portuguesa, Descobrimentos, Viagens e Explorações, Literatura, História, Arte, Ultramar, Alvarás, Mapas e Manuscritos". Uma excelente oportunidade para fazer gastos entusiastas em livros, sendo que alguns são bem difíceis de encontrar, senão já raros.

Algumas referências para a 1ª noite (dia 4): Teatro Popular Português, por Azinhal Abelho, 1968-73, VI vols / Álbum dos Costumes Portuguezes, 1888 / A Engomadeira, de Almada Negreiros, 1917 / A Invenção do Dia Claro, de Almada, 1921 / História da Igreja em Portugal, por Fortunato de Almeida, 1967-71, IV vols / Alvará. Carta de estabelecimento da Academia Geral da Marinha, 1779 / A Barca dos Sete Lemes, por Alves Redol, 1958 (mais, Anúncio, Fanga, etc.) / Tratado de Cozinha e Copa, por Carlos bento da Maia, 1904 / A Paródia, publ. sob direcção de Bordalo Pinheiro, 1903-1904, II vols, 106 nums / Livro do Monte, por Bulhão Pato, 1896 / A Campanha do Bailundo em 1902, de Francisco Cabral Moncada, 1903 / Caminhos de Ferro do Minho (lote de 7 obras), 1875 / De Angola à Contra-Costa, por Capello & Ivens, 1886, II vols / De Benguela às Terras de Iácca, idem, 1881, II vols / A Queda de um Anjo, de Camilo, 1866 / A Senhora Rattazzi, idem, 1880 / Amor de Perdição, idem / Inspirações, idem, 1851 / O Demónio do Ouro, idem, 1873 / A Ribeira de Lisboa, por Júlio de Castilho, 1940-45 (2ª ed.), V vols / Flores de Coral. Últimos Poemas, de Alberto Osório de Castro, Dili, 1908 / Manual de Prestidigitação, mais, Primavera Autónoma das Estradas, por Mário Cesariny Vasconcelos / Quadros da História de Portugal, junto com Folheto explicativo dos Quadros, por Chagas Franco & João Soares, 1932 e 1929 resp. / Os Ciganos de Portugal, por F. Adolpho Coelho, 1892 / Compendio Histórico do Estado da Universidade de Coimbra no tempo da invasão dos denominados Jesuítas ..., Lisboa, 1772 / O Amor em Portugal no Século XVIII (ilust. de Alberto de Sousa), por Júlio Dantas, 1917 (2ª ed.) / Os Macondes de Moçambique, por Jorge Dias, 1964
A propósito de algum anti-clericalismo

"Bom observador é aquele que guarda com cuidado o que ainda pode servir, exactamente como é bom revolucionário o que poupa o que ainda é útil: quem teima em conservar aquilo que já está bem roído de traça e de desfaz ao menor toque é apenas avarento ou desmazelado; quem deita fora sem escolher desatento ou furioso" [Agostinho da Silva, in Carta Vária]

"A primeira condição para libertar os outros é libertar-se a si próprio; quem apareça manchado de superstição ou de fanatismo ou incapaz de separar e distinguir ou dominado pelos sentimentos e impulsos, não o tomarei eu como guia do povo; antes de tudo uma clara inteligência, eternamente crítica, senhora do mundo e destruidora das esfinges; banirá do seu campo a histeria e a retórica; e substituirá a musa trágica por Platão e os geómetras" [idem, in Considerações e Outros Textos]

Karol Józef Wojtyla (1920-2005)

"A guerra nunca é uma fatalidade. Ela é sempre uma derrota da humanidade. O direito internacional, o diálogo franco, a solidariedade entre os Estados, o exercício tão nobre da diplomacia, são os meios dignos do homem e das nações para resolver as suas contendas (...)

E que dizer das ameaças de uma guerra que se poderia abater sobre as populações do Iraque, terra dos profetas, populações já extenuadas por mais de doze anos de embargo? A guerra nunca pode ser considerada um meio como outro qualquer, que se pode usar para regular os diferendos entre as Nações. Como recordava a Carta da Organização das Nações Unidas e o Direito Internacional, não podemos recorrer a ela, mesmo quando se trata de garantir o bem comum, a não ser como última possibilidade segundo condições muito rigorosas, sem negligenciar as consequências para as populações civis durante e depois das operações militares"

[Discurso de João Paulo II, proferido ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé na audiência de 13 de Janeiro de 2003]

quarta-feira, 30 de março de 2005


4 - Aniversários - 4

Ah! Aniversariantes magníficos. As cerimónias resplandecentes que pressentimos nestes dias, têm dobrado merecimento. Vós sois o nosso amparo. A nossa salvação. E a nossa ruína, também. Neste remanso de solidão em terras do Mondego, lançamos à Montanha Mágica, ao Fumaças, ao Paulo Querido e às Musas do nosso coração, a maior das felicidades. estamos a comemorar.

