terça-feira, 7 de julho de 2009
LE COQ PORTUGUÊS
"Galo bom nunca foi gordo" [Popular]
O artista M. Sousa Tavares, rapaz que fareja nas moitas da literatura chã, é um modelo de virtude caseira, um desassombrado na exposição sentimental, uma lenda viva da nossa paróquia. Espanta, pois, o conteúdo do seu último pastiche, agora escriturado na forma de entrevista. O Tavares, ainda a fazer a digestão dos "votozinhos" suspirados por D. Lurdes Rodrigues, manifesta um ror de divagações inebriantes no seu depoimento, capaz de equipar a altíssima missão do sr. Sócrates.
A fazer fé no artista Tavares, que é sempre "telefonado" em sinal de reconhecimento do seu opinioso protestatório e por ora elevado à imortalidade da "rua" (ou comércio intelectual), o sr. Sócrates (com quem almoça e – diz – conversa) perdeu a cabeça, qual "jogador de casino" e "não sabe o que é que há-de fazer, se há-de jogar o dobro ou desistir". Excelente descoberta! A historiografia há-de lembrar, para todo o sempre, o arrojo do argumento e a eloquência da discursata do sr. Tavares.
Mesmo sem exercitar qualquer opinião ou calamidade paroquial, a confissão do escriba do "Equador" é brutal e esmaga. Jamé tal respeitável análise ocorreu na produção versada do sr. Bettencourt Resendes, nem viu luz na sempre intuitiva sentença do sr. Luís Delgado. Muito menos abriu a inteligência ou o delito verbal do ministro Augusto Santos Silva. A visão do artista Tavares pode estar temperada de razão, qual Confúcio indígena, mas o panfleto esotérico registado só nos lembra – comprovando – que a epidemia de "artistas" que obram sem sujar a capa do regime não tem sossego. O folhetinista M. Sousa Tavares é, fora as mazelas da sua escrita de maçada, acima de tudo um verdadeiro coq português: sempre a cantar, anafado de aleluias originais, a sua vaidade sapientíssima. Mas como se sabe, "galo bom nunca foi gordo"!