segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
NEW YORK TIMES - BEST BOOKS 2006
Best Books of 2006 [N.Y.T.]
Em tempo de avaliação literária de 2006, o N.Y.T. Book Review avança com os "100 Notable Books of the Year".
Registe-se, aqui, alguns dos citados:
- Alentejo Blue, de Monica Ali, Scribner ["Alentejo Blue is set amid the cork oak forests of the southern Portuguese region known as the Alentejo"]
- America at the Crossroads: Democracy, Power, and The Neoconservatice Legacy, de Francis Fukuyama, Yale University ["Today Fukuyama has decided to resign from the neoconservative movement - though for reasons that, as he expounds them, may seem a tad ambiguous. In his estimation, neoconservative principles in their pristine version remain valid even now"]
- Collected Poems (1947-1997), de Allen Ginsberg, Harper Collins ["Gay, in the lotus position, with a beard, wreathed in a cloud of marijuana smoke and renowned as the author of a 'dirty' poem whose first public reading in a West Coast gallery was said to have turned the 1950s into the '60s in a single night, Allen Ginsberg embodied, as a figure, some great cold war climax of human disinhibition"]
- Everyman, de Philip Roth, Houghton Mifflin ["For three of the world's best novelists, Fuentes, García Márquez and Roth, the violent upsurge of sexual desire in the face of old age is the opposition of man to his own creation, death"]
- Flaubert: A Biography, por Frederick Brown, Little Brown ["Much of the time Flaubert's influence is too familiar to be visible"]
- Happiness: A History, de Darrin M. McMahon, Atlantic Monthly ["Happiness is not really a polemic. It is a history, one that takes us on a leisurely Great Books-style tour of Western thought, ranging from Herodotus and Aristotle through Locke and Rousseau down to Darwin, Marx and Freud. The musings on happiness of these and dozens of lesser thinkers are lucidly presented in fine, sturdy prose that is, on the whole, a delight to read"]
- New and Collected Poems (1964-2006), de Ishmael Reed, Carroll & Graf ["Reed is among the most American of American writers, if by "American" we mean a quality defined by its indefinability and its perpetual transformations as new ideas, influences and traditions enter our cultural conversation"]
- State of Denial, por Bob Woodward, Simon & Schuster ["Part 3 of the 'Bush at War' cycle, by the longtime Washington Post reporter and editor, describes the inept conduct of the invasion and occupation of Iraq"]
- The Courtier and the Heretic: Leibniz, Spinoza, and the Fate of God in the Modern World, de Mattew Steward, Norton ["In Spinoza's time, the question that gripped hidebound thinkers leery of flouting popular opinion or alienating wealthy patrons, was this: If you believed in Spinoza's God, were you not in actuality an atheist, an offense then punishable by exile, imprisonment or death?"]
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
ANTIQUÍSSIMO CANTAR
"Lustra o Sol o arnês, a lança, a espada.
Vão rinchando cavalos jaezados:
A canora trombeta embandeirada" [Camões]
"A cúspide e pedra de toque da civilização nossa é o Encoberto
O Encoberto é, precisamente, o que reverbera, anseia e deseja a Saudade.
Saudade é a expressão ferida e diferida do Amor Ilhano profundo e altaneiro que é o timbre do Espírito Lusíada.
Do Espírito Lusíada provém a nação lusitana, a nação do povo da Luz e a sua demanda. Dela emerge a pátria portuguesa (...)
É já amanhã o que ouvides ... há o que vela o que revela e a caravela do Ser. Estamos em Portugal.