Memória: It's the Economy, Stupid!

Enquanto Abril tarda, algo saudosos devemos confessar, lá regressámos a Adam Smith e a Ricardo, à economia política e ao seu discurso. Sempre esse princípio deslumbrado. No apuro da escolha não encontrámos qualquer fenómeno natural, auto-regulado, estático, despojado de poder, mas sim um lugar de jogo de poderes. O "teste de mercado", que sempre se deu bem com a regulamentação nos tempos de Reagan e Thacher, foi o que vimos: crise e recessão mundial, aumento das desigualdades sociais e inter-regionais, guerras sem fim à vista.

O novo modismo neo-liberal do supply-side, a curva de Laffer, o velho pronunciamento de equilíbrio geral, não nos excitou. Há muito se sabe a confusão ideológica entre crescimento, desenvolvimento económico e distribuição de rendimento. Lembrámo-nos, tout court, do lento desnudar de Kaldor e Pasinetti, da Escola de Cambridge, a partir da análise de Harrod-Domar. Relemos a crítica feita de Samuelson e Modigliani, que ao contestarem a validade do caso Pasinetti, acentuam a propensão a poupar dos trabalhadores como motor do processo de crescimento. Sorrimos. Deixámos de lado Von Neuman e Leontief, os modelos de reprodução simples e alargada de Marx. Coisas de culto divino, que o tempo lembra.

Mas a transformação de valor em preços era bem mais curioso. Lá andámos com Piero Sraffa, acompanhando o renascimento da economia ricardiana (afinal era possível falar de conflito de classes em função da repartição do rendimento, sem o recurso ao conceito marxiano de exploração, pasme-se), Bortkiewcz, Winternitz, Morishima, Meek, Seton, Abraham Frois. Pairámos em Steedman, com algum azedume, mas nunca deixámos a teoria do valor. E ela, ao que parece, está de novo aí, finda que está a dormência a que se sujeitou. Porque a economia política sempre foi uma admirável metanarrativa, com algumas flores de génio.

A "oferta" e a "procura" explicada ao Povo

A Páscoa, por vezes, tem destas coisas: lança remédios celestiais & penitências ponderadas aos prevaricadores da relaxação social. A epístola aos "esquerdistas" & ao povo teve, neste pascoar, a aventurança do sublime João Miranda num letreiro intitulado: Um esquerdista é um fulano que não entende muito bem o que é isso da «Lei da Oferta e da Procura». Esse bloguista instruído do mundo e da tortura económica invectivou um "operário" da blogosfera lusitana e pronunciou, urbi et orbi, uma profissão de fé sobre o "funcionamento" da sociedade e da "economia", absolutamente admirável. Palmas e martírios.

Tinha-se ideia que um inocente "esquerdista", numa egolatria pecaminosa, desconhecia que a Terra girava e que havia coices e quedas espirituais, não era atreito às malas-artes, inchava de vinhos & petiscos & propaganda, declarava estranheza pela filosofia e a poesis, privava de cinemanias & outros atoalhados que fazem curvar a fronte cismadora, era indiferente aos esforços do pulsar erótico da libido porque pecador com cio se confessava, venerava a propriedade do ócio, ia em manada para a Zambujeira & afins, dormia como um cevado, pensava na revolução, era feliz. Desafortunadamente, nunca se pensou que o nosso protagonista "esquerdista" gaguejava na "Lei da Oferta e da Procura". O que espanta é que, desaustinado da modernidade, o nosso "esquerdista" tenha estagnado na redacção da dita "Lei". E que não tenha, o nosso infeliz recluso oeconomicus, qualquer opinião sobre o assunto. Mas, hélas!, eis que João Miranda vem amassar o nosso sombrio conhecimento. Nós, quebrantados de nervos, já nos decidimos: depois de Marx Abril.

Catálogo 9 da Livraria D. Pedro V

A Livraria D. Pedro V (Rua D. Pedro V, 16, Lisboa) publicou mais um catálogo, o nono, elaborado por Carla Teixeira.

