sábado, 25 de outubro de 2008


Os rendilhados do mercado & seu doce cantar

"Há doenças que, quando curadas, deixam o homem sem mais nada" [Henri Michaux]

A miséria enturvada desta crise e o espectáculo da levada (falada e escrita) sobre a actual recessão global, habilmente postos a correr pela "pátria" que pensa, é uma pantominice ex-ironia doentia e infamante. A suspirosa pirueta de curiosos académicos & outros tantos comentadores – agora todos com um cu muito ajeitadinho à coisa pública –, após abandonarem o vernáculo da ortodoxia do mercado e receberem a guia de marcha a "caminho da servidão" de mais e melhor estado, prova a ignorância, a desfaçatez e impostura de tão singulares "sábios".

Tais sujeitos desprezíveis, sempre muito adornados por ridículos políticos formatados no eduquês governamental (que os bajulam, por sobrevivência) e escarranchados no dorso dos media (por ora desnorteados pela avalanche da crise económica e o terror financeiro, que lhes fedeu a alma de escriturários de jornais), tais boémios de verbo difícil (numa sem vergonha definitiva) e rendimento fácil – ou não andassem todos estes anos a comer na sopa do Estado e dos contribuintes –, tais transviados do estudo (sério, sem dogmas, nem sectarismos ideológicos) passaram – bem a passo de corrida - da flatulenta banalidade das suas teorias (via canhenho Hayek ou moleskine Von Mises) para o pesadelo da insuportável suspeita de serem "bolchevistas disfarçados", agarrados que estão por ora à crina do Estado e às putativas & beneméritas "migalhas" dos contribuintes. José Manuel Fernandes – um feroz patrono do nosso economês e metediço da coisa liberal – confessa que tropeçou ideologicamente nalguns. Acreditamos na gritaria, por muito tormentosa que sejam os fundamentos do comissário de mercado.

O extraordinário destes dias, e que só se verifica neste rincão à beira-mar plantado, é o cínico desplante de se assistir – passe as lamúrias incessantes da tribo – à originalidade do regresso dum raminho de enfadonhos economistas à lide dos jornais & Tv's. Dum só golpe surgiram as primícias teoréticas do sr. Silva Lopes - figura outrora lendária, antes de ter tombado no venerado colo do capital financeiro (o deus ex-machina) – em converseta com o inenarrável Expresso, do jovem insipiente Nicolau Santos; o reaparecimento da criatura Daniel Bessa (ver Expresso), ainda ofegante da fraseologia económica do "oásis" que nos andou a vender estes anos; também vimos (algures) a testada desse génio económico que dá ao nome Daniel Amaral, bem como foi grato assistir à cambalhota envergonhada da sra. Teodora Cardoso, que parece ter sepultado – em forma de responso – o infamante mercado.

Deixando a varejar na chacota pública essa prenda da Goldman Sachs e público neoliberal, António Borges, a contas com o espargir do demónio do Estado & as sandices da sra. Ferreira Leite; rindo-nos – assim mesmo – do impagável João César das Neves, típico amanuense do economês livresco ou de meia-dúzia de outros tantos ordinários economistas; não restam dúvidas que todas estas arrogantes figuras deviam não só serem avaliadas cientificamente em sede das Universidades (onde quase todos leccionam, não se sabe bem o quê!), mas também serem interditas de frequentarem espaços de conversação pública nos jornais e TV’s. Um período de "nojo", seria uma medida autorizada, para bem da nossa sanidade intelectual. O rendilhado do mercado pode derramar embevecidas teorias, mas de facto não comove, nestes tempos, quem ... simplesmente trabalha. O tédio ... esse, ficaria para uma outra vez. Ok!?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


Leilão - Ex-Colecção Ernesto Vilhena Biblioteca Jorge de Brito II Parte

Nos dias 21 e 22 de Outubro, pelas 21.30 horas – na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), Lisboa – vai decorrer mais um leilão organizado pela Renascimento. Trata-se do leilão de parte dos livros provenientes da Ex-Colecção Ernesto Vilhena (Biblioteca Jorge de Brito) - aqui na sua II parte - e que apresenta um estimado e raro núcleo de obras de Arte, Pintura e Escultura, História, Literatura Clássica, alguns curiosos Almanaques, estimados Periódicos (c/o Illustração Goana, Índia, 1864 ou o Jornal das Bellas-Artes) e Revistas, uma colecção de Estampas (intitulada Ruas de Lisboa), manuscritos, literatura e monografia Colonial.

