domingo, 25 de maio de 2008
Leilão Victor Palla
A leiloeira P4photography no próximo dia 29 de Maio, pelas 21.30, na Rua dos Navegantes, 16, em Lisboa, vai colocar em praça parte do espólio de Victor Palla, em especial um conjunto apreciável de fotografias, livros e pintura.
Victor Palla [1922-2006] foi uma personagem de múltiplas facetas – arquitecto, fotógrafo, "pintor, ceramista, designer gráfico, editor, tradutor, galerista [co-fundador da galeria Prisma], agitador de ideias e animador de muitas iniciativas" [Alexandre Pomar, in Biografia de Victor Palla].
Deve-se a ele [e a Cardoso Pires] a estimada colecção de bolso "Os Livros das Três Abelhas" e as edições Folio, e "fundou com Orlando da Costa, o Círculo do Livro e, entre outras actividades de editor, autor, tradutor e capista, realizou o plano gráfico da editorial Arcádia" [idem].
Ver, aqui, as peças a leilão e o primoroso catálogo apresentado.
sábado, 24 de maio de 2008
Agradecimentos
Nós, em solene gratidão pela rememoração do aniversário do nosso estabelecimento - que imprime letras tradicionais & modernas, cuida com enlevo daqueles que "fazem mijar a caneta para cima do papel do jornal" [Péret] e tricota tapeçarias musicais – agradecemos ao Blasfémias, Bomba Inteligente, Desnorte, Ferrão, Fumaças, L & E, Miss Pearls, Nova Floresta, O Amigo do Povo, O Insurgente, Pisca de Gente, Prosas Vadias, Retorta, Tomar Partido & a outras missivas pessoalmente enviadas ... a V. luz e o V. acolhimento. Graças, pois!
Vale!
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Torcato Sepúlveda (1951-2008)
"Era um grande libertário e um grande liberal" [cf. Francisco José Viegas, in JN, 22/05/2008]
"Nunca se devia dizer nada, nunca se devia chorar desta maneira. Torcato Sepúlveda, amigo de muitas horas, de muitas conversas, meu companheiro de tanta literatura gasta e por gastar, a voz, a fúria, a zanga, os livros, a memória de muitas páginas, o leitor amável, o leitor furioso, o céptico entusiasta, os bancos de jardim, o Jardim da Parada logo de manhã, os jornais, as estantes, os bares, as varandas sobre a planície. Nunca se devia chorar desta maneira a quem nunca se dirá adeus, adeus, adeus, mesmo que essa palavra exista, mesmo que essa palavra não exista lá, para onde vais." [Francisco José Viegas, Despedidas]
"Pacheco [Luiz] nunca escreveu romances porque a sua literatura era de urgência: a de matar a fome, de zurzir os bonzos que mandavam nas letras, de atacar o salazarismo a golpes de impropérios e gargalhadas” Palavras de Torcato Sepúlveda ... na sequência da morte do escritor Luiz Pacheco, e que poderiam servir-lhe quase de auto-retrato ... [Ana Marques Gastão, DN, 22/05/2008, p. 57]
Torcato Sepúlveda, aliás, João Torcato Macedo Duarte Sepúlveda, nasce em Braga a 27 de Fevereiro de 1951. Filho de professores [cf. Gastão, ibidem], começa as suas leituras (com a imensa paixão que sempre o acompanhou) pela biblioteca de casa. Camilo, Eça, Júlio Dinis, Alexandre Herculano, e muitos mais autores lhe encheram a alma e vida, marcando-lhe o prazer da leitura, o gozo da escrita ou o apuro da conversa. Em Braga, ainda, frequenta a vasta biblioteca do pai do seu amigo Américo Barbosa [cf. entrevista à Rádio Universitária do Minho] e toma conhecimento com as obras de escritores estrangeiros. Colabora, então, num jornal de escola. Depois de findo o liceu vai para Coimbra, cursar Filologia Românica. Os tempos de Coimbra, com as tempestades políticas de então (crise 69), trazem-lhe outras leituras, diferentes realidades, novas combatividades e o mesmo ardor pelos livros. Participa nas lutas académicas, conhece os escritos de surrealistas portugueses (António Maria Lisboa, Cesariny, ...), lê Debord e outros situacionistas [Internacional Situacionista (IS)].