Algumas referências: O Inferno de Dante Alighieri, 1887 / Memórias do Sexto Marquês do Lavradio, de D. José Luiz de Almeida (Lavradio), 1947 / Descrição Geral e Histórica das Moedas cunhadas em nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal, por A.C. Teixira de Aragão, III vols / Tratado de Óleos e Enxofres, Vitríolo, Philosophorum, Alecrim, Salva e da Água Ardente, de Duarte Madeira Arraes (apres. de Yvette Centeno), 1993 / Aos Pés do Mestre, de Muhammad Rashid (aliás António Barahona), 1974 (raro) / A legitimidade dos governantes à luz da doutrina cristã, de Marcello Caetano, 1952 / De Angola à Contra-Costa, por Ivens Capello, 1886, II vols / Seroens em S. Miguel de Seide, de Camilo Castelo Branco, 1885, 6 tomos em 2 vols / Camillo Castello Branco. Typos e Episódios da sua galeria, de Sérgio de Castro, 1914, III vols / Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (org. Natália Correia), 1966 / Os Telles de Albergaria, por Carlos Malheiro Dias, s.d. / Ossadas, de Afonso Duarte, 1947 / Os Passos em Volta, de Herberto Hélder, 1963 / O Bebedor Nocturno, de Herberto Hélder, 1968 / A Ilha de Próspero. Texto & Fotos ..., por Rui Knopfli, 1972 / Danças Portuguesas, de Pedro Homem de Mello, 1962 / Cartas de Inglaterra, de Pedro Homem de Mello, 1973 / Peças em um Auto, por Luís de Sttau Monteiro, 1966 / Obras de Eça de Queirós. Edição do Centenário, 1946, XVI vols / Guia de Portugal Artístico, por M. Costa Ramalho (direc.), 1933, XI tomos em VI vols / O Espectro (jornal clandestino escrito por António Rodrigues Sampaio, durante as lutas liberais, nº1 16 Dez. 1846 a nº63, 3 Julho 1847), 1880 (2ª ed.) / Em Demanda do Graal, por Afonso Lopes Vieira, s.d

domingo, 27 de março de 2005


[Iconografia de Jesus]

"Quem te pintou triste e secreto,
Ó Cristo de olhar vendado,
Ó Cristo misterioso,
Abandonado
No Museu das Janelas Verdes,
Quem te pintou saudoso,
Talvez do Céu, talvez do Homem,
Talvez da criação antes da prova,
Quem te pintou assim, sereno e encoberto,
Imagem nova
Que um povo a ti votado
Um dia descobriu?
..."

[António Quadros, in Ode ao Cristo das Janelas Verdes]

[Epítome]

"Reino do Mar, abrange todo o Oceano desvendado pelo Argonauta, por aquele que, ardendo em Fé, deixou certa vez o porto de Portugal em busca do sagrado vaso do Amor do imortal João - o Prestes.
Ilha Encoberta, diluída sobre todo o espaço da Terra, é a Pátria do Ar - o Terceiro grau do Ar -, a Essência Quinta, mergulhada em sonhos isentos de manchas, sombras e terras, o centro autêntico da Inteligência da Redenção universal, o núcleo do Coração generoso do Homem sem limite nem lugar.
Como trono do Cordeiro - o Príncipe do Encoberto -, é o Paraíso do Mundo.
Ora os Lusitanos, os homens dos portos, os descobridores do Mar vivo e da Ilha Encoberta - a Pátria da Essência Quinta -, como todos os discípulos da última Pessoa da Trindade, chamam-se ATLANTES".

[Vasco da Gama Rodrigues, in Os Atlantes, Lisboa, 1961]

"Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe
...
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava ..."

[Alberto Caeiro (aliás Fernando Pessoa, O Guardador de Rebanhos]
[Manhã de Páscoa]

"- Que fizeste das palavras do filho do Homem
saídas duma mesma espécie e cripta?
Que diziam elas deste mundo e do outro?
E que fizeste do seu coração sofredor
sangrando em carne viva?
Alguém bateu à porta da tua vida:
como lhe respondeste?
Só uma flor por ti respondeu: amor-perfeito.
Um gole do cálice de sua bebida sagrada
provaste? ...
"

[Dalila Pereira da Costa, in Hora Prima]

quinta-feira, 24 de março de 2005


Bom Dia! Lawrence Ferlinghetti [n. 24 Março de 1919]

"Allen Ginsberg is dying
It's in all the papers
It's on the evening news
A great poet is dying
But his voice
won't die
...
It is high tide and the seabirds cry
The waves break over him now
and the seabirds cry ..."

