domingo, 17 de fevereiro de 2008


Leonardo - revista de filosofia portuguesa

"Leonardo é uma iniciativa da mais nova geração da Escola da Filosofia Portuguesa. O que queremos significar é o seguinte: primeiro, que integramos uma tradição poética e filosófica que se iniciou com Sampaio Bruno e formalizou num "organon" principial com Teixeira de Pascoaes e Leonardo Coimbra na Renascença Portuguesa. Depois, surgiram os continuadores com a geração de José Marinho, Álvaro Ribeiro e, mais tarde, Orlando Vitorino, que desenvolveram a doutrina e sistematizaram as teses. A geração dos mais velhos está ainda representada por António Telmo (...)

Pertencer à geração da Escola da Filosofia Portuguesa exige um compromisso espiritual: é de sua livre opção que, todos nós, os da Leonardo, aceitam conviver em tertúlia segundo o magistério que vai de mestre a discípulo e que caracteriza a iniciação filosófica e literária assegurada sem interrupção, desde há 150 anos, ao longo das sucessivas gerações. Todos nós, os da Leonardo, ouvimos a palavra de viva voz de mestres e o que nos distingue é sermos heterodoxos e livres na exegese e na hermenêutica. Todos nós, cumprimos os requisitos que nos foram transmitidos por Álvaro Ribeiro, necessários á compreensão da filosofia portuguesa: acreditar em Deus e possuir, de alguma forma, formação esotérica (...)

Todos nós, os da Leonardo, cumprimos em diverso grau o segundo aspecto. O esoterismo não é ocultismo, nem se confunde com a paixão oriental. A operação é racional, ordinal e o teorema desenhável. O movimento é íntimo, individual e necessário à autognose. Sem tradição, ou seja, o que nos vem da herança, perde-se a razão da palavra e do verbo e inveja-se a ordem no mundo (...)"

[ler mais aqui - sublinhados nossos]

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008


Leilão Particular na Junta de Freguesia do Bonfim - amanhã pelas 15 horas

Amanhã, dia 16 de Fevereiro pelas 15 horas, decorre um Leilão Particular constituída por Raras Primeiras Edições de Garrett, Eça, Wenceslau de Morais, Eugénio de Castro, Pascoes, Pessoa, Sá-Carneira, Régio, António Botto, Almada Negreiros, Totga, etc. 888 Cartas de José Régio, 7 Cartas de Abel Salazar, e muito mais – no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim (Porto), a cargo da Livraria Manuel Ferreira, do Porto.

Uma notável Biblioteca Particular vai à praça, hoje na cidade do Porto. Organizado pelo livreiro-antiquário Manuel Ferreira, da cidade do Porto, este leilão de raras edições literárias, que abarca os mais admiráveis poetas e prosadores portugueses, bem como um conjunto de cartas autógrafos de Abel Salazar e José Régio, é um evento de muita importância, dadas as valiosas peças em praça.

A não perder. Ver Catálogo aqui.

Temos andado ... assim!

"Non exiguum temporis habemus, sed multum perdimus"

Uma estucha a vidinha. De medonha que é não tem havido lugar, por estes lados, a recitações ou comentários da paróquia. Temos folgado da bloga! Andamos afastados dos campos estremecidos da poesis e da política paroquial. A miséria é tanta, a destruição tamanha, tão sólida e duradoira, que nos retirámos quase moribundos. A derrocada do país é total. E irremediável. Nunca tão poucos fizeram tanta ruína ... sozinhos. O sinistro cárcere que se instalou no reyno - por mais protestos de liberdade que existam – e o espectáculo vergonhoso da derrocada das instituições (e dos homens), é uma usurpação e uma maldição agonizante. O protesto, outrora radiante por tão bramado que era, resta hoje um tumulto que apenas arde nas nossas almas. A época das flores tarda. E curiosamente – tomem nota – falta ainda muito para o mês de Abril.

Mas – dizem alguns - a vida lá fora corre. E, na blogosfera, pelo que se vai sabendo, a paciente minúcia no arquejo da política destes tempos de trevas ou essa antiga & curiosa habilidade receituária de genuflexão ao(s) poder(es), exercício herdada da defunta União Nacional, são virtuosamente revelados por estes senhores e outros mais. Longe vai o tempo onde a bloga irradiava intelecto e elevação. Hoje a blogosfera, afogada que está em encómios aos diferentes raminhos partidários, é apenas um comércio político. Por isso, o roteiro, o aparato, a bizarria e o gosto (Oh! O gosto!!!…) da cantilena política oficial, o rinchar desse gentio bajulador (sem espinha vertical) e todos esses protagonistas das récitas Sócratistas, têm o "sabor decorativo" de outrora.

