quinta-feira, 31 de julho de 2008


O serão do Presidente

O dr. Cavaco Silva fez hoje, via T.V., uma desastrada comunicação aos indígenas sobre a questão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores e que ninguém, em esforço e minimamente instruído, entendeu. Apologista do tabu e do silêncio tortuoso como estratégia política, o Presidente da República caiu, definitivamente, nas profundezas da silly season nativa e no anedotário paroquial ao interromper as (merecidas) férias dos portugueses com avisos avulsos ao governo e à Assembleia da República, depois de en passant ter atestado a incompetência jurídica dos sábios do Tribunal Constitucional. Convenhamos que, para quem ao longo do santo dia esperou algum serviço ou dito sentencioso vindo do Palácio de Belém, a espera, além de aborrecida e pouco divertida, foi inútil e afrontosa.

Mesmo se a récita presidencial fosse por alguma vez estimulante - o que nunca se verificou -, o tom grave e carrancudo do sr. Cavaco Silva, a par da sua eterna dificuldade de dicção, torná-la-ia enfadonha e incompreensível.

Mas afinal que pretendeu dizer o sr. Presidente da Republica e que os conselheiros do Tribunal Constitucional e todos os deputados, regionais e da República, não souberam ver? Que o sistema de equilíbrios institucionais e os poderes presidenciais, tal como estão consagrados no novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, era beliscado existindo mesmo uma putativa diminuição de poderes presidenciais. Para tão sentencioso letreiro político-institucional o dr. Cavaco avançou, passando por cima do sentido político que se quis imprimir às autonomias desde a revisão constitucional de 2004, com uma bateria curiosa de exemplos no que considera ser uma moléstia sobre os deveres/direitos de audição e consulta no acto de dissolução da Assembleia Legislativa dos Açores.

Fica-se a saber, pelo narrado, que partidos para o dr. Cavaco Silva só existem os de expressão nacional, não havendo lugar a infectos partidos ou grupos regionais fora da bitola dos grandes partidos e que, assim, bastaria consultar aqueles numa putativa dissolução. Mais bizarro foi considerar que a "audição autónoma do Presidente do Governo Regional [é] tanto mais incompreensível quanto ele tem assento no Conselho de Estado". Isto é, para o dr. Cavaco Silva o processo autonómico foi formatado em devido tempo e não há lugar a mais alterações. Do mesmo modo, é de supor que a revisão constitucional de 2004 feita não agrade ao preclaro defensor da actual Constituição.

Mas é evidente que os poderes presidenciais não foram de modo algum diminuídos, aliás conforme entendeu o Tribunal Constitucional, a quem Cavaco Silva agora pretende dar lições. Não há pois razão para o dramatismo do dr. Cavaco. A questão que se colocou no serão presidencial de hoje foi essencialmente política, com estranhas motivações por detrás. Tudo leva a crer que o caminho iniciado a partir deste incidente por Cavaco Silva não augura prudência e ponderação. E é de supor pelo ridículo do teor da comunicação que o seu magistério, esse sim, é que foi mesmo beliscado. Como um dia se verá.

quarta-feira, 30 de julho de 2008


Heitor Villa-Lobos

"É na formação das artes de um país, que existe a cega necessidade imprescindível de colher os principais motivos na sua própria natureza, como fizeram todas as grandes nações que mais se distinguiram pela sua maneira própria de ser, algumas delas chegando mesmo a dominar o espírito artístico universal, implantando sugestivamente um Belo que nada tem de comum com o Belo de outros povos de temperamentos completamente opostos. É verdade que nestes casos resulta sempre num curioso fenômeno de condições e paradoxos. Por exemplo, (sem ironia) no Brasil [...] veneram com eloqüência todos os feitos da Grécia/Roma antiga e ridicularizam as façanhas dos nossos primitivos selvagens. [...] É isso que se chama talvez, modernamente, esnobismo" [A Noite, 9/1/1926 – ler mais aqui]

Leila Guimarães/Heitor Villa-Lobos - Bachianas Brasileiras No. 5-Dança
boomp3.com

Tabuada: "Honorabilidade"

Honorabilidade – E um vocábulo de acepção indefinida e, talvez, indefinível.

Se equivale a benemerência (como ensina Figueiredo), não há precisão de neologia: benemerência escusa honorabilidade.
A meu sentir, honorabilidade, quando o consagrássemos, teria de significar a estimação, com que o juízo público, isso a que hoje em dia chamamos por excelência a opinião, recompensa os homens de bem.
Mas, nesse caso, honorabilidade se confundia com honra, que (leia-se a definição de Morais) também tem essa acepção.

[M. S. Mendes de Morais, "Repertório Réplica de Rui Barbosa", Casa de Rui Barbosa, 1950, p.92]

Edições Livraria José Olympio Editora

Fui advogado da Livraria José Olympio Editora durante muitos anos, de 1935 a 1960, iniciando os trabalhos com o preparo do contrato da locação da sala na Praça XV de Novembro, edifício da Bolsa, no mesmo prédio em que o Valadão [prof.e advogado Haroldo Valadão] e eu tínhamos escritório, pois o José Olympio vinha da Travessa dos Barbeiros. Houve depois uma acção de renovação de contrato da loja da Rua do Ouvidor, esquina de Avenida, onde estava instalada a livraria (...)

José Olympio, o maior editor brasileiro dos últimos anos, foi o editor de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Luís Jardim, Herman Lima e muitos outros, e nunca houve qualquer acção para cobrança de direitos autorais, porque a firma cumpria rigorosamente suas obrigações. Lá conheci todos os autores da época, e nos almoços de quarta-feira (depois às sextas) conversávamos muito. Houve até um caso curioso de Guimarães Rosa: ele entregou originais com o título de Terceiras Estórias, quando só tinha publicado as Primeiras Estórias, e alguém, no almoço, perguntou pelas 'segundas'. O Daniel Pereira, director da Casa, declarou: 'O Rosa falou meia hora explicando o porquê das terceiras sem as segundas, e eu não entendi nada'. Em seguida, o Rosa saiu-se com esta explicação: "Vocês conhecem o Plínio Doyle, que não está satisfeito enquanto não tem um papel na mão para a sua colecção. Ele pediu os originais das ‘Segundas Estórias’ para ler e agora não quer devolver porque já estão no seu arquivo”. Com essa resposta todos riram e o Rosa não explicou nada. As “Segundas Estórias” não existem e o Paulo Rónai, ao preparar uma nova edição das Terceiras Estórias, para que não houvesse confusão, deu-lhe o título de Tutaméia ...

[Plínio Doyle, in Uma Vida, Edições Casa Rui Barbosa, 1999]

terça-feira, 29 de julho de 2008


José Olympio: o Editor e Sua Casa

Em breve teremos o prazer de folhear o admirável e curioso livro sobre José Olympio Pereira Filho e a sua "Casa", a estimadíssima Livraria José Olympio Editora. Trata-se da edição feita pela "Sextante" [a cargo de Geraldo Jordão Pereira, filho de José Olympio] e organizada por José Mário Pereira: "José Olympio: o Editor e Sua Casa”. São mais de 400 páginas de imperecível saudade sobre o livreiro e a sua casa editora, que foi uma das mais importantes em língua portuguesa e principal ponto de encontro literário do Rio de Janeiro. A Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, fará uma exposição sobre o evento.

Do registo estimado da "Casa" (Rua do Ouvidor 110, Rio de Janeiro), como era conhecida a Livraria de José Olympio, em boa hora feito por José Mário Pereira revela-se a exuberância e a riqueza do acervo da sua Livraria, como se poderá ver pela reprodução de mais de 500 capas, quase sempre magnificas, com desenhos de Portinari, Tomás Santa Rosa, Cícero Dias, Oswaldo Goeldi, Luís Jardim e outros tantos mais. A "Casa" que segundo José Mindlin "abriu caminho para escritores que no tempo se tornaram grandes nomes na literatura brasileira" publicou obras de Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Gilberto Freyre, Rubem Braga, entre muitos. E daí que no livro a sair se possa também entender as relações de amizade e cumplicidade entre o Editor e os seus autores, tais as referências expressas. Coisa rara, nos tempos de hoje.