[Lawrence Ferlinghetti, in Allen Ginsberg is Dying]

"E cada piloto d'elite com bombas & napalm debaixo das asas
E cada piloto do céu abençoando os bombardeiros na descolagem
E cada Departamento do Estado de qualquer super estado
vendendo armas aos dois campos
...
E a todos que matam e matam e matam & matam pela Paz
ergo o dedo do meio
na única saudação que merecem
" [L. F., in Boca da Verdade]

Locais: Lawrence Ferlinghetti / Beat Generation Lawrence Ferlinghetti / L. Ferlinghetti / A Brief History of Lawrence Ferlinghetti / A Conversation with Lawrence Ferlinghetti / A Short History of City Lights Bookstore / The Works of Lawrence Ferlinghetti / "se calhar sou eu o banqueiro anarquista" / Poems / Poems by Lawrence Ferlinghetti

Boletim Bibliográfico 24 de Luís Burnay

Saiu o Catálogo do mês de Março de Luís P. Burnay (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa), como sempre de grande estimação.

Algumas referências: Memoria concernente à construção da Doca do Ilheo de Villa Franca do Campo na Ilha de S. Miguel, de João António G. d'Abranches, 1834 / Annaes e Código dos Pedreiros Livres em Portugal, por Miguel António Dias, 1853 (aliás, reimpr. fac-similada, 1998) / Alcobaça e Batalha: recordações de uma excursão, por William Beckford, 1914 / Biographia do Remexido o celebre guerrilheiro do Algarve ..., Tavira, 1892 / Historia da Luzitania e da Ibéria desde os tempos primitivos ..., de João Bonança, 1887 / Alma minha gentil ..., de Luís de Camões, Lisboa, 1886 / Portugal em Roma, pelo Pe. José de Castro, 1939, II vols (c/ uma "relação nominal dos Miguelistas existentes no Ducado de Modena e uma relação das pessoas que embarcaram para o Brasil com a Coroa Portuguesa") / Causa dos Frades, e dos Pedreiros Livres no Tribunal da Prudência, [por José Máximo Pinto da Fonseca Rangel, inf. Inocêncio], Porto, 1821 / Don Miguel Ier, Paris, Delaforest, 1828 [por António Ribeiro de Saraiva (inf. Inocêncio) onde se fundamenta a legitimidade ao trono de D. Miguel] / Exame da Constituição de D. Pedro, e dos direitos de D. Miguel, ..., trad. do francez por J.P.C.B.F. [José Pinto Cardoso Beja, sob inf. de Inocêncio], Lisboa, 1829 / Outras Terras Outras Gentes, de Henrique Galvão, s.d., II vols / Portugal no Balanço da Europa, do que tem sido e do que ora lhe convem saber na nova ordem das coisas do mundo civilizado, de Almeida Garrett, Londres, 1830 (publ. anónima, raro) / O Gungunhana, Lisboa, 1896 (raro) / A Franco-Maçonaria em si mesma e em suas relações c/ as outras Sociedades Secretas da Europa, ..., pelo Abbade GYR, Poro, 1865, II vols / Historia dos Filósofos Antigos e Modernos ..., por Francisco Luiz Leal, 1788, II vols (raro) / [Mns] Orações devotas para o tempo da prenhez, trad. do alemão em Portuguez, Anno de 1798 / Dicionário Geographico das Províncias e posessões portuguezas no Ultramar ..., de José Maria de Souza Monteiro, Lisboa, 1850 (raro) / Discuros do Sr. Deputado Passos Manuel na Sessão de 18 d'Outubro de 1844, Lisboa, 1845 (raro) / A Praia da Costa da Caparica: estancia balnear, de cura, de repouso e de turismo, s.d. / Portugal de Relance, de Maria Ratazzi, Lisboa, 1881 (imp. por ter dado origem à polémica onde participou Camilo com o folheto "A Senhora Ratazzi") / Discursos de Salazar, 1935-1967, VI vols / Nós, Os Loucos ..., de Ary dos Santos, 1953 / Historia das Sociedades Secretas Politico Religiosas: os Carbonarios, a Inquisição, os Franco-Maçons , ..., de Pierre Zaccone, trad. de Heliodoro Salgado, Lisboa, s.d., II vols
Livros & Arrumações