[Francisco Palma Dias, in Treze Castelos da Portuguesia num Repente, revista Ultra nº1, 1983]
IDEAL
[Ideal]
"São tão inferiores as criaturas que se dedicam a um ideal. Só são superiores àquelas que não se dedicam a ideal nenhum. O homem verdadeiramente superior é aquele que gostaria de ter ideais. Não os pode ter por ser superior a tê-los"
[Fernando Pessoa, in Escritos Autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal, 2003]
"São tão inferiores as criaturas que se dedicam a um ideal. Só são superiores àquelas que não se dedicam a ideal nenhum. O homem verdadeiramente superior é aquele que gostaria de ter ideais. Não os pode ter por ser superior a tê-los"
[Fernando Pessoa, in Escritos Autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal, 2003]
PORTUGAL & DECADÊNCIA
"Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma 'revolução' foi para implantar uma cousa igual ao que já estava. Manchámos essa revolução com a brandura com que tratámos os vencidos. E não nos resultou uma guerra civil, que nos despertasse; não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências. Ficámos miserandamente os mesmos disciplinados que éramos. Foi um gesto infantil, de superfície e fingimento?
"O português é capaz de tudo, logo que não lhe exijam que o seja. Somos um grande povo de heróis adiados. Partimos a cara a todos os ausentes, conquistamos de graça todas as mulheres sonhadas, e acordamos alegres, de manhã tarde, com a recordação colorida dos grandes feitos por cumprir. Cada um de nós tem um Quinto Império no bairro, e um auto-D.Sebastião em série de fotografias do Grandela. No meio disto (tudo), a República não acaba
Somos hoje um pingo de tinta seca da mão que escreveu Império da esquerda à direita da geografia. É difícil distinguir se o nosso passado é que é o nosso futuro, ou se o nosso futuro é que é o nosso passado. Cantamos o fado a sério no intervalo indefinido. O lirismo, diz-se, é a qualidade máxima da raça. Cada vez cantamos mais um fado.
O Atlântico continua no seu lugar, até simbolicamente. E há sempre Império desde que haja Imperador"
[Fernando Pessoa, in Portugal Sebastianismo e Quinto Império (org. António Quadros), aliás O Jornal, 8/04/1915]
PORTUGAL OU REVISITAÇÃO DE FERNANDO PESSOA
"Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!"
"... desde a entrada da dinastia de Bragança que se tornou notável a ausência do tipo do português, o desaparecimento da psicologia do português da superfície da terra. Houve sempre, graças a Deus, patriotas de Portugal; portugueses, deixaram de haver"
"Temos, felizmente, o mito sebastianista, com raízes profundas no passado e na alma portuguesa. Nosso trabalho é pois mais fácil; não temos de criar um mito, senão que renová-lo. Comecemos por nos embebedar desse sonho, por o integrar em nós, por o incarnar. Feito isso, cada um se nós independentemente e a sós consigo, o sonho se derramará sem esforço em tudo que dissermos ou escrevermos, e a atmosfera estará criada, em que todos os outros, como nós, o respirem. Então se dará na alma da nação o fenómeno imprevisível de onde nascerão as Novas Descobertas, a Criação do Mundo Novo, o quinto Império. Terá regressado El-Rei D. Sebastião"
Fernando Pessoa
quinta-feira, 30 de novembro de 2006
BOLETIM BIBLIOGRÁFICO 33 DE LUÍS BURNAY
Saiu o Boletim Bibliográfico 33 do Livreiro-Antiquário Luís P. Burnay (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa). Conjunto apreciável de 735 obras estimadas, esgotadas e muitas raras, de história, arte, periódicos, monografias importante, colonial, literatura, gastronomia, caça, livros de esoterismo, maçonaria, portugalidade, operetas várias, tudo aqui se pode encontrar. A não perder.