Paz às suas almas.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


In-Libris – Livros de Janeiro

A In-Libris (Porto) apresenta para este mês de Janeiro, de novo, um conjunto de peças raras, esgotadas e de muita estimação de Albert Cim [Le Livre. Historique - Fabrication - Achat - Classement - Usage et entretien], Almada Negreiros [A Invenção do Dia Claro, 1921], António José Saraiva, António Maria Lisboa, Armando da Silva Carvalho, Avelar Brotero [Flora Lusitanica, ...], Camilo Pessanha, Eduardo Sequeira Beira Mar, 1889], Eloy do Amaral, Ezra Pound, Fernando Echevarria, Fernando Pessoa [ed. especial da Mensagem], Gastão Cruz, Fiama H. Pais Brandão, Jeronymo Cortez [Segredos da Natureza, ...], Luiza Neto Jorge, Pedro Dufour [História da Prostituição, ...], Pedro Veiga (Petrus) [Os Modernistas Portugueses], Rafael Bluteau, Raul de Carvalho, Visconde de Lagoa [Glossário Toponímico da Antiga Historiografia Portuguesa Ultramarina], lote de livros de culinária e gastronomia [como o Cozinheiro Completo, ou Nova Arte de Cozinheiro e de Copeiro, ..., 1849], a estimada História do Regímen Republicano em Portugal e uma rara obra da bibliografia surrealista mandada (re)editar por Cesariny de Vasconcelos e Cruzeiro Seixas: "Reimpressos Cinco Textos Colectivos de Surrealistas em Português de que são Autores" [Lisboa, Tip. Peres, 1971].

A consultar on line.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008


Cavaco & Sócrates, Cia Lda

O dr. Cavaco Silva, em mais uma formidável estopada sobre a ruinosa governação do sr. Sócates & amigos, em visitação extraordinária ao reyno, saiu-se, na sua prosaica vacuidade e a propósito da questão do Serviço Nacional de Saúde, das tropelias e malfeitorias do ministro Correia de Campos e da (ainda) indulgente crispação dos nativos sobre esse senhor, com um "acalmem-se", "vamos ao diálogo". A alegoria do dr. Cavaco, que não deve ter animado a estrivária dos paroquiandos, está longe da velha máxima da D. Constança – "Habituem-se! Vamos continuar" – pertença do sábio rosa, ao que dizem depositário do maior intelecto indígena, António Vitorino. Mas é do mesmo fino recorte.

O dr. Cavaco que se cuide! Depois do seu ardor estremecido pelo tricotado d'Alcochete, após a piedosa discursata sobre o putativo terrorismo que vem aí ao virar da esquina, o dr. Cavaco, nesta mãozinha dada hoje ao corpo ministerial socrático, arrisca-se a uma nova comoção dos indígenas, fartos desta inteligentzia doméstica. A afronta do dr. Cavaco & Sócrates, Cia Lda, é um atropelo ao bom senso e paciência de qualquer um. O folheto posto a circular pelo dr. Cavaco é um insulto, perante o descalabro total desta governação e deste país. O gentio começa a impacientar-se. Estão calados, por demais. Ninguém os vê sorrir. Ninguém os vê chorar. Vem aí borrasca! Quem ficar, que se cuide.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008


Almanaque Republicano – Actualização

"O Almanaque Republicano tem percorrido, em renovação espiritual, assuntos, factos e figuras, aditando, de passagem, notas biobibliográficas & recenseando obras admiráveis (...)

Tal inventariação assim desenhada, afastada a condição tarefeira do crítico/historiador (que não somos) ou o pretexto de devaneio de uma qualquer erudição (que não possuímos), não é (pitorescamente) um simples capricho de coleccionistas (sem dormir nocturno). Mas significa, pelo arquivo de fontes e pelo repertório apresentado a todos vós (e nós), a expressão do sentimento & gozo de (re)valorizar uma época das "mais interessantes da história da sociedade portuguesa contemporânea". Curiosamente, pelas várias crises (espirituais, culturais, económicas e políticas) então sustentadadas e nunca dirimidas, as conflitualidades de antanho parecem estar de novo a renascer no Portugal de 2007, tal a profusão de indícios a esse respeito. A "canibalização" (para utilizar uma feliz expressão de Miguel Real, in "A Morte de Portugal") política e a "humilhação" a que assistimos sugerem que não se tem em conta as figurações que os reiterados eventos da história nos legou. O que é espantoso! (...)"

