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sexta-feira, 20 de março de 2009


O TRIUNFO de EDUARDA MAIO

A metamorfose do Estado do sr. Sócrates e da sua Imprensa teve hoje (e aqui) o seu vocabulário mercantil, agora inçado via serviço público da RTP. O inconcebível "anúncio" de "promoção da Antena 1" é uma ária bufa, resfolegando bem à labita de um Santos Silva ou empacotado à medida do piedoso Arons de Carvalho. Não por acaso, no vocabular anúncio entra a voz ronronante de Eduarda Maio, face conhecida do programa "Juiz Decide" e biógrafa romântica do "Menino d’Oiro".

Retratando muito bem o espírito da actual União Nacional, a virtuosa senhora jornalista (?) Eduarda Maio – paga com dinheiro público – observa um horror exibicionista às greves & outras tradições (presumidamente) "comunistas". Não bastava a ar grave & patético do sr. Sócrates ou o autorizado gorjeio do aparecido Correia de Campos (cavalgando argumentos de mau gosto, hoje, na TVI24) contra manifestações e demais reparos públicos, constitucionalmente legislados, como tinha de surgir essa extraordinária senhora patrocinando essa assertiva consumação numa estação pública.

Não há, aqui, nenhuma inconsciência da administração da Antena 1, pois as "ideias criativas" foram aprovadas em sede própria. Dispensa-se qualquer roupagem explicativa, desses senhores. Afinal, o que isto traduz, sem surpresa de maior, é a garantia total dos serviçais do sr. Sócrates em propagandearem his master voice. E de brincarem vergonhosamente com a miséria de muitos.

sexta-feira, 13 de março de 2009


4 ANOS DE INCOMPETÊNCIA, OUTROS TANTOS DE PREPOTÊNCIA

"... o terrorismo mais eficaz é sempre o do Estado: os grupos matam simbolicamente, o Estado estatisticamente" [Alberto Morávia, 1978]

O governo esquizofrénico do sr. Sócrates ladrou alto durante quatro anos. A sua governança, mais que a (urgente) exaltação dos cidadãos em prol do esforço colectivo e autonomia, tornou-se um modelo de ilusionismo político, de irracionalidade estatística e leviandade autoritária. Da pesada herança recebida, o sr. Sócrates (e amigos) acumulou outras mais, ao mesmo tempo que exercitou uma colossal mentira, em espectáculos absolutamente deprimentes.

Ao esforço e dedicação, perda de direitos sociais e restrições cívicas por que os cidadãos passaram todos estes anos, o sr. Sócrates lançou mão de um activismo fossilizado (acompanhe-se as intervenções autoritárias do inenarrável Santos Silva), dissimulado em putativas "reformas", curiosamente da mesma natureza que as tentadas (e nunca permitidas pelo antigo partido socialista) por Durão & Santana. A alucinação do défice (outrora sebento, pelas mãos de Ferreira Leite), a natureza de classe (ou as corporações de interesses) que representa o seu governo e a compleição despótica do seu governo, são marcas espinhosas que perdurarão.

O sr. Sócrates mais que governar o país, "domesticou" (José Gil) a sociedade. E com ele pronunciou a transfiguração do outrora partido socialista, agora transformado em correia de transmissão do grupo de interesses do sr. Sócrates. O Sócrates way of life é um arrazoado ideológico saído do curral do Estado Novo corporativo e onde, reluzentemente, se integram alguns prosistas do anti-fascismo, de momento em trânsito para o "vil metal". Note-se os vitupérios e o desprezo, da parte dos guardiães do templo do sr. Sócrates e sempre com a cumplicidades de conhecidos jornaleiros acofiados, contra a desobediência civil ("direito político fundamental" ou "condição de liberdade") que a dado passo se instalou entre nós e a polémica que então emergiu. Leia-se. O espírito de quartel está todo ali!

Pouco dado ao uso (ou aborrecimento) de explicar qualquer tipo de pensamento político ou ideológico sobre as medidas tomadas, nestes infaustos quatro anos de terror, o sr. Sócrates caiu no modismo herdado via Giddens (conhecido traficante da 3ª via). Mas, sem a gentileza do sábio "mestre", nunca aprendeu as suas regras, só os seus excessos. A questão do papel e peso do Estado, a reforma na Justiça, na Educação e na Saúde, nunca foram pensadas como parte integrante de um qualquer modelo desenvolvimentista, que se conheça. Apenas resultou num total fracasso, que a situação comatosa da justiça, da educação e da saúde confirma. A operacionalização das putativas reformas foram sempre erráticas, ou quanto muito à la carte. Ninguém as entendeu, mesmo se num primeiro momento obtiveram copiosos aplausos de todo o bloco central e um excelente apreço nos media. Por isso, ao fim destes quatro anos de decomposição do Estado Social, o país está exangue, de rastos e sem qualquer remédio. Mas não é o sr. Sócrates o derrotado. Somos todos nós. Vergonhosamente!

domingo, 1 de março de 2009


VITAL MOREIRA, FUTEBOL & APAGÕES

Vital Moreira é profissionalmente correcto, culturalmente estimado, pacificamente democrata, mas politicamente imprudente. Ao aceitar ser cabeça de lista pelo partido do sr. Sócrates ao Parlamento Europeu, além de entrar (definitivamente) no inner circle dos seus duvidosos amigos, não faz mais que dar "cobertura científica ao reaccionarismo" [cf. Vital Moreira, Vértice, 1979, nº416] e aos "arrochos" dessa gente. Decididamente Vital Moreira "perdeu a cabeça" [ibidem] com o sr. Sócrates. Coisa já previsível ao longo dos seus desbragados escritos na Causa Nossa e pelos jornais. Nunca nenhum independente (que o seja) foi tão longe em defesa do chefe e do seu grupo de interesses.

