quarta-feira, 30 de março de 2005
A "oferta" e a "procura" explicada ao Povo
A Páscoa, por vezes, tem destas coisas: lança remédios celestiais & penitências ponderadas aos prevaricadores da relaxação social. A epístola aos "esquerdistas" & ao povo teve, neste pascoar, a aventurança do sublime João Miranda num letreiro intitulado: Um esquerdista é um fulano que não entende muito bem o que é isso da «Lei da Oferta e da Procura». Esse bloguista instruído do mundo e da tortura económica invectivou um "operário" da blogosfera lusitana e pronunciou, urbi et orbi, uma profissão de fé sobre o "funcionamento" da sociedade e da "economia", absolutamente admirável. Palmas e martírios.
Tinha-se ideia que um inocente "esquerdista", numa egolatria pecaminosa, desconhecia que a Terra girava e que havia coices e quedas espirituais, não era atreito às malas-artes, inchava de vinhos & petiscos & propaganda, declarava estranheza pela filosofia e a poesis, privava de cinemanias & outros atoalhados que fazem curvar a fronte cismadora, era indiferente aos esforços do pulsar erótico da libido porque pecador com cio se confessava, venerava a propriedade do ócio, ia em manada para a Zambujeira & afins, dormia como um cevado, pensava na revolução, era feliz. Desafortunadamente, nunca se pensou que o nosso protagonista "esquerdista" gaguejava na "Lei da Oferta e da Procura". O que espanta é que, desaustinado da modernidade, o nosso "esquerdista" tenha estagnado na redacção da dita "Lei". E que não tenha, o nosso infeliz recluso oeconomicus, qualquer opinião sobre o assunto. Mas, hélas!, eis que João Miranda vem amassar o nosso sombrio conhecimento. Nós, quebrantados de nervos, já nos decidimos: depois de Marx Abril.