Em Extra Catálogo vai à praça (no II dia) um valioso lote de obras (em magnificas e luxuosas encadernações). Em especial refira-se o procurado Sketches of the Country, Character, and Costume, in Portugal and Spain ... de William Bradford (ilustrada com bonitas gravuras), os Lusíadas sob publicação de Emílio Biel (1880), a valiosa 1ª edição da "Ecole de Cavalarie ..." de François Robichon de La Guerinieri (1733) que tem a curiosidade de ter nas pastas o brasão de armas da Casa de Lafões, vários manuscritos (ver carta de D. Manuel I ou uma carta régia de Filipe II), a admirável obra sobre Equitação "Methode et Invention Nouvelle de Dresser les Chevaux …" do Marquês de Newcastle, ou o valiosíssimo incunábulo "Pedro Hispano, Papa João XXI ..." (1500), conforme aqui pode ser lido e consultado.

Catálogo on line.

sábado, 18 de outubro de 2008



BIBLIOTECA DA AJUDA

[via blog Biblioteca da Ajuda]

EVOCAÇÃO DOS 10 ANOS DA MORTE DE CARDOSO PIRES

"A Câmara Municipal de Lisboa, através do Pelouro da Cultura, evoca o 10.º aniversário da morte de José Augusto Neves Cardoso Pires. O romancista, contista, ensaísta, dramaturgo, jornalista, crítico e copy-writer de publicidade, nasceu a 2 de Outubro de 1925, na aldeia de São João do Peso, e viria a falecer a 26 de Outubro de 1998, em Lisboa, cidade que inspirou inúmeras crónicas, mas, principalmente, habitou toda a sua obra literária.

Conheça o programa cultural que a Direcção Municipal de Cultura organizou e que inclui, entre outras actividades, mostras bibliográficas e uma exposição de cartazes de divulgação das inúmeras obras do autor." [via Hemeroteca Municipal de Lisboa]

Locais: Biografia de J. Cardoso Pires / Obras de (sobre) J. Cardoso Pires / Recursos na Internet sobre Cardoso Pires

terça-feira, 14 de outubro de 2008


Blog - In Memoriam Joaquim de Carvalho (1892-1958)

50 anos depois da sua morte, o doutor Joaquim de Carvalho (1892-1958) – professor, erudito, filósofo, escritor, bibliófilo, homem de cultura de mérito excepcional – tem a homenagem, a lembrança e a presença de todos aqueles que, em testemunho de gratidão pelo cidadão, pelo mestre universitário e pela copiosa e insigne obra que nos legou, sempre se curvaram perante a sua saudosa memória.

A Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho e a Associação Dr. Joaquim de Carvalho, da Figueira da Foz, nesta ocasião da passagem do cinquentenário da morte do doutor Joaquim de Carvalho – seu patrono – pretende assinalar a data com um conjunto de iniciativas de valor afectivo e cultural, que incluem várias tertúlias sobre a figura e o pensamento do homenageado, realizando-se a primeira já no próximo dia 30 do corrente mês, com a presença de conhecidas figuras da cultura portuguesa.

Entretanto, foi criado um oportuno blog de divulgação do seu patrono - ver, aqui – onde se afirma:

"Servirá este blog de útil caderno de apontamentos, resenha de factos e ideias que os interpretem, interpelem, questionem, de modo a que, se for caso disso, tenham a força de os transformar. Servirá também de anotação, de memória translúcida que resista ao impacto do tempo e ao absurdo da espuma dos dias.