[Coimbra teve um núcleo curioso de pró-situacionistas e publicações ligadas à IS – diga-se que em 1972, foi publicado em Coimbra "Banalidades de Base”, de Raoul Vaneigem e (segundo Torcato) foram publicados no Diário de Coimbra alguns textos, sob pseudónimo. Em 1971, os pró-situacionistas de Coimbra interrompem uma sessão de Julien Gracq, na Alliance Française, com ruidosas palavras de ordem. Na altura participa Carlos Amaral Dias, que pouco depois é preso. Outros pró-situacionistas, como Francisco Alves (tradutor da "Sociedade de Espectáculo" e que em finais de 1964 foge do país) ou Américo Nunes da Silva (antropólogo), são citados no "Leituras", do Jornal Público, 6 de Maio de 1995, p.2]
Parte para o exílio (discordando da guerra colonial) na Bélgica, onde vive entre 1971-1974 trabalhando como operário. Entra em contacto, na época, com os situacionistas belgas e franceses. Nunca se dizendo pró-situacionista, curiosamente, escreve anonimamente [Anónimo do Seculo XX] "Reflexão sobre a estratégia da luta de classes em Portugal", Braga, 1976, e outros textos sob pseudónimo, que marcam a literatura da IS em versão portuguesa. Decerto, Torcato Sepúlveda era quem mais sabia, entre nós, sobre a influência do movimento da IS em Portugal, matéria aliás nunca devidamente recenseada.
Regressa depois de 25 de Abril de 1974, trabalha no serviço de fronteiras em Vila Real de Santa António e a convite de Vicente Jorge Silva entra para o Expresso, colaborando na crítica literária [assinando João Macedo]. É co-fundador do jornal Público, editando o estimado suplemento literário "Leituras", saindo em 1997 para ingressar no Semanário. Colaborou ainda no Independente, na revista Invista, no jornal A Capital e na Grande Reportagem. Trabalhava actualmente na NS (Diário de Notícias). Fez crítica literária e traduções [como a "Historia desenvolta do Surrealismo", Antígona, 2000] e sob pseudónimo como: Silva de Viseu, Buíça, D. Luís da Cunha.
Torcato Sepúlveda, que morreu no dia 21 de Maio de 2008, era "homem de tantas histórias, de muitos amigos, de outros inimigos (...) era um redactor de estilo inconfundível, ora virulento ora comovente, na quase extinta linha de fronteiras entre jornalismo e literatura ..." [Ana Marques Gastão, ibidem]. Uma perda terrível.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
The Happy Birthday
"Já não basta o refúgio dos pássaros ...
As sombras que tu crias não têm direito à noite" [Paul Éluard]
Trata-se do sopro deste corpo – Almocreve das Petas -, ocultamente sustentado pela noite. De modo passional, de secura temperamentada, de lábios sem dor. O Almocreve, nascido sob o signo do Touro – nocturno e feminino, paixão ardente e rebelde – é a casa de Vénus. Curioso! Vénus é a sensualidade e mistério da arte. Quente, caminhando "pesadamente" & com graça, o Touro vive no abandono da calma. Com o sol a crescer dia-a-dia e apesar disso, não muda de opinião. "Por toda a noite bebida" [Éluard], toca, apalpa com devoção, capricha na libertinagem. O Almocreve não é um "murmúrio casual", é a sombra da memória. Da nossa!
O nosso amparo, a nossa presença e a V. piedade, descrevem o círculo: livros, estampilhas em letras publicadas, lugares santos, sentenças que os "ferros curtos" assombram, ardentes desejos como "língua do céu", cocktails bibliófilos, romagens literárias, poemas clínicos.
Para V. - que tal como mestre Almada a "liberdade é uma palavra que sobe" – reunimos o nosso fresco sonhar, tocamos a rebate os nosso moinhos de lux e V. apresentamos o nosso manual de trabalho.
Saúde e fraternidade
Leilão de Livros & Manuscritos - Hoje e amanhã
O amador de livros tem hoje (dia 19) e amanhã (dia 20) uma curiosa e importante livraria a ser leiloada na Amazónia Lisboa Hotel [ao Jardim das Amoreiras], pelas 21.00h. A cargo do livreiro-leiloeiro Pedro de Azevedo, as peças a leilão, pela sua variedade e raridade, são voluptuosas.