Decerto que o "carácter compromissório" [ibidem] de Vital Moreira é diferente do catecismo de um Santos Silva ou das diatribes do aio vigilante Lello. Mas a campanha psicótica injuriosa, difamatória e a inqualificável contra os educadores – os médicos, ou a função pública em geral – e a instrução pública (que os seus textos de raiva ostentam) apresenta-o, desde logo, como um ignorante em matéria educativa. Assunto, aliás, que totalmente desconhece e não pratica. Vital Moreira, na sua especulação socrática, não entendeu ainda que mais que um ministério da educação se precisa é (aqui e na Europa) de um ministério de instrução. Coisas, absolutamente diferentes!

Curiosamente (ou não), a questão da instrução e do ensino tem atravessado o debate académico e político por toda essa Europa (vide França e Alemanha), tendo assumido um lugar central e urgente, dado a falência da instituição educativa e do modelo de ensino neoliberal - modelo esse que Lurdes Rodrigues e o próprio Vital pela paróquia defendem – e a urgência de medidas de requalificação profissional dos seus cidadãos. No Parlamento Europeu, em que trincheira ideológica Vital Moreira se colocará?

Por outro lado, a cantilena das "reformas em curso" do governo (que, de facto, são urgentes, mas ninguém vê) com que tem blindado o seu próprio discurso, mais que o seu opinioso protestatório a favor da governação, é, isso sim, o branqueamento de verdadeiras e boas reformas. De facto, como Vital Moreira um dia escreveu, andam por aí um raminho de "juristas do Estado-de-Direito" [Vértice, 1974, nº369] que se armam, quando a contestação sobe de tom, em "campeões do Estado-de-Direito" [ibidem]. Vital Moreira, em todos os assuntos da fazenda, comporta-se nesse registo.

Finalmente – já o dissemos - Vital Moreira é academicamente competente e tecnicamente insuspeito. Postulados não desprezíveis num Parlamento. Mas o seu propósito de gorjear no grupo de amigos do sr. Sócrates, não lhe vai trazer aplausos ou fidelidades. Pelo contrário, perde-se um académico e não se ganha um político. Não por sinal, os excursionistas de Espinho, pouco dispostos ao debate político, depois do futebol visto durante o decorrer do Congresso, foram virtuosos no apagão salvífico. E das trevas nunca virá luz. Como se sabe.

sábado, 28 de fevereiro de 2009


OS AMIGOS DO SR. SÓCRATES

"A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" [Stig Dagerman]

A curiosa romagem a Espinho (este fim-de-semana) dos amigos do sr. Sócrates – a que chamaram graciosamente Congresso – é notícia, desde logo porque é um sério abalo ao ex-partido socialista português. Marca o desânimo e a confusão da gente socialista, que algures existe e ainda resiste. Em Espinho, nunca tantos patrulheiros políticos reaccionários, se nos esquecermos da dita "esquerda" punheteira que habita na blogosfera, estiveram juntos. Tais próceres neo-populistas ofertaram um show business terrorista: ora inocentemente assomadiços contra a imprensa ou sempre de olho na reputação do Chefe.

Nem uma só ideia política consistente deu à luz, em Espinho. Frivolidades inúteis, calúnias tenebrosas (vide o regresso da "campanha negra"), chibatadas à esquerda (o BE agradece), eis a originalidade dos amigos do sr. Sócrates. A crise social, económica e financeira foi definitivamente escorchada: simplesmente não existe! Os "problemas dos portugueses" não interessam, em demasia, para tais sujeitos. Bem pode António José Seguro pregar tal deficit no debate: a ausência é total. Naquele manicómio de engajados do sr. Sócrates, o beija-mão está primeiro e as suas vidinhas & dos amigos, a seguir. Os vagabundos da vida são sempre a canalha. Ou algum desabrido jornalista.

De facto, não surpreende que o mundo à volta do patrulheiro Augusto Santos Silva seja um circo, a exigir as suas suspirosas tiradas "sociológicas"; e que o pavor político do inútil presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, se transforme numa agitada e miserável comédia discursiva; ou que o ridículo José Lello, assanhado porteiro do sr. Sócrates, ainda tenha alguma coisa para dizer. Esta gente, que nada aprendeu nestes seus quatro anos de terror autoritário e despotismo pacóvio, é parte do problema que a crise (económica, financeira, mas principalmente ética e de cidadania) autoriza. Jamais tais professos podem envolver as pessoas num esforço colectivo nacional (à boa maneira do que Obama um dia referiu), porque, além do bom senso, lhes falta um simples e único pingo de democracia. E de liberdade. Como um dia – já muito longínquo – um senhor chamado Mário Soares teve a ousadia de proclamar. Adiante!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


Um homem transtornado

O primeiro-ministro abriu o ano de 2009 indiciando um movimento de apoio caritativo a diversas instituições privadas e públicas, a bem da recessão e das próximas eleições. O que se viu foi que não basta o discurso recitado ad nauseam sobre um inenarrável O.E. e a ruidosa intervenção proposta no lado da procura. Tal raminho de medidas, a par do tricotar keynesiano (por ora, descoberto), não é relevante.

Sobre a primeira missiva a ideia feita é que nada sabe do que se passa no mundo, não autorizando o benemérito presidente do conselho a apelar histrionicamente para os calamitosos tempos d’hoje e para o porvir da luz dos amanhãs. A situação financeira ainda não foi totalmente desvelada, sendo que as receitas contra ela nos E.U.A. (e no mundo em geral) parecem improcedentes. Assunto que, como habitualmente, o grupo de representantes do economês indígena ignora, por parcimónia. Tenha-se em conta a crescente opinião sobre o nível expressivo que vai ter a recessão na Alemanha e na China (e portanto os efeitos na procura que daí resulta), as medidas aventureiras (como a suspeitosa e calamitosa medida na G.M., via GMAC, entre muitas outras) contra a crise (ainda) da colheita de George Bush, o regresso do obscuro romance da Lehman Brothers, o impacto da deflação que vem a caminho e as medidas irreais da política monetária que do lado de lá se tomam, para que se obtenha um "buraco negro" de difícil prognóstico.