Nós, que há alguns anos, em vaidade bibliómana, coleccionamos (graças Ricardo! graças Manel!) obras publicadas pela linhagem da Livraria José Olympio Editora - não só pela raridade das suas obras mas também pela riqueza e excelência das suas capas - lá estaremos para lhe prestar a merecida homenagem.

terça-feira, 22 de julho de 2008


Tabuada: "Despedir"

Despedir – A consemelhança, que figura aparentar os verbos expedir, impedir e despedir com o verbo pedir, ocasionou a versão vulgar de impeço, expeço, despeço; mas, não tendo a outra sido proscrita inteiramente da pratica dos mestres, razão é que prevaleça, desde que de sua parte está o significado das palavras e a sua etimologia.

Convém aliás notar que, entre os antigos, o próprio verbo pedir se conjugava por vezes regularmente: pido, pidais, pida.

"Que não sei se remédio ou morte pida" (Camões)
"Não me pidais interesse" (Id.)
"Amor, amor, mas te pido" (Id.)

- Ex. com expedir:
"Não me fico, e no imo peito espido brado louvor" (Camilo)

- Ex. com impedir:
“Não me impidas o gosto da tomada" (Camões)
“Que nos turbe a paz, e impida a liberdade” (Bernardes)

- Ex. com despedir:
"Com esta ultima advertência vos despido ou me despido de vós, meus peixes" (Vieira)

[M. S. Mendes de Morais, "Repertório Réplica de Rui Barbosa", Casa de Rui Barbosa, 1950, p.56]

In-Libris – livros em Julho

A In-Libris (Porto) apresenta novo Catálogo de livros, outras tantas peças bem curiosas e invulgares, algumas peças de colecção. Refira-se a estimada monografia da Serra da Estrela (de Adelino de Abreu), alguns livros de Eugénio de Andrade (entre os quais o raro "Coração do Dia"), curiosas bengalas antigas, obras de Fiama Hasse Pais Brandão, o raro Diccionario Portuguez das Plantas e Arbustos do sec. XIX (por José Monteiro de Carvalho), um livro já esgotado de Dórdio Guimarães (Ubéria), ainda a peça de colecção de Júlio & Régio "Musica" (edição da Presença), a Poesia completa de Luis Miguel Nava, um conjunto apreciável de obras de António Correia de Oliveira raras com bonitas encadernações e exemplares com dedicatória do autor (ex: a Henrique Trindade Coelho), os Discursos de Oliveira Salazar (VI vols encadernados) assinados pelo próprio, obras estimadas de António Osório, a muito rara obra (1ª do poeta) José Carlos Ary dos Santos "A Liturgia do Sangue", a cobiçada e invulgar colecção "Os Modernistas Portugueses" de Pedro Veiga (muito esquecido hoje e que proximamente daremos pequena nota biográfica no Almanaque Republicano), alguns livros de Couto Viana.

A consultar on line.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

And Now Something Completely Different



[Emir Kusturica And The No Smoking Orchestra]

Tabuada: "Avir-se"

"Avir-se: Lá se avenham entre si os dois apologistas do projecto. § 202

- Obs. I. Evidentemente por equivoco escreveu Castilho [no Fausto]:
‘E como se havém na emprêsa o desenhador?’
Neste caso é manifestamente o verbo avir-se, correspondente ao adjectivo avindos, que empregou na página anterior; e êsse carece de h.
Salvo êsse caso, de evidente descuido, não se poderá dizer que os mestres da língua confundissem, como alguns têm dito, com o verbo avir-se o verbo haver-se. De um e outro neles se encontram exemplos distintos.

Camões, verbi gratia, poetou:
- ‘Com o meu gado me avenho, e estou contente’
- ‘O rico com seu ouro lá se avenha’
- ‘Houve-se amor comigo
Tão brando ou pouco irado
Quanto agora em meus males se conhece’

- ‘Hajamo-nos, pois, com a nossa língua, como os romanos se houveram com a sua’ (ANT.PER. DE FIGUEIREDO).
- ‘O senso das turbas mal sabia como se houvesse com as trevas e monstros’ (CASTILHO). § 281

Obs. II. Avir na significação transitiva quer dizer ajustar, compor, conciliar, congraçar, concordar:
‘E se alguns Concelhos hão demandas ou contendas entre si, deve trabalhar quanto puder de os concertar e avir’ (Ord. I.39) § 490”

[M. S. Mendes de Morais, "Repertório Réplica de Rui Barbosa", Casa de Rui Barbosa, 1950, p.27]

Livros Livros Livros

No Ipanema, claro! Livraria Livros, Livros e Livros. Na Rua Visconde de Pirajá e ... como ele, estamos convenientemente loucos.

Saúde e fraternidade

Pois sim! Vamos andar ... por aí

"Ah, cidade maliciosa
de olhos de ressaca
que das Índias guardou a vontade de andar nua
e que, apesar do Toque do Aragão,
do Recolhimento do Parto
e do Prefeito Amaro Cavalcanti
- impondo em 1917 a moralidade rigorosa
nos banhos do mar –
despe-se novamente hoje nas areias de Ipanema
"

[Ferreira Gullar]

sábado, 19 de julho de 2008

Forró do Professor



As peças cariciosas sobre o ensino e educação que, meticulosamente, alguns dos nossos prosadores de serviço à paróquia coleccionaram e ofertaram copiosamente nos jornais e TV, neste ano lectivo que chegou ao fim, foram utilíssimos para todos os amantes da educação e da instrução. Os álbuns e o repositório de curiosidades ditas por todos esses senhores, neste ano da graça de Maria de Lurdes, não se esvaíram em fumo. Não! Ficaram como notícia e testemunho aos vindouros. E para asseverar que o seu trabalho encomiástico ao directório educativo - de crónica fácil, de reclamação pedagógica nula e obstinada afronta aos docentes deste país - não será esquecido.

Tenham um bom dia!

Semanada medíocre

Sem alarido que se visse, o caminho para a recessão económica decorre em normalidade. Pelo descampado do convénio nativo começam a passar as habituais & arqueológicas figuras (o Bettencourt Resendes prevarica), enquanto outras inteligências, as que antes grasnavam oásis de crescimento e desenvolvimento, desapareceram na silly season. O tédio é imenso.

O sr. Sócrates, à beira do palco eleitoral, fala aos pobrezinhos, trazendo pela mão o extraordinário dr. Manuel Pinho. A prevenida sra. Ferreira Leite, olheiras pisadas e com algumas rugas sociais ainda frescas, nada tem a declarar sobre a crise ... a não ser (evidentemente!) o apoio inebriante à construção do novo aeroporto de Alcochete. Este será portanto a novíssima obra do bloco central dos interesses. Sorte para o dr. Coelho! Com isso, a antiga "sopradora" deixa portanto por realizar a sua grande Obra alquímica e que consistia em transformar recursos financeiros de investimentos de obras públicas em transferências sociais para os indígenas. Maldito enxofre!

Por outro lado, uma prosa pesada sobre a crise veio por intermédio de um relatório (via B.P.) do inquieto (e pouco estudioso) funcionário público do BCE, que dá ao nome de Vítor Constâncio. E compreende-se porquê: tantos anos na paróquia a reabilitar sucessivos governos do bloco central, que se cansou sentimentalmente. A dor do funcionário foi tanta que o disparate e a charge política vieram de imediato. Por seu turno, o impante dr. Cavaco Silva anda pelo "país real" pregando à canalha "a não baixarem os braços". Comovente!