Refira-se, para além de espécies que "abordam a temática do final da Monarquia e da implantação da República", uma valiosa e estimada colecção de periódicos, almanaques e revistas – jóias cada vez mais procuradas e valiosas – e um conjunto surpreendente de manuscritos (do sec. XVIII ao séc. XX) e parte de um espólio de Luiz Forjaz Trigueiro, com documentos de merecido valor.
A não perder.
Aniversário – 5 anos no V. aconchego
"Que a espada ou o dente cortem enquanto o chumbo arder ..." [Alfred Jarry]
Sessenta meses depois – entre sombra de desilusão e a janela sempre esquiva, mas muito mais felizes que os pastores do eng. Sócrates – prosseguimos o Almocreve das Petas. 5 anos a incendiar corações. 5 anos de sonho nocturno, mas (descansem!) em doce opulência e copioso luxo. 5 anos a suspirar por uma brisa pátria, neste quase silencioso degredo. 5 anos! Corpo fatigado, poeira nos olhos, tinta morta pelo passar do tempo, mas ainda não nos cansaram do voo. Uma questão de assédio poético. Um repouso de alma. E porque nos apetece! 5 anos no V. aconchego.
"Era uma vez uma realidade
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
E as ovelhas baliam que linda que está
A re a re a realidade" [Aragon]
5 anos tumultuosos, absolutamente memoráveis. Começámos - em 2003 - a gatinhar na corda da Mercearia Ferreira Leite. Estamos agora atolados pelo vício, neste Hipermercado Teixeira dos Santos. A vidinha está boa é para contabilistas. De lápis afiado sobre a orelha, é bom de ver. Hoje a galeria de técnicos & travestis de políticos que "trocaram de alma" [como diria R. Proença] é a recitação da nova paróquia. Escudados na protecção presidencial - por aquele que veio do oásis sem destino – e todos gemendo em nome da canalha, os governantes e a oposição, que os sustenta, são conversos mui liberais. Admirável os episódios e o talento destes rapazes! Não se vê a hora do livramento. Mas não curvamos a cabeça. É esse o nosso encontro fortuito. No V. aconchego.
Saúde e fraternidade
quinta-feira, 15 de maio de 2008
In-Libris – Catálogo
A In-Libris (Porto) apresenta on line um Catálogo de livros estimados, entre os quais: Gravura Chimica nas Illustrações (de Marques Abreu), Equitação e Hippologia (pelo Conde de Fornos d’Algodres), uma edição especial do Cristo Cigano (de Sophia M. Breyner), peças de Al Berto, o procurado Curiosidades Estéticas de António Botto, o Quadro Elementar da Historia Natural dos Animais (Cuvier, trad. port.), os Esteiros (de Soeiro Pereira Gomes), a excelente e estimada Historia Completa das Inquisições de Itália, Espanha e Portugal; e muitos mais.
A consultar on line.
Os fumos de Bettencourt Resendes
Mário Bettencourt Resendes & Luís Delgado são dois comentadores com insígnias governamentais. Vigiam - quase sempre pela calada da noute - o corpo, o rosto e os lábios dos ministros e de outras obscenas figuras nativas. Na paróquia ninguém, com zelo, os bate. Quase sempre, o indígena, em prostração intelectual, fica confidente. E a canalha, fatigada na sábia leitura de Sousa Tavares filho, deslumbra-se. Por outro lado, os governantes domésticos – esses missionários da coisa pública - temem-nos. E o sermão político agradece, no seu estranhar.
Delgado & Resendes – por singular heresia - nunca aparecem desprevenidos. Uma declaração de Bettencourt sobre o fato ou toillette do primeiro-ministro é inatacável. Qualquer exposição do Luís sobre a almofada ou leito (político) de um ministro é a estupefacção geral. O País conhece-os, tal como os seus putativos punhos. E a descompostura, conforme a época festiva.
Delgado é da direita circunstancial. Resendes é da esquerda filológica. O Luís é frugal na palavra e no gesto. Bettencourt apresenta a melhor frase de ouvido e é mais etnográfico nos gestos. Delgado vende bagatelas. Resendes troca pedantismos. Excelentes pavões, exibem sempre aquele aspecto feliz, como se estivessem a iniciar um conselho de ministros. Não há anemia política ou indigestão fatídica, que não sejam diagnosticadas. A isto chamam: a arte de comentar.