Quanto à sua segunda missiva – as eleições – é possível que Sócrates tenha enternecido muita gente. A paróquia é o que é. Mas não deixa de se notar que a sua presença televisiva foi de um homem transtornado. Muito transtornado. E, como tal, perigoso. Que Portugal tenha, numa situação difícil como a de hoje, um sujeito destes à frente do país, é um fado enorme. Um problema maior.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


Ainda a Educação ...

De simplificação em simplificação, de simplex em simplex (nada a ver com a minha cara amiga Leitão Marques, que para aqui não é chamada) o Ministério da Educação parece-se cada vez mais com uma oficina de corte e costura. O chapéu de três bicos tricotado pelos três sábios da (des)governação educativa e usado na confecção do modelo de avaliação do desempenho dos docentes recorre a um curioso método de entrelaçamento de texturas regulamentares de patética criatividade e de invejável incompetência.

O que por aqui vai em alfinetes e agulhas para corrigir o ponto cruz da avaliação é a maior comédia desta legislatura. Afinal todo o modelo avaliativo inicial, passe a publicidade desta gentinha reaccionária e pouco estudiosa, estava decididamente errado, necessitando as pontas de serem cerzidas e crochetando-se novos remendos. O despudor disto tudo, neste curioso vaudeville político, tem a marca José Sócrates. A senhora Lurdes Rodrigues há muito que abandonou a cadeira do ministério, não mandando absolutamente nada. O arremate do ponto cruz, cujo trabalho bordado teve a assinatura do inefável João Freire, está agora nas mãos caprichosas de José Sócrates. Que, como se sabe, não dá ponto sem nó. Mas talvez seja já tarde para diminuir o número de laçadas. A não ser que a comédia continue.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


EDUCAÇÃO: dias amargos, gente inútil (II Parte)

Eis, a partir daqui, como poderia ser seriamente discutida a profissão docente, a sua problemática, o enquadramento regulamentar e a sua avaliação institucional. Mas sem qualquer seriedade, o ministério e o governo com o apoio de um grupo, quase sempre apoiado na ourivesaria do regime (o ISCTE, curiosamente agora fundação, com o justificado lente Rui Pena Pires à cabeça), com muita prosápia e pouca modéstia prefere instalar o caos na Escola que pensar ou ponderar tudo. A saturação é, actualmente, de rara revolta e a licenciosidade das medidas tomadas e a tomar, é um study case para a teoria política e o sistema das organizações.

O governo, com a meritíssima graça da Presidência da República, ou não tivesse por lá o senhor David Justino e não fosse ouvidor escolar do dr. Cavaco esse inefável Marçal Grilo (o póstumo Moreira Baptista da Gulbenkian), com igual alistamento de ex-Presidentes (Sampaio e Soares), com a hipócrita cavalaria universitária (novos lentes) que ao longo de anos formatou o ensino e a educação indígena (caso sinistro é da Maria do Céu Roldão & outras luminárias do eduquês doméstico), não consente qualquer tipo de reformulação.

A digestão opinativa de alguns levianos indígenas nesse mister renderá decerto muito emprego (próprio & alheio), mas para além da arruaça e calúnia que todos os dias proferem, nada consente que se esteja presente uma autónoma e séria reflexão sobre o sistema educativo e os docentes, assunto que nunca publicitaram. No invés, a chateza é sim estudar, reflectir, avaliar, argumentar. Cansa muito ser cidadão íntegro, nesta paróquia enternecedora do eng. Sócrates & amigos. Não legitima ninguém e apenas vergasta os seus preclaros obreiros. Ao que parece, a receita para obter a licença de uso e porte de opinião é estar a sebenta política validada (avaliada) pelo sarapatel da actual União Nacional, a coberto dos amestrados & afectuosos do eng. Sócrates. Coisa de fazer inveja ao clássico prof. Marcelo Caetano.

E se assim não for, ninguém está a salvo das ameaças do regente do reyno e do seu pontificado. Siga-se, para demonstração, a ladainha e apure-se o vício desses ridículos vassalos: reparem no rigor dogmático do indigente José Lello, durante os seus estapafúrdios televisivos; pondere-se na paródia que é seguir o pensamento e saber educativo do ex-sindicalista João Pedreira, nessa sua tournée diária nas TV’s; leia-se as empasteladas croniquetas da inconsolável beata socrática Fernanda Câncio sobre a infalibilidade do Papa Sócrates (matéria de fé) e da doutrina ensinada quase sempre de uma religiosidade analítica irresponsável e provocadora; tenha-se em atenção esse farejador de tragédias históricas, mas sempre remansoso no seu emprego doméstico, o limpo e delicado Rui Ramos, oriundo da plumitiva e militante universidade onde, presumidamente, além de "cursos de apontamentos e fotocópias" nada se passa de substantivo, interessante ou reformador; complete-se a comédia com os triviais escritos de António Ribeiro Ferreira (em tempos com vindimadas "estórias" no jornalismo de Coimbra), onde na vexata question da educação segue (em regular ignorância) o reboliço épico & ternurento da obra (nunca por si exposta) da sra. Lurdes Rodrigues.

Para esse curioso grupo farcista, bem como para os neófitos professos da "nova esquerda" (velha direita, entenda-se), a "defesa" de Lurdes Rodrigues é uma questão de emprego, de orfandade, de requinte fradesco, de azedume romântico, de ociosidade, de copiosa ignorância. Não há nada de ingénuo e íntegro, por ali. Apenas gente inútil e de vida amarga.