Algumas referências: Almanach para o Anno MDCCXCIII / Almanak do Rit. Esc. Ant. e Acc. em Portugal para o Anno de 5845 Offerecido ao Synhedrio de Beneficiencia, pelos II. N. dos Reis, E.R. Felner, Membros da L. Philantropica, 1845 / Portugal Artístico e Monumental, de A. Pereira Almeida / Garranos, por Ruy Andrade, 1938 / A Fada Oriana, de Sophia M. Breyner, 1958 / Archivo Pitoresco (semanário), 1857-68, XI vols / The Pointer and his predecessors, por William Arkwright, 1906 / Caça, de Eduardo Montufar Barreiros, 1900 / Boletim Oficial do Grande Oriente Lusitano Unido, Grémio Lusitano, 1923-1930, XV fasc. / Canções, de António Botto, 1944 / Bibliographia Camoniana, por Theofilo Braga, 1880 / Memorias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 1930-34, II vols / Os Lusíadas (ed. dita do Morgado de Mateus), 1817 / Os Ciganos em Portugal, por Adolfo Coelho, 1892 / Colecção Gato Preto (colec. livros infantis da Majora), XII vols / Soure: terra abençoada da pátria, de Augusto S. Conceição, 1942 / Memórias de um ajudante de Campo, por Fernandes Costa (III inv. Francesa), 1895, II vols / Les Societes Secretes et la Societé ou Philosophie de l'Histoire Contemporaine, de N. Deschamps, 1880, II vols / Documentos apresentados ao Congresso da República em 1913 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, 1913 / O Espectro (semanário politico), 1888-1889, 55 ns / No Claro-Escuro das Profecias, de Augusto Ferreira Gomes (pessoano e raro), s.d. / Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes (capa des. Álvaro Cunhal), 1941 / In Memoriam de Camilo, 1925 / Alma Errante, de Eliezer Kamenezky (pref. importante de Fernando Pessoa), 1932 / Catastrofe de Portvgal ..., por D. Fernando Correia de Lacerda, 1669 / O Livro do Repórter X (In Memoriam), s.d. / Lusitânia (ver estudos portugueses sob dir. carolina Michaelis de Vasconcelos), 1924-27, X numrs / D. Manuel II, de Rocha Martins, 1947, II vols / Monografia do Concelho de Tarouca, por Ab. Vasco Moreira, 1924 / As Praias de Portugal, de Ramalho Ortigão, 1876 / La Guinée Portugaise, por Carlos Pereira, 1914 / Os Planos da Autocracia Judaica protocolos dos sábios do Sião, s.d. / Democracias e Ditaduras, por Carlos Rates, s.d. / Alentejo à janela do Passado, por João Rosa, 1940 / Archivo Heráldico, pelo Visconde de Sanches de Baena, 1872, II vols / São Tomé e Príncipe (Questão da Mão de Obra indígena), VII op. / Pensées sur la Tactique et la Stratégique ou vrais príncipes de la Science Militaire, pelo Marquês de Silva, 1778 / Historia de Portugal, de Rebelo da Silva, 1971, V vols / Sociedades Secretas, pref. José Cabral, 1935 / Coutos de Alcobaça, por José P. Saldanha e Souza, 1929 / Noticias Históricas do Mosteiro da Vacariça, de Miguel Ribeiro de Vasconcellos, 1855, III partes / The Freemason's Monitor, de Thomas Smith Web, 1863
ALMANAQUE REPUBLICANO
Almanaque Republicano - Actualização
Continuam os textos e a prosa no Almanaque Republicano. Para ledores ilustrados e de muito merecimento, temos em jeito de guião:
Francisco de Oliveira Pio (militar republicano oposicionista); foto do Grupo Seara Nova no lugar do Coimbrão (curiosamente onde também esteve "exilado" Mário Soares e perto da "casa de praia" de Aquilino Ribeiro, na Praia do Pedrógão, que foi destruída em 1974) e com um extracto de um texto de José Rodrigues Miguéis; foto de membros do Grupo do Integralismo Lusitano, com "algumas anotações sobre periódicos integralistas"; Primeira e Segunda Parte d'Os primórdios da imprensa republicana em Portugal, de recolha em velhos almanaques; post sobre o jornal A Lanterna [1868-1873]; um texto sobre a Imprensa Periódica Portuguesa seguido de Subsídios para uma bibliografia da imprensa republicana (a continuar); o In Memoriam a Mário Cesariny de Vasconcelos, com referências ao tema Surrealismo e Estado Novo, com bibliografia, de permeio; um post a propósito do Centenário do nascimento de Flausino Torres e respectivas notas bibliográficas.
Eis o Almanaque Republicano. Ao V. dispor!
Saúde e fraternidade!
domingo, 26 de novembro de 2006
IN MEMORIAM DE MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
"Ama como a estrada começa ..."
