terça-feira, 22 de setembro de 2009
A “INGENTE MERCEARIA”
Não sem surpresa, quando regressados da nossa tournée (ou giro de boudoir), os desagravos inspiradores da liça eleitoral estavam no seu esplendor. A prosa estragada de D. Manuela era impiedosa, mas vulgar. O sr. Sócrates especulava em solenidade depravada sobre as atrocidades económicas e sociais dos anos da barbárie a.S. (o sr. Sócrates nunca governou!). O dr. Portas berrava saloiamente, em feiras e mercados, o seu conhecido repertório reacionário. O B.E. era injuriado por criaturas analfabetas e já sem esperanças de casar. O camarada Jerónimo vira o homem da luta, cantarolando os amanhãs que cantam. Os jornaleiros e paineleiros locais esmiuçavam a oposição (o grupo Sócratico, nunca existiu!). O D.N., com unhas para dar e vender, era um coro de bufaria, de ir às lágrimas. A laracha simplória e a deliciosa comédia eleitoral sobre as socrancrices "escutas" atingia o seu zénite, com o silêncio e as omissões do dr. Cavaco. E nunca um Presidente da República foi tão parco & sombrio de ideias. Na espera da tremenda "bomba atómica" (pós-eleitoral) que o sábio Cavaco, absurdamente, ameaça sob enorme chiadeira nos locais do costume, os paroquianos de direita adivinham já estóicas lutas. A "ingente mercearia" treme de emoção.
Entretanto o país caminha triunfalmente para a falência, o pé adeante na ruína que está já aí, e não há incidente espalhafatoso que fulmine toda essa mundana gente. Ah! E voltaram os Gatos, com a mais-valia milagreira do RAP. Lá me avisou a minha olímpica vizinha. E – digo eu – está em marcha dois leilões de livrarias, um dos quais será certamente inolvidável. Por último, uma estimada homenagem ao grande Luiz Pacheco terá lugar, oportunamente, na Biblioteca Nacional. Mais não é preciso.
Vale!