Servirá, no berço intemporal do pensamento do seu patrono, de reflexão ao transtorno do presente, de interpretação dos inquietantes fantasmas que nos povoam, dos distúrbios do medo que nos ameaçam, mas também de posto de vigia e coragem à reafirmação constante de que existimos, tal como Joaquim de Carvalho, aqui e agora
".

[in 50 Anos Depois - In Memoriam de Joaquim de Carvalho]

Boletim Bibliográfico 38 de Livraria Luis Burnay

Está online o Boletim 38 da Livraria de Luis Burnay [Calçada do Combro, 43-47, Lisboa], que apresenta 704 peças estimadas, procuradas e raras, de

Consultar o Catálogoaqui.

terça-feira, 7 de outubro de 2008


Pino & Lino

Até sempre! Dinis Machado

"... Ouve bem, Maynard, minha louca sentinela da noite (...) Bem, Maynard, essa tripa velha que trazes dentro de ti é que te há-de levar-te ao cemitério. És capaz de marchar numa manhã de Outono, como marcham os tísicos e os solitários (...) Meu bom Bradbury, companheiro das estrelas, filho de Deus esquecido na Terra, a que bolsos sem fundo vais buscar os teus tostões de poesia? (...) Maynard, meu desajustado do inferno, mosca tonta no deserto da vida, agora enterrada numa tumba onde se bebe uísque até os olhos ficarem vidrados, Maynard do diabo, ainda há gente que olha para ti e pisca o olho com ar descuidado, como se tudo entre as pessoas pudesse ser simples e reduzido a uma piscadela de olho (...) Está certo, Maynard. As coisas são como são. É impossível comprar as pirâmides do Egipto. Ora bem, meus senhores e minhas senhoras, há que encontrar Lilly Lilliput, há que escrever mais este parágrafo e fazer silvar o silenciador que calará para sempre Joe Filippo. Há que fazer sempre mais coisas, beber leite por causa das dores de estômago, limpar a arma, ouvir Mozart, ler Dos Passos e Céline, fazer amor. Olga. Não tenhas pressa Maynard, não tenhas pressa de coisíssima nenhuma. Os aviões a jacto ..."

[Dennis McShade, in A Mão Direita do Diabo, Ibis, Janeiro de 1967]

"... Dinis Machado inventou um personagem admirável, o assassino Peter Maynard (devedor de Pierre Ménard, a quem Jorge Luis Borges atribui a proeza de reescrever o Quijote palavra a palavra), e um pseudónimo adequado para figurar como autor: Dennis McShade ..." [in A Origem das Espécies]

sexta-feira, 3 de outubro de 2008


In-Libris – livros de Outubro

A In-Libris (Porto) apresenta um lote de 100 livros antigos e estimados de poesia, literatura, botânica, etnografia, artes, monografias, etc.

Referências: poesias de Afonso Duarte, Alberto de Serpa, Alfredo Pimenta, Américo Durão, Antero de Quental, António Aragão, António Botto, Azinhal Abelho, Cândido Guerreiro, Egito Gonçalves, Eugénio de Castro, Francisco e Sousa Almada, Gastão Cruz, Hélder de Macedo, João José Cochofel, Jorge de Sena, Manuel António Pina, Matilde Rosa Araújo, Melo e Castro, Miguel Torga, Natália Correia, José Blanc Portugal, Ruben A., Rui Namorado, Ruy Cinatti, Teixeira de Pascoaes, o estimado livro Guia Histórico do Viajante do Bussaco e as Memorias do Bussaco (de Forjaz de Sampaio), livros de Ferreira de Castro, a invulgar obra em VI vols de Alexandre Carvalho Costa (Gente de Portugal), o esgotado livro de Emílio Costa (Ascensão, Poderio e Decadência da Burguesia, Cadernos Seara Nova), a valiosa obra Os Espigueiros Portugueses, obras de Tomás da Fonseca, a rara peça Poética dos Cinco Sentidos La dame à la Licorne, o estimado livro de Luís Palmeirim "Os Excêntricos do meu tempo", a copiosa obra Operas de Mário de Sampaio Ribeiro.

