quarta-feira, 22 de julho de 2009
ALENTEJO - SEMANA GASTRONÓMICA DO GASPACHO E DA TOMATADA
De 25 a 31 de Julho, de Almodôvar a Nisa e de Grândola a Elvas - V. Excia terá ocasião de se servir de pézinhos de tomatada, gaspacho pobre ou rico, gaspacho com jaquinzinhos fritos, gaspacho em cama de bacalhau fumado, sopa de tomate com ovos escalfados, galinha de campo de tomatada, migas de tomate com carapaus fritos, marinada de sardinhas fritas com migas de tomate, bochechas de porco de tomatada, cação frito com migas de tomate ou tamboril de tomatada e, evidentemente, terá oportunidade do prémio da doçaria conventual ... que o doce nunca amargou!
Ah! e seja competente e bravo no beber. À Vossa Saúde!
Locais: lista a consultar, AQUI.
HÁ DIAS ... ASSIM!
"Esta gente parece ter alma
porque a música está a tocar" [J.G.Ferreira]
Estamos entre a solidão da planície, histórias de ganhões, o cante sempre entoado e a protecção das belas letras. Estamos extravagantes! Recolhemos de madrugada por montados de sobro e veredas de estevas. A noute, a calma inspirada, a caça rude e as moças boas, matam-nos de desejo. De modos que a largada daqui é um desperdício de festa.
Esta vida estirada e longe da ralé que corre nos jornais - e pelo que parece o infausto cavaquismo está de volta, enquanto os amigos do sr. Sócrates rebolam em corrupio de prebendas – arrastam-nos de felicidade. Graças a S. Pedro – santo dos pastores -, umas malgas de sopas, comeres de gente e conduto farto, nos braços de aurora vamos lá seguindo. O nosso rafeiro está de atalaia. Não há engano: depois de um ensopado de carneiro e um requeijão a condizer estamos a coberto.
Boa noute!
sábado, 18 de julho de 2009
HUNTER S. THOMPSON [n.18 Julho 1937-2005]
"Winston Churchill said "The first casualty of War is always Truth." Churchill also said "In wartime, the Truth is so precious that it should always be surrounded by a bodyguard of Lies."
"Quando as coisas ficam estranhas, o estranho vira profissional."
"... The eye of the journalist would be functioning as a camera. The writing would be selective and necessarily interpretative but once the image was written, the words would be final; in the same way that a Cartier-Bresson photograph is always (he says) the full-frame negative. No alterations in the darkroom, no cutting or cropping, no spotting... No editing ."
Locais: Hunter S. Thompson Biography / Hunter S. Thompson / The Great Thompson Hunt (Books) / Hunter S. Thompson [Salon] / Hunter S. Thompson Dies at 67 [WP] / Security by Hunter S. Thompson (1955) / Gonzo: The Life and Work of Dr. Hunter S. Thompson [NYT]
sexta-feira, 17 de julho de 2009
IN MEMORIAM HERMÍNIO PALMA INÁCIO - AQUI
O Almanaque Republicano publicou (por enquanto) 2 (dois) posts para um In Memoriam a Hermínio da Palma Inácio – AQUI e AQUI.
Num tempo de frescas tintas revisionistas da história, em que nem o sarcasmo satisfaz os desejos dos mais jubilosos, faz bem - ao pesquisar, ler, escrever e encontrar tanta vida nessas vidas - acreditar num tempo outro dos Homens e na importância outrora da Palavra. Neste tempo abusado de "arrotos comoventes" à governação (qualquer uma), nesta "feira cabisbaixa" que é a paróquia, a "viver sem projecto" ou alma nacional, é bom mergulhar – sem veneração, mas com narrativas abraçadas contra esse "respeitinho" a modos de ser preciso (O’Neil, sempre!) – na nossa história contemporânea recente.
