Os rendilhados do mercado & seu doce cantar"
Há doenças que, quando curadas, deixam o homem sem mais nada" [
Henri Michaux]
A
miséria enturvada desta crise e o
espectáculo da levada (falada e escrita) sobre a actual recessão global, habilmente postos a correr pela "pátria" que pensa, é uma pantominice
ex-ironia doentia e infamante. A suspirosa pirueta de curiosos
académicos & outros tantos
comentadores – agora todos com um cu muito ajeitadinho à coisa pública –, após abandonarem o vernáculo da ortodoxia do mercado e receberem a guia de marcha a "
caminho da servidão" de mais e melhor estado, prova a ignorância, a desfaçatez e impostura de tão singulares "sábios".
Tais
sujeitos desprezíveis, sempre muito adornados por ridículos políticos formatados no
eduquês governamental (que os bajulam, por sobrevivência) e escarranchados no dorso dos media (por ora desnorteados pela avalanche da crise económica e o terror financeiro, que lhes fedeu a alma de escriturários de jornais), tais
boémios de verbo difícil (numa sem vergonha definitiva) e rendimento fácil – ou não andassem todos estes anos a comer na sopa do Estado e dos contribuintes –, tais transviados do estudo (sério, sem dogmas, nem sectarismos ideológicos) passaram – bem a passo de corrida - da flatulenta banalidade das suas teorias (via canhenho
Hayek ou moleskine
Von Mises) para o pesadelo da insuportável suspeita de serem "
bolchevistas disfarçados", agarrados que estão por ora à crina do Estado e às putativas & beneméritas "migalhas" dos contribuintes.
José Manuel Fernandes – um feroz patrono do nosso economês e metediço da coisa liberal – confessa que tropeçou ideologicamente nalguns. Acreditamos na gritaria, por muito tormentosa que sejam os fundamentos do comissário de mercado.
O extraordinário destes dias, e que só se verifica neste rincão à beira-mar plantado, é o cínico desplante de se assistir – passe as lamúrias incessantes da tribo – à
originalidade do regresso dum raminho de enfadonhos economistas à lide dos jornais & Tv's. Dum só golpe surgiram as primícias teoréticas do sr.
Silva Lopes - figura outrora lendária, antes de ter tombado no venerado colo do capital financeiro (o deus
ex-machina) – em converseta com o inenarrável
Expresso, do jovem insipiente
Nicolau Santos; o reaparecimento da criatura
Daniel Bessa (ver
Expresso), ainda ofegante da fraseologia económica do "oásis" que nos andou a vender estes anos; também vimos (algures) a testada desse génio económico que dá ao nome
Daniel Amaral, bem como foi grato assistir à cambalhota envergonhada da sra.
Teodora Cardoso, que parece ter sepultado – em forma de responso – o infamante mercado.
Deixando a varejar na chacota pública essa prenda da
Goldman Sachs e público neoliberal,
António Borges, a contas com o espargir do demónio do Estado & as sandices da sra.
Ferreira Leite; rindo-nos – assim mesmo – do impagável
João César das Neves, típico amanuense do economês livresco ou de meia-dúzia de outros tantos ordinários economistas; não restam dúvidas que todas estas arrogantes figuras deviam não só serem
avaliadas cientificamente em sede das Universidades (onde quase todos leccionam, não se sabe bem o quê!), mas também serem
interditas de frequentarem espaços de conversação pública nos jornais e TV’s. Um período de "nojo", seria uma medida autorizada, para bem da
nossa sanidade intelectual. O rendilhado do mercado pode derramar embevecidas teorias, mas de facto não comove, nestes tempos, quem ... simplesmente trabalha. O tédio ... esse, ficaria para uma outra vez.
Ok!?