A consultar on line.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


Vedi Lisboa e poi muori



"... de beleza és diva,
e em qualquer modo sempre me és querida,
ou anelante, ou esquiva;
e quer fujas, quer sigas,
suavemente me destróis e obrigas "

[Torquato Tasso, in Vita de la mia vita]

quarta-feira, 1 de outubro de 2008


ANACRONISMOS (NOTAS BREVES PARA UMA POLÉMICA)

"Nos últimos tempos, a propósito do Centenário da Proclamação da República, alguns monárquicos tentam recuperar a imagem do regime monárquico.

Quem nos conhece pessoalmente ou que nos acompanha em visitas mais ou menos regulares ao blog, certamente nota que temos evitado as apreciações ou depreciações mais ou menos conhecidas. Historicamente, tentamos basearmo-nos em factos e apoiarmo-nos na bibliografia existente que temos disponível. No entanto, não podemos deixar de notar que esses monárquicos para procurarem uma legitimação que actualmente já não possuem, omitem, interpretam e tentam recriar os acontecimentos da forma que os favorece mais.

Muitos dos problemas que o nosso País atravessa são, de facto, de qualidade dos seus dirigentes, mas essa qualidade não é um problema recente. Certamente que alguns dos políticos que nos têm governado, seja na Monarquia, na 1ª República, na 2ª República (Ditadura), ou mesmo na 3ª República cometeram erros que todos os cidadãos acabam por ter que assumir, porque vivemos num país em que muito facilmente se atiram as culpas para os outros e raramente se assume a responsabilidade pelos actos (...)

Na Monarquia já existiam eleições, mas também se sabe que elas de livres tinham só o nome. Mais, os monarcas tiveram o cuidado de votar leis que podiam impedir o progresso eleitoral dos republicanos criando círculos eleitorais mais amplos nas regiões urbanas de Lisboa e do Porto, onde tradicionalmente havia maior votação no Partido Republicano, para conseguirem realizar mais facilmente as famosas chapeladas (colocação de votos nas urnas). Também sabemos que era possível mudar de governo entre os dois grandes partidos monárquicos (Progressista e Regenerador) e, pelo menos a partir da década de 70 do século XIX, houve alguma alternancia de poder, mas os líderes pouco mudavam, a classe política era quase sempre a mesma (...)

Por outro lado, apontam-se também criticas à República que são verdadeiras, mas que fazem parte de todos os momentos revolucionários. Sempre houve e sempre haverá exageros e também os houve durante a República, não temos qualquer dúvida em relação a isso, no entanto também sabemos que quando se vivem momentos revolucionários, de conturbação política e social os acontecimentos ultrapassam as ideias daqueles que os imaginaram e realizaram. Isso aconteceu sempre ao longo da História, seja em Portugal ou no mundo (...)

Alude-se também à questão da liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa era ainda uma conquista a fazer nos finais do século XIX. Note-se que com a crise do Ultimatum e do 31 de Janeiro de 1891 foram encerrados variadíssimos jornais de forma compulsiva, simplesmente porque o poder político monárquico assim o entendeu fazer. Os jornalistas eram presos e julgados por emitirem opiniões contrárias ao poder estabelecido, não só os nomes mais conhecidos da propaganda republicana como João Chagas, Francisco Manuel Homem Cristo, António José de Almeida ou Heliodoro Salgado, outros pelo país sofreram estas perseguições e foram exilados ou obrigados a emigrar (...)

... o problema da adesivagem ao novo regime, que é um fenómeno muito típico em Portugal, mas não só. Muitos dos Monárquicos de renome antes do 5 de Outubro, transformaram-se do dia para a noite nos grandes paladinos do novo regime. Tornaram-se os mais ferverosos dos republicanos, capazes de perseguir os antigos companheiros de política que não mudaram de posto só porque mudou a circunstância. Isso também aconteceu em 25 de Abri de 1974 e muitos ainda estão na política activa, no entanto, o povo tudo esquece e quase tudo perdoa. Daí que muitas vezes sejamos considerados um País de brandos costumes"

[A.A.B.M., in Almanaque Republicano - ler tudo aqui]

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Yes "They" Can!



