segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004
Haja Decência!
- As afirmações proferidas na Quadratura do Círculo pelo inenarrável Lobo Xavier, com a aquiescência de Pacheco Pereira, a propósito do episódio Celeste Cardona são inaceitáveis, e mesmo burlescas. Se no caso do presumido Lobo Xavier não é de estranhar, mesmo a coberto de uma reputação de expert em legislação fiscal ou tributária com que ele sem pejo se autoproclama, abundantemente, e que está longe de se provar, o mesmo não se pode dizer do deputado europeu e comentarista Pacheco Pereira. Nestas ocasiões, Pacheco Pereira alegando desconhecimento conceptual, pouco interessado em instruir-se na matéria que interessa ao comum dos cidadãos, o que revela algum menosprezo pelos leitores e ouvintes que o acompanham interessadamente, quase sempre recusa pronunciar-se. E pasme-se, hoje nem sequer fez qualquer leitura política dos tristes acontecimentos ocorridos. Nada se passou, presume-se. Ora, para além de se saber se há ou não crime fiscal teremos de concordar, aliás como disse Marcelo Rebelo de Sousa, passe possíveis estratégicas políticas que o podem mover, no mais óbvio: é incompetência pura. E só havia um caminho a seguir, se vivêssemos num país civilizado, a demissão. Pense, meu caro Pacheco: há mais vida para além dos livros. Eu que o diga.
- As cenas desavergonhadas levadas a cabo numa conferência de imprensa, após o jogo Sporting-FCPorto, por duas personagens ridículas são o sinal dos tempos. José Mourinho e Eduardo Bettencourt não têm lugar onde existem pessoas decentes. São de uma alarvidade inacreditável. O primeiro, desejoso de ir carpir as mágoas de sujeito incompreendido pelos indígenas lusos para terras britânicas, entendeu ser o momento para pressionar a sua saída do FCP. Cabotino como poucos, julga que a civilidade está algures e que nada tem a dizer sobre isso. Engana-se. É preciso ser-se homem para se banhar de civilização. O segundo, revela um humor demasiado negro para uso em palestras. As afirmações ditas em tom grave, para excitação dos fundamentalistas leoninos, desvela o seu carácter e o mau gosto. Não há paciência. Nem decência. Estamos tramados.