Ontem, na SIC-N, o pastoreamento do fumo do eng. Sócrates e do casto dr. Pinho ficou para a posteridade. Disse o sr. Resendes, crente na virtude e no bom humor do sr. Sócrates, que o "passamento" tribal & governativo verificado e adaptado às notícias não está provado ser improcedente. E, pelo habitual desconhecimento legislativo dos governantes, é absolutamente normal. E gracioso, atrevemo-nos assinalar. O bentinho Resendes fez, a propósito das passas do eng. Sócrates e à maneira de introdução, o "histórico" da coisa. Aliás - pelo que nos diz – Bettencourt Resendes inicia sempre a prática da coisa, pelo histórico. Valente!
E o histórico - qual fresco cor-de-rosa - foi "bufar" que aquelas fumaradas eram absolutamente habituais em todas as viagens, quer sob patrocínio do governo quer da presidência da república. Como tal, tudo regular. Ficámos todos mais descansados. E agradecidos ao sr. Resendes. Bem-haja!
domingo, 11 de maio de 2008
Constança Cunha e Sá
"Um ministro é uma página de publicidade" [Seguèla]
Deixei de ouvir e ver a sra. Maria de Lurdes Rodrigues (MLR), por uma questão de sanidade intelectual, por imputação ideológica e em resguardo & exercício de graça sociológica. Falta-nos paciência e pudor, muito pudor. Confesso que ainda prevarico (mea culpa) nos dizeres do sr. João Freire, "anarquista" aposentado e tutor da senhora ministra MLR, dados os trabalhos domésticos em curso. Mas só por isso! Assim, as opiniões de MLR sobre o ensino, a educação ou querer saber (ou entender) dos seus novíssimos afazeres doutrinários contra a escola pública, o ensino e os professores, são matérias que tento evitar e faço desabrigar para os mais ditosos. Limito-me às redondilhas do eduquês, por evidente prudência.
Aconteceu, porém, que um pedido caridoso de visionamento da "entrevista" que MLR exercitou na TVI, com a "romântica" Constança Cunha e Sá, ingloriamente me levou a aceder ao presuntivo pastiche que esperava assistir. Sou dado a encher a alma de tédio, que querem!?
De facto, dispensaria tal perda de tempo, mas convenceram-nos da bondade e, já agora, do fôlego da entrevistadora. Aquela de "jornalista de combate", em plena ortodoxia socrática, não deixava de ser curioso. Debalde! A ex-professora (só podia) Constança, enfiada no politicamente e televisivamente correcto, não só reprimiu os seus putativos instintos (como nos confessou a nossa anfitriã) como foi uma lástima na sua energia jornalística. Não houve, nunca, "Cartas na Mesa". Simples simulacro. Nem uma "desobediência" mediática, daquelas plenas de realismo liberal, se viu. Nada!
A sra. MLR fez, portanto, uma entrevista-exibição, inútil decerto para nós, mas digna de nota. Nunca se tinha assistido à desordem de um actor político desdizer-se tão saudavelmente, em todas as matérias em debate. Não há memória de coisa assim. Para reconstrução da imagem, não foi nada mal. E até o conhecido acofiado António Ribeiro Ferreira, no seu proverbial disparate, atribuiu logo a coisa à pujante "personalidade" da ministra da educação. Personalidade é o que não tem o Ferreira. Curioso seria fazer a listagem das divas espirituais do dito A. R. Ferreira, onde – e não merece discussão – decerto se encontrará a Sra. Thatcher, a cariciosa Ferreira Leite & outras com os mesmos arrufos. Coisas para tratar no sofá do dr. Freud, sem dúvida.
E assim vai a mediacracia, a que temos direito. Mas não havia necessidade de ser assim tão trauteada. Falta-nos frescura e libertinagem. Entre muitas outra coisas.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Livraria Histórica e Ultramarina
A estimada Livraria Histórica e Ultramarina (em Lisboa), do profundo conhecedor do livro antigo José Maria da Costa e Silva (Almarjão), até hoje sitiada ao Bairro Alto, mudou de instalações. Mantêm, porém, o costumeiro fascínio da sua abonada livraria, a par do bom gosto, profissionalismo e da inexcedível simpatia com que sabe receber. As novas instalações ficam na Rua José Lins do Rego, nº 2B, ali para os lados da Av. Brasil ao Campo Grande.