EDUCAÇÃO: dias amargos, gente inútil (I Parte)

É fácil a oratória & o palanfrório contra as "corporações", o funcionalismo público ou a canalha. Está – sempre esteve – na moda. Nos dias d’hoje, a sabatina calha aos professores e educadores, aliás conforme a tradição em tempos de crise (económica, social e de valores). O professorado regularmente foi perseguido, injuriado e humilhado, sempre a despeito do seu único "crime": o ter investido no estudo, nas suas qualificações e no trabalho socialmente honesto. Foi assim na Monarquia, continuou covardemente na I República e a investida definitiva e repressiva dá-se já durante o Salazarismo. Hoje regressa concludentemente com o governo do eng. Sócrates.

Sejamos simpáticos: um grupo de curiosos "educadores" ligados à União Nacional dos interesses & corporações instalados na paróquia implodiu – de vez – com o ensino, a educação e a Escola Pública e, no acto, desembestou publicamente contra a classe docente, essa putativa "massa igualitária e anónima". Já – AQUI, AQUI, AQUI ou AQUI – apresentámos a redacção contra tal afadistada investida, portanto não voltaremos a tal moléstia.

Com a sra. Lurdes Rodrigues e os seus dois gnomos à cabeça, presumivelmente sustentados numa "imaculada" teoria de pronto-a-vestir educativo nunca enunciada (ex-ante) eleitoralmente ou conhecida na razão superior da sua operacionalidade entre os países civilizados, surgiu uma brigada trauliteira de gente inútil, habilidosa na encenação e provocação política, generosos na ignorância, moralmente irresponsáveis. Que entre o apoio a tal gente se encontrem sinceros "reformadores" do sistema de ensino e educação, insatisfeitos com o modelo existente na Escola, não é inédito nem impossível. Porém é cansativa a esfarrapada argumentação sobre a avaliação e o seu dogma, deixando de fora todos os aspectos críticos sobre a Escola (como p.ex., os objectivos educacionais, a administração e gestão escolar, a matriz curricular, o trabalho pedagógico, a formação de professores, etc.), dogma esse onde tudo e todos têm de ser avaliados, crença irracional presente na tirania do ter que ser aprovado sempre pelo outro a cada momento (A. Ellis, 1971). Até porque o modelo que sustém a doutrina é insustentável, quer do ponto de vista de uma escola de qualidade quer como organização institucional.

A literatura sobre o tema "avaliação de desempenho dos professores" não permite argumentar positivamente o construído actual do modelo de Lurdes Rodrigues & João Freire. Muito pelo contrário, conforme os vários conflitos organizacionais patentes e que dia-a-dia ocorrem e teimam em desocultar. Mesmo o arrazoado conceito teórico de "profissão e profissionalidade docente" aplicado (uma justificação constante para a miséria do modelo) não permite inferir qual o perfil do professor (até pelo processo de fragmentação em curso) a avaliar e a sua regulação, apenas justifica os motivos da desqualificação e proletarização da profissão, por ora encetada. De facto, tal ideologia do profissionalismo (conforme, e bem, Lurdes Rodrigues critica no seu livro Sociologia das Profissões, Celta, 2002), que curiosamente mais parece ter saído de uma velha e desadequada "sociologia das ocupações", pelo modelo a implementar pretende apenas legitimar e efectuar a desprofissionalização docente, em tempos de emagrecimento do Estado (assunto que o pouco escrupuloso Mário Soares não relaciona com o actual ataque feito aos docentes, passe a sua intenção e graça política de combate ao insidioso neoliberalismo) e onde, via ECD, a avaliação tem lugar central.

[ver a propósito da questão da profissionalização docente, entre outros: A. Nóvoa, C. De Lella, C. Dubar, C. Gauthier & M. Mellouki, C. Maroy, Contreras, E. O. Shiroma, K. Densmore, L. Kreutz, Lortie, M. F. Enguita, M. Ludke, M. T. Estrela, M. Tardif, P. Bourdieu, P. Perrenoud, Pochmann, R. Bourdoncle, R. Canário, V. Isambert-Jamati]

[continua]

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008


COM OS PROFESSORES – DIA DE GREVE NACIONAL

Em apoio & mantimento à luta dos Professores; em defesa da Escola Pública e contra o despotismo iluminado dos que têm sempre razão e nunca se enganam; em defesa do Ensino sério, de qualidade e rigor, contra a proletarização da docência; em defesa da Educação, pelo exercício da cidadania plena (sem medo) e contra a calúnia dos rebanhos muito ajeitadinhos ao poder; em defesa da honra e dignidade contra as ameaças dos eternos vendilhões com assento nas corporações de interesses. Pela santa liberdade.

Nós moralmente limpos ...!

 Lopes Graça - Clamor

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


JOSÉ MANUEL SILVA e o Conflito na Educação

"O Governo está completamente equivocado na forma como está a gerir o conflito com os docentes. Na verdade, o entendimento necessário não é com os sindicatos, mas com os professores. Bem pode o presidente da FENPROF acentuar que são os sindicatos que representam os professores, é verdade, mas só representam alguns e já há muito tempo que a dinâmica de rejeição das políticas e da atitude do ME para com toda a classe ultrapassa largamente a acção dos sindicatos.

Se o Governo quer pacificar o campo educativo, e só admito que o faça pelo diálogo, tem de perceber que o obstáculo não são os sindicatos nem os professores, mas a própria equipa do ME. Se o Primeiro Ministro quiser ser parte da solução e não do problema tem de demitir rapidamente a equipa que dirige o ME, por uma razão simples e que é do domínio das teorias da liderança e se fundamenta nos princípios da inteligência emocional.

Quebrou-se totalmente o vínculo emocional que liga os professores ao Ministério e o que devia ser ressonância (Goleman et al, 2003) tornou-se dissonância, o que impede qualquer entendimento ou colaboração. As emoções tóxicas tornaram-se dominantes e inviabilizam o restabelecimento da confiança e do diálogo.

