segunda-feira, 20 de novembro de 2006
O PRESIDENTE E O ECONOMISTA CAVACO SILVA
"Stick to the plan, stick to the plan" [coro socialista no governo]
O dr. Cavaco deu uma entrevista pouco inteligente a Maria João Avillez. De tal modo foi, que fez divertir (e baralhar) alguns jornalistas e comentadores. Além do "timing" escolhido (que não deixa de ser curioso) e da motivação que a serviu (que ninguém descortina) a entrevista é fastidiosa e aborrecida. Saber o que faz correr o dr. Cavaco é uma enorme trapalhada.
Para nós, o episódio de assistir, em televisão, o Presidente Cavaco Silva dissuadir e calar o economista Cavaco Silva, não deixa de ser curioso. Declara o Presidente estar "ao lado das reformas do Governo". E não tem dúvida (seguindo a douta máxima do clássico dr. Cavaco) em considerar que "a economia e as finanças [estão] no rumo certo". Tal amabilidade não é sustentável por nenhum economista sério. O dr. Cavaco-Presidente corre assim, sem habilidade alguma, riscos variados. Fica imobilizado economicamente e, ao mesmo tempo, faz ressabiar políticos, sindicalistas e ... a classe média. Essa mesma, aquela que o eng. Sócrates trata como "um lugar-comum".
Varrido que foi o economista Cavaco Silva da genialidade indígena, pela lição do presidente de "todos" os portugueses, importa lembrar que bastaria ao Cavaco-Presidente recorrer à bondade do "lente" Aníbal, nos bons tempos do ISCEF. Estamos tentados, portanto, a revisitar o assistente Cavaco, leccionando a cadeira de Finanças I, juntamente com Ferreira Leite e Silveira Godinho. E estamos a imaginar o ar estupefacto do bom aluno da fazenda indígena (o Teixeira dos Santos) se na oral da cadeira com o assistente Cavaco Silva, ao lhe ser solicitado abrir o Orçamento de Estado para o Ministério da Economia, o abrisse ao acaso, sem excelência ritmada. Diria logo o nosso assistente Cavaco: "Vê-se bem que não folheou o Orçamento do Estado". Que significava, apenas, para o retardatário aluno, um valente chumbo. Eram tempos de rigor ... em Finanças Públicas. Lá isso era!