No seu site (simples mas de fácil leitura) apresenta catálogos temáticos, em especial uma curiosa Judaica, um conjunto interessante de Alvarás sobre o Brasil, folhetos e livros de Genealogia e Heráldica, um conjunto estimado de monografias e literatura das ex-colónias, entre muitos outros assuntos.
A consultar on line.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Les fleurs du mal
"Toi, vêtue à moitié de mousselines frêles,
Frissonnante là-bas sous la neige et les grêles,
Comme tu pleurerais tes loisirs doux et francs,
Si, le corset brutal emprisonnant tes flancs,
Il te fallait glaner ton souper dans nos fanges
Et vendre le parfum de tes charmes étranges,
L'oeil pensif, et suivant, dans nos sales brouillards,
Des cocotiers absents les fantômes épars!"
[Charles Baudelaire]
Bibliofilia
"De loin vous en flairez l'arome avant-coureur;
Vous contemplez, ravi, sa date reculée;
Vous caressez du doigt sa marge immaculée,
Et de sa rareté vous pronez la valeur.
Vous en animez la tranche a la vive couleur,
La nervure du dos, ou svelte ou protelée,
La robe au blanc satin, d'um filet dentelée,
Le noir changrin, brodé par le fer du doreur"
[François Fertiault, in Sonetos de um bibliophilo, aliás, in Neves de Antanho (1918), do Conde de Sabugosa]
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Olha o 1º Maio ... ó freguês!
Para os nossos leitores de Maio, sem insónia ou fraqueza excessiva, e para promover a cura e combater o tédio - quanto possível -, expulsando a moléstia destes dias-a-dias de suores copiosos e palestras muito chãs e dissolvidas em cavaquês, temos o prazer de apresentar
L'Internazionale – Area
P.S.: Curiosamente a parte artística deste 1º de Maio, ou poesia dos trabalhadores (os que o são), teve as trovas & o lampejo do proleta da UGT, o sr. João Proença. Sabe-se que nós, por mero acaso, não somos de excursos suaves. Mas assistir ao folclore do sr. Proença neste 1º de Maio, enquanto nas vésperas (ou nos amanhãs que cantam) lambe liberalmente as mãos do patrão Sócrates (como antes do casto Bagão Félix), ou aos seus pomposos quanto hipócritas discursos, é demais mesmo se a pregação é mais do mesmo. Como diria o povo na sua sageza: "Um burro sobre um animal / à maneira de Portugal".
Para os nossos leitores de Maio, sem insónia ou fraqueza excessiva, e para promover a cura e combater o tédio - quanto possível -, expulsando a moléstia destes dias-a-dias de suores copiosos e palestras muito chãs e dissolvidas em cavaquês, temos o prazer de apresentar
L'Internazionale – Area
P.S.: Curiosamente a parte artística deste 1º de Maio, ou poesia dos trabalhadores (os que o são), teve as trovas & o lampejo do proleta da UGT, o sr. João Proença. Sabe-se que nós, por mero acaso, não somos de excursos suaves. Mas assistir ao folclore do sr. Proença neste 1º de Maio, enquanto nas vésperas (ou nos amanhãs que cantam) lambe liberalmente as mãos do patrão Sócrates (como antes do casto Bagão Félix), ou aos seus pomposos quanto hipócritas discursos, é demais mesmo se a pregação é mais do mesmo. Como diria o povo na sua sageza: "Um burro sobre um animal / à maneira de Portugal".
Voltámos em Maio!
"Em Mayo vai, e torna com recado" [popular]
Fomos de dar pousa ao bloganço. Obtivemos licenças & outras mercês. E, entretanto, fizemos o quê? Como nos dizem em Moncorvo:"Era uma vez um cesto e uma canastra /para conto já basta". Esclarecidos!? Nós também não.