"E agora o poeta começou por rir
rir de vós ó manutensores
da afanosa ordem capitalista"
"Assim como a poesia não é um par de sapatos, assim Fernando Pessoa não é para todos os dias. Não consta, porém, que Pessoa haja querido monopolizar os dias ..."
"os gatos são os únicos burgueses / com quem ainda é possível pactuar"
"Dois picapaus querelam, muito entusiasmados
que a dita dura dura que não dura
a dita dura dura ... dura desdita!"
"o bem: os dignos professores do estado
o mal: os professores dignos do estado
resolução da antinomia: o professorado"
[Rebelião] "duas delegações de cidadãos no total de dez membros descerão de dois táxis palinha para atravessar o rossio de nudez"
"Essa tua Titânia é uma fraude, rapaz (...) Pois tu não dizes é alta, baixa, loura, morena, encarnada, branca. E as mamas, rapaz - secção fundamental - não te enlevam as mamas?"
Mário Cesariny - Pastelaria Castpost
IN MEMORIAM DE MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS [1923-2006]
"Gostava de ter daquelas mortes boas, em que uma pessoa se deita para dormir e nunca mais acorda (...) a morte a trabalhar, é que é chato" [MC.V., in Autografia, Atalanta Filmes]
"A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza ..."
"Em todas as ruas te encontro / em todas as ruas te perco ..."
"é preciso correr é preciso ligar é preciso sorrir é preciso suor
é preciso ser livre é preciso ser fácil é preciso a roda o fogo de artifício
é preciso o demónio ainda corpolento
é preciso a rosa sob o cavalinho
é preciso o revolver de um só tiro na boca
é preciso o amor de repente de graça"
"Amor / amor humano / amor que nos devolve tudo o que perdêssemos / amor da grande solidão povoada de pequenas figuras cintilantes"
Mário Cesariny - Queria de ti um país Castpost
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
ARRUMAÇÕES - VYNIL, CD'S E CASSETES PIRATAS
"Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar" [Sophia Mello Breyner, dito por Maria Bethãnia, in Canto de Oxum, Mar de Sophia]
Bethânia concebe o mar, essas "águas do meu querer ... beijando a areia", o chorado de azul, e, por isso, canta o seu feitiço, a sua benção, canta a Rainha do Mar, Nossa Senhora ou Iemanjá. Porque "dentro do mar tem rio", como Sophia Mello Breyner diria. Esse mar é sempre desejo, paixão, desamor, "águas salgadas mansas", felicidade nos "longes" por onde nos perdemos. As nossas praias desertas ou "felicidade a dois". Que pode ser no Sertão em sambas de roda ou no mar da Bahia de Todos os Santos, ou Kirimurê, que o "mundo é grande e cabe na cama, no colchão de amar e na janela sobre o mar". Memórias do mar ou voltas que o mundo dá.
Dois álbuns, Mar de Sophia e Pirata - ambos de Maria Bethânia - para vadiar, navegar, chorar e "respirar". Assim, para decorar a alma de ledores em pecado de vontade, para moças lindas "com esperança de casar", para paraíso nosso e vosso, eis
Maria Bethânia - Debaixo d'Água Castpost
e para marinheiros abandonados, deuses do mar suspirados no berço do oceano ... temos para ouvir
Maria Bethânia - Marinheiro Só (O Marujo Português) Castpost
Boa noute!
