FERREIRA LEITE: CEMITÉRIO POLÍTICO "
Não é ter um sistema político, deixar-se assim arrastar por todos os acontecimentos" [
Napoleão Bonaparte]
A fotografia da "velha" senhora
Ferreira Leite, exibida ontem na
SIC (Alô, doce
Ana!), não surpreende na pose nem no discurso – o simulacro era demais conhecido –, nem seduz politicamente, porque gasto está o espectáculo do tempo adoçado do "mercado" e do
deficit, que em tempos lhe lambuzou os dedos ministeriais.
A Sra.
Ferreira Leite não pode jogar ao
cadavre exquis do desenvolvimento económico (e social) porque os escombros e a tragédia do país (até hoje) tem propriedade e rosto(s). E não será ao dr.
Guterres o único a ser-lhe passado o atestado de irresponsabilidade pelo legado (como a Sra.
Leite e o dr.
Pacheco Pereira, laboriosamente assegura). A lenda do dr.
Cavaco & a cegueira de
Ferreira Leite, mais as orações de um ror de insidiosos sábios – sempre muito bem dispostos a debater qualquer "abalozinho" financeiro que nunca entenderão –, não desapareceram por encantamento divino ou joguete de palavras. O cemitério político indígena é uma moléstia que não honra ninguém!
Só o magnífico delírio do pensamento económico de
Ferreira Leite - aliás bem conhecido entre os estudantes das velhas aulas práticas de Economia por si leccionadas - pode sentimentalmente considerar que esta paróquia tem validade ou viabilidade económica (estude-se a poeira no nosso passado), por insignificante seja, que permita um dia deixar de ser essa lamuriante
caça de negócios ou
affaires conspícuos, para tornar-se economicamente mais autónoma, mais livre e criadora. E interessante para medir o grau de
felicidade de todos nós, longe da ortodoxia do sistema.
Era (é) fácil martelar nesse fanfarrão e insolente sr.
Sócrates. A ignorância audaciosa do homem, os enfeites contabilísticos da sua governação, a mentira sempre respigada, a “perfeição” do seu sistema de cárcere (justamente reaccionário), a par dos
arranjinhos burlescamente plagiados em governos anteriores (veja-se o caso
PT), traz argumentos infindáveis e muito autorizados. Porém o testemunho da sra.
Ferreira Leite não foi perfeito, nem conforme.
A "velha" senhora, quiçá dolorida na sua oratória incompetente, esgrime copiosas interrogações sobre o
endividamento do país (no que está certa), sem nunca vincar
como se pode (economicamente) combater tais desequilíbrios externos. Julga (porque julga) que as suas cantorias contra as grandes obras públicas, garatujadas num qualquer
five o'clock tea decorativo, pode substituir o homem.
No novo
look da graciosa
Manuela não há lugar a escolhas económicas (diz que estão, ainda, no forno partidário), a (re)interpretação de estudos económicos de custo-benefício sobre obras públicas (que diz, grosseiramente, não conhecer) e a sua ciência
ignora onde se podem fazer os investimentos públicos. Mais, extraordinariamente, tem pretensão de combater o desemprego sem investimentos públicos, bem como, escandalosamente, intenta resolver o problema do sobre-endividamento do país
mantendo o nível dos impostos (ou mesmo, baixando-os). A sra.
Ferreira Leite tem pavor da economia e dos seus ensinamentos. Tal como tem a torpeza de "
não fazer juízos de valor" sobre esse impoluto
Dias Loureiro ou esse génio da banca que é
Vítor Constâncio. Os amigos, não se esquecem!
Sem comentário ficaram as
classes profissionais, selvaticamente atingidas pela violência das medidas do sr.
Sócrates. Ninguém sabe o que fará um governo da sra.
Manuela no que diz respeito às trapalhadas reaccionárias na
Educação e
Saúde, no sistema de
Segurança Social ou no
código de trabalho. Com o serviço já feito pelo actual representante da corporação dos interesses, julgamos que tudo ficará como está. Conhece-se há muito o cemitério político da sra.
Ferreira Leite!