Quando num só dia se ouve uma sra., que é Ministra da Educação de um país dito civilizado, pregar o ódio contra os educadores, pincelando enormidades educacionais incompreensíveis – pelo menos, para quem estuda há dezenas e dezenas de anos esses assuntos – e cegamente desvairadas na sua pequenez intelectual; quando é dado assistir ao provinciano e reaccionário Alberto João, sempre desbragado quanto saudosista do rapé autoritário, expelindo as suas sandwiches ou circulares aos indígenas; e quando numa madrugada, para acabar a praga, se assiste na TV – "Directo ao Assunto", RTPN - a uma série de disparates, acompanhados de um imprevisto espumar de raiva por um rapazinho - masquée com monóculo de "esquerda" - contra homens dignos, contra trabalhadores da educação, contra sindicalistas e a instrução pública, percebe-se porque razão Salazar governou o que governou e este país é o que é.
Não é uma simples sonoridade pós-moderna, uma sandice ideológica ou mera fúria geracional, como alguns exprimem em imprudência: é a exibição de uma descarada falta de estudo, de esforço intelectual e de trabalho profano, à mistura com uma irritabilidade e vaidade paranóica. Tudo bem regado – que o arraial promete sempre prebendas –, entre muita ignorância e falsificação histórica, de afadigadas loas à governação.
Contra isso, faz bem à alma acompanhar homens assim.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
A ARTE DE CONVERSAR E A INSTRUÇÃO À MOCIDADE
Pelo que é dado ver/ouvir, a sábia governança anda a precisar de plano de acompanhamento. Pelo que acabámos de assistir, parece que o plano de recuperação do sr. Miguel Vale de Almeida - distinto lente do ISCTE em expertise de pecados ideológicos -, na sua memorável acareação entre a "deriva neo-liberal" e o "centrão" ou movida social-democrata, não desconstruiu paternalmente as competências e a quietação intelectual dessa gente. Em rigor, o sr. Vale de Almeida caiu no regaço dessa sopa caseira, algures entre o PSD e o grupo do sr. Sócrates, mas o seu exercício de civilidade excitou pouco o gentio para o seu novo projecto "fracturante". Adivinham-se novos e fantásticos sebenteiros (o ISCTE é um alfobre deles) para a recuperação da revolução conservadora.
A angústia do acto de falar daqueles três senhores, no vídeo acima, não é só a perversão libidinosa da língua – a remeter para a fala como objecto fálico de rara incestuosidade política – mas, o trompe-l’oeil a que se assiste na educação (e no resto da fazenda), deixa vestígios de uma curiosa embalagem dos muros do asilo (saudades de ler Gentis) que é a paróquia do sr. Sócrates & Cia.
O sr. Vale de Almeida, com a arquitecta Helena pela arreata, julga que tais atropelos domésticos estão definitivamente esquecidos e que o descalabro social e económico do país nunca existiu. O sr. Vale de Almeida, com a arquitecta Helena agora caída no boudoir do sr. Costa, julga que a humilhação destes anos de cárcere do sr. Sócrates - e que denomina, com muita graça, "projecto de modernização" - merece um voto sequer. O sr. Vale de Almeida, com a arquitecta Helena bisonha politicamente, julga que atrás do biombo reacionário do país só se esconde o sr. Santana Lopes ou a "velha" sra. Ferreira Leite. O sr. Vale de Almeida, recalcado da sua experiência corporal e política, está inteligentemente enganado. Estão muitos e entre eles espreita o grupo do sr. Sócrates.
O mundo da modernidade interior do sr. Vale só a ele e aos amigos (egoisticamente) lhes interessam. Por enquanto o gozo de cidadania ainda é o nosso. O vampirismo ideológico de outros não nos diz nada. Era o que faltava!
terça-feira, 14 de julho de 2009
LIVRARIA MANUEL SANTOS - CATÁLOGO TEMÁTICO
LIVRARIA MANUEL SANTOS - CATÁLOGO TEMÁTICO
Apresenta a Livraria Manuel Santos (Vila Nova de Gaia - Rua Prof. Urbano de Moura. C. C. Vilagaia - Lj. 18) um curioso Catálogo Temático de obras sobre maçonaria, teosofia, ocultismo, todas elas saídas do prelo da muito estimada Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira.