Por fim, os nossos pungidos economistas - com guichet nas Universidades, jornais e TV's - como a sábia Teodora Cardoso, o sr. Daniel Bessa, o abominável César das Neves, o sr. Daniel Amaral, o cénico António Metelo, o Beleza ou o emotivo Silva Lopes, de tanta indigestão económica e entretimento orçamental cultivados estes muitos anos, desapareceram para a posteridade. Não há, por ora, exercícios didácticos sobre a crise. Recordar o que diziam, anos antes, nas suas previsões e análises macroeconómicas sobre Portugal e o mundo, olhos pousados na fancaria do sr. Sócrates e no milagre de Teixeira dos Santos, Trichet & Cia, Lda, é um trabalho bem curioso mas pouco cavalheiresco. Espanta é como persistem, com exaltação, a "vender" aulas sobre assuntos que desconhecem. De facto, o ensino anda perigoso!

quarta-feira, 16 de julho de 2008


Boletim Bibliográfico 37 de Livraria Luis Burnay

Está online o excelente Boletim 37 da Livraria de Luis Burnay [Calçada do Combro, 43-47, Lisboa], que apresenta 728 obras, algumas raras ou de muita estimação.

Algumas referências: Dicionário Corográfico de Portugal Contemporâneo, de António Sampaio Andrade, 1944 / Anedoctes Africaines depuis l’origine ..., por Joseph Gaspard Duboi-Fontenelle, Paris, 1775 [c/ refª a Portugal] / Inventário de Lisboa, de Norberto de Araújo, 1944-1956, 12 fasc. / Historia dos Christaos Novos Portugueses, de J. Lúcio de Azevedo, 1921 / Velharias de Sintra (I.IV), por José Alfredo da Costa Azevedo, 1980-82 / O Conde de Castel-Melhor: as suas presumidas relações com os alquimistas, mágicos, filósofos, moedeiros-falsos e envenenadores do século XVII, Coimbra, 1923 / Ermida de Nossa Senhora do Carmo da Penha na Serra de Santa Catharina cercanias de Guimarães, de António José Ferreira Caldas, 1873 / varias peças sobre a polémica "Casamento Civil" [sec. XIX] / Historia Y Magia Natural O Ciência de Filosofia Oculta ..., pelo Padre Hernando Castrillo, 1723 / Colecção Henriquina. Comissão das Comemorações do Quinto Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1958-1961, XII vols / Cancioneiro chamado D. Maria Henriques, de D. Francisco da Costa, 1956 / Diário dos Acontecimentos de Lisboa, por ocasião da entrada das tropas de Junot ..., 1808 (aliás, 1944) / A Maçonaria Portuguesa, por da Cunha Dias (curiosa peça anti-maçonica), 1930 / Sistemas Primitivos de Moagem em Portugal, de Jorge Dias & Ernesto Veiga de Oliveira, 1959 / O Minuto Vitorioso de Alcácer-Quibir, de José de Esaguy, 1944 / várias peças da polémica "Eu e o Clero" (sec. XIX) / Vagão "J" (romance), por Vergílio Ferreira, 1946 / O Monumento de Mafra, de Joaquim da Conceição Gomes, 1866 / vários Inventários Artísticos de Portugal / Dicionário da Linguagem de Marinha, por Humberto Leitão, 1963 / A Entrevista [20 entrevistas a várias personalidades políticas de então], por Joaquim Leitão, 1915 / A Caça: Colónia de Moçambique, de Jacinto Pereira Martinho, Lourenço Marques, 1934 / Os Monges Agrónomos do Mosteiro de Alcobaça, por J. Vieira Natividade, 1942 / As Farpas, por Ramalho Ortigão & Eça de Queiroz, Lisboa, 1871-73, XLII numrs / Revista de Portugal, dir. Vitorino Nemésio nº1 (Outubro 1937) a nº 10 (Novembro 1940), X vols / Colecção "Pelo Império", nº1 (1935) a nº 131 (1961), 131+índice / S.W. Sudoeste: Cadernos Almada Negreiros, nº1 (Junho de 1935) a nº3 (Novembro 1935), III vols

sábado, 12 de julho de 2008


Bush Last Day

"Some cause happiness wherever they go; others, whenever they go"

[Oscar Wilde]

O estado do sr. Sócrates

[O Orador: José Sócrates] - E a nossa mensagem é muito clara, Sr. Primeiro-Ministro: isto não está a correr bem, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está mesmo a correr nada bem!! Portugal tem hoje mais de 420 000 desempregados. Não se riem agora, Srs. Deputados do PSD?! É verdade!

E já não são só as vítimas habituais! Não! Agora, o desemprego sobe mais entre as pessoas com curso superior e sobe mais entre os jovens!! O drama do primeiro emprego, que marcou boa parte do cavaquismo, está de volta (...) É por isso que, se há uma "imagem de marca" deste Governo, se há uma imagem que marca a governação desta maioria, ela é, sem dúvida, a marca do desemprego. Triste marca!

[Aplausos do PS]

Não, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está a correr bem, isto não está a correr mesmo nada bem! E o que é extraordinário é que, nos debates teóricos sobre a forma de governar, ainda há muito quem pense e teime em afirmar, apesar de tudo, que não vê grandes diferenças na governação do PS e do PSD.

[Vozes do PSD: - Mas há, mas há!]

(...) E esta não é uma subtil diferença, esta não é uma questão política de somenos. Não! Esta é a diferença entre considerar ou não considerar o emprego como a prioridade central da política económica.

[Vozes do PS: - Muito bem!]

E o que temos visto deste Governo é que o emprego já não é um indicador económico valorizado na sua política. Em matéria de desemprego, o Governo só tem tido uma preocupação: por um lado, inventar desculpas, por outro, procurar culpados.

[O Sr. António Costa (PS): - Muito bem!]

E vai logo aos suspeitos do costume: a culpa já foi da "pesada herança", já foi dos sindicatos, já foi das leis laborais e até da Constituição, tendo passado, depois, para a conjuntura internacional (...) Não, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão para o desemprego é outra: o desemprego aumenta porque a economia se afunda. E aqui, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, temos muito que conversar. Portugal ainda há um ano e meio crescia acima da média europeia. Hoje, Portugal é o país da Europa em pior situação económica.

[O Sr. José Magalhães (PS): - Agora não se riem!]

E uma coisa o Sr. Primeiro-Ministro não pode aqui dizer: é que tudo isto era inevitável ou que tudo está a correr como previsto. Não! O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, na Assembleia da República, que, consigo, com este Primeiro-Ministro, Portugal iria crescer, cada ano, dois pontos acima da média da União Europeia.

[Vozes do PS: - Exactamente!]

A verdade é que estamos a decrescer dois pontos para baixo da média europeia. E é caso para lhe recordar, Sr. Primeiro-Ministro, o conselho que, noutras circunstâncias, se apressou a dar a outros: não faça mais previsões, Sr. Primeiro-Ministro, nem deixe a Sr.ª Ministra das Finanças fazer mais previsões ..."

[Intervenção de José Sócrates (PS), na Reunião Plenária de 2 de Outubro de 2003, Debate: Estado da Nação]

O duplo João Proença

Em tempos mais alumiados que os d’agora, era mister reclamar que o espírito de Carvalho da Silva apresentava predisposição - zelosa e instruída - para caminhar lado a lado com a estratégia do PCP. O milagre dessa devoção emanava por todo o lado e em todas as "lutas". Ao "bom" do Carvalho da Silva derramavam copiosas "maldades" e incestuosos tormentos. Mais ninguém, de igual linhagem ou carácter, parecia seguir tais escandalosos métodos, isto é ser correia de transmissão a um partido. O "bom" do Carvalho da Silva - é bom de ver - não apreciava tais ditames, mesmo que tal tivesse algum provimento. Por isso, com mal d’amores políticos à mistura, foi ler, estudar e deixou lentamente a sombra tutelar da linha ortodoxa do velho partido. Ganhou encantamentos. Nunca mais tais retóricas foram elevadas ao seu total exagero. Evidentemente, continuou a zelar, a falar e a instruir. E até, de vez em quando, a "lutar"- diga-se.