Tal como na Saúde Correia de Campos percebeu isso e o Primeiro Ministro também, é forçoso que no conflito da Educação se entenda que não há saída para o problema sem mudança de caras e de procedimentos. Os professores perderam, há muito, a confiança em quem supostamente os devia liderar, e quando os líderes perdem a confiança dos liderados, deixam de o ser.

Espero, sinceramente, que não se caia na tentação de fazer da anunciada greve do dia 3 uma forma de tentar partir a espinha ao movimento de contestação docente, e que haja a iniciativa política suficiente para encontrar uma solução que resolva o problema de fundo e não qualquer cosmética de ocasião ..."

[José Manuel Silva, in Campo Lavrado]

Nota: o Dr. José Manuel Silva é militante do PS, foi presidente da Comissão Concelhia do PS em Leiria e candidato à sua Câmara Municipal. Ex- Director Regional de Educação do Centro (DREC), é professor e director da Escola Superior de Educação de Leiria [onde está a ultimar o seu projecto de investigação em liderança escolar, sendo um estudioso de questões sobre a gestão e administração privada e pública].

terça-feira, 18 de novembro de 2008


Gente medíocre

Um grupo de gente medíocre, incompetente, arrogante e com peculiaridades totalitárias, tomou de assalto (como se fosse coisa sua) o já debilitado e degenerado edifício do ensino e educação em Portugal. Nunca desde Abril arribou a uma pasta governativa gente tão idiotamente reacionária, porque tecnicamente incompetente e politicamente emproada.

O ensino e a educação levadas a cabo por esse grupo não tem – nunca teve – nada a ver com a instrução pública, a inovação e mudança necessária (organizacional, pedagógica e discursiva), que forçosamente configura uma Escola aberta e moderna, de exigência e de sucesso. E onde as suas estruturas e as suas práticas sejam (sem ambiguidades) democráticas.

O grupo em causa, sem qualquer experiência da governação, afastado do acto de ensinar e do território escolar, sem sistema de valores – o habitus de grupo que transmite é a mera reprodução de uma ordem hierárquica social totalitária, sob a capa de uma sociologia das profissões e da organização, ambas centradas na coisificação do pedagógico pela tecnociência e na dissimulação da "ideologia dos dons" (leia-se Bourdieu) aqui legitimada pela alienação do enunciador (o docente) com os destinatários da relação pedagógica. A gramática escolar dessa gente é apenas a overdose do seu trabalho de luto político e que resulta numa esquizofrenia, de um despotismo e conflitualidade nunca vista no campus escolar -, sem referências e instrumentos conceptuais de esforço e trabalho no campo da sociologia da educação, mas vigorosamente apoiado no corpo escolar mais reacionário do ISCTE (o novo pronto-a-pensar do regime) e na Presidência da República, destruiu completamente o sistema educativo indígena. E arrastou, na sua irrisória querela, o PS para a lama desta comédia nada ingénua de se arvorar em grande educador e reformador do povo.

Desta forma, já não é a "cabeça" dessa gente alucinada que se pede, em toda esta tragédia. Mas a do próprio partido. A obstinação doentia tem limites. Seguramente, a infausta derrocada chegará. Estamos cá para ver e contar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008


COM OS PROFESSORES!

Num momento de aviltamento do ensino público - onde a arrogância, o cinismo e o desacerto técnico-pedagógico do Ministério da Educação são de uma insensatez perigosa e com evidente apoio e responsabilidade deste governo estéril e amargoso - ninguém pode ficar indiferente ao que se passa na escola pública e na educação em Portugal.

Os professores, expostos em praça pública aos mais sórdidos dos interesses pela tutela merecem, pelo manifesto equilíbrio das suas revindicações – que são, afinal, de interesse geral da nação, logo de todos nós–, pela evidência dos factos e pela exposição séria, clara e objectiva da sua disputa (consultar abundante material, p. ex, aqui), que se reponha a dignidade profissional e pessoal dos seus profissionais, tolhidos que estão na sua capacidade de esperança e renovação da Escola.

Que a dita "avaliação de desempenho" dos docentes seja avulsa, confusa, burocrática, subjectiva, abusiva, desconexa, arbitrária, contraditória, inaceitável, penalizadora de competências científicas e pedagógicas dos docentes e desrespeitadora do trabalho com os educandos e a comunidade – logo não se tratando, nem sendo uma verdadeira avaliação - e que, ironicamente, tais postulados não preocupem o Ministério da Educação, os pedagogos instalados no comércio do eduquês ou os "sábios" das escolas superiores da educação, é de momento e nesta atmosfera de medo e assombro em que se vive, indiferente. O tempo chegará para esse ajuste de contas! Por ora os professores resistem, com inquebrantável energia. Com convicção, sem servilismos! A todos, o nosso apoio.

Manifestação: Terreiro do Paço, 14,30h – Dia 8 de Novembro

domingo, 14 de setembro de 2008


O país "cadaveroso" do dr. Cavaco

"Não acha a colega que estamos todos a exagerar no fabrico de faca sem lâminas a que falta o cabo?" [?]

O prof. Cavaco Silva é politicamente conservador, entrouxado no seu tortuoso economês, obscuro nos costumes, desocupado culturalmente. O dr. Cavaco Silva é, com ou sem lamentações, o Presidente da República. O polícia da Constituição. E, ao mesmo tempo, não deixa de ser a "roda-viva" desta curiosa direita desastrada e já sem "esperança de casar".