Refira-se as invulgares peças de João Antunes [ver nota bio-biográfica nossa AQUI e AQUI], que dirigiu para a editora a prestigiada "Colecção Teosófica e Esotérica"; obras de Annie Besant, de C. W. Leadbeater e o curioso (e raro) "Budhismo Esoterico", de A. P. Sinnett.
Consultar o Catálogo online.
CATÁLOGO de JULHO – Livraria Olisipo
Acaba de sair o Catálogo de Julho da Livraria Olisipo (Largo Trindade Coelho, 7, Lisboa), de José Vicente.
Referências: Actas. Congresso Internacional de História dos Descobrimentos, Lisboa. 1961, VIII vols / Toponímia Histórica da Guarda, por Virgílio Afonso, ed. CMG, 1984 / Subsídios para a História da Sociedade Rural no Concelho de Oleiros. Dissertação lic. Ciências Históricas e Filosóficas de Olga Antunes Alves,1951 / Promptuario analytico dos Carros Nobres da Casa Real Portuguesa e das Carruagens de Gala, por M. J.M.Pereira Botto, 1909, tomo I (único publ.) / Cancioneiro da Biblioteca Nacional (Antigo Colocci-Brancuti), Lisboa, VIII vols / Roteiro do Arquivo Municipal de Coimbra, por José Branquinho de Carvalho (sep. Arq. Coimbrão, com pref. F. Pinto Loureiro), 1947 / O Pelourinho. Critica da nossa história política desde 1817 a 1904, pró António Claro, Vol I (1817-1850) / Lendas da Índia, de Gaspar Correia, 1975, IV vols / A Democracia Nacional, por Paiva Couceiro, Coimbra, 1917 / Outras Terras Outras Gentes (Viagens em África), de Henrique Galvão, II vols / Grandes e Humildes na Epopeia Portuguesa do Oriente, pelo Visconde de Lagoa, 1942-43, II vols / A Entrevista. Sem Santo nem senha, por Joaquim Leitão (entrevistas célebres), 1913-14, XX numrs / Famílias de Portugal, por Jacinto Leitão Manso de Lima, Lisboa, 1925, XXVI vols / Livros Portugueses. 1489-1600. Da Bibliotheca de Sua majestade Fidelíssima. Descrito por S. M. El-Rei D. Manuel II, 1929-35, III vols / Obras dos Príncipes de Avis. Livro da Montaria. Leal Conselheiro. Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela. O Livro da Virtuosa Benfeitoria. Livro dos Ofícios (intr. e revisão de M. Lopes de Almeida. Porto), 1981 / São Paulo, de Teixeira de Pascoaes, Porto, 1934 / Memória sobre a História e Administração do Município de Setúbal, de Alberto Pimentel, 1992, (2ªed.) / Ponte sobre o Tejo entre o Beato e o Montijo. Programa de Concurso. Caderno de encargos e estudo geológico. Lisboa. Ministério das Obras Públicas e Comunicações. 1934 / PORTUGALIAE MONUMENTA HISTORICA ... [import e valiosa. Publ. por Alexandre Herculano, João Pedro da Costa Basto, Sousa Monteiro, Braamcamp Freire, Pedro de Azevedo e António Baião] / Historia dos Estabelecimentos Scientificos ..., por José Silvestre Ribeiro, 1871-93, XVIII tomos / Quadro Elementar das Relações Politicas e Diplomáticas de Portugal ..., pelo Visconde de Santarém, 1840-62, XIX vols / Trabalhos da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa, 1934-43, VII vols.