"Centre of equal daughters, equal sons,
All, all alike endear'd, grown, ungrown, young or old,
Strong, ample, fair, enduring, capable, rich,
Perennial with the Earth, with Freedom, Law and Love,
A grand, sane, towering, seated Mother,
Chair'd in the adamant of Time"

[Walt Whitman, America]

Do milagre ao delírio

"Em tempos de inovações é perigoso tudo o que não for novo" [Saint-Just]

A mega crise do mercado financeiro americano e a implacável recessão (definitivamente, global) que por aí vem, nas suas origens e pelas mudanças estruturais que vai provocar, aponta para o movimento do fim da hegemonia do "santo" modelo neoliberal (global) e o "regresso do Estado" socialmente responsável. Não é uma questão de economia, é uma questão política. Então, convém não esquecer, que os efeitos da quântica comportamental da crise não têm soma nula: uns ganham, outros perdem. Saber e entender quem perde e ganha implica que não se faça novas (velhas) desconstruções históricas, que a burlesca argumentação defensiva dos adeptos da superstição liberal actualmente sugere. E que pelo menos, já que o miserabilismo conceptual dos seus discípulos no campo financeiro e económico é constrangedor, saibam entender e honrar a sábia observação de Popper naquilo que se denomina "assimetria dos enunciados universais". O dr. Espada explicará, se lhe pedirem!

De outro modo, o "remédio" estratégico que vai ser formatado contra a crise da crise exige a sustentação de um novo saber e saber-agir político-económico e, possivelmente, ético-social, que estes longos anos de barbárie "terrorista", generalizada sob a inflamada e dogmática narrativa neoliberal e o seu enfadonho receituário, bloqueou e impediu.

Os fundamentos do modelo neoliberal – que curiosamente alguns virtuosos (e viciosos) liberais dizem desconhecerem na sua doutrina e prática económica e financeira (entre os nossos nativos, veja-se sobre o assunto, com a devida vénia, o piedoso escrito de José Pacheco Pereira, no Público, o desastroso texto do sr. Rui Ramos, ou o inenarrável editorial do pouco estudioso José Manuel Fernandes) –, a "contra-revolução intelectual" (para citar Friedman) globalizante e a ideia de um pensamento único que se lhe seguiu (e que tiveram, outrora, os seus putativos heróis entre a sociedade "maçónica" de Mont Pèlerin), definitivamente empalideceram e se desfazem como modo de vida. A política económica está de regresso.

terça-feira, 16 de setembro de 2008


In-Libris – livros de Setembro

A In-Libris (Porto) surge no seu Catálogo de livros do mês de Setembro, com peças esgotadas e raras, algumas com excelentes encadernações.

Referências: poesias de Adolfo Casais Monteiro, Afonso Duarte, Alberto Monsaraz, Alberto de Serpa, Almada Negreiros, Américo Durão, Branquinho da Fonseca, Camilo Pessanha, Carlos de Oliveira, Carlos Queiroz, Casimiro de Brito, Eugénio de Castro, João Campos, Jorge de Sena, José Régio, Miguel Torga, Orlando da Costa, Papiniano Carlos, Ramos Rosa, Silva Gaio; o Diccionario Portuguez das Plantas, Arbustos, Matas, Arvores, Animaes Quadrúpedes e Repteis, Aves, etc de José Monteiro de Carvalho (1812, II vols); obras de Ferreira de Castro; o estimado livro de Gouveia Portuense "Portas e casas Brasonadas do Porto e do seu Termo" (1949); alguns livros de e sobre Eça de Queiroz e Camilo; o curioso Dictionary of the English Language (Samuel Johnson) em II vols; o precioso catálogo "Três Poetas do Surrealismo. Exposição Icono-Bibliográfica"; peças de José Agostinho de Macedo; a edição O Livro das Mil e Uma Noites (ed. Estúdios Cor, pref. de Aquilino Ribeiro, VI vols); o esgotado livro "A Poesia dos Trovadores" com pref. de Vitorino Nemésio; a Paquita de Bulhão Pato; o Texto de Guerrilhas de Luiz Pacheco; o Cântico dos Cânticos publicada pelo Circulo Bibliófilo Hebraico do rio de Janeiro (1948).