Singularmente vaidoso, birrento, comicamente cediço, o dr. Cavaco – até agora um simples "notário" do governo – entende que acabou o seu tirocínio presidencial e que chegou a hora de salvar a pátria. Autorizado por fervorosas almas gémeas, com assento no bloco central de interesses, o dr. Cavaco vareja ministros, o Governo, a Assembleia da República, o poder local. A catadupa de intervenções públicas do PR, deslocadas no tempo e insolitamente ressabiados, justifica o silêncio existencial da "tia Manuela". Cavaco Silva (basta ler o que por aí se escreve) é hoje – como se previa – o figurino e a máscara da despeitada oposição. Desconhece-se, apenas, se assume o papel de motu próprio (os escolhos e as toleimas da governação, de tão assinaláveis, são um verdadeiro convite a isso) ou se caiu numa esparrela intencional do eng. Sócrates com o fito de tocar a rebate e unificar as suas fugidias hostes.

Seja como for, ao dr. Cavaco pouco lhe importa o país e a canalha. Para essa indigestão o dr. Cavaco já deu! A digressão e diversão agora são outras.

Deste modo a ilusão que não se passa nada entre o Governo e o dr. Cavaco é uma piedosa inspiração de alguns assalariados. O fait-divers de Paulo Pedroso e o sua União Nacional ou a privança jurídica do douto dr. Vital Moreira sobre o princípio da reserva da constituição, via Estatuto político-administrativo dos Açores, mostra existir algumas divergências temporais na estratégia do grupo socrático, mas nada mais que isso. Por sua vez, o embrechado sopro de Ferreira Leite sobre o direito de voto dos emigrantes e o surgimento desatinado de putativos candidatos à liderança do escavacado PSD, revela o fragor e a violência da luta partidária que já está aí.

Os acolhidos do bloco central de interesses estão (que ninguém se engane) vivos e de boa saúde. Os tempos que se seguem e o cortejo habitual de luminárias a acompanhar serão muito curiosos. O país "cadaveroso" (expressão recolhida da velha polémica Sergiana sobre o seiscentismo, presente no último livro de Artur Anselmo) do dr. Cavaco continuará a ser como até aqui, seguindo as palavras de António Sérgio, esse "espectáculo do estiolamento da mentalidade portuguesa".

Dúvidas!?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008


Atrevimento ... muito atrevimento!

"A onda de assaltos e crimes violentos é uma coisa muito séria" [Cavaco Silva]

1. Com o maior dos despautérios, muito bem alapado no sofá de Belém, o dr. Cavaco, decerto ainda a refulgir da doce cooperação institucional com o medíocre governo de Sócrates, comunicou ao país a sua preocupação com a onda de assaltos e crimes que acontece por todo o lado, o que, de facto, qualquer cidadão já tinha entendido. Imediatamente um curioso grupo de jornalistas e analistas da paróquia se curvou no espectáculo presidencial e professou as apreciações elogiosas do costume. Com as orelhas a arder pelos ditames dessas criaturas inteligentes, o eng. Sócrates, esta madrugada, utilizando a poeira do costume, respondeu e mandou de imediato e com grande aparato a polícia cercar a Quinta da Fonte e a Quinta do Mocho. Decerto os "assaltos e crimes violentos" que percorrem todo o país, segundo a douta opinião do nobre primeiro-ministro e do sr. Rui Pereira, têm lá os seus mentores e a sua sede, o que não deixa de ser espantoso pelo atrevimento.

2. As palavras de Cavaco Silva sobre a "onda de assaltos", logo seguidas pelo pedido de "estratégias adequadas para combater a criminalidade violenta", são de enorme hipocrisia. São grotescas e de mau gosto. Não será preciso recuar aos tempos de inefável Laborinho Lúcio e do pitoresco descalabro das medidas então tomadas. Basta saber que a esfíngica figura que hoje brama por tais medidas de combate à criminalidade foi a mesma que assinou de cruz, braço no braço com o eng. Sócrates, as alterações ao novo Código de Processo Penal, o mesmíssimo que recomendou o Código Penal como feliz conquista conta o crime e aquele que considera que a nova Lei de Segurança Interna é um instrumento importante e, por isso, não encontra "razões para [a] não promulgar". E é o mesmo senhor que não nada diz sobre o estado comatoso da polícia e da GNR, sem meios humanos, materiais e jurídicos e perante a total degradação e paralisia da sua autoridade. Eis o nosso homem! Maior atrevimento não é possível.

3. Com a lista de mazelas denunciadas pelo dr. Cavaco, na mão e no ouvido, acorrem sempre à acção mediática os rapazes do costume. Os despeitados do PSD e a garotagem do CDS desataram num alarido artificial e cómico, sem que nunca se ouvisse uma única palavra de crítica ou simples lamentação sobre a posição do senhor presidente da República no apoio dado ao construído jurídico arquitectado pelo governo e que, fora outras razões substanciais, são importantes em toda esta questão. E mesmo que, por puro exercício que fosse, se aceite estar presente uma sustentada estratégia política de desgaste e cerco ao governo, levado a cabo pelo dr. Cavaco e seus anões - enquanto a D. Ferreira Leite espera em silêncio no recesso do lar - tal experimentalismo insano e provocador, com evidentes reflexos na vida dos portugueses e no país, não o permite aceitar. Não estamos num vale tudo. Haja decoro!

sábado, 12 de julho de 2008


O estado do sr. Sócrates

[O Orador: José Sócrates] - E a nossa mensagem é muito clara, Sr. Primeiro-Ministro: isto não está a correr bem, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está mesmo a correr nada bem!! Portugal tem hoje mais de 420 000 desempregados. Não se riem agora, Srs. Deputados do PSD?! É verdade!

E já não são só as vítimas habituais! Não! Agora, o desemprego sobe mais entre as pessoas com curso superior e sobe mais entre os jovens!! O drama do primeiro emprego, que marcou boa parte do cavaquismo, está de volta (...) É por isso que, se há uma "imagem de marca" deste Governo, se há uma imagem que marca a governação desta maioria, ela é, sem dúvida, a marca do desemprego. Triste marca!