Consultar o Catálogo online.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Homossexuais - Perseguidos no Estado Novo
A revista Pública [do jornal Público] apresentou neste Domingo (12/07), três curiosos artigos de São José Almeida sobre a questão/situação homossexual durante o Estado Novo:
"O Estado Novo dizia que não havia homossexuais, mas perseguia-os", texto com diversos testemunhos, referências pessoais e com utilidade bibliográfica dispersa
[refira-se: revista Lilás (sucessora da revista Organa); "O Estado Novo e os Seus Vadios" (Susana Pereira Bastos, D. Quixote, 1997); "Quotidianos Femininos 1900-1933" (tese de mestrado de Paulo Guinote); "Do Acto à Identidade: Orientação Sexual e Estruturação Social" (Octávio Gameiro, 1998).
NOTA: mesmo não se tratando de nenhum ensaio ou desconhecendo se existe uma verdadeira bibliografia geral homossexual por cá – o que sendo inexistente, revela o peso dessa "semitolerância envergonhada e claustrofóbica" herdada de todos esses anos - seria possível citar/incluir, ainda, "Fractura. A condição homossexual na literatura portuguesa contemporânea" (Eduardo Pitta, 2003), "A Homossexualidade Masculina" (António José Ferreira Afonso, 1995), "A Homossexualidade Feminina" (Teresa Castro d’Aire, 1996) ou os diversos trabalhos publicados de António Fernandes Cascais (como, por ex., "Dos estudos gays e lésbicos à teoria Queer", in Fenda, 2004), no próprio artigo]
mas [texto] algo confuso, aliás como bem nota Ademar Santos. Aliás, bem curioso é o facto que, sempre que se fala sobre a problemática da homossexualidade na paróquia, nos seus vários discursos ou na discriminação/repressão de personagens, surge de imediato o recurso a factos/situações ocorridos com militantes do PCP (repressão policial e sua marginalização partidária), num tolerante e aparente branqueamento da condição e produção homossexual em Portugal noutros registos ideológicos ao longo do tempo;
um segundo artigo, "Amor numa Cadeia da PIDE" [refª. à dirigente do PC Fernanda de Paiva Tomás]; e por último, "Guerra Colonial. Sim, havia maior liberdade sexual, mas um oficial matou-se na parada" [sobre as práticas homossexuais entre os militares na guerra colonial].
Adenda: ler os textos, AQUI (via Caminhos da Memória)
domingo, 12 de julho de 2009
D'OUTRO TEMPO - ACTUALIZAÇÃO
Adelino Pires apresenta, para ardentes e luminosos bibliófilos, novas peças de muita estimação.
"... Perdoe-me um silêncio que foi efeito do imenso trabalho que não vejo diminuir... Calcule que acabei uma tese de doutoramento sobre "Unamuno e Portugal".... Ainda bem que o meu convite para o "Pessanha" o tentou... Qual responsabilidade qual nada! E é V. desconhecido, despois do Oxford Book revised by You?..." [in Carta manuscrita de Jorge de Sena "dirigida a Bernardo Vidigal, 2 pag., assinada e datada (Assis,6/6/960). Com envelope selado". – ver AQUI]
"... Bom e justo seria destruir a afirmação gratuita daquele velho republicano, a quem Deus tenha perdoado, de que os poetas portugueses querem... a União Ibérica. Eu, o mais pequeno de todos, firmemente posso clamar que nenhum deles, - creio! - deseja a mais leve sombra sobre a independência pátria... Portugal é um Verso heróico e livre..." [carta manuscrita de António Corrêa d' Oliveira "de conteúdo patriótico, dirigida a G.M. (do Jornal A VOZ), 2 pag., assinada e datada (Quinta de Belinho, Espozende, 26 Fevereiro 1930)".]
Ainda: Carta manuscrita de Agustina Bessa-Luis, Pedro Homem de Mello; obras de Mário Dionísio, Vitorino Nemésio, Gervásio Lima e Manuel da Fonseca.
