quarta-feira, 17 de março de 2004


Bocas da Blogosfera

* O doutor Filipe Moura declara que Pedro Lomba é “um discípulo involuntário do relativismo”, enquanto a blogosfera corre a alistar-se no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Ora aí está, “quem foge sempre escapa”, assegura um bloguista romântico. Ao que outro responde: “uma ovelha má põe o rebanho a perder”. Deseja-se as melhoras ao doutor da entropia * Após apurado estudo sobre a “higiene das mulheres de esquerda”, o Alberto-a-Dias, ainda a braços com a doença do matrimónio, confessa à volta do arroz de lebre que “quem não se aventurou, não perdeu mas não jantou”. Óptimo, afirma JPC, que para mim, “homem padeiro, não morre de fome” * Pacheco Pereira a postar … todos p'ró bar, defende um leitor do Abrupto * Um almocreve opina que “quando no oásis não está ninguém diz-se que o oásis” é um não-Cavaco. No entanto Filipe Moura considera que, neste caso, se deve dizer, buraco-negro * VLX a escrevinhar é de espreitar e como o moço não é canhoto teremos sorte no totoloto * Diálogo do dia: “Que se faça Luz”, exclama o André Belo. “E Alvalade?”, pergunta Daniel Oliveira * Faz precisamente 31.43 h que este senhor não elogia este senhor. Bravo! * “Não haverá míssil do sétimo dia”, garante Nuno Rogeiro à SIC-Noticias

Luchino Visconti [1906-1976]

m. em Roma a 17 de Março de 1976

Locais: Visconti.com / Luchino Visconti / Luchino Visconti (1906 - 1976) / Biografia di Luchino Visconti / Biographie / Biography / Filmographie / Visconti / L. Visconti / Mestre Visconti / As Contradições do Príncipe
Um terrorismo nos dentes

"Todo o sentimento poderoso provoca em nós a ideia do vazio" [Artaud]

Entrámos num paradoxo infinito, a saber: a vitória do PSOE foi ou não uma vitória da Al Quaeda, como alguns blogs (re)afirmam? Coisa grave? Não parece. O menos que se pode dizer é que se trata de pensamentos pecaminosos. Afinal, não custa muito ignorar o equívoco dessa retórica burlesca. Aventar a hipótese do êxito eleitoral do PSOE ser uma evidência de vitória do terrorismo é assumir o gag verbal da própria estratégia terrorista. Aqui, a escala interrogativa é um mero conceito operatório de matriz político-partidário. E desvela um azedume doentio, macilento e histérico de quem não sabe perder.

A reprimenda dos espanhóis ao governo de Aznar foi demasiado evidente. As razões não se devem, unicamente, à má gestão sobre os autores do atentado, a não ser que não se tenha em conta as diatribes do governo em torno das autonomias, o agastamento da população contra a invasão do Iraque, as manipulações da informação em diferentes casos ocorridos. Nem é justo que se assombre a coragem de uma população na luta que sempre demonstrou contra o terrorismo (ETA, evidentemente) com os factos últimos. No fundo, não é possível pensar que o temperamento e a maturidade política dos espanhóis possam ser comparados aos nossos indígenas lusos. A não ser por distracção ou má fé.

Uma outra questão, é "o que fazer" na luta contra o terrorismo, como se pode combatê-lo, sem qualquer forma de capitulação, mas também sem o uso e abuso da ideia de cruzada (o "estamos em guerra" do Pacheco, Fernandes & Cia), novo messianismo ou maniqueísmo implacável, que configura o terror como norma e tal norma como forma de vida, que muitos abusivamente defendem. E que exige novos meios de inscrição, um outro discurso e, certamente, novos interpretes. Não tenham dúvidas.

terça-feira, 16 de março de 2004


Camilo Castelo Branco [1825-1890]

n. em Lisboa a 16 de Março de 1825

"Dizem que a literatura é o século: esta é uma das poucas verdades que a geração presente adivinhou" [CCB, in O Nacional]