Ao que nos dizem, corre por aí que a sra Ferreira Leite, economista arruinada pelo deficit e tremenda em moléstias políticas, abandonou as xícaras e o tricot dos barões do PSD e promete, com alguma gravidade, ser primeira-ministra num dia imaginário qualquer. Cruzes, canhoto! É, por demais evidente, que a sra Ferreira Leite não é remédio para coisa nenhuma e que a sua candidatura é tão só o resultado da enfermidade que reina por aqueles lados da rua de São Caetano à Lapa. Dizem-nos que irá, abundantemente, fornecer carácter e respeitabilidade ao PSD. Que é "credível", segundo a própria e irrepreensível conforme os comentadores. Ora, pois! Fazer da candidatura de Ferreira Leite uso e porte de respeitabilidade política é coisa que não lembra a ninguém. A senhora é tão respeitabilíssima como incompetente. E os dois dotes – como se sabe – são, por junto, demais. E o povo eleitor (se ainda existe) do PSD não vive de tais predicados e desses pasmos de fama. A palavra "respeitabilidade" nunca soube ser bem pronunciada pelos lábios da clientela laranja. Estão aí Santana Lopes, Marco António, Rui Gomes da Silva, Alberto João e outros tantos, para o provarem.
Por outro lado, o eng. Sócrates, em vigilância atenta aos media e sempre em arraial eleitoral, proporciona-nos uma variante curiosa de náusea, de que não é estranho aquela maneira esquisita de falar e a modo rasteiro que tem de tentar explicar aquilo que todos há já muito entenderam: o país vai de carrinho, mesmo antes de expirar. A paróquia para Sócrates é um comício constante. Uma escola à moda da dr. Lurdes Rodrigues. Começa a ser preocupante esta intromissão (quasi salazarenta) sem jeito nos negócios dos ministros. Não há dia de tragédia pátria que não nos venha vender um putativo plano caridoso para salvar o país. Cuida o dr. Sócrates que a sua solitária fronte é uma virtude de felicidade instantânea. Dura ilusão! Já não há paciência para o ouvir e ver. Para burlesco basta-nos o meu Benfica. Ó horror!
Boa noite!
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Leilão de Livros, Manuscritos e Obra Gráfica - 22 e 23 de Abril
A novíssima Leiloeira "Renascimento" põe à venda – amanhã dia 23 de Abril, seguindo dia 24 – um estimadíssimo rol de livros, manuscritos e obras gráficas, de invulgar e rara oportunidade para bibliómanos. Do Catálogo, elaborado por José F. Vicente e que é composto por importantíssimos peças literárias, destacam-se um conjunto apreciável de revistas literárias e obras únicas (e raras) de quase todos os maiores e mais admirados escritores e poetas lusos.
Esta invulgar colecção que vai à praça – na rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), nº 20, pelas 21.30 horas -, pela sua riqueza literária, marca o aparecimento desta nova leiloeira e traz a felicidade dos amantes dos livros e obras raras.
A não perder. Ver Catálogo aqui.
Uma entrevista lamentável
O inefável António Ribeiro Ferreira [ARF], desocupado da lide informativa, entendeu apadrinhar uma entrevista zelosa à senhora Ministra da Educação. O sr. ARF deu à luz um conjunto de disparates, com o conúbio de Maria Lurdes Rodrigues [MLR], sobre o sistema educativo, a organização escolar e o trabalho de professores e alunos, inenarrável. A declaração de interesses final do senhor jornalista é elucidativa. Sem o mínimo estudo, instrução e percepção sobre o assunto, o sr. ARF faz mau jornalismo, como quase todos os que se metem nessa aventura de opinar sobre a educação e o ensino – e são já muitos, desde os putativos comentadores dos jornalecos indígenas àqueles que, largamente, militam fantasiosamente na blogosfera.
Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores que tricotam admiráveis prosas sobre o ensino, que os professores são meros funcionários administrativos - seres desprezáveis e de vida fácil – sem labor profissional, cultural ou intelectual. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores de testada altiva, que os cursos e diplomas que os professores (orgulhosamente) exibem e nos diversos ramos do saber, não lhes servem para nada. E que qualquer ARF ou ministra da educação podem soluçar, jubilosamente, autorizadas apreciações sobre a docência, o ensino e a educação pública, sem nenhum contraditório. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores investidos de idiotas toleimas, que os professores são meros papagaios transmissores/reprodutores do conhecimento cientifico, sem discurso, exercício e acção pedagógica visível e que, na sua natureza educacional, só debitam aquilo que (presumidamente) na folclorização das faculdades aprenderam. E que qualquer ARF ou ministra da educação podem, em piramidal discursata e em aleluias de ruído gratuito, passar atestados de imbecilidade a docentes, que ao longo da sua profissão têm feito inúmeros (e, por vezes, inenarráveis) investimentos culturais, formativos e pedagógicos, conforme a tutela e a administração escolar muda de humores. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os ofegantes comentadores afectados pela "inteligência" ministerial, que o debate e o conflito que reina e persiste no ensino público e na educação não vai deixar sequelas insanáveis entre docentes (ofendidos e injuriados que estão a ser) e os seus grosseiros detractores. Cuidam – caso curioso -, mas enganam-se!
Da lamentável entrevista ficam aqui, apenas, duas singelas questões, que persistem no enrodilhar da argumentação ministerial. Dado o alvoroço revelado na entrevista e pela montra das adulterações feitas no que se disse, não tínhamos, nem espaço nem paciência para mais. Sobre a funcionalização da função docente e a verticalização da sua carreira, mecanicamente e abusivamente tomada de experiências teóricas de outras profissões e a que a professora MLR denomina, com imensa graça sociológica, de novo "paradigma", falaremos um dia.
A primeira questão é simples: a senhora ministra da educação, na sua cegueira teórica, considera que via o desditoso antigo ECD, a progressão da carreira fornecia professores "mais experientes, mais graduados e melhor remunerados mas [que] isso não correspondia a nenhuma responsabilidade", mas ao mesmo tempo no seu novo e santificado ECD coloca, justamente, tais docentes como professores-titulares, ao abrigo do que prosaicamente denomina "meritocracia", num concurso duvidoso e insano. Estamos conversados!
A segunda questão é tão simples como curiosa: a senhora ministra da educação entende (não por experiência própria, como se sabe) que as "nossas escolas tinham um défice dessa responsabilização individual, dessa exigência de trabalho de equipa" e assegura que com a nova organização da administração escolar, com a nova avaliação dos docentes, tal facto é superado. Ora está provado que o que existia, de facto, nas escolas era um trabalho colectivo e em equipa. Do processo ensino-aprendizagem, com as planificações feitas em grupo curricular e validadas em sede de Conselho Pedagógico, até ao trabalho na chamada Escola Cultural e/ou informal, era visível o esforço em equipa dos docentes. Evidentemente que a professora MLR desconhece o que é um projecto educativo, a dimensão organizativa da escola e a construção de uma escola democrática. Não era do seu tempo tais modernices. E que agora pense, com o processo avaliativo (e competitivo) que defende e face ao maior caos curricular que aprontou nas Escolas, que o trabalho pedagógico em equipa sairá reforçado, só revela desconhecimento e falta de consideração pelos professores. De facto, é preciso ter atrevimento. Muito atrevimento!
segunda-feira, 14 de abril de 2008
O Tribunal Constitucional ou o limite do elogio
"Não é sisudo o juiz que tem jeito no que diz e não acerta no que faz" [popular]
O espírito de cobrança política que, em curiosos Plenários, os ilustres conselheiros do Tribunal Constitucional [T.C.] coligem, via apreciação de pedidos de inconstitucionalidade requeridos por grupos de indígenas, não granjeia boa estimação. Que o dr. Cavaco, ou o cérebro do dr. Vitorino, entendam, seguindo com os olhos a beca e o colar dos ilustríssimos conselheiros, que o Palácio Ratton não se deixa "envolver na espuma conjuntural da conflitualidade político-partidária", não só não é boa doutrina como carece de fundamento.
Conhecendo-se o Acórdão nº184/2008 do T.C., onde surge fundamentada a improcedência do pedido de inconstitucionalidade do artigo 46.º, nº3 do ECD, assim como as normas contidas nos artigos 10.º, nº8 e 15.º, do DL nº15/2007, e atendendo, em tese, que o chorado dos conselheiros do Palácio Ratton pode, se devidamente confrontado, estar conforme os preceitos que o direito autoriza, fica sempre a dúvida, por força da redacção dada e face aos vícios materiais aí existentes e não considerados, que a garantia de constitucionalidade observa o "jogo político" ou "direito de estratégias" do receituário constitucional. As curiosas, excessivas e disparatadas (re)interpretações dos doutos conselheiros sobre "meritocracia" ou "cultura de excelência e qualidade", como constam no Acórdão, parecem sair directamente da boca do sr. Sócrates, tal o meticuloso ânimo aí revelado pelos dignos pares.