Entretanto, como se esperava e tinha de ser, desperta para a "vidinha" sindical essa figura ridícula, espaventosa e pouco graciosa que dá pelo nome de João Proença. Saltou do estabelecimento do Largo do Rato, directamente para a moita sindical. O pulo do João Proença, mesmo que desconchavado, não iludia nativo algum. Num país de controleiros mimados, todos bufaneando para o "patrão" que lhe der a mão, o indígena não se ocupou do assunto que entendia pouco suspeitoso. Até então a "correia de transmissão" dos sindicatos aos partidos era, ironicamente e para gozo dos putativos "patrões", atribuído ao "bom" do Carvalho. E assim, poisando a cabeça entre a agremiação de putativos "sindicalistas" e o rabo dos sábios colunistas, lá caminhava o inatacável João Proença: de dia tomando o boné proletário e de noite usando o fato das novas oportunidades socialistas. A evidente "dupla personalidade" deste curioso "sindicalista", ao fim de longo tempo, foi agora diagnosticada.

É que depois de ter andado em romaria pela paróquia com o eng. Sócrates - explicando a bondade da revisão do Código de Trabalho –, de ser entronizado em reunião na sacristia do Largo do Rato e de ter assinado de cruz o "notável" Código de Trabalho” do sr. Sócrates & Silva(s), revelou a gravíssima doença de que é possuído: o de ser o Mr. Hyde & o Mr. Jekyll dos proletas lusos. E há cura para tal afoiteza, perguntam vós? Não sabemos! Mas o sempre talentoso sr. Vitalino Canas, decerto, um dia dirá qualquer coisa sobre o doente. Se tivermos tempo.

Saúde e fraternidade

ALMOCREVE - PRAZERES OCIOSOS


Se não fossemos nós ...

"Se não fossemos nós
quem eram vocês?
Se não fossem vocês
quem éramos nós?
Quem nos lê a nós?
São vocês (e nós...)
Quem vos lê a vocês?
Somos nós (e vocês...)
Tudo fica, pois,
Entre nós, entre nós ..."

[Alexandre O’Neill]

terça-feira, 8 de julho de 2008


Catálogo de Livros Antigos e Modernos sobre Misericórdias e Assistência

Acaba de sair um curioso e invulgar Catálogo de Livros Antigos e Modernos sobre Misericórdias e Assistência pela Livraria Manuel Ferreira [Rua dr. Alves da Veiga, 89, Porto].

Algumas referências: Estudos Históricos e Archeologicos 1874-75, de Inácio de Vilhena Barbosa, Porto, II vols / A Cappela de S. João Baptista erecta na Egreja de S. Roque, de Sousa Viterbo e Lourenço de Almeida, 1900 / História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, por A. Magalhães Basto, 1934-1964, II vols / Da Igreja Manuelina da Misericórdia de Lisboa "Conceição Velha", por Jorge Segurado, 1977 / Compromisso da Misericórdia do Porto, Porto, 1800 / Memoria Justificativa e Descriptiva das Obras Executadas na Egreja de S. Roque de Lisboa, 1894 / Centenário do Hospital Miguel Bombarda, Antigo Hospital de Rilhafoles 1848-1948 / Économie Sociale – Assistance Publique en Portugal, de Costa Goodolfim, Lisbonne, 1900 / O Problema da Assistência, por A. C. Amaral Frazão [pref. de Agostinho Fortes], Typ. do Grémio Lusitano, 1925 / Uma opinião sobre os expostos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pelo Conde de Rio Maior, Lisboa, 1866 / diversos Álvaras / Estatutos e Outros Diplomas relativos à Fundação do Collegio dos Meninos Orphãos de Nossa Senhora da Graça da Cidade do Porto, Porto, 1897 / Estatuto para o Asylo das Raparigas Abandonadas da Cidade do Porto, 1859 / Monographia do Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Cintra, Porto, 1910 / vários obras de relatórios e contas gerais da Misericórdia do Porto / Suprema Afronta. O Assalto à Misericórdia de Ovar, por Alberto Tavares & José de Oliveira Pinho, Edição do Jornal "A Pátria", de Ovar, 1928 / Restos da Monarchia a Dentro da Santa Casa da Misericórdia do Porto [por Vasco Nogueira de Oliveira et al], Porto, 1911 / Os Roubos na Santa Casa da Misericórdia do Porto à luz da syndicancia, Porto, 1883 / A Santa Casa de Misericórdia da Vila de Olivença, por Ventura Ledesma Abrantes, 1940 / Compromisso da Irmandade da Misericórdia da Cidade de Coimbra, 1891 / Constituições do Recolhimento da Santíssima Trindade de Braga [manuscrito original], s.d. / A Misericórdia de Castelo Branco (Apontamentos Históricos), de H. Castro e Silva, 1958

PRECE

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
...
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

[Fernando Pessoa]

sábado, 5 de julho de 2008


Leilão de Livros e Manuscritos no Palácio do Correio Velho

Nos dias 7, 8 e 9 de Julho, pelas 15 horas - na Calçada do Combro, 38A, Lisboa – vai decorrer mais um leilão de Livros, Manuscritos, Gravuras, organizado pelo Palácio do Correio Velho.

Trata-se da venda de um valioso núcleo de obras de Arte, História, Olisipografia, Literatura Clássica e uma Modernista rara, Miguelismo, História da Moda e do Traje, uma importantíssima e invulgar colecção de Militária e Uniformologia Histórica Militar , Legislação Militar, Gravuras (Iconografia Militar), Manuscritos de interesse militar (Campanhas da Guerra Peninsular e lutas entre Realistas e Liberais), pertença do coleccionador, investigador militar e colaborador do "Jornal do Exército" Manuel António Ribeiro Rodrigues, conforme aqui pode ser lido e consultado.

Catálogo on line.

quinta-feira, 3 de julho de 2008


Ingrid Betancourt ... em liberdade!

"Ingrid Betancourt e três reféns norte-americanos há vários anos em poder da guerrilha das FARC foram resgatados pelo Exército colombiano, anunciou o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. O responsável revelou que outros 11 militares foram também libertados nesta operação ..." [ler aqui]

Locais: Ingrid Betancourt é resgatada na Colômbia / Colombian forces trick Farc rebels into freeing hostage Betancourt / Des espions infiltrés au sein des Farc, clé de la libération d'Ingrid Betancourt / Colombia, liberata Ingrid Betancourt

2 entrevistas: eleitoralismo & credibilidade

"As dificuldades nem sempre são igualmente consideráveis" [Clausewitz]

As entrevistas às Tv’s de Manuela Ferreira Leite e de José Sócrates, ambas em cativação de votos, foram irreais, insonsas e estranhamente vulgares. Pouco interessa se Sócrates bate copiosamente Ferreira Leite e esse jardim suspenso que é hoje o PSD. A senhora do défice, sem qualquer mistério ou ocultação, mostrou a tragédia a que se presta e o que vale, que é muito pouco ou nada. Sem conhecer os dossiers, seca em lamentações, dando mostras de se ter esquecido da linguagem económica e da sua fraseologia, Manuel Ferreira Leite ficou embaraçada entre o disparate de algumas coisas que (não) avançou (baixa de impostos e investimento público) e a sua putativa credibilidade. Não consegue descolar da sua anterior e desastrosa governação e, mesmo que repita até à exaustão essa presumida palavra "social", não deixa de ser vítima da antipatia que se lhe conhece. E da sua falta de credibilidade, que teimosamente persiste.