"É uma jolda de infames essa turba de biltres que volteia em redor de mim, contemplando, pasmada, os actos da minha vida. Estúpidos, não ousam perguntar-me por que vivo assim. Devoram-se dum rancor selvagem quando não podem explicar as alegrias de espírito ..." [CCB, in Um Livro]

"A nossa época é essencialmente analisadora; e o nosso público é zelosamente empenhado em julgar os grandes e pequenos acontecimentos, desde a revoltosa queda de uma dinastia de quinze séculos, até à demissão imprevista dum cabo de polícia. Também julga os grandes e pequenos homens, desde o herói de cem batalhas até ao bagageiro inofensivo; desde César até João Fernandes.
E o caso é que nós - o público - somos uma cousa bem respeitável, como disse um sábio. Cada um de nós é uma página deste grande livro da humanidade, brochado em uma mesma encadernação, chamada «crítica».
E tão entranhada é a consciência, que temos da nossa dignidade medicratiz, que, apenas o corpo social revela sintomas de moléstia, por mais abstracta, ou indefinida, que ela seja, aí nos ajuntamos todos a devassar os segredos patológicos do enfermo. Se toda a nossa ciência de probabilismo não descortina o mistério, conjuramos contra a nossa ignorância, e chegamos a inventar moléstias para lhe aplicarmos forçosamente - custe o que custar - a nossa farmácia da crítica.
É então que o doente corre perigo de morte, e as mais sólidas virtudes se desfiguram tocadas pela nossa critica viciosa. A calúnia é o nosso fórceps, quando o parto da verdade é trabalhoso, e demorado.
Sendo a humanidade um corpo solidário, um parlamento sem acintes nem caprichosos facciosos, devemo-nos reciprocamente o encargo de nos elucidarmos sobre alguns acontecimentos de sintomas equívocos ...” [sublinhados, nossos]

[CCB, Revelações, in O Nacional, nº 269, 1952 (aliás, in Polémicas de Camilo, vol. III, Portugália, 1967]

Locais: Camilo Castelo Branco / Camilo C. Branco / Biografia / Camilo Castelo Branco (1825 - 1890) / Camiliana / Casa Museu de Camilo / Um Olhar Sobre o meu condiscípulo / Carta(s) de Camilo Castelo Branco a José Cardoso Vieira de Castro

domingo, 14 de março de 2004

Obsceno

"O olho que vês não é / um olho porque o vês tu: / é olho porque te vê." [António Machado]

Madrid. No princípio é o horror que nos esmaga. Um silêncio de palavras. Longo, que as palavras voam alto. Os desvairados caminhos do terrorismo empurram-nos de pesadelo em pesadelo. Depois, em espanto cada vez maior, deixamo-nos assaltar pela banalidade do quotidiano. Poderá "o homem explicar o homem"?

Entretanto, nem perante o cansaço do horror assim desnudado os homens foram, por uma vez, dignos e sensatos. Não souberam honrar as vítimas. Não lhes fizeram justiça. Tropeçaram, ruidosamente, nos seus próprios demónios. Inventaram denúncias a seu bel-prazer, de acordo com as suas estratégias político-partidárias, numa cartilha de comportamento ideológico obsceno. Nem mesmo se prestaram a sacudir a lama que lhes fede a alma. Foram infames. Quase sempre maliciosos, cínicos, provocadores, obscenos. Insidiosamente, procuraram manipular a dor de todos nesta viagem. E de mentira em mentira, já não distinguem a verdade. Que dizer desse insano Ministro do Interior espanhol ou do vómito José Manuel Fernandes? Como nos podemos esquivar às tropelias, desde o primeiro post, do Pacheco Pereira e de outros sueltos verbosos que acometeram à blogosfera lusa?

Esquecem-se que "nós precisamos de inteligência", e que se "a vida é um processo de desordem", então o objectivo da política é transformar a desordem em liberdade consciente, generosa, inteligente e sustentada. Nada mais simples.