MARIA VELHO DA COSTA & ARMANDO SILVA CARVALHO
"Despachar no nosso livro as cenas do ódio. Não vai ser fácil. Somos ambos afinal um mar de espinhos, cravados cedo no coração tenro e incauto" [M.V.C., in Em Dueto e em Duelo, texto de Maria José Oliveira, Mil Folhas, 24/11/06]
"Há pessoas que merecem ser denunciadas, esse é o termo. Somos agressivos com pessoas que também nos agrediram ou com outras pelo facto de existirem como existem. Há uma certa impunidade naquilo que dizem e que fazem, que são coisas escandalosas ..." [M.V.C., idem, ibidem]
"... o que leva dois autores consagrados, Armando Silva Carvalho e Maria Velho da Costa, nascidos ambos em 1938, à desabusada escavação da infância? Por que é que, sem perder Laclos de vista, foram ambos induzidos à narrativa da intriga? (...) Leitura do mundo: obras, autores, prémios, família, castas, ódios, equívocos, querela, política, dinheiro. O Meio à lupa, sem licença (...). Tão simples como isto ..." [Eduardo Pitta, in A Infância, os Outros, Mil Folhas, 24/11/06 - ler aqui]
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
CATÁLOGO NATAL
Catálogo Natal da In-Libris
Saiu um Catálogo (Especial) Natal da In-Libris (Porto). Apresenta algumas peças bem curiosas, de literatura, culinária, cinema e fotografia, monografias, história, edições estimadas e raras de António Botto, o raro trabalho de Bento Carqueja "O Capitalismo Moderno e as suas origens em Portugal" (1908), o Mappa de Portugal Antigo e Moderno do Padre Joaõ Bautista de Castro (1762, em III vols), o conhecido Sangue Suor e Lágrimas de Churchill, um Dicionário de Jogos de Alleau (c/ trad. de António Lopes Ribeiro), ainda Os Costumes dos Israelitas (dito "livro muito curioso, especialmente procurado pelos coleccionadores de temas judaicos"), o estimado livro de Maria Lamas "As Mulheres do meu País", o primeiro livro de Manuel Laranjeira (?Amanhan?), o procurado Livro das Mil e uma Noites (pref e trad, Aquilino Ribeiro e outros escritores lusos), Os Discursos de Oliveira Salazar, primeiras edições de Eça de Queiroz e outros mais autores.
A consultar on line
O SÉCULO XX NOS JORNAIS PORTUGUESES
Lançamento do Livro
... Primeiras Páginas - O Século XX nos Jornais Portugueses, de Luís Trindade. Será apresentado por Mário Mesquita e Fernando Rosas, sábado, dia 25 de Novembro de 2006 às 17h00 na FNAC do Chiado.
"Trata-se de um original álbum ilustrado que nos conta a História do século XX através das primeiras páginas dos principais jornais portugueses. Luís Trindade seleccionou 45 acontecimentos ilustrados por 135 primeiras páginas de jornais surpreendentes" [Bertrand]
Local de leitura e consulta: aqui
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
O ALMOCREVE DAS PETAS NAS ARCADAS DO TERREIRO DO PAÇO
"Não há sitio em Lisboa que mais dano cause ao espírito publico do que a arcada do Terreiro do Paço. O Almocreve das Petas [de José Daniel Rodrigues da Costa] parece que fez ali estalagem onde amarra e arraçôa a récova dos seus gordos carapetões. Quem pretende andar bem estribado nas novidades do dia, vai lá, escolhe um boato, bifurca nele a imaginação, chouta de grupo em grupo, espalhando o boletim da arcada, e ao cabo de alguma horas está a cidade inçada de carapetões, que são a praga de Lisboa (...)
Iremos ouvir mil petas,
Quando mais o sol se empina,
Vendo acérrimos jarretas,
Junto a Santa Catharina.
Argumentando em gazetas"
[Alberto Pimentel, in Vida de Lisboa, 1900]
O PRESIDENTE E O ECONOMISTA CAVACO SILVA
"Stick to the plan, stick to the plan" [coro socialista no governo]
O dr. Cavaco deu uma entrevista pouco inteligente a Maria João Avillez. De tal modo foi, que fez divertir (e baralhar) alguns jornalistas e comentadores. Além do "timing" escolhido (que não deixa de ser curioso) e da motivação que a serviu (que ninguém descortina) a entrevista é fastidiosa e aborrecida. Saber o que faz correr o dr. Cavaco é uma enorme trapalhada.
Para nós, o episódio de assistir, em televisão, o Presidente Cavaco Silva dissuadir e calar o economista Cavaco Silva, não deixa de ser curioso. Declara o Presidente estar "ao lado das reformas do Governo". E não tem dúvida (seguindo a douta máxima do clássico dr. Cavaco) em considerar que "a economia e as finanças [estão] no rumo certo". Tal amabilidade não é sustentável por nenhum economista sério. O dr. Cavaco-Presidente corre assim, sem habilidade alguma, riscos variados. Fica imobilizado economicamente e, ao mesmo tempo, faz ressabiar políticos, sindicalistas e ... a classe média. Essa mesma, aquela que o eng. Sócrates trata como "um lugar-comum".