Não está em causa a legitimidade (por indirecta que seja), nem (talvez) o "modus de escolha" dos conselheiros, mas tão só a ideia que o sentido normativo da Constituição está (como no caso acima referido) ausente, havendo lugar apenas às estratégias políticas dos diversos clientes.
De facto, são tão evidentes as violações dos princípios constitucionais da proporcionalidade (porque excessiva e desproporcionada face aos resultados assumidos) no que o caso diz respeito ao artigo 46º., n.º3 do ECD; é de tal forma visível a arbitrariedade de diferenciações de situações (tomadas) iguais; é tão escandaloso a omissão de averiguações (ex officio) conducentes a entender o que os doutos conselheiros ex abundanti referem como a "avaliação externa das escolas" (sem nunca compreenderem do que se trata e como será feita) , tão só único e putativo referencial para a atribuição da percentagem máxima (de Muito Bom e Excelente) a atribuir aos docentes (que curiosamente os doutos conselheiros consideram de igual formatação aquela que ocorre à avaliação de desempenho dos demais trabalhadores da Função Pública, o que não sendo verdadeiro é demasiado grave para um Tribunal); que ilustra bem a insensatez de tão ilustrados juízes.
Com tudo isto, o precioso trabalho do Tribunal Constitucional embaraça, definitivamente, a jurisprudência nativa, por muitos que sejam os encómios e os discursos ataviados do dr. Cavaco e do sábio Vitorino. Vós o sabeis!
In-Libris – Catálogo
A In-Libris (Porto) apresenta on line um curioso Catálogo de livros de "Cultura Portuguesa", entre os quais: a reprodução fac-similada do Real Teatro de S. Carlos de Lisboa (de Francisco da Fonseca Benevides), a Farsa de Raul Brandão, o estimado Guia Histórico do Viajante no Bussaco (por Augusto M. Simões de Castro), A Selva e os Emigrantes de Ferreira de Castro (ed. comemorativa do 50 anos da vida literária do escritor), a rara separata da revista Ocidente "A Doçaria de Beja na Tradição Provincial" (de Castro e Brito), a obra de B.C. Cincinato da Costa "L’Enseignement Supérieus de l’Agriculture en Portugal" (1900), a colecção de Estudos Nacionais do Instituto de Coimbra (19 vols), literatura infantil (com desenhos de Stuart Carvalhais), o livro póstumo de Augusto Gil "Rosas desta Manhã", a estimada edição da História do Regimen Republicano em Portugal, o Inquérito ao Livro em Portugal de Irene Lisboa, o curioso livro de Adão A. Nunes "Peixes da Madeira" (1953), a revista literária Renovação (1925-26), a colecção completa dos Cadernos da Antologia Sociológica de António Sérgio e as suas Cartas de Problemática.
A consultar on line.
terça-feira, 8 de abril de 2008
O embaraçado da moleza dos dias ficou
Dizem-nos que não existe mais o pregão da "mulher do mingau", ali na Bahia ao romper do sol. Que o "ofício de janelar", que as mocinhas na sua infinita ventura observavam, anda disfarçado entre a vadiagem da noite e a (des)graça da vidinha. E que, até mesmo, as Caponas, mulheres sábias da velha cidade, já não respondem ao chamamento. Enfim, parece que já ninguém gosta de esperar na própria alcova.
Andar a "ruar" (perigoso termo entre os nossos respeitáveis indígenas), já não dá em desaforo. Andar a vagabundar, sem errar nunca (lá dizia o Barão de Itararé) sempre foi a parte "mais gostosa". Mais trabalhosa.
E, meus amigos, em verdade vos digo: na Bahia o mundo ainda não ruiu de todo.
Para os nossos pacientes ledores
António Nóbrega - Truléu, Léu, Léu, Léu, Léu
Bom dia!
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