terça-feira, 3 de fevereiro de 2004


Anotações

"Normalmente os místicos não são ocultistas - Santa Teresa d'Ávila, São Francisco de Assis, Santo António, entre outros, são grandes místicos, mas não entram pela "via oculta", que é pertencente às Escolas de Mistérios. Por sua vez, os ocultistas, que estudam toda a parte filosófica e iniciítica, têm as Escolas de Mistérios destinadas para si, pois através da mente uma pessoa pode fazer um estudo e uma série de exercícios, desenvolvendo, pouco a pouco, a cordialidade, o lado do coração. [António de Macedo, in Lusophia]

"Portugal é um país, por enquanto, oculto. Aliás, o Lima de Freitas chama a atenção para o facto de os mitos mais proeminentes da mitogenia portuguesa (os "mitolusismos") não serem referidos nem pelo René Guénon, nem pelo Mircea Eliade, que viveu em Lisboa e deu aulas cá, e ele cita outros; eles citam o mito do imperador que há-de regressar, citam o mito do Encoberto, citam o mito do Preste João e nunca citam Portugal, além de não referirem o Sebastianismo quando se referem ao mito do Encoberto. Portugal é um país que, por qualquer razão misteriosa, não existe e tem de se manter oculto." [ibidem]

"O problema da portugalidade é um reencontrar das origens. é por isto que os livros, por exemplo, do Paulo Loução considero interessantes, pois faz um trabalho de campo muito importante... E estou totalmente de acordo com a ideia do Franclim da "verticalização da Lusitânia". Tudo ocorreu naturalmente. As pessoas começaram a chamar Lusitânia a Portugal... Portugal tem uma missão espiritual, mas sobretudo mistérica. E há bastante gente que está em Portugal a encontrar os mitologemas portugueses e a linha tradicional própria da portugalidade, que, a partir do século XVII, se distanciou bastante da europeia, até, então, existia uma linha esoterológica comum. Com a Inquisição, com o surgimento do rosacrucianismo, a nossa linha iniciítica quebrou-se da corrente iniciítica. Depois do culto do Império e do Divino Espírito Santo veio o Bandarra; no século XVII, tivemos o gigantesco Vieira, que acompanhou o século XVII todo. Ele foi buscar o mito do Quinto Império ao profeta Daniel e a Frei Gil de Santarém. Então, ficámos com os mitos diferentes: o bandarrismo, o Quinto Império, o Sebastianismo e as festas do Espírito Santo. De repente, temos uma linha iniciítica própria, que tem sido trabalhada por autores interessantes, desde o Leonardo Coimbra, o Sampaio Bruno, o Fernando Pessoa, o Almada Negreiros, Lima de Freitas, etc. e muitos outros artistas e investigadores portugueses do século XX." [ibidem]