Consultar AQUI.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
MÁSCARAS DA UTOPIA: HISTÓRIA DO TEATRO UNIVERSITÁRIO EM PORTUGAL 1938-74
Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo apresentam HOJE (pelas 18,30 horas) no Auditório 3 da Fundação Gulbenkian o livro "Máscaras da Utopia: História do Teatro Universitário em Portugal 1938-1974", de José Oliveira Barata.
"... três décadas de actividade dos grupos de teatro académico, abrangendo o período de 1938 a 1974. Ao aprofundar os percursos de grupos como o TEUC(Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra), o TUP(Teatro Universitário do Porto), o CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra), o Grupo Cénico da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa ou o Grupo de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa, entre outros, o livro reenvia inevitavelmente para a vida cultural e política da época, em pleno Estado Novo, marcada por fortes restrições à expressão criativa e liberdade associativa ...
Ao longo de quase 400 páginas, reúne informação relevante sobre a vida destes grupos universitários, historiando o seu percurso e identificando, de um modo muito completo, os principais intervenientes. Ao mesmo tempo, procura responder a várias questões como, por exemplo, quem defendeu ou procurou impedir o projecto do Teatro Universitário, de que modo se articulavam os projectos dos vários grupos de teatro universitário com a oposição política do país ou que importância teve o teatro protagonizado por estudantes universitários no diálogo com o teatro profissional e com o teatro amador ..." [ler mais AQUI]
Máscaras da Utopia: História do Teatro Universitário em Portugal 1938-1974 - de José Oliveira Barata, FCG, 2009
JOÃO GONÇALVES, SEM TÉDIO
"os homens se despedem, /.../ lançando ao mar os barcos de outra vida" [Jorge de Sena]
O Portugal dos Pequeninos, qual "espreitador do mundo novo", subiu numa tarde calmosa de Julho às terras da Figueira. Não cuidou sequer nas sábias palavras de Ramalho Ortigão, quando este confessa ao entrar na vila, "terror mesclado de tédio", em tempos de banhos. Não! João Gonçalves, em exercício espiritual, não tem desses abismos de alma. O mar, a foz do Mondego, a qualidade do manjar na Celeste Russa (que me perdoe a minha amiga Rosa Amélia pelo bordado culinário) e, principalmente, o pronunciamento nos dias do Festival de Cinema (saudade eterna), restabelecem-no na sua bem-aventurança. Até porque "hoje não tem importância que os versos estejam errados ou não" (Jorge de Sena, claro).
O Portugal dos Pequeninos, assim temperado, deu livre comunicação aos seus alevantados pensamentos, no encontro com os leitores. Foi cáustico na rebelião, casto nos arrochos, elegante nas informalidades. As admiráveis tiradas ou perturbações das ordens do regime, foram judiciosas. Pouco irritadiças! Quase ternas. João Gonçalves veio à Figueira, alumiou sentimentos, falou com sinceridade sobre a paróquia, pediu mentes esclarecidas e livres. Sem salvadores! Em troca ficou de continuar a dar-nos o prazer da sua letra, o luxo da sua ironia. E assim se espera que cumpra!
quinta-feira, 9 de julho de 2009
IN-LIBRIS - LIVROS DE JULHO 2009
A In-Libris (Porto) apresenta um lote de livros antigos e estimados de temática variada (monografias, poesia, literatura, história, política, etnografia, filosofia, ensaio, teatro, etc.).