A consultar on line.

domingo, 14 de setembro de 2008


Don't cry for me, Madonna!

... vou ali curar-me da relaxação dos costumes ... e já venho!

Boas noutes!

O país "cadaveroso" do dr. Cavaco

"Não acha a colega que estamos todos a exagerar no fabrico de faca sem lâminas a que falta o cabo?" [?]

O prof. Cavaco Silva é politicamente conservador, entrouxado no seu tortuoso economês, obscuro nos costumes, desocupado culturalmente. O dr. Cavaco Silva é, com ou sem lamentações, o Presidente da República. O polícia da Constituição. E, ao mesmo tempo, não deixa de ser a "roda-viva" desta curiosa direita desastrada e já sem "esperança de casar".

Singularmente vaidoso, birrento, comicamente cediço, o dr. Cavaco – até agora um simples "notário" do governo – entende que acabou o seu tirocínio presidencial e que chegou a hora de salvar a pátria. Autorizado por fervorosas almas gémeas, com assento no bloco central de interesses, o dr. Cavaco vareja ministros, o Governo, a Assembleia da República, o poder local. A catadupa de intervenções públicas do PR, deslocadas no tempo e insolitamente ressabiados, justifica o silêncio existencial da "tia Manuela". Cavaco Silva (basta ler o que por aí se escreve) é hoje – como se previa – o figurino e a máscara da despeitada oposição. Desconhece-se, apenas, se assume o papel de motu próprio (os escolhos e as toleimas da governação, de tão assinaláveis, são um verdadeiro convite a isso) ou se caiu numa esparrela intencional do eng. Sócrates com o fito de tocar a rebate e unificar as suas fugidias hostes.

Seja como for, ao dr. Cavaco pouco lhe importa o país e a canalha. Para essa indigestão o dr. Cavaco já deu! A digressão e diversão agora são outras.

Deste modo a ilusão que não se passa nada entre o Governo e o dr. Cavaco é uma piedosa inspiração de alguns assalariados. O fait-divers de Paulo Pedroso e o sua União Nacional ou a privança jurídica do douto dr. Vital Moreira sobre o princípio da reserva da constituição, via Estatuto político-administrativo dos Açores, mostra existir algumas divergências temporais na estratégia do grupo socrático, mas nada mais que isso. Por sua vez, o embrechado sopro de Ferreira Leite sobre o direito de voto dos emigrantes e o surgimento desatinado de putativos candidatos à liderança do escavacado PSD, revela o fragor e a violência da luta partidária que já está aí.

Os acolhidos do bloco central de interesses estão (que ninguém se engane) vivos e de boa saúde. Os tempos que se seguem e o cortejo habitual de luminárias a acompanhar serão muito curiosos. O país "cadaveroso" (expressão recolhida da velha polémica Sergiana sobre o seiscentismo, presente no último livro de Artur Anselmo) do dr. Cavaco continuará a ser como até aqui, seguindo as palavras de António Sérgio, esse "espectáculo do estiolamento da mentalidade portuguesa".

Dúvidas!?