* "Lãs e Ovinos no Concelho de Almodôvar (Subsidio para o seu Estudo)", por Artur Marreiros Portela, Porto, 1943. Trata-se do relatório final do curso de Regente Agrícola. Como quase todos estes relatórios, contêm importantes informações regionais, dados de interesse monográfico e bibliográfico. O autor começa por caracterizar o concelho de Almodôvar, fala da propriedade e das culturas dominantes (trigo, aveia e cevada), refere outras mais, descreve as pastagens, reflecte sobre os pousios, etc. A parte dedicada à transumância dos rebanhos é muito curiosa. Depois, a partir da apreciação dos ovinos, da sua ascendência, das suas castas e caracterização, aponta uma extensa lista, à época, dos principais criadores de gado ovino das freguesias de Almodôvar, Santa Cruz e Rosário [refira-se, o dr. António Figueira de Freitas e Joaquim Domingos Messias, de Almodôvar; António Guerreiro Gomes, de Gomes e Aires; Carlos da Costa, de S. Pedro de Sólis; Álvaro Colaço (c/ o rebanho mais numeroso da região); D. António Cordes Mascarenhas de Azevedo, Herdade dos Toucinhos; Francisco da Costa, Monte da Vinha; Joaquim António da Palma Ferreira, da Telhada; Francisco da palma, do Barranco; D. Maria Paula Guerreiro Paleta, de Santa Clara; etc.]. Descreve a vida pastoral, inclui, ainda, a soldada dos maiorais (12$00 mil réis/ano), as "achêgas" e o "pegulhal", bem como um notável conjunto de informações sobre Lãs, sua classificação, rendimento, produção, utilização fabril, laboração, transacção e comércio. Por fim, apresenta um estudo particular sobre alguns rebanhos da região. Estimado.

terça-feira, 22 de março de 2005


Nanterre [22 Março de 1968]

"People who talk about revolution & class struggle without referring explicitly to everyday life, without understanding what is subversive about love & what is positive in the refusal or constraints, such people have a corpse in their mouth"

[Raoul Vaneigem, The Revolution of Everyday Life]

Miscelânea política & novenas devotas

- ausentes em terras do sul ou na planície heróica alentejana, inspirados nas recordações que a nossa inocente alma reclamava, entre transumâncias que a solenidade reuniu e a paisagem invocou, subimos mais para norte e depois de porfiada colheita nos terrenos d'Alvalade - graças senhor Pinto da Costa! - respeitámos a caminhada até terras do Mondego. O espanto e o horror da populaça jornaleira e bloguista pelos presumidos atributos do eng. Sócrates - ao que parece, diz, consagrou a alma e a governação a voto de silêncio - foram-nos indiferentes. Mas admirámos a curiosa cruzada erguida contra o programa do governo, dito copy paste do programa eleitoral. Tal movimento afectuoso é contrário à repugnância que outros, anteriormente, seguiam, o que se compreende. A vida airosa de Barroso, Lopes & Portas sempre foi o choro desvalido dos trânsfugas da política. E o que se precisa é liberalizar por aí. Há que seguir a canção.

- mas tivemos atentos e via Causa Liberal, fomos esclarecidos do talento do vate Sérgio Figueiredo, agora mergulhado na dor da queda do dólar, a partir de uma instruída redacção virtual. A comovente prédica económica, caridosamente tricotada no Jornal de Negócios a partir dos alinhavos de Antony P. Mueller ou vice-versa, que nisto de economia o (des)amor é cego, retrata bem a bondade dos nossos jornaleiros da economia. Como não vislumbramos o fascinante Figueiredo numa qualquer TV a tecer os seus rosários económico-liberais sobre o estado da nação, supomos que a plagiada foi admirável. E ficará para mais tarde recordar.

- e não deixámos de ler O Público, que agora, graças à originalidade do camarada José Manuel Fernandes, persiste numa incansável campanha de mau gosto. Não só tecendo loas ao execrável Wolfowitz, no que está em perfeita sintonia com os "ambiciosos planos" presentes nos desígnios da "nova" Mãe Pátria (JMF fez um transfert admirável, que é um study case. Da Mãe Rússia passou-se de armas e bagagens para a doce USA. Sempre e afinal o eterno problema da mãe ou da mulher).