[in Ano de 2007: os melhores livros - ler tudo aqui, aqui e aqui]

Como os tempos exigem memória(s), inspiração, desejo sobre o desejo (que a vidinha anda desenfeitada e algo escravizada pelo(s) poder(es) desta rapaziada iluminada que nos caiu sobre as nossas cabeças), o Almanaque Republicano, literatura farta que faz a forte gente, dá relevo (aqui, aqui e aqui), sem exaltação ou sustento, ao "Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890" e seus posteriores desenvolvimentos. E porque afinal, há que dizê-lo, "isto anda tudo ligado", presta-se a facultar biografias e bibliografias, notas e factos que se pode reunir. À vossa benevolente atenção, pois!

A ler e consultar o Almanaque Republicano. Sempre ao V. dispor!

Saúde e fraternidade.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


In-Libris – Livros sobre Cultura Judaica

A In-Libris (Porto) abre o seu 1º Catálogo do ano com "um excelente lote de livros de recente aquisição sobre Cultura Judaica". Antigos e modernos, a temática Judaico-Portuguesa, Marranismo, História, estão aqui presentes.

Temos, assim, obras raras e estimados de Alexandre Herculano, Alexandre Teixeira Mendes, Anne London & Bertha Kahn Bishov [The Complete American-Jewish Cookbook], António José Saraiva, Cecil Roth, César da Silva, Charles Dellon, Damião de Góis, David Augusto Canelo, Elvira de Azevedo Mea & Inácio Steinhardt, Grace Aguilar, Herlander Ribeiro, João Pinto Delgado et al [Marrano poets of the Seventeenth century. An Anthology of the Poetry of ... Edited and translated by Timothy Oelman. s.d.], Mendes dos Remédios, Miguel Real, Moses ben Nahman [Commentaries on the Pentateuch], Nicolau Emérico [O Manual dos Inquisitores, Afrodite, 1972], Paul Goodman ["a edição é dedicada ao Yehidim e às pessoas idosas da congregação espanhola e portuguesa dos Judeus (Shaar Ashamaim)"], Raul Rego, Richard Zimler, Roberti Bellarmini [Polttiani. // Societatis Ieufu, // S.R.E. Cardinalis // Inftitutiones linguæ Hebraicae, poftremo // Recognitæ, ac locupletatæ. // Huie editione accefferunt Tabulæ duæe, quarum prima Hebraica linguæ elementa praecipua, altera vero omnium coniugationum tam analogarum quam anomalaram varieratem comprehendi:Item Linguae Syriacis characteribus edita. // Coloniæ Allobrogvm, // Apud Petrum de la Rouiere. // M. D.C. XVI.], Samuel Usque, Théodore Vibert [La race Semitique, 1883]

A consultar on line.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Discursos que "impõem respeito"



"Frases que impõem respeito"

"O que eu acho faraónico é fazer o aeroporto na Margem Sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis e onde há questões ambientais da maior relevância que é necessário preservar" [sr. Mário Lino]

"Até estou convencido que um aeroporto na Margem Sul JAMAIS teria o aval de Bruxelas, dadas as mesmas questões ambientais" [Ministro Mário Lino - Jornal de Negócios, 24/5/2007]

“O aeroporto na margem sul era o mesmo que transformar o Norte do Alentejo em Brasília” [Eng. Mário Lino – Jornal de Negócios, 24/5/2007]

"Para construir o aeroporto na margem sul era preciso transportar para lá milhares de pessoas" [Mário LinoJornal de Negócios, 24/5/2007]

"Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país" [padrinho Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS]

O Tratado preventivo e a carneirada

O sr. Sócrates, com o dr. Cavaco pela mão e o fodaz Barroso de permeio, entendeu não referendar o Tratado (dito) de Lisboa. Fez bem! Muito bem!