José Sócrates está, já, em campanha eleitoral. Porém, entre as suas lamentações (bem ao estilo de Calimero) pela ingrata crise "importada" (de que não soube interpretar os sinais) que se diz vítima e a gritaria incontinente de que tudo irá correr bem para o amanhã vindouro, Sócrates proporciona sempre um misto de incredulidade (pelo atrevimento) e de repulsa pela falta de decoro e humildade que revela. Quando, na sua melodia de sempre (e que Ferreira Leite não soube aproveitar porque, ironicamente, a "produção" teórica é idêntica), nos assegura que todo o mal do mundo (leia-se: a crise económica) é de origem externa - como obscenamente repete -, não está a fazer mais que dissimular o contributo formidável da sua ruinosa gestão económica e orçamental, para o estado da coisa. Ele não só pensa e repete que a fatalidade lhe bateu à porta, logo quando tudo ia bem (como diz), como, pela engenharia económica e social que pretende tricotar, tal maldição desaparecerá por retóricas intensas e choques de investimento público. E quem não pensar assim – confessa com a alma em dor – é um crónico pessimista, logo um sujeito sem "ânimo" e sem "coragem".

A controvérsia entre Sócrates e Ferreira Leite não é uma simples divergência sobre a afectação eficiente de recursos (como alguns sábios analistas divulgam), nem um qualquer pecadilho entre a economia positiva versus normativa, muito menos o confronto entre eficiência económica e distribuição de rendimentos – como timidamente outros nos dizem -, mas tão só a caricatura do que escreve Keynes:"o dever dos economistas é tentar mudar a opinião pública".

E sobre isso, estamos todos - evidentemente - bem conversados.

terça-feira, 1 de julho de 2008


GENIO DE COIMBRA (a)

A doçura dos ares, a serenidade dos ceos, e a fertelidade do sólo, fazem de Coimbra uma terra de delicias. Os seus campos sempre vestidos de verdura, e povoados de laranjeiras, loiros e oliveiras, que nunca largão a folha, parecem respirar uma eterna primavera.

É verdade, que ás vezes é tão rigoroso o Inverno, que parece ser o mesmo o clima de Coimbra. Um frio, como o da Russia, deixa por muito tempo nas fontes e poços das ruas as aguas geladas.(...)

Tambem são mui frequentes no verão os suffocativos suões. O sol nestes dias, quando se levanta, vem sempre coberto de vapores sanguineos. Dentro das montanhas visinhas sáe, como da boca de um forno, um bafo, que abraza e suffoca. (...)

Os habitantes de Coimbra gozão de um temperamento sanguineo. O canto e os risos são o seu estado ordinário. (...)

Nunca vi um povo mais curioso. Não levantão uma chaminé, em que não gravem a era da sua erecção. Nota-se isto em todos os edificios da cidade, grandes e pequenos. Se os povos da Grecia e Roma tivessem sido tão desvelados em transmitir á posteridade a épocha das suas façanhas, não darião tanto que fazer aos antiquarios modernos.


(a) Entendo por Genio de Coimbra a temperatura do clima, e indole dos habitantes.

[in CORTE-REAL, António Moniz Barreto (1831), Bellezas de Coimbra, Coimbra: Real Imprensa da Universidade, p.24-28]

Anotação de Coimbra, enviada via mail por J.R.. Com os agradecimentos aqui do Valle do Mondego, com mar ao fundo. Graças.

segunda-feira, 30 de junho de 2008


57 – folha independente de cultura - on line na Hemeroteca Nacional

57 - Publicação de "Actualidades, Filosofia, Arte e Ciência, Literatura". Cascais; Ano I, nº 1 (Maio de 1957) ao Ano V, nº 11 (Junho de 1962). Editor: Afonso Botelho; Direcção: António Quadros [a partir do nº5, António Quadros e Fernando Morgado]; Alguns colaboradores: Afonso Cautela, Agostinho da Silva, Agustina Bessa Luís, Alfredo Margarido, Álvaro Ribeiro, Ana Hatherly, António Areal, António Quadros, António Telmo, Azinhal Abelho, Bernardo Santareno, Fernando Pessoa, Jorge Preto, José Marinho, Natércia Freire, Orlando Vitorino, Sant'Anna Dionísio.

"... Impunha-se (...) um programa, que libertasse a cultura portuguesa do ‘imobilismo paralisante’ de ‘escolas e políticas que nos são estranhas’ e de ‘fins egoístas’. Este programa, de acordo com o ‘Manifesto de 57’, publicado no primeiro número do jornal, logo a abrir, passava pelo recurso a ‘estudos antropológicos e cosmológicos que garantam as teses propostas’, ou melhor, pela adopção de ‘formas antropo-cosmológicas em que o Espírito ou a Razão se particularizam, isto é, as pátrias’ (...)

‘Não é possível servir Portugal sem conhecer Portugal. Não é possível servir o homem português sem conhecer o homem português’. (...)

A história de Portugal não era feita de uma ‘cadeia de eventos fortuitos dominados pelo acaso, provocado pela luta das classes ou dependentes das flutuações do comércio e da indústria’. Pelo contrário, obedecia em ‘finalismo, a um destino e uma missão’, por outras palavras, a uma 'necessidade', como o tinham afirmado os nossos primeiros poetas épicos, Camões, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa. Esta ‘necessidade’, que resistira ‘as pressões do grandes povos’, exigia, para o grupo do 57, numa crítica à influência das correntes estrangeiras mas também ao poder político, que a nação recuperasse a sua “autonomia filosófica, artística e cultural”, que valorizasse as causas espirituais, ‘que são de expressão concreta e portanto nacionais’, em detrimento das materiais. Desta forma, evitava-se que a autonomia política, a independência, fosse um ‘capricho de governantes que ambicionam o poder temporal ou teimosia de passadistas, anacronicamente presos a hábitos mentais e a lembranças, atavismos, nostalgias’ (…)

Esse caminho era, para o 57, o existencialismo e a filosofia portuguesa ..."

[Álvaro Costa de Matos, in O Jornal 57: História e Memória - sublinhados nossos]

Consultar todos os 11 números do jornal, aqui.

quarta-feira, 25 de junho de 2008


Exames ou o choro desvalido dos comentadores

No começo da regência do eng. Sócrates, logo na primeira reunião do directório ministerial da educação, Maria de Lurdes Rodrigues mostrou ao que vinha: tomar medidas economicistas para a tutela de acordo com o plano socrático de "mercearia" financeira para o controlo do défice, limitação do poder educacional dos docentes via novo Estatuto da Carreira Docente e restituir a "dignidade" estatística do sucesso escolar dos nossos educandos – para Europa ver – estimulando a quase "passagem administrativa" dos alunos. Tudo isso estava ligado e tinha de ser feito em conjunto. Durante a insigne reunião e nos tempos seguintes, não teve pejo em insultar e caluniar os docentes, as famílias, a comunidade educativa e alguns investigadores em história da educação. Tudo a bem da escola, dizia.

Poucos entenderam aonde tudo isso levava. A não ser os docentes, como excelentes profissionais que são, e alguns poucos investigadores (o poder atemoriza, sempre, tais vates) do ensino e educação em Portugal, poucos mais se podem orgulhar de ter levantado a voz contra o desastre que se avizinhava. Pelo contrário, muitos desses carpinteiros da educação, sempre em tom desconchavado, não só não entenderam criticar as medidas preconizadas como apoiaram a putativa luminosidade disso tudo. O "cantar de amigo" funciona sempre muito bem entre nós.