[Aplausos do PS]

Não, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está a correr bem, isto não está a correr mesmo nada bem! E o que é extraordinário é que, nos debates teóricos sobre a forma de governar, ainda há muito quem pense e teime em afirmar, apesar de tudo, que não vê grandes diferenças na governação do PS e do PSD.

[Vozes do PSD: - Mas há, mas há!]

(...) E esta não é uma subtil diferença, esta não é uma questão política de somenos. Não! Esta é a diferença entre considerar ou não considerar o emprego como a prioridade central da política económica.

[Vozes do PS: - Muito bem!]

E o que temos visto deste Governo é que o emprego já não é um indicador económico valorizado na sua política. Em matéria de desemprego, o Governo só tem tido uma preocupação: por um lado, inventar desculpas, por outro, procurar culpados.

[O Sr. António Costa (PS): - Muito bem!]

E vai logo aos suspeitos do costume: a culpa já foi da "pesada herança", já foi dos sindicatos, já foi das leis laborais e até da Constituição, tendo passado, depois, para a conjuntura internacional (...) Não, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão para o desemprego é outra: o desemprego aumenta porque a economia se afunda. E aqui, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, temos muito que conversar. Portugal ainda há um ano e meio crescia acima da média europeia. Hoje, Portugal é o país da Europa em pior situação económica.

[O Sr. José Magalhães (PS): - Agora não se riem!]

E uma coisa o Sr. Primeiro-Ministro não pode aqui dizer: é que tudo isto era inevitável ou que tudo está a correr como previsto. Não! O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, na Assembleia da República, que, consigo, com este Primeiro-Ministro, Portugal iria crescer, cada ano, dois pontos acima da média da União Europeia.

[Vozes do PS: - Exactamente!]

A verdade é que estamos a decrescer dois pontos para baixo da média europeia. E é caso para lhe recordar, Sr. Primeiro-Ministro, o conselho que, noutras circunstâncias, se apressou a dar a outros: não faça mais previsões, Sr. Primeiro-Ministro, nem deixe a Sr.ª Ministra das Finanças fazer mais previsões ..."

[Intervenção de José Sócrates (PS), na Reunião Plenária de 2 de Outubro de 2003, Debate: Estado da Nação]

sexta-feira, 13 de junho de 2008


O governo da Crise

O demónio da Crise que as empresas de camionagem celebrizaram toda a semana, ao que parece inexplicável para as mentes colegiais do grupo Socrático, lançou aprimoradas opiniões, quase sempre de palmatória em punho. Da mão esquerda castrada (o silêncio foi d’oiro) à sempre tradicional devassa da mão direita, todos e cada um trilharam caminhos e pronunciamentos severos, observações espirituosas e "cantilenas" intelectuais curiosas.

A direita etnográfica desenterrou l’esprit du vieux maître Salazar e entre fantasias jurídicas e colecções de impropérios musculados (o invocado cassetete do dr. Rui Pereira foi proverbial) exigiu a lei e a ordem perante as actividades contra a segurança do Estado. Desde o putativo lockout (?) chorado pela direita da esquerda (onde pontifica angustiosamente o dr. Vital Moreira) e deliberado pela centelha intelectual da gente da superstição liberal (em que o irreconhecível Gabriel Silva foi seu lídimo representante) até ao pressuposto de uma arbitrária greve (?), a coisa a diligenciar seria sempre o recurso à "democrática" bastonada. Simples, pesada e sem rastos.

O governo, porém, não lhes fez a vontade. À revelia, já se vê, da vontade e animo forte do dr. Pacheco Pereira, que em esforço de cidadania exigia umas fortes bengaladas nesses instigadores da desordem pública, ademais seus correligionários de partido. Por seu lado, a sra. Ferreira Leite, sem perceber o que estava a acontecer - decerto porque estava em estudos para o formoso défice - desapareceu da ribalta. E ao que se presume, para voltar num dia qualquer de nevoeiro, falando baixinho aos ouvidos selados dos seus companheiros. A coisa promete! Por outro lado, o cada vez mais presidente Américo Tomás, que num rasgo de modéstia assina com raça, Cavaco Silva, não se quer meter em novos fadários. Basta-lhe para a sua vidinha, umas passeatas, uma mão cheia de emigrantes, um rancho folclórico, algumas condecorações e outros tantos almoços. A vida está difícil para todos!

E que dizemos nós, perguntais vocemessês, de cassetete em punho? Pois ... não temos nada a declarar! Estamos muito para além desta indigestão da crise do petróleo, quer das causas quer dos remédios avulsos recomendados. E mesmo se o debate sobre a alta dos preços das commodities, a crise financeira ou as pressões inflacionárias, os efeitos da taxa de juro ou a presumida credibilização os sábios do BCE (ou FED) seja, por si só estimulante, acaba sempre por ser demasiado masturbatório. Preferimos não perder a floresta (como heterodoxos que somos) e por isso não confundimos a dose com o remédio em si. Isto é (por exemplo): não confundimos a causa da inflação com os seus sintomas. E que tem resultado entre nós – via BCE – à utilização da taxa de juro como vulgar e único instrumento anti-inflacionário. Até mesmo porque causas da inflação existem muitas, tais como as crises e, especialmente, as crises das crises. E, bem melhor que a curiosa masturbação a que temos direito, aí estão as taxas de crescimento, a alta de desemprego e perda do poder de compra para evidenciar a pouca inocência em tudo isso. Nada a declarar, portanto!

Enfim ... dizemos apenas que as esperanças ou as suas sucessivas trocas, definitivamente morreram e a utopia, coisa imaginosa d’antanho, é cada vez mais um simples "género literário". Ou como diria o Vasco Pulido Valente: "a vida é como um funil que se vai estreitando de possibilidades". Nada a declarar!

terça-feira, 3 de junho de 2008


Jaime Silva em trabalho ... de mato!