Varrido que foi o economista Cavaco Silva da genialidade indígena, pela lição do presidente de "todos" os portugueses, importa lembrar que bastaria ao Cavaco-Presidente recorrer à bondade do "lente" Aníbal, nos bons tempos do ISCEF. Estamos tentados, portanto, a revisitar o assistente Cavaco, leccionando a cadeira de Finanças I, juntamente com Ferreira Leite e Silveira Godinho. E estamos a imaginar o ar estupefacto do bom aluno da fazenda indígena (o Teixeira dos Santos) se na oral da cadeira com o assistente Cavaco Silva, ao lhe ser solicitado abrir o Orçamento de Estado para o Ministério da Economia, o abrisse ao acaso, sem excelência ritmada. Diria logo o nosso assistente Cavaco: "Vê-se bem que não folheou o Orçamento do Estado". Que significava, apenas, para o retardatário aluno, um valente chumbo. Eram tempos de rigor ... em Finanças Públicas. Lá isso era!
LIVRARIA BIZANTINA
Catálogo 72 da Livraria Bizantina
Saiu o Catálogo 72 da Livraria Bizantina (Rua da Misericórdia, nº 147, Lisboa). Conjunto curioso de peças biográficas, históricas e monográficas, a preços convidativos. A não perder.
Algumas referências: In Memoriam de Afonso Lopes Vieira, 1947 / Diccionario dos Políticos, ou Verdadeiro Sentido das phrases e Vozes mais usuaes entre os mesmos, por D. Juan Rico y Amat, 1875 / Chorographia Histórico-Estatistica do Distrito de Coimbra, de Agostinho Rodrigues d'Andrade, 1896 / Memorias Histórico-Estatisticas de Alguma Villas e Povoações de Portugal, por Brito Aranha, 1871 / Os Últimos Anos da Monarquia, de José d'Arriaga, 1911 / As Freiras do Lorvão, por T. Lino d'Assumpção, 1899 / A Fábrica da vista Alegre, por João Teodoro Ferreira Pinto Basto, 1924, III vols / Diccionario Jurídico-Commercial, de José Ferreira Borges, 1856 / As Canções de António Botto. Nova Edição, 1932 / Brado aos Portuguezes. Opúsculo Patriótico Contra as Ideias da União de Portugal com a Hespanha, 1860 / Memorias de um Estudante de Direito, de Rafael Salinas Calado, Coimbra, 1942 / O Espêto. Sociedade Conhecida de Responsabilidade Limitada a ceias e Piqueniques, de Ernesto de Carvalho, 1914 / Os Assassinos da Beira, de Joaquim Martins de Carvalho, 1922 / Manual Político do Cidadão Portuguez, de Trindade Coelho, 1906 / Compromisso da Misericórdia de Lisboa, Lisboa, 1739 / As Constituintes de 1911 e os Seus Deputados, 1911 / Uma causa Celebre. O Crime de Serrazes, por Cunha e Costa, / Manual Prático do Passarinheiro, de J. W. edrich / Coimbra dos Doutores, de João Falcato, 1957 / Dicionário histórico de Efemérides Universais, de M. A. Silva Ferreira, 1914 / O Integralismo e a República, de Carlos Ferrão, III vols / Lista de Alguns Catálogos de Bibliothecas Publicas e particulares, de Livreiros e Alfarrabistas, por Martinho da Fonseca, 1913 / Fátima, por Tomaz da Fonseca, 1955 / Pombeiro da Beira, de Sanches de Frias, 1896 / Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, ed. Sirius, 1941 / Tempos Idos. As Minhas Memórias, de Cunha Leal, 1966-68, III vols / Portugal e o Socialismo, de Oliveira Martins, 1873 / História de Portugal, por Rocha Martins, 1930 / Memórias e Trabalhos da Minha Vida, de Norton de Mattos, 1944-45, IV vols / Um Ano de Política, de Egas Moniz, 1919 / Lusitânia Transformada, de Fernão d'Álvares do Oriente, 1781 / Textos de Circunstancia, por Luiz Pacheco, 1977 / Memórias, de Pedro Theotonio Pereira, 1972-73, II vols / Orphanologia Pratica, por António de Paiva e Pona, 1759 / Centro Católico Português, por Oliveira Salazar, 1922 / As Opiniões que o DL teve, de José Saramago, 1974 / Memoria Histórico-Chorographica dos Diversos Concelhos do Districto Administrativo de Coimbra, de António Luiz de Sousa Henriques, 1853 / Memorias de Mondim da Beira, de Leite de Vasconcellos, 1933
sábado, 18 de novembro de 2006
HOMENAGEM A DONALD H. RUMSFELD
"O sol levanta
nas pequena árvores
vasto hélio de Outono
depois da noite passada -
Três homens estendem-se ébrios
na mata de vide
na pequena lixeira
acabaram o whiskey
...