Com apoio do bloco central dos interesses – veja-se como engorda a privada à custa da destruição do ensino público, note-se quem são estão esses senhores e os amigos que os sustentam –, mais a tumultuosa horda liberal que declamou na ocasião sonetos lurdianos e outras frases de efeito mercantil e de uma mão-cheia de ressabiados da vida e da coisa pública que escrevinham nos jornais ou abancam no ISCTE (caso do anarquista reformado João Freire que veio à praça pública fazer o mise-en-scéne sociológico que nos habituou e outros que tricotam em blogues), a opinião pública e publicada embriagou-se de eduquês. As famílias, com o pai dos pais em notas de aplauso, adocicadas e sensibilizadas pelo espírito da dissertação de todos eles, aplaudiram.

E pouco importava se a subtil estratégia que Maria de Lurdes prosseguia e a gravidade que adquiria a hecatombe colocasse em causa a linha educacional pública do partido socialista. O desaforo volante do trio do ministério da educação foi tal, que alguns dos seus antigos gestores foram ignominiosamente insultados e arrastados para a lama pública, apodados, também, como culpados da péssima (de facto!) prestação do ensino e educação em Portugal.

A estratégia seguida foi (é) de uma ingenuidade pasmosa. Primeiro avança-se com medidas avulsas, desgarradas (sem visão global) e a existir convulsões há que passar imediatamente para outra medida e assim sucessivamente. Criar factos políticos quando o alarido é exibido na comunicação social é, convenhamos, uma bravata pouco pedagógica mas, desde o que o prof. Marcelo entronizou tais episódios, poucos a não utilizam.

Assim, ao longo da lista de mazelas, chegamos agora ao debate curioso dos exames, da sua manifesta pouco qualidade e exigência, das suas consequências presentes e futuras. O tom, o azedume e a reprimenda da resposta de Lurdes Rodrigues aos castos comentadores e outrora adeptos do lindismo educacional da ministra, não se fizeram esperar. Habituem-se! Até porque, a partir de hoje (quarta-feira) e com a reunião do ministério com os conselhos executivos das escolas, novo facto político será declarado: a figura do director escolar. Suspeita-se que não há tempo mais para debates sobre os exames, que serão esquecidos, como tudo o resto anteriormente. A espuma, o choro e o letrismo dos ex-amigos da senhora ministra, obscenamente, mudará. O país e a educação não. A destruição é já total! E para ficar!

quarta-feira, 18 de junho de 2008


Cruzeiro Seixas

"São complicadas as minhas relações com o que faço, são mesmo desesperadoras. Inexplicáveis, talvez. É quase com ódio que me sento diante do papel, que pego na caneta ou nos pincéis, que preparo as tintas. É com ódio que, no fim, verifico o que ficou. Porém, algumas vezes, uma certa simpatia se estabelece entre mim e o meu trabalho, para algum tempo depois verificar que essa obra é de facto inferior. É todo um ciclo de amor que se desfaz dolorosamente ..."

"... Os automóveis passando as mãos nas tuas pernas
perto a abóbada há milhões de séculos escondida
o poeta pendurado com um alfinete
na fachada da casa
nós lado a lado deitados
procurando-nos ...
"

"Acredito que haja uma terra distante onde resida a esperança de nós todos e para ela experimento todos os símbolos, secretamente, como o ladrão experimenta mil chaves para abrir um cofre vazio"

[in Cruzeiro Seixas, por Mário Cesariny, Editora Lux, Lisboa, 1967]

Desenho original de Cruzeiro Seixas, via In-Libris, com a devida vénia.

In-Libris – Catálogo

A In-Libris (Porto) apresenta um curioso Catálogo de livros e outras peças bem invulgares, entre os quais se regista: livro de Fialho de Almeida, várias monografias [Santa Eulália de Oliveira do Douro, Avintes, Sandim, S. Félix da Marinha, S. Salvador de Perosinho, S. Pedro de Pedroso, Santa Maria do Olival, Vilar de Andorinho, S. Salvador de Valadares, Santo Tirso, os Pescadores da Murtosa de Joaquim Leitão], diversos livros de arqueologia, livros de Pedro Alvim, o raro Compendio de Botânica (1788) de Avelar Brotero, o estimado Da Vida e da Morte dos Bichos (Henrique Galvão & outros), uma edição dos Tempos de Coimbra de António Cabral, o esgotado livro e raro já das edições Ribeiro de Mello "Aventuras de Alice no País das Maravilhas", 2 obras estimadas de Natália Correia, a edição rara da "Fysiognomia, e varios segredos da natureza" de Jerónimo Cortez (1706), a edição fac-similada do "Tratado Practico de Fotografia" de Davanne, uma imperdivel câmara de espionagem disfarçada em relógio de bolso da "Expo Pocketwatch Camera" de Nova Iorque, a procurada peça de Ana Hatherly "A Reinvenção da Leitura" e, ainda, "63 Tisanas", a História da Cidade do Porto (III vols), uma gravura de Hogan, uma "Câmara fotográfica de Baquelite fabricada pela Kodak entre 1939 e 1954", o raro livro de João Ferreira Lapa "Artes Chimicas Agrícolas e Florestais ou Tecnologia Rural" (1871, III vols), a estimada e rara "Flora Cochinchinensis" de João Loureiro (1790, II vols), a revista Presença (fac-similada), um valioso manuscrito de José Régio destinado à revista Presença e nunca publicado, um desenho original de Cruzeiro Seixas, e muito mais.

A consultar on line.

Questions For Gore Vidal

And what about Mr. McCain?

- Disaster. Who started this rumor that he was a war hero? Where does that come from, aside from himself? About his suffering in the prison war camp?

Everyone knows he was a prisoner of war in North Vietnam.

- That’s what he tells us.

[Gore Vidal, entrevista via The New York Times Magazine]

terça-feira, 17 de junho de 2008


Bilderberger 2008 ou récita conspirativa

Dizem por que o "Clube de Bilderberg" ou "Senhores do Mundo" [títulos caprichados do livro de Daniel Estulin] ainda respiram. Ao que consta a reunião deste ano foi em Chantilly (curioso nome!), Virginia, em terras do sr. Bush. Grupo económico ou corporação de interesses, é o "Bilderberg Group" alvo de várias teorias da conspiração. Esse "fórum de elites", presuntivamente a nata da estratégia politico-económica ocidental (a Trilateral – dizem – seria mais globalizante, mas do mesmo rito ou ceia cardinalícia), suscita sempre exageros e intrigas de espírito, de permeio com achaques histriónicos de alguns capelões por esta blogosfera fora.

Seja como for, desde que espreitaram por – decerto pouco aborrecido – o invulgar Santana Lopes (2004), o sr. Sócrates (2004) e o mordomo do dr. Balsemão, o para-economista Nicolau Santos (1999), que já passámos a acreditar em tudo. Como diria o divino Marquês: "Tu não conhecerás nunca nada se não conheceste tudo". É o nosso caso! Mais para mais quando este ano, em Chantilly e para a posteridade, fizeram o devido investimento a dupla maravilha: o Rui Rio e o António Costa. Sorriram!?

Locais: BILDERBERG 2008 ATTENDEE LIST / Bilderberg 2008 – Eyes Wide Open (video no Youtube – há vários videos) / Bilderberg 2008 Postscript / Bilderberg 2008: Chantilly, Virginia near Washington DC, June 5th-8th / Bilderberg Group Organization / Bilderberg Org / Bilderberg o plano oculto de dominação mundial / Hillary & Obama In Secret Bilderberg Rendezvous / Le Group Bilderberg / Todos os portugueses de Bilderberg / The Bilderberg Group and the project of European unification / The world in the palm of their hands: Bilderberg 2005, Part II / Transnational Corporate Ties: A Synopsis of Theories and Empirical Findings

sábado, 14 de junho de 2008


Leilão - parte da Biblioteca Dr. Guilherme Goldegel de Oliveira Santos

"Parafraseando Roberto Browning: O que é difícil não é escrever um livro; é saber ler um livro.