"Escribir en España es hablar por no callar
lo que ocurre en la calle, es decir a medias palabras
catedrales enteras de sencillas verdades
olvidadas o calladas y sufridas a fondo ..."

[Blas de Otero, Nadando y Escribiendo en Diagonal]

sexta-feira, 12 de março de 2004


Somos Todos Madrilenos

O sangue, o medo e a morte, abateu-se ontem sobre Madrid. Os assassinos desapareceram, covardemente. A besta passou por ali. Para trás ficou um rasto de desalento, destruição e assombro. O terrorismo é isso: um desespero político, um universo de terror, uma irracionalidade doentia. Morrer em Madrid. Como em Nova Iorque, Bagdad, África ou na América Latina. O mesmo inferno. Nada nos surpreende. Aprendemos a soletrar te-rro-ris-mo, com um azedume no corpo e o espanto na garganta. Uma guerra que nunca mais acaba. E caminhamos de olhar vazio, um enorme cansaço, as palavras "um ouvido tenso de rumor numa flor de pedra". Como recomeçar, nesta confusão caótica da vida? Ou "como posso eu começar alguma coisa de novo, com todo este dia de ontem em cima de mim" ? (Leonard Cohen)

quinta-feira, 11 de março de 2004


Leilão de Pintura Contemporânea - Dia 17 de Março (21 h) no Palácio Correio Velho

Atenção ao leilão do Palácio do Correio Velho (Calçada do Combro, 38 A, 1º- Lisboa) de Pintura Contemporânea. O catálogo está disponível on line. Vai à praça excelentes lotes de Almada Negreiros / Beecroft / Bual / Cargaleiro / Carlos Calvet / Charters de Almeida / Cruzeiro Seixas / Eduardo Malta / Eduardo Viana / Emérico Nunes / Francis Smith / Gil Teixeira Lopes / Hogan / Hollader / Isabel Laginhas / José Guimarães / José Rodrigues / Julião Sarmento / Júlio / Júlio Pomar / Júlio Resende / Lima de Freitas / Mário Cesariny / Mário Henrique Leiria / Max Papart / Menez / Pinto Coelho / Paula Rego / Rocha Pinto / Rogério Amaral / Teixeira Lopes / Vieira da Silva , entre muitos. A não perder.

Catálogo da Exposição Bibliográfica "Clássicos de Economia Política da U. C. "

"Os livros que, nesta ocasião, se mostram, parte dos riquíssimos fundos bibliográficos da nossa Universidade, servem para evidenciar como o interesse pelas questões económicas se manifesta em Coimbra, pelo menos, desde o século XVII. Obviamente, muito antes da instituição da cátedra de Economia Política (e Estatística) na Faculdade de Direito, após a reforma de 1835. Caso se tivesse concretizado, porém, a intenção do Conselho Superior de Instrução Pública de criar, na década de 1840, a Faculdade de Ciências Económicas e Administrativas na nossa Universidade poderia ser outra a celebração que se assinala com esta exposição. Poderíamos estar a relembrar a existência da Faculdade de Economia mais antiga ... do mundo. Não é o caso. Mas a ocasião fausta que é a celebração do trigésimo aniversário da entrada em funcionamento da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, é motivo de acrescido regozijo porque o que com esta exposição bibliográfica se comprova é uma curiosidade e um interesse antigos por um ramo do conhecimento que, com o tempo, assumiria uma centralidade incontrastada.
Dito isto, resta convidar-vos para uma viagem que começa em 1615 e termina em 1915. Três séculos em que as ideias económicas evoluem desde a «invenção» por Antoyne de Montchrestien do neologismo Economia Política - no Traicté de l'oeconomie politique, publicado em Ruão na tipografia de Jean Osmont - até ao livro de Francesco Saverio Nitti - Il capitale straniero in Itália - também aqui exposto (...)
O que há a fazer de melhor, é percorrer, nesta sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, os diferentes expositores que agora guardam, mostrando-os, estes tesouros escondidos. E reflectir sobre o significado, na sua e nossa época. Porque estes objectos expostos, todos ou quase todos contribuíram para uma aventura ou projecto que traduzimos sinteticamente pelo termo - MODERNIDADE (...)"