O universo é tão alto
no ar que só precisamos de nos erguer
frios e andarmos pela lixeira
de madrugada para estar no Céu"
[Allen Ginsberg, in Alvejado a tiro nas costas por uma folha caída. Cliché do Inimigo Público, edição Pùblico]
VASCO PULIDO VALENTE - BALANÇO E CONTAS
"Há vinte e cinco anos que me ocupo na actividade anormal, solitária e finalmente frustrante de escrever. É o género de extravio pelo qual não se pede desculpa e que nem para o próprio, sobretudo para o próprio, exige ou tolera qualquer justificação. Quem escreve, como modo de vida, postula, tem de postular, a bondade intrínseca do acto de escrever. Mais do que isso, visto que se trata de uma profissão mal remunerada e de pouco prestigio social, quem escreve tem de se imaginar revestido por uma graça única, que o põe à parte e acima das criaturas vulgares. Sem uma arrogância intelectual e a convicção intima mas devastadora da sua superioridade, nenhuma força no mundo o arrastaria para a frente do papel em branco e o faria pacientemente fabricar filas e filas de palavras, com um fervor maníaco que aplicado a objecto menos inofensivo o conduziria à cadeia ou à manufactura terapêutica de cestos.
Ao contrario do que julgam os amadores, os verdadeiros profissionais de escrever nunca são assaltados pelas célebres 'dúvidas e interrogações' sobre o valor e a utilidade dos seus escritos. A sombra de uma dúvida, a longínqua ameaça de uma interrogação impediriam o trabalho regular e metódico, indispensável ao pagamento da hipoteca da casa, da educação, dos filhos e das contas dos restaurantes. Nós, infelizmente, não andamos aqui para nos divertir ..."
[Vasco Pulido Valente, Balanço e contas, in Grande Reportagem, nº 6, 11 Janeiro 1985]
sexta-feira, 17 de novembro de 2006
O Homem e a Mentira - Colóquio no Porto
Decorre, hoje e amanhã, na Fundação Eng. António de Almeida, no Porto, um colóquio organizado pelo Instituto de Psicanálise do Porto sobre "O Homem e a Mentira". Tema bem curioso, tem a participação de excelentes pensadores, da área da psicanálise, da filosofia e dos média.
Refira-se, em especial, para o dia de amanhã (18, pelas 9 horas), a comunicação de Fernando Catroga (Mentira, História e Memória), uma outra de António Pedro Pita (A Arte e a Mentira ou "A Linguagem Ideal da Alma"), a intervenção de Carlos Amaral Dias (A Alma da Lingagem), a mesa redonda "Os Média e a Mentira" (com Fernanda Câncio, Fernando Alves e José Manuel Pureza, com moderação de João Maria André), a comunicação do prof. Anselmo Borges (A Mentira da Morte e a Morte da Mentira), a presença da socióloga Celeste Malpique (A Morte não Mente) e a comunicação de Júlio Silveira Nunes (O Sexo (Des)Mente). Ver Programa, aqui.
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