Sabe-se como é difícil explicar à carneirada do Largo do Rato qualquer retórica de teor constitucional (atente-se, apenas, no lustre intelectual do sr. Vitalino Canas, para ver a dificuldade de tudo isso) e imagine-se, portanto, o trabalhão que seria ensinar a gramática do Tratadus à canalha. Suspeitamos que nem o dr. Vital Moreira, agora afincadamente a labutar nas Novas Oportunidades Socratistas, conseguiria, mesmo com o auxílio (bestial) da labita do dr. Miguel Abrantes, dar conta do recado. Os indígenas lusos são admiravelmente analfabetos, deliciosamente insanos, inspiradamente discretos para a coisa pública. E ficam emocionados no acto referendário. Não o praticam. De todo!

Incapaz de analisar o que quer que seja - para as dúvidas e outras minúcias técnicas têm sempre à mão, entre outras prosas, a provisória opinião do dr. Júdice, a oração presidencial do dr. Cavaco ou a coluna enfatuada do sr. Henrique Monteiro -, o nativo português não distingue a substância do Tratado no meio daquele ajuntamento de palavras, perde-se nos capítulos, não vê a elevação de forma dos seus protocolos e corre as emendas como se estivesse num arraial. Tal maravilha hermenêutica justifica o serviço pátrio do Senhor Presidente do Conselho de Ministros. E a ordem expressa do governo da União Nacional, a todos os seus vassalos. Absolutamente!

Assim sendo, a aprovação preventiva do Tratado (dito) de Lisboa, pelos óptimos cús alapados no cadeiral de S. Bento, faz todo o sentido. Estamos, pois, com o sr. Presidente da União Nacional. Bem-haja!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


In Memoriam Luiz Pacheco

"Pode-se gostar ou não gostar, de Pacheco; pode-se estimar ou odiar Pacheco - não se pode é ignorá-lo. Este sátiro de três ao vintém, libertino de extracção caseira; redutor da vulgaridade e da grosseria, alcoólico, intriguista maior, retirante de todos os sítios, lítera do sec. XIX, ressurrecto em truculência, saltimbanco, incongruente, inconsequente - fez da literatura um meio de vida e desta um universo próprio (...)

Aí está ['Textos Malditos'] a degradação de um certo viver quotidiano; a lucidez militante de uma criatura que recusa os prestígios fáceis; as tonterias de uma prosa singularmente ladina e asseada, quero dizer: viva e sem enxúndia; o traço de união entre a miséria e a gloria (...)

Luiz Pacheco é a antítese do caligrafismo, seja: bate-se contra a frase padreca de uma literatura se santões e de arcanjos de asa branca. A estória sem historinha, a dilaceração sem uma lágrima (...)"

[Baptista-Bastos, Diário Popular, 22/12/77]

Foto in jornal Público, com a devida vénia

Bons Dias

"Hão-de reconhecer que sou bem criado. Podia entrar aqui, chapéu à banda, e ir logo dizendo o que me parecesse; depois ia-me embora, para voltar na outra semana. Mas, não, senhor; chego à porta, e o meu primeiro cuidado é dar-lhe os bons dias. Agora, se o leitor não me disser a mesma coisa, em resposta, é porque é um grande malcriado, um grosseirão de borla e capelo; ficando, todavia, entendido que há leitor e leitor, e que eu, explicando-me com tão nobre franqueza, não me refiro ao leitor, que está agora com este papel na mão, mas ao seu vizinho. Ora bem! (...)

Feito esse cumprimento, que não é do estilo, mas é honesto, declaro que não apresento programa (...)

Portanto, bico calado. No mais é o que se está vendo; cá virei uma vez por semana, com o meu chapéu na mão, e os bons dias na boca. Se lhes disser desde já, que não tenho papas na língua, não me tomem por homem despachado, que vem dizer coisas amargas aos outros. Não, senhor; não tenho papas na língua, e é para vir a tê-las que escrevo. Se as tivesse, engolia-as e estava acabado (...)

Boas Noites"

[Machado de Assis, in Diálogos e Reflexões de um Relojoeiro, Ed. Civilização, Rio de Janeiro, 1956 - sublinhados nossos]

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007


Leilão da Biblioteca de Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim – II sessão

Hoje pelas 21 horas decorre o segundo dia do Leilão da Biblioteca dos Professores Doutores Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim, que está a ser organizado pela livraria de Luís Burnay, conforme aqui dissemos.