Referências: Antologia do Humor Português, Ed. Ribeiro de Melo, 1969 / As Puppilas do Senhor Reitor (c/ilustrações de Roque Gameiro), de Júlio Diniz, s.d. / Manual do Jardineiro-Amador, de Joaquim Casimiro Barbosa, 1892-3, III vols / Teoremas de Filosofia (revista), Porto, 2000-2005 / Cadernos Despertar (único vol. Publicado), Amadora, 1982 / [raro] Catálogo da Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho, Porto, s.d. / [curioso] Álbum do Gerez, Tip. da Casa Editora Alcino Aranha & Cª., s.d. / Manual do Typographo, de Joaquim dos Anjos, 1900 / Monografias do Caldas do Gerez, Barcelos, Igreja de S. Pedro de Rates, Vimioso, Igreja Matriz de Valongo, Guimarães (Roteiro) / Obras de (sobre) Afonso Duarte, Agostinho da Silva, Almada Negreiros, Agustina Bessa-Luís, Al Berto, Amadeu de Souza Cardoso, António Francisco Barata, Camões, Cunha Leal, Eça de Queiroz, Egas Moniz, Fernando de Abranches-Ferrão, Jacinto Prado Coelho, Jorge de Sena, Luís Pedro (Acrónios), Matias Aires, Miguel Torga, Natália Correia, Vergílio Ferreira.
A consultar on line.
NÃO PERCAS A ROSA
"Inapetente para a meticulosidade pachorrenta dos registos sistemáticos — por índole poética perfilho as sísteses das vivências acumuladas —, foi-me então estranhável iniciar este diário nas horas entusiásticas em que deflagraram os acontecimentos que lhe foram dando forma (...)"
Natália Correia — NÃO PERCAS A ROSA. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 — 20 de Dezembro de 1975), Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1978
in CATÁLOGO da Livraria In-Libris.
[postado tb. no Almanaque Republicano]
ANTÍGONA – 30 ANOS DE ABASTANÇA
"A editora Antígona nasceu com uma ideia de subversão no seu interior e não necessitou de fazer mais nada. A coerência não é pensada; é vivida momento a momento, como consequência duma atitude, antes. A Antígona é assim porque é ela, porque sou eu – como diria Étienne de La Boétie ...
Não existe uma literatura à margem. O que existe são experiências de vida marginais, que se reflectem naturalmente na escrita ...
Não sei o que vai acontecer ao livro no futuro; terá muito a ver com a evolução das sociedades. Na Antígona, o salto não será para trás, porque penso que nada substituirá o livro enquanto objecto. O prazer de ler no sofá ou em cima de uma árvore, de o leitor se deter em certas passagens, de sublinhar esta ou aquela frase, não me parece substituível. Naturalmente, não nego o progresso, mas não alinho em modas ou necessidades de consumo. Decididamente, não serei um aliado do capitalismo…
Não há, em Portugal, uma tradição subversiva ..."
[Luís Oliveira]
"Não interessa aos libertários saber quantos são, pois nas suas hostes não se recrutam agentes do poder, e muito menos se atribuem números aos militantes." [Carlos da Fonseca]
Locais: Frenesi / Manuel Portela: «Antígona: 30 Anos» / Luís Oliveira, sobre os 30 anos da Antígona (I) / Luís Oliveira, sobre os 30 anos da Antígona (II) / Antígona: 30 Anos / Livraria Letra Livre
quarta-feira, 8 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
EXAMES PAROQUIAIS
"Tivemos provas mais justas, mais adequadas e sem truques" [Maria Lurdes Rodrigues] - "As pautas estão desastrosas, em especial a Português" - "Lá se foi a praia" - "Menos investimento, menos trabalho e menos estudo” do lado dos alunos" [Maria Ludes Rodrigues]- "Os professores estão chateados com o ministério e nós é que sofremos. Os que sabiam analisar poesia e Pessoa não passam e os que põem as cruzinhas no sítio certo têm bons resultados". - "Desde o ano passado que mudou qualquer coisa nos exames de Português" [in Público] - "Não procurei o facilitismo do programa Novas Oportunidades. Trabalhei e estudei ao mesmo tempo durante três anos e passei várias noites sem dormir. Estou essencialmente chateado por