Colheitas de bom veraneio (III)

Álbum de Família e Vestido de Noiva, raro livro de Nelson Rodrigues, Edições do Povo, Rio de Janeiro, 1946. Eis uma das obras míticas do então maldito Nelson Rodrigues. O texto do Álbum e Família foi submetido à censura e a sua representação proibida [17/03/1946] por "indecência", imoralidade e incitamento ao "crime". O governo do liberal (?) e populista Eurico Gaspar Dutra [1946-51] proíbe a peça. Curiosamente, nesse ano além de proibir os "jogos de azar" nos casinos, também ilegalizou o Partido Comunista, retirando-lhe a sua representação eleita para o Congresso. Neste debate sobre a proibição do "Álbum de Família" tem lugar central Álvaro Lins, pois foi ele quem "desencadeou a polémica" [que se desenvolveu nos jornais] e a guerra contra a peça de Nelson Rodrigues [sobre o assunto ver: Ruy de Castro, O Anjo Pornográfico, 1997, p. 196 e segs]. Manuel Bandeira, Ledo Ivo, Rachel de Queiroz, Nelson Wernek Sodré e outros, defenderam a sua circulação e representação.

Nelson Rodrigues, Álbum de Família e Vestido de Noiva, Edições do Povo, Rio de Janeiro, 1946

terça-feira, 2 de setembro de 2008


Paulo Coelho - biografia

Para que não suspeiteis que não foram avisados, informa a gerência que está em leitura o copioso volume (630 pag.) de Fernando Morais, "O Mago", que como sabem é a biografia autorizada do fecundo escritor Paulo Coelho.

Operação de marketing ou não – montada por Morais & Paulo Coelho, como alguns sugerem - o livro que saiu no princípio de Junho, pela editora Planeta, é bem curioso. Atrevemo-nos, mesmo, a dizer, que supera as trivialidades escritas pelo biografado. A sua vida, ficcionada ou não - veja-se, por exemplo, a história do seu suposto envolvimento bem como o do seu amigo Raul Seixas (com quem trabalhou musicalmente), na Astrum Argentum ou na O.T.O., sociedades secretas, ambas inspiração do "mago" Aleister Crowley) – merece uma boa leitura. O que estamos fazendo.

Locais: O Mago um livro de Fernando Morais / Entrevista a Mário Maestri sobre Paulo Coelho / O Mago e seu Parceiro Maluco Beleza / Raul Seixas, Paulo Coelho, a Sociedade Alternativa & a Lei de Thelema

Boa noite!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Descascando o Cebolo

Sábado passado fomos à Catedral da Luz. Isso mesmo: uns vão para as universidades de verão (curioso nome), outros caminham em passeata presidencial para o Leste, mas nós não fazemos por menos. Fomos pedir a bênção à Catedral e a solene pastoral só podia correr bem. Anoitecemos de júbilo. Idonea vero causa!

Ora na Catedral de todos nós, apesar do relvado apresentar estimáveis doses de cebolas & outros tubérculos menores, convém dizer que não houve cheiro algum a futebol e presume-se, mesmo assim, que ninguém chorou por isso. O que conta é lá ter estado, entre a nossa gente! E mesmo que as importações de cebolas argentinas pelos Andrades das Antas seja um verdadeiro cebolório – o caso de Lucho Gonzalez e o rapaz Lisandro revelaram mesmo pouco tango -, aquele cebolo do Rodriguez, made in Uruguai, anteriormente player do Glorioso e que, na época, era "bom de briga" [brasileirismo, evidentemente], como se viu, foi bem lavado com a pele que apresentava no momento. Pouco desenvolvido e sem flor de cheiro, ainda assim mostrou que quem arriba ao quintal das Antas alcança maquinalmente a figura de um inabalável caceteiro. Na Luz tal tumulto nunca se lhe viu. Nem seria desejável!

No resto, evitando falar nessa ideia pouco doutrinal de entregar o meio-campo ofensivo ao rapaz Carlos Martins e continuar - com tenacidade diga-se – a manter o Katso na defesa, o nosso Glorioso está como está: falta-lhe a espada de conquistador. Por sua vez, os Andrades, sem um tal Paulo Assunção, foram simplesmente incompetentes. Em vantagem numérica, curiosamente desarrumados, com um guarda-redes me(r)droso e sem atacantes lúcidos, mostraram temor, muito temor. Até o inefável Bruno Prata – jornaleiro com assento na bacia das Antas - o compreendeu. Coisa que o dito cujo prof. Jesualdo não assina. Manias!