Por um livro único, o bibliómano 'rejeitaria a coroa das Índias, o Papado, todos os museus da Itália e da Holanda, se os houvesse de trocar por esse único exemplar'
[Machado de Assis]


DUAS PALAVRAS

Estou muito velho e já não tenho espaço para os livros.
Resolvi, por isso desfazer-me de parte da minha biblioteca.

Muitos lotes são não só interessantes como invulgares. Chamo a atenção, entre outros, para o Cancioneiro da Ajuda, para as Ordenações e vários volumes que respeitam ao antigo direito, para Kant, para Sade, para a edição de 1808 da sentença da revisão do processo dos Távoras e uma cópia manuscrita, provavelmente de fins do século XVIII, para uma colecção de periódicos do tempo da Maria da Fonte e onde figura o primeiro artigo de Camilo Castelo Branco, para um atado com folhetos de literatura de cordel, para Eça de Queirós, para o Orfeu e alguns modernistas; e, em especial, para uma Cervantina fora do comum e que conta espécimes preciosos e raríssimos - por exemplo, uma edição do D. Quixote publicada em Lisboa em 1605 e saída da oficina de Pedro Crasbeeck e que é, talvez, exemplar único, como provei numa comunicação que proferi em 1999 na Associação dos Arqueólogos Portugueses e que tem separata e entra também neste leilão (lote nº 259).

Quando vi levarem os livros, acudiu-me ao espírito o episódio d'A Morgadinha dos Canaviais em que o herbanário assiste com o coração apertado ao corte das suas árvores.

É com uma saudade imensa que me despeço de amigos de todas as minhas horas, mas espero que quem adquirir as obras - sejam ou não as mais cotadas comercialmente - as estimem tanto como eu as estimei.

Lisboa, Fevereiro de 2008

Guilherme Goldegel de Oliveira Santos" [aqui, sublinhados nossos]

O leilão de parte da Biblioteca do ilustre escritor e bibliófilo, sob a responsabilidade da Leiloeira Renascimento, decorre nos próximos dias 16 e 17 de Junho - na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro) 20 C, Lisboa - pelas 21.30 horas.

O Catálogo do leilão, que esteve a cargo de José F. Vicente, pode ser consultado on line.

A não perder.

sexta-feira, 13 de junho de 2008


Porreiro, pá!

Os irlandeses disseram não ao Tratado de Lisboa. Infelizmente! Mas mesmo se a comédia do processo de ratificação do Tratado de Lisboa, totalmente forjado dentro das boticas partidárias e via as alcovas parlamentares, tinha os seus dias contados, não era de esperar tamanha magnitude da vitória do Não nesta estranha Irlanda. Sabe-se – agora – pela demagogia e trapaça usada pelos partidários do Não, que a presumida iluminação intelectual dos irlandeses não é bem diferente da nossa. Que lá como cá, a opinião pública não é documentada nem se esclarece, não tem voz e portanto não existe. E que a transparência e a democracia, assuntos sempre na boca dos políticos mas que curiosamente não praticam, é hoje (como sempre assim foi e será) condição necessária e urgente para um projecto comum de construção da Europa. Mais até que qualquer Tratado de Lisboa, com ou sem a bênção desse inefável par Barroso-Sócrates. Ou dos seus amigos europeus.

Com o Não ao Tratado de Lisboa, perderam a arrogância aqueles que tem sempre razão e nunca se enganam. Perderam aqueles que usam e abusam da manipulação e de promessas aos cidadãos, alarvemente. Perderam todos os que julgam a Europa uma quintarola sua e que os eleitores se compram ou se deixam comprar como qualquer artigo de uso e deito fora. Perdeu o fala-barato sr. Barroso, que não entende – mas devia – o significado de democracia participativa. Perdeu o sr. Sócrates, mas também o inqualificável Gordon Brown. E vai perder o sr. Brian Cowen, se tentar mentir aos seus concidadãos, avançando com novo referendo, como o inenarrável Barroso pretende. Não aprenderam a lição. Até quando?

O governo da Crise

O demónio da Crise que as empresas de camionagem celebrizaram toda a semana, ao que parece inexplicável para as mentes colegiais do grupo Socrático, lançou aprimoradas opiniões, quase sempre de palmatória em punho. Da mão esquerda castrada (o silêncio foi d’oiro) à sempre tradicional devassa da mão direita, todos e cada um trilharam caminhos e pronunciamentos severos, observações espirituosas e "cantilenas" intelectuais curiosas.

A direita etnográfica desenterrou l’esprit du vieux maître Salazar e entre fantasias jurídicas e colecções de impropérios musculados (o invocado cassetete do dr. Rui Pereira foi proverbial) exigiu a lei e a ordem perante as actividades contra a segurança do Estado. Desde o putativo lockout (?) chorado pela direita da esquerda (onde pontifica angustiosamente o dr. Vital Moreira) e deliberado pela centelha intelectual da gente da superstição liberal (em que o irreconhecível Gabriel Silva foi seu lídimo representante) até ao pressuposto de uma arbitrária greve (?), a coisa a diligenciar seria sempre o recurso à "democrática" bastonada. Simples, pesada e sem rastos.

O governo, porém, não lhes fez a vontade. À revelia, já se vê, da vontade e animo forte do dr. Pacheco Pereira, que em esforço de cidadania exigia umas fortes bengaladas nesses instigadores da desordem pública, ademais seus correligionários de partido. Por seu lado, a sra. Ferreira Leite, sem perceber o que estava a acontecer - decerto porque estava em estudos para o formoso défice - desapareceu da ribalta. E ao que se presume, para voltar num dia qualquer de nevoeiro, falando baixinho aos ouvidos selados dos seus companheiros. A coisa promete! Por outro lado, o cada vez mais presidente Américo Tomás, que num rasgo de modéstia assina com raça, Cavaco Silva, não se quer meter em novos fadários. Basta-lhe para a sua vidinha, umas passeatas, uma mão cheia de emigrantes, um rancho folclórico, algumas condecorações e outros tantos almoços. A vida está difícil para todos!

E que dizemos nós, perguntais vocemessês, de cassetete em punho? Pois ... não temos nada a declarar! Estamos muito para além desta indigestão da crise do petróleo, quer das causas quer dos remédios avulsos recomendados. E mesmo se o debate sobre a alta dos preços das commodities, a crise financeira ou as pressões inflacionárias, os efeitos da taxa de juro ou a presumida credibilização os sábios do BCE (ou FED) seja, por si só estimulante, acaba sempre por ser demasiado masturbatório. Preferimos não perder a floresta (como heterodoxos que somos) e por isso não confundimos a dose com o remédio em si. Isto é (por exemplo): não confundimos a causa da inflação com os seus sintomas. E que tem resultado entre nós – via BCE – à utilização da taxa de juro como vulgar e único instrumento anti-inflacionário. Até mesmo porque causas da inflação existem muitas, tais como as crises e, especialmente, as crises das crises. E, bem melhor que a curiosa masturbação a que temos direito, aí estão as taxas de crescimento, a alta de desemprego e perda do poder de compra para evidenciar a pouca inocência em tudo isso. Nada a declarar, portanto!