O martírio de Jaime Silva (como se sabe) audaz técnico made in UE e a fazer estágio na paróquia, parece não ter fim. Andava o precário ministro da agricultura em Vale do Covo, em galas e demais louçanias com os confrades caçadores, apanhando lixos terrenos & outros estragos inumanos, quando perante um raro & alegre grupo de pescadores (ancorados, pelo que se percebe, nos pinhais do reyno) teve que fugir por entre mimosas moitas.

Sabe-se, pela prosápia Jaime Silvista, que a natureza e o campo lhe não são estranhos. O ministro põe sempre a mão sobre a terra quando fala nos agricultores ou lavradores. O que, como é sabido, indispõe quase sempre esse amador da horta celestial, de nome Paulo Portas. Adiante! O que é mais curioso, nesta sementeira à Jaime Silva, é o que ele diz sobre a excursão dos pescadores: "... Esses senhores não pediram para fazer uma manifestação nem para os receber". Certeiro o dito e que ganha auditório.

Fica-se portanto a saber que na sua fantasia de ministro, quando o sr. Jaime Silva andar a pavonear-se eleitoralmente nas ruelas da paróquia, com ou sem caçadores de votos, importunando os indígenas e dificultando a vidinha nativa, estes têm não só o direito mas a obrigação de lhe responder do mesmo modo. Lá diz o povo: "quem muito abarca, pouco aperta".

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Voltámos em Maio!

"Em Mayo vai, e torna com recado" [popular]

Fomos de dar pousa ao bloganço. Obtivemos licenças & outras mercês. E, entretanto, fizemos o quê? Como nos dizem em Moncorvo:"Era uma vez um cesto e uma canastra /para conto já basta". Esclarecidos!? Nós também não.

Ao que nos dizem, corre por aí que a sra Ferreira Leite, economista arruinada pelo deficit e tremenda em moléstias políticas, abandonou as xícaras e o tricot dos barões do PSD e promete, com alguma gravidade, ser primeira-ministra num dia imaginário qualquer. Cruzes, canhoto! É, por demais evidente, que a sra Ferreira Leite não é remédio para coisa nenhuma e que a sua candidatura é tão só o resultado da enfermidade que reina por aqueles lados da rua de São Caetano à Lapa. Dizem-nos que irá, abundantemente, fornecer carácter e respeitabilidade ao PSD. Que é "credível", segundo a própria e irrepreensível conforme os comentadores. Ora, pois! Fazer da candidatura de Ferreira Leite uso e porte de respeitabilidade política é coisa que não lembra a ninguém. A senhora é tão respeitabilíssima como incompetente. E os dois dotes – como se sabe – são, por junto, demais. E o povo eleitor (se ainda existe) do PSD não vive de tais predicados e desses pasmos de fama. A palavra "respeitabilidade" nunca soube ser bem pronunciada pelos lábios da clientela laranja. Estão aí Santana Lopes, Marco António, Rui Gomes da Silva, Alberto João e outros tantos, para o provarem.

Por outro lado, o eng. Sócrates, em vigilância atenta aos media e sempre em arraial eleitoral, proporciona-nos uma variante curiosa de náusea, de que não é estranho aquela maneira esquisita de falar e a modo rasteiro que tem de tentar explicar aquilo que todos há já muito entenderam: o país vai de carrinho, mesmo antes de expirar. A paróquia para Sócrates é um comício constante. Uma escola à moda da dr. Lurdes Rodrigues. Começa a ser preocupante esta intromissão (quasi salazarenta) sem jeito nos negócios dos ministros. Não há dia de tragédia pátria que não nos venha vender um putativo plano caridoso para salvar o país. Cuida o dr. Sócrates que a sua solitária fronte é uma virtude de felicidade instantânea. Dura ilusão! Já não há paciência para o ouvir e ver. Para burlesco basta-nos o meu Benfica. Ó horror!

Boa noite!

domingo, 16 de março de 2008


Quem se mete com o PS ...

... leva com 7.000 (sete mil) almas, que graciosamente viajaram de "Elvas, Resende, Reguengos, Montalegre, Idanha-a-Nova, Guimarães, Castelo Branco” de lábios abertos e olhos entaramelados para a cidade do Porto, no comício dos 3 anos de governo.

A energia desses validos da União Nacional, contou ainda com a presença rija de altos funcionários do Governo, como a laureada Maria Lurdes Rodrigues (exterminadora da escola pública), o sr. Manuel Pinho (enternecido ministro da coisa económica), o irresistível Augusto Santos Chavez (restaurador do conchego democrático), o cintilante padrinho Almeida Santos (génio da civilização indígena), o vigário par(a)lamentar Alberto Martins (astro da pia Assembleia Nacional), o alevantado José Lello (sábio pensador do futebol) & outras inclemências da rosa.

Consta que foi imponentíssima a recepção, com o brilho e o aparato de antanho. As caprichosas toilettes da estação, em louvor do sr. Presidente do Conselho, colheram grande luzimento e apreço, principalmente entre o corpo da blogosfera acreditado junto do governo e que vem comentando com brilho e inexcedível competência técnica a situação da nação.

Do grupo excursionista, registe-se a eloquente prelecção, com que deliciou o espírito da canalha, feita pelo sr. Jorge Coelho – e que nos disse não têm "qualquer cargo político ou partidário" sendo "um cidadão que trabalha e vive do seu trabalho" -, que após trepidante fugidela da consultoria da Mota & Engil, e ainda ofegante de vitalidade e talento, excedeu com as suas impressões inapagáveis o espírito dos fiéis. O auditório aplaudiu freneticamente, em especial quando o sr. Coelho fez a oração de louvor à defunta educação. Por último o eng. José Sócrates disse qualquer coisa, decerto importante que, seguramente, o sr. José Miguel Júdice esclarecerá e o sr. Henrique Monteiro ilustrará no seu jornal.

Eis tudo!