De outro modo, para que a vergonha seja perfeita, cedeu o inefável JMF as páginas d'O Público à nata da sandice da classe política, permitindo um depoimento insano de Pedro Pinto, no mais perfeito estilo estalinista. Sabe-se como o JMF não resiste ao senhor do bigode, mas não seria aconselhável que tais ódios partidários fossem acolhidos no jornal do PSD, em vez de o ser num jornal que se quer sério? Já não há recato?

Goethe [m. 22 Março de 1832]

"O Simbolismo transforma os fenómenos visíveis em uma ideia, e a ideia em imagem, mas de tal forma que a ideia continua a agir na imagem, e permanece, contudo, inacessível; e mesmo se for expressa em todas as línguas, ela permanece inexprimível. Já a Alegoria, transforma os fenómenos visíveis em conceito, o conceito em imagem, mas de tal maneira, que esse conceito continua sempre limitado pela imagem, capaz de ser inteiramente apreendido e possuído por ela, e inteiramente exprimido por essa imagem." [Goethe]

"Tudo os Deuses dão, os infinitos,
A quem amam, por inteiro:
Todos os prazeres, infinitos,
Todos pesares, infinitos, por inteiro
" [in Poemas, trad. Paulo Quintela]

"... Ainda não caminhavam há muito, quando o cortejo se encontrou diante duma grande porta de bronze, cujos batentes estavam fechados com uma fechadura de oiro. O velho chamou logo pelos fogos fátuos que não se fizeram rogados, mas bem pelo contrário acorreram pressurosos e se puseram imediatamente a consumir a fechadura e o ferrolho com a ponta das sua chamas agudíssimas. O bronze ressoou com estrondo, quando os portões se abriram instantaneamente e no santuário as dignas imagens dos reis apareceram, iluminadas pelas luzes que entravam.
Cada um se inclinou diante dos soberanos venerandos, sobretudo os fogos fátuos não se pouparam a emaranhadas curvaturas.
Depois de uma pausa, perguntou o rei de ouro:
«Donde vindes?»
«Do mundo», respondeu o velho.
«Para onde ides?», perguntou o rei de prata.
«Para o mundo», disse o velho
«Que pretendeis fazer aqui?», perguntou o rei de bronze.
«Acompanhar-vos», disse o velho ..."

[Goethe, in O Conto da Serpente Verde, 1932]

quinta-feira, 17 de março de 2005


Olga Orozco [n. 17 Março de 1920-1999]

"Yo, Olga Orozco, desde tu corazón digo a todos que muero.
Amé la soledad, la heroica perduración de toda fe,
el ocio donde crecen animales extraños y plantas fabulosas,
la sombra de un gran tiempo que pasó entre misterios y entre alucinaciones,
y también el pequeño temblor de las bujías de la noche (...)
"

[O. Orozco, in Las muertes]

"Mis poderes son escasos. No he logrado trizar un cristal con la mirada, pero tampoco he conseguido la santidad, ni siquiera a ras del suelo. Mi solidaridad se manifiesta sobre todo en el contagio: padezco de paredes agrietadas, de árbol abatido, de perro muerto, de procesión de antorchas y hasta de flor que crece en el patíbulo. Pero mi peste pertinaz es la palabra. Me punza, me retuerce, me inflama, me desangra, me aniquila. Es inútil que intente fijarla como a un insecto aleteando en el papel. ¡Ay el papel! «blanca mujer que lee en el pensamiento" sin acertar jamás»" [aqui]

"Una mano, dos manos. Nada más.
Todavía me duelen las manos que me faltan,
esas que se quedaron adheridas a la barca fantasma que me trajo
y sacuden la costa con golpes de tambor,
con puñados de arena contra el agua de migraciones y nostalgias.
Son manos transparentes que deslizan el mundo debajo de mis pies,
que vienen y se van.
Pero estas que prolongan mi espesa anatomía
más allá de cualquier posible hoguera,
un poco más acá de cualquier imposible paraíso,
no son manos que sirvan para entreabrir las sombras,
para quitar los velos y volver a cerrar.
Yo no entiendo estas manos (...)
"

[O. Orozco, in Esfinges suelen ser]

Locais: Olga Orozco (Argentina) / Olga Orozco (1920-1999) / Homenaje a Olga Orozco / Olga Orozco / Poesias / Homenaje a Alejandra Pizarnik por Olga Orozco