as coisas estarem tão subjectivas e mal feitas". - Em conferência de imprensa, o secretário de Estado Valter Lemos alargou o leque de responsáveis, juntando a Sociedade Portuguesa de Matemática e "partidos e pessoas com responsabilidades políticas". "É um desincentivo ao estudo e ao trabalho", sublinhou. [in Público] - "Quando me esforço e não aprendo a incompetência só pode ser do professor, por exclusão de partes", "Há muitos maus alunos com excelentes resultados". - "Se alguém anunciou facilidades foi o ministério com a prova [de Matemática] do ano anterior, que foi escandalosamente fácil. O que prejudica os alunos é a variação do grau de dificuldade e dos critérios de ano para ano. Isso fez baixar o tempo que dedicam à preparação para a prova". [Nuno Crato] - "Um Viva às Estatísticas" - "O director do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), responsável pela realização das provas, sublinhou a elevada correlação que existe entre o desempenho dos alunos na escola, ao longo do ano lectivo, e no momento dos exames. Os bons alunos na avaliação contínua são os que se saem melhor nas provas nacionais, o que "prova" que estes testes são "justos" e adequados aos programas leccionados, concluiu" [Expresso]
LE COQ PORTUGUÊS
"Galo bom nunca foi gordo" [Popular]
O artista M. Sousa Tavares, rapaz que fareja nas moitas da literatura chã, é um modelo de virtude caseira, um desassombrado na exposição sentimental, uma lenda viva da nossa paróquia. Espanta, pois, o conteúdo do seu último pastiche, agora escriturado na forma de entrevista. O Tavares, ainda a fazer a digestão dos "votozinhos" suspirados por D. Lurdes Rodrigues, manifesta um ror de divagações inebriantes no seu depoimento, capaz de equipar a altíssima missão do sr. Sócrates.
A fazer fé no artista Tavares, que é sempre "telefonado" em sinal de reconhecimento do seu opinioso protestatório e por ora elevado à imortalidade da "rua" (ou comércio intelectual), o sr. Sócrates (com quem almoça e – diz – conversa) perdeu a cabeça, qual "jogador de casino" e "não sabe o que é que há-de fazer, se há-de jogar o dobro ou desistir". Excelente descoberta! A historiografia há-de lembrar, para todo o sempre, o arrojo do argumento e a eloquência da discursata do sr. Tavares.
Mesmo sem exercitar qualquer opinião ou calamidade paroquial, a confissão do escriba do "Equador" é brutal e esmaga. Jamé tal respeitável análise ocorreu na produção versada do sr. Bettencourt Resendes, nem viu luz na sempre intuitiva sentença do sr. Luís Delgado. Muito menos abriu a inteligência ou o delito verbal do ministro Augusto Santos Silva. A visão do artista Tavares pode estar temperada de razão, qual Confúcio indígena, mas o panfleto esotérico registado só nos lembra – comprovando – que a epidemia de "artistas" que obram sem sujar a capa do regime não tem sossego. O folhetinista M. Sousa Tavares é, fora as mazelas da sua escrita de maçada, acima de tudo um verdadeiro coq português: sempre a cantar, anafado de aleluias originais, a sua vaidade sapientíssima. Mas como se sabe, "galo bom nunca foi gordo"!
segunda-feira, 6 de julho de 2009
DR. LAUREANO BARROS
"Ele planeava tudo. Era organizado, previdente e perfeccionista. Inflexível com a verdade, a liberdade, a independência, o rigor e a pontualidade, exigia-os de si e dos outros (...)
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia, várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los (...)"
in Laureano Barros - O Homem que Fugiu com uma Biblioteca, por Paula Moura, P2 (Jornal Público), 5 de Julho 2009, pp. 4-7]
- ler TODO o artigo sobre Laureano Barros (retirado do jornal Público, com a devida vénia), invulgar bibliófilo e que AQUI e AQUI fizemos referência, no nosso site BIBLIOMANIAS.
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