sábado, 26 de junho de 2010
O BIBLIÓMANO
"Le Bibliomane thésauriseur est heureux de posséder ses livres, parce qu'il les aime avec jalousie: sa bibliothèque est un sérail ou les eunuques même n'entrent pas; ses plaisirs sont discrets, silencieux et ignorés: il ne permet pas à un ami la vue d'une de ses maîtresses, souvent fort peu dignes d'exciter l'envie; il se persuade que nul rival ne lui dispute les attraits d'impression et de reliure desquels il est épris; il jouit solitairement : il nie ses richesses, comme s'il craignait les voleurs; il en rougit comme s'il les avait mal acquises; il se fâche quand on le presse de questions à ce sujet, et il mentira plutôt que de s'avouer propriétaire d'un volume qu'il a légitimement acheté.
Ses livres gisent enfermés à triple serrure, cachés derrière un rideau opaque, semblable au voile de l'arche sainte; encore ces précautions sont-elles rarement justifiées par la nature même des ouvrages, qui ne franchissent guère la rigoureuse catégorie de la morale et de la religion: il y a chez ces bibliomanes une passion concentrée, purement égoïste et nourrie de son propre aliment, passion qui se croirait profanée si l'objet n'était pas un mystère au monde.
Le Bibliomane vaniteux a de belles éditions, de splendides reliures, une bibliothèque bien choisie et bien rangée: il dépense des sommes immenses pour