[Joaquim Feio, Destes Livros, Desta Exposição, in Catálogo ..., 2004]

quarta-feira, 10 de março de 2004

"Frescura de manhã de Março,
Quietude febril deste amanhecer da vida,
Brincando às escondidas pelos jardins.
Braços estendidos para o Sol, o mensageiro ...
"

[Ruy Cinatti, Poemas]
Delícias de Março

* A ler com atenção, o texto Novo Antisemitismo? As Novas Faces do Mais Antigo ódio do Mundo, de Nuno Guerreiro
* Curiosamente, aqueles rapazes de azul eram trabalhadores da bola. Os outros, em noite aburguesada, eram homens com maus músculos. Acontece aos melhores. Afinal, o que constitui a narrativa do futebol? Aquela corrida de Mourinho fazia parte do guião?
*
Num curto comentário ao infantil convite do Ministro da Defesa, agora afadigado em aranzeis anti-soaristas, Mário Soares afirma meticulosamente: "O dr. Paulo Portas é um epígono conjuntural. Se eu fosse uma pessoa pretensiosa - que não sou - dir-vos-ia: o dr. Paulo Portas cresça e apareça. Mas eu não vou dizer uma coisa dessas, porque não tem sentido". Arreatado, muito esfolado, que terá Portas a dizer?
*
Após uma folgazada festa na Casa do Sporting na Mealhada, uma claque dos ditos, depois de muito bebe água (companheiro Cintra, oblige) consagrou as horas de repouso ao indigesto "desporto líquido" para assaltar e vandalizar o Instituto da Vinha em terras bairradinas. Cepa de Maria Gomes, por excelência, a leveza e frescura da prova feita, revelou - ao que se sabe - um aroma intenso e frutado, bem personalizado. E lá foram, felizes à moda de Ferreira Torres, correndo para a capital, em jornada triunfal. Espantoso! Falta muito para o Euro?

Domingos Sequeira [1768-1837]

n. em Lisboa a 10 de Março de 1768

"Pintor português, considerado o percursor do movimento romântico português, parece ter sido o primeiro em Portugal a dedicar-se à arte litográfica. A introdução da litografia em Portugal deu-se tardiamente, datando de 1823 o seu exercício particular e de 1824 o reconhecimento oficial da sua utilidade. O artigo publicado nos Annaes das Sciencias, das Artes e das Lettras, de 1819 (vol.III), atribuído a Cândido José Xavier, constitui a primeira notícia no nosso país sobre a Litografia, arte então emergente. Em 1822, Luís Mousinho de Albuquerque, escreve na mesma revista sobre esta técnica gráfica que havia estudado em Paris. Será precisamente ele que enviará a Domingos Sequeira em 1822-23, uma prensa e algumas pedras litográficas. Em 1824 D. João VI, por decreto de 11 de Setembro, cria em Lisboa a Officina Regia Lithographica." [in, Museu Virtual da Imprensa]

Locais: Biografia / Domingos Sequeira / Domingos António Sequeira (1768-1837)

terça-feira, 9 de março de 2004



30 anos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Exposição "Livros Raros de Economia na Universidade de Coimbra", na Biblioteca Geral da UC e lançamento da edição facsimilada do Essai Statistique Sur le Royaume de Portugal, de Adrien Balbi com comentário crítico de Romero de Magalhães.
Exercício de paciência

A história será contada em todos os pormenores. O prof. Cavaco existe, não é uma ilusão de óptica. José Manuel Fernandes, referência obrigatória sempre que se fala no afago do poder, surpreenderá em artigalho matutino, em tom sério e pouco gazeteiro. O sempre prudente escriba, Bettencourt Resende, medirá as alturas da queda, revelando as técnicas posicionais. Dado o tipo de sugestão profetizada, Luís Delgado não entra em debates estéticos, avançando com uma resma de ordens de argumentos, todos bem santanizados, que é lícita a agitação. A acrobacia discursiva destes senhores dará brilho e admiração a toda a semana politica. Neste exercício de paciência que é as presidenciais, e até que o engenheiro Guterres clame por nós, despedimo-nos que somos mais pelos "heróis todo o ano", porque "das coisas boas da Terra todos sem excepção têm a máxima culpa" [MCV]


Que é feito deste senhor? Alguém nos diz? Ah! Não!? Que não há registos, dizem. "Old times are dead times", assegura aqueloutro. Que acabou a afinidade com os deuses, suspira aquele. Quanto ao homem, declaro que nunca deparei com ele em toda a minha ida, confirma um outro. Mas não é certo que só a vulgaridade sucede às orações nocturnas? Que é impossível continuar no teatro doméstico da vida, porventura mal acompanhado? Que a originalidade é um segredo bem guardado? Os deuses retiraram-se e depois ... como é que isto tudo acaba? Quem nos ilumina o tabuleiro? Alguém nos diz?

Até lá ... Feliz aniversário, Mr. Bobby Fischer.

segunda-feira, 8 de março de 2004



"Desde o princípio tiveram os homens de se julgar semideuses caídos de sua graça por obra da mulher; e logo depois tiveram que se inventar redimidos através do ventre de nova mãe, essa santa, essa capaz de conhecer Deus no seu ventre e de no seu ventre incarnar o deus salvador, depois chamado o filho do homem – que ironia rebuscada – na sua vida e nos seus actos exemplares. Porque o homem vai fazendo o mundo e cavando o seu tumulo, e vai chamando a mulher, então dizendo-lhe «mãe», para que esta lhe nomeie o mal e o bem, e lho signifique, e tome em si o absurdo insuportável da ordem das coisas, e vai o homem fazendo o mundo sobre o ventre acolhedor e produtor da mulher, então dizendo-lhe «coisa de mim», e posto na mulher o mal e o bem e o absurdo insuportável da ordem das coisas é então justo que seja ela a primeira vítima, ela a culpada até ao momento em que finalmente o homem chama a mulher, dizendo-lhe «mulher», e repara que está vazio o lugar a seu lado"

[Novas Cartas Portuguesas, Futura, 1974]

domingo, 7 de março de 2004

LEILÃO DE LIVROS - Dias 15, 16 e 17 de Março de 2004 [CONTINUAÇÃO]

Conjunto de jornais, salientando-se A Pátria (Lx. 25/08/1900) c/ artigo de Gomes Leal s/ Eça / Revista A Revolução Social nº 17 de Agosto de 1888 (comunista-anarquista, Porto) com artigo s/ Eça e os Maias / Bosch ou o Visionário Integral, de José Augusto França, Lisboa, 1944 / Cartas de Gilberto Freyre / Gente Lusa, Arquivo de Letras e Arte, nº1 a 5, 1915-16 (revista onde escreveram Leonardo Coimbra, Camilo, Manuel Laranjeira) / Poesias autografas de D. C. Warnest [Ernesto Guerra da Cal] (1911-1994), sendo uma intitulada "Homage to Frederico Garcia Lorca on the 30º anniversary of his death", Lisboa, 1984 (é-nos dito que há uma refª a lápis onde se regista uma "confidência do poeta", na qual E. G. da Cal , "que tendo sido na juventude intimo de Lorca", teria escrito 6/7 poemas que constavam nas Obras Completas de Lorca) / Cartas de Leitão de Barros, algumas sobre à sua secção "Os Corvos" / Carta(s) de Álvaro Lins, onde é referido que "se for eleito Juscelino Kubitschek" então seria embaixador em Lisboa / Obras Completas de Gregório de Matos, Bahia, 1968, VI vols / Giestas de Memória, de Nelson de Matos, Lisboa, 1966 (junto c/ uma carta manuscrita) / Carta, Fotografia de Somerset Maugham, e um manuscrito de LFT descrevendo os assuntos "conversados" nesse "memorável almoço" (28 de Setembro de 1947) / Subsídios para a Historia de uma Geração (Bosquejo histórico de uma série de revistas que falharam), de José de Melo, 3 pgs dact. de Fev. 1959, onde se refere as revistas Vómito (1950), Cadernos do Centro (1954), Paralelo 25 (1956-57) e Sincerismo (1957-58) / Respiração Mental (Manuscrito e Livro). O Problema da Censura, de Alberto de Monsaraz, 1946, com uma carta man. com comentários sobre o tema / Carta manuscrita de Vianna Moog (7/6/1977) comentando a morte de Carlos Lacerda / Vida e Literatura de Pedro Moura e Sá, Lx, 1960 / Conjunto de 31 Cartas de figuras do Nacional-Sindicalismo, datadas de Junho de 1933 a Dezembro de 1934 (destaque para José de Campos e Sousa, Dutra Faria, José Garcia Domingues, Visconde de Porto Cruz, António Tinoco) / Manuscrito de um parecer da Academia das Ciências sobre o significado da palavra "escritor", original mas pelo punho de Vitorino Nemésio (Junho 1972) / Cartas dact. de João Palma-Ferreira (Julho 1967 a Dez. 1988) com refª a Mourão-Ferreira, Cesariny, Sena, Eduardo Pardo Coelho / Folhetos (31) raros da Polémica do Bom Senso e do Bom Gosto / O Terrível Engano, de LFT, sep. do artigo do DP de 2 de Nov. 1949 sobre a morte de Carlos Queiroz em Paris / Manuscrito Inédito de Arnaldo Saraiva, dactilografado e corrigido à mão de 1961 (refª a Ruy Belo, Cesariny, Herberto Helder, O'Neill) / Cartas manuscritas e um original dactilografado de Agostinho da Silva / Cartas (8) de Philippe Soupault .

sábado, 6 de março de 2004

LEILÃO DE LIVROS – Dias 15, 16 e 17 de Março de 2004

Resenha Bibliográfica da Biblioteca que Pertenceu ao Escritor, Crítico Literário e Académico Luiz Forjaz Trigueiros - 2ª Parte

Literatura Portuguesa, Brasileira, Francesa / Espanhola, História e Arte, Filosofia, Poesia / e ensaios, incluindo um Invulgar e Valioso / conjunto de Manuscritos Autógrafos / (Cartas, Postais, Originais e Cartões de Visita) / dos mais Consagrados Escritores, Poetas, / Artistas e Políticos do Século XX / Segunda Parte / ... / sob Direcção de José Manuel Rodrigues (Livraria Antiquária do Calhariz, Lisboa)

Local do Leilão: Casa da Imprensa, Rua da Horta Seca, nº 20 – Lisboa

Trata-se da segunda parte do leilão da Biblioteca de Luiz Forjaz Trigueiros, após o leilão de Setembro de 2003. Apresenta 975 peças, sendo de referir um conjunto importante de manuscritos autógrafos de inúmeros escritores portugueses e brasileiros. Apresenta, ainda, na introdução ao catálogo, um excerto dum texto de LFT, "Presença da Literatura Brasileira em Portugal", bem como reproduções de algumas fotografias a leilão (ex: Jorge Amado, Paul Valery ou Vitorino Nemésio).

Algumas referências: Cartas de Francisco Luís Amaro (da Revista Colóquio/Letras) salientando o centenário de Mário Beirão e c/ muita informação literária / Carta de José Carlos Ary dos Santos, c/ papel timbrado dos «Studios Zeiger», Março de 1964 / 4 Cartas de Henrique Barrilaro Ruas, c/ destaque para a última (1991) sobre o Partido Popular Monárquico: «Por mim, penso que, feita que foi esta última experiência, importa acabar. Acabar como partido. Não resultou, paciência» / Cartas (18) e postais (3) de Pierre Benoit para Forjaz Trigueiros, de 1948-1958. Refira-se à informação trocada sobre o romance «Prête Jean» (Fev. 1952), "dedicado a Portugal, ao sebastianismo e a Sidónio Pais" / Carta(s) de Augustina Bessa-Luís, c/ especial refª a uma, datada de Agosto de 1989, sobre a admissão de ABL à Academia Brasileira, tendo o apoio de LFT, onde o agradecimento de ABL é "simplesmente admirável" / Conjunto importante de livros sobre o Brasil, desde Arte, Critica Literária, Festas Populares, Poesia, ... / Carta(s) de Marcello Caetano, salientando-se um cartão onde é feito "um comentário crítico à selecção" de LFT para uma "antologia sobre Angola", que teria deixado desgostoso MC, dado não terem sido incluídos "Vicente Ferreira, Couceiro, Hipólito Raposo, Maria da Graça Azambuja e Reis Ventura" / Valioso conjunto de centenas de cartões de visita de alguns escritores e intelectuais portugueses / Original de Fernanda de Castro, poema ms. "A Mestra de Lavores", 1940-50 / Cartas de António Celestino, enviadas de S. Salvador da Bahia, C/ inúmeras refª a Jorge Amado e amigos bahianos (Carybé, Genaro) / Original dactilografado e assinado de 7 poemas de Ruy Cinatti e um outro original com 6 poemas (nov. 1976-Jan. 1977) / Fotografia de T. S. Elliot, tirada "em Évora", Maio de 1938, identificando-se, "Fernanda de Castro, D. Maria Eça de Queiroz, T. S. Elliot (de calças à golf),..., Alberto Cutileiro, Forjaz Trigueiros" [Continua]

sexta-feira, 5 de março de 2004

Que Portugal ...?

"... Que Portugal se espera em Portugal?
Que gente ainda há-de erguer-se desta gente?
Pagam-se impérios como o bem e o mal
- mas com que há-de pagar-se quem se agacha e mente?
..."

[Jorge de Sena, L'été au Portugal, in Exorcismos, 1972]

Todos Loucos

Não estamos bem. Diremos mais, estamos perfeitamente esquizofrénicos. A bagunça é total. Quem acompanhar as manchetes dos jornais e da rádio julgará, certamente, que é assombração astral. A vida pública portuguesa atingiu o grau zero da estultícia. Quem é que anda aí? Vejamos: dizem, aqui, que das 127 fotos do álbum fotográfico do processo Casa Pia, mostradas às testemunhas, 126 são de indivíduos famosos. E logo, como peixeirada, o jornal publica-os na primeira página. Extraordinário. O segredo de justiça é um engano de olhos. A realidade, afinal, é a súplica do Ministério Público (santa incompetência) do levantamento da imunidade parlamentar a estes deputados, por violação do segredo de justiça. Encantador. Parece aquele "descer lentamente com o vagar de quem sobe". O Presidente da Câmara de Lisboa, putativo candidato a candidato presidencial, desenvolve um excelente exercício de cidadania: convidar, via McDonald's (só podia), alunos do primeiro ciclo de escolaridade para assistir ao Euro 2004. A condição é que não possuam "deficiência física ou mental em virtude da necessidade de acompanhamento especial". Pois, assim dito à maneira americana, é magnífico e prenhe de cidadania. Ao clarim da McDonald's o candidato Santana Lopes certifica primeiro, volta atrás depois. Ainda não é desta que vemos a luz ao fundo do túnel. É natural. Afinal, temos de ter a prudência da serpente, é que "com a chegada das andorinhas, nunca se deve modificar o andar”". Evidentemente.