Enfim ... dizemos apenas que as esperanças ou as suas sucessivas trocas, definitivamente morreram e a utopia, coisa imaginosa d’antanho, é cada vez mais um simples "género literário". Ou como diria o Vasco Pulido Valente: "a vida é como um funil que se vai estreitando de possibilidades". Nada a declarar!

terça-feira, 3 de junho de 2008


LXXXVII Catálogo de Livros Raros e Esgotados

Acaba de sair o "87º Catálogo de Livros Raros e Esgotados Apresentados para Venda pela Livraria Manuel Ferreira" [Rua dr. Alves da Veiga, 89, Porto]. Como sempre, o Catálogo que acompanha o comércio do livro de Manuel Ferreira – um dos mais ilustres alfarrabistas deste Portugal – é um precioso guia bibliográfico para os amadores de livros. Esta colecção contém apreciados Álvaras, raros trabalhos de Arquitectura, livros de Arte, uma Brasiliana, peças de Caça, uma Camiliana e uma outra Camoneana, outras de interesse Conimbricense [ex: A Gíria dos Estudantes de Coimbra, 1947], livros de Direito, temas estimados sobre os Descobrimentos, de Filologia, de Genealogia, obras de História [Invasões Francesas, Miguelismo, Monarquia, Setembrismo, ...], curiosos Livros de Cordel, importantes Monografias e Manuscritos, obras de interesse Queirosiano, Surrealismo [via ed. Fund. Cupertino Miranda], Teatro, uma Ultramarina (ou Colonial).

Algumas referências: Arregenos que fez Gregorio Affonso, Criado do Bispo de Évora ..., Lisboa, 1649 [rara literatura de cordel] / obras importantes de Luís de Albuquerque / Almanach de la Chasse Illustre pour 1900-1902, Paris, VI vols / diferentes Alvarás [um curioso destinado a "levantar da grande decadência a que tem chegado as Pescarias", 1787] e Cartas de Leis [ex: Censura Literária, 1787] / obras de Fernando Amado [de cariz monárquico] / Autobiografia. Notas e alguns contos e alegações proferidas no Tribunal Plenário do Porto ..., por Alexandre Babo [refª. ao MUD Juvenil], Porto, 1957 / Fotografia Original e Recortes de Jornais do Marquês de Sá da Bandeira [noticias da morte do Marquês "ocorrida em 6 de Janeiro de 1876", com diferentes colaborações], coleccionadas por Manuel Pinheiro d’Oliveira Chaves / Exame da Constituição de D. Pedro e dos Direitos de D. Miguel, por José Pedro Cardoso Beja, 1829 / o "monumental" Dictionary of Artists, de Benezit, Paris, 2006 / várias obras de Raul Brandão / ... de Maria Amália Vaz de Carvalho / ... de Camilo Castelo Branco / um conjunto valioso de documentos [Decretos] sobre as Invasões Francesas / Douro. Convento de Serém ["valioso tombo de inúmeros doc. Para a história do Convento dos Capuchos de Santo António de Serem", datados de 1725, 1803], II vols / Póvoa do Varzim. Livro Costumeiro da Misericórdia da ..., 1758 / Estatutos da Sê Metropolitana da Cidade de Évora pertencentes ao Bacharel ..., 1773 [peça caligrafada da impressão de 1635] / Estrada Larga [nºs especiais do supl. d'O Comercio do Porto], III vols / [Judaica. Dicionário de Sobrenomes Sefardis], Rio de Janeiro, 2003 / Índice Geral de O Tripeiro, por Carmo Ferreira, 2007 / Guia do Viajante em Portugal e suas Colónias em Africa, Lisboa, 1907 / A Igreja e o Estado, por Joaquim Saldanha Marinho [de interesse maçónico], Rio e Janeiro, 1874-75 / História da Maçonaria em Portugal, de Oliveira Marques, III vols [e únicos publ.] / Portugal um Salto no Escuro [refª 25 de Abril], de Sebastião Nery, Rio de Janeiro, 1975 / Seara Nova, revista, Lisboa, 1921-1999, 1604+64 numrs.

Jaime Silva em trabalho ... de mato!

O martírio de Jaime Silva (como se sabe) audaz técnico made in UE e a fazer estágio na paróquia, parece não ter fim. Andava o precário ministro da agricultura em Vale do Covo, em galas e demais louçanias com os confrades caçadores, apanhando lixos terrenos & outros estragos inumanos, quando perante um raro & alegre grupo de pescadores (ancorados, pelo que se percebe, nos pinhais do reyno) teve que fugir por entre mimosas moitas.

Sabe-se, pela prosápia Jaime Silvista, que a natureza e o campo lhe não são estranhos. O ministro põe sempre a mão sobre a terra quando fala nos agricultores ou lavradores. O que, como é sabido, indispõe quase sempre esse amador da horta celestial, de nome Paulo Portas. Adiante! O que é mais curioso, nesta sementeira à Jaime Silva, é o que ele diz sobre a excursão dos pescadores: "... Esses senhores não pediram para fazer uma manifestação nem para os receber". Certeiro o dito e que ganha auditório.

Fica-se portanto a saber que na sua fantasia de ministro, quando o sr. Jaime Silva andar a pavonear-se eleitoralmente nas ruelas da paróquia, com ou sem caçadores de votos, importunando os indígenas e dificultando a vidinha nativa, estes têm não só o direito mas a obrigação de lhe responder do mesmo modo. Lá diz o povo: "quem muito abarca, pouco aperta".

Biblioteca Gaston Gradis

Hoje, em Paris-França, decorre um leilão de uma curiosa Biblioteca – de Gaston Gradis [1889-1968], homem de negócios, industrial, viticultor -, de farta opulência, ilustrações encantadoras, encadernações sumptuosas e outros "pecados" mil, pelo que se pode observar aqui. Peças magníficas de colecção.

Ah! Paris! Paris! ... "divers douceurs diverses couleurs / tu ne m’es jamais étranger mon couer" [Eluard ... evidentemente]

segunda-feira, 2 de junho de 2008


Catálogo Promocional da Livraria Moreira da Costa

Saiu um Catálogo promocional da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30, Porto), com evidentes peças estimadas, esgotadas e raras.

Algumas referências: Anais das Bibliotecas e Arquivos de Portugal, II vols / Mea Villa de Gaya, de António Arroyo et al, 1909 / Cem cartas de Camilo, por L. Xavier Barbosa, s.d. / Bibliographie Instructive ou Traité de la Connoissance des Livres Rares et Singuliers, de Guillaume-François de Bure, 1764 / Camilo (Livro comemorativo do Centenário), 1925 / O Mosteiro de São Marcos, de J. M. Teixeira de Carvalho, 1922 / Obras diversas de Camilo Castelo Branco / Os Ratos da Inquisição, por António Serrão de Castro, 1883 / Civilização, Coimbra, 1869-70, XIV vols / Constituição Política da Monarchia Portugueza, 1822 / Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, de Natália Correia, Afrodite, 1981 / Economia Politica Feita em 1795 por M.J.R. Negociante da Praça de Lisboa, dada à luz em 1821 por L.S., Lisboa / A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra ao País, 1919 / Feira da Ladra (revista), dir. Cardoso Martha, 1929-30, IV vols / Magnum Lexicon Novissimum Latinum et Lusitanum ad..., por Manuel José Ferreira, s.d. / Conta-Corrente, de Vergílio Ferreira, V vols / Manual dos Consulados de Portugal, por Pedro Afonso de Figueiredo [Visconde de Wildik], 1907-10, II vols / A Restauração de Portugal, por Faustino da Fonseca, 1902-03, III vols / Notas a Lápis ..., por Sanches Frias, 1886 / Pátria, de Guerra Junqueiro, 1896 / Tecnologia Rural ..., de J. I. Ferreira Lapa, 1885 / Cale ou a Fundação da Cidade do Porto (poema), de João Peixoto de Miranda, 1850 / Primeira Conferência Económica do Império Colonial Português, Lisboa, 1936, II vols / Memorias do Bussaco e uma Viagem à Louzã, por Adrião Pereira Forjaz de Sampaio, Coimbra, 1850 (2ª ed.).

A consultar on line.