Algumas referências: Iardim da Sagrada Escriptura ..., de Fr. Cristóvão de Lisboa, 1653 / Livro de Marinharia. Tratado de Agulha de Marear de João Lisboa, 1956 / Chronica del rey D. Pedro I, ..., de Fernão Lopes, 1760 (2ª ed.) / O Veo levantado, ou o Maçonismo desmascarado; ..., anónimo [José Agostinho de Macedo], 1822 / O Segredo Revelado ou a Manifestação do Systema dos Pedreiros Livres, ..., de José Agostinho de Macedo, 1809 / Príncipes d'Économie Politique ..., por T.R. Malthus, Paris, 1820 (1ª ed. francesa) / [Ms] Livro de Horas. Igreja católica. Liturgia e Ritual, sec. XV / Manvale Secvndvm. Ordinen almae Bracarensis Ecclesiae, 1562 (of. António Mariz) / Poblacion General de España ..., de Rodrigo Mendez de Silva, Madrid, 1675 / Dicionário Geographico das Províncias e possessões portuguezas no Ultramar, ..., por José Maria de Souza Monteiro

terça-feira, 11 de dezembro de 2007


Hoje - Leilão da Biblioteca de Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim

Vai hoje e amanhã a leilão – Hotel Roma (sala Veneza) pelas 21 horas - alguns livros antigos e manuscritos da Biblioteca dos Professores Doutores Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim, organizado pelo livreiro-antiquário Luís Burnay.

A magnífica e valiosa biblioteca, com importantes e raras peças setecentistas e oitocentistas, de um classicismo invejável, a par de um precioso lote de manuscritos do século XV a XVII, é absolutamente notável. Daremos conta das peças a leilão para o dia de amanhã (12 de Dezembro)

Um leilão notável e a não perder.

Leilão – Pintura Moderna e Contemporânea

No próximo dia 13 de Dezembro (21.30h) na rua de Santo António à Estrela, 31B (Lisboa) vai decorrer um Leilão de Pintura Moderna e Contemporânea, a cargo da Leiria e Nascimento. Apresenta quadros de Álvaro Lapa, Antoni Tapiés, António Martinez, António Saura, António Soares, Artur Bual, Artur Loureiro, Artur Varela, Augusto Barros, Cândido Costa Pinto, Carlos Botelho, Cesariny de Vasconcelos, Costa Camelo, Domingos Pinho, Domingos Rego, Guilherme Parente, Henrique Tavares, Isabel Laginhas, J. J. Ramos, Jorge Barradas, José de Guimarães, Júlio Pomar, Júlio Resende, Leonel Moura, Luis Neuparth, Maria Fernanda Amado, Manuel Gregório Pereira, Mónica Morais, Noronha da Costa, Onik Sahakian, Rocha Pinto, Stuart Carvalhais, Vieira da Silva, entre outros.

O Catálogo ser consultado on line.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Noite Marinheira

"A ternura é húmida" [Raul Brandão]

Afonso Duarte disse num poema:"vive-se de olhar uma flor/contar-lhe as pétalas". Estamos exaustos dessa preguiça demorada. Que o amor não me engana. Viemos compor a seiva da língua, (des)prender a manta, embaraçar o silêncio e voltamos de novo.

"Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira
"

Para quem levanta a cabeça, sem esquecimento. Para quem demora o olhar, pelo mar fora. Para quem o segredo morre sem grito ... nesta noite marinheira vos damos

Frei Fado d'El Rei - Que o amor não me engana


Boa Noite!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007


Catálogo da Livraria Manuel Ferreira

Saiu o LXXXVI Catálogo de Livros raros e Esgotados da Livraria Manuel Ferreira (Rua Dr. Alves da Veiga, 89, Porto). Peças estimadas e curiosas, edições quinhentistas, manuscritos setecentistas, raros folhetos, alvarás, peças curiosas e invulgares sobre Tabacos e Vinhos, colecção dos Inventários Artísticos de Portugal, Monografias, História, Teatro, etc.

Algumas referências: D. AVRELII AVGVSTINI HIPPONENSIS EPISCOPI ..., de Santo Agostinho, 1546 / Dicionário de citações, de A. Tenório de Albuquerque, Rio Janeiro, 1957-1960, VIII vols / Conjunto curioso de Alvarás setecentistas / Conjunto estimado de Manuscritos [Documento históricos sobre o Brasil assinados pelo Marquês de Pombal; Bulas e Graças Concedidas à Ordem de S. Jerónimo / Imposto do Subsidio Literário em Viana do Castelo / ...] / Homens de Outros Tempos, por J. M. Teixeira de Carvalho, 1924 / Guignol's Band, de Celine, 1944 / Congresso Internacional de História dos Descobrimentos. Actas, Lisboa, 1961, VII tomos / Chroniques Chevaleresques de L’Éspagne et du Portugal ..., de Ferdinand Denis, 1839, II vols / Os Primórdios da Maçonaria em Portugal, de Silva Dias, 1986, II vols em 4 tomos / A Capella de Santo Abdão na Correlhã (Ponte de Lima), de Luís de Figueiredo Guerra, 1924 / História da Literatura Portuguesa Ilustrada, dir. Forjaz de Sampaio, 1929-42, IV vols / O Estado e a Revolução do Direito, por Campos Lima, 1914 / Pólvoras. Explosivos Modernos e suas Aplicações, de Luís Mardel, 1893-96, II vols / D. Carlos. História do seu Reinado, de Rocha Martins, s.d. / Reflexões sobre o Pauperismo ou as Classes Indigentes da Sociedade, por José Borges Pacheco Pereira, Braga, 1857 / O Algarve (Notas Impressionistas), por Júlio Lourenço Pinto, 1894 / Obras de Eça de Queiroz (ed. do Centenário), Lello & Irmão, 1946-48, XV vols / A Velha Casa, por José Régio, 1945-73, VI vols / O Século. Número Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, Lisboa, 1940

And Now Something Different

"Dê um coice no mundo e passará a viver com ele no melhor dos entendimentos" [Swift]

Há governos maus, outros demasiado infames. Uns são seriamente decadentes, outros piedosamente manipuladores. Há governos com o vício do disparate, outros são calamitosos de tanta soberba. Alguns não caem nas boas graças dos indígenas, outros ficam nas mãos dos lacaios partidários. Há governos curiosamente fanáticos, outros nem vergonha têm de esconder esse luxo, da idiotia nativa. Uns são incompetentes por nada fazerem, outros ineptos por tudo controlarem. Há governos laboriosamente reaccionários, outros usam cínicas terapias reaccionárias para enganarem e dominarem. Alguns zelam pouco pelo Estado, outros vivem a obrar virtuosas bravatas sobre o Estado. Há governos que têm a inocente arte de cair no espectáculo da política, outros vivem para ilusão e para elogio do seu próprio espectáculo. Alguns são trapalhões, outros pastam numa trapalhada de doutas opiniões. Mas todos bem animados e sempre, como sabem dizer, a Bem na Nação. Foi sempre assim, sempre assim será. O velho Botas de S. Comba deixou-nos bons e curiosos herdeiros. Sem nenhuma dúvida.

O que há de novo no governo doméstico do sr. Sócrates & Cia, e que não ensombra ou atropela as historietas de antanho, é que todo esse novo cobertor - da destruição organizada, da incompetência generalizada, da admoestação pífia, da arrogância funcional, da ameaça e humilhação, da submissão abjecta -, virtuosamente puxado por um grupelho de falsários "reformadores", consegue tudo isso ao mesmo tempo. As últimas semanas revelaram, ainda mais, a esquizofrenia dessa emproada gente e o fantástico espírito com que governam a paróquia. E a miséria moral do país e de todos nós.

Idiotia & Felicidade

"Como pode ser-se idiota e, ao mesmo tempo, feliz (...)

Pois explico já. A idiotia e a felicidade são ideias muito vagas, difíceis de cingir em conceitos de circulação universal, digamos. Mas, pensando melhor, acho que certa idiotia é susceptível de conferir ao idiota seu proprietário (ou seu prisioneiro) uma espécie de segurança em si própria que o levará, em determinados momentos, julgo eu, a uma beatitude muito próxima do que se pode chamar estado de felicidade (...)

Não se espante, por conseguinte, o leitor de que um qualquer idiota possa, ao mesmo tempo, ser feliz. É, até, assaz corrente. Há idiotas que se consideram inteligentíssimos, o que é uma forma muito comum de idiotia, e extraem dessa certeza alguma felicidade, aquela maneira de felicidade que consiste em uma pessoa se julgar muito superior à que a rodeiam (...)

Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo ..."

[Alexandre O'Neill, Idiotia & Felicidade, in "Uma Coisa em Forma de Assim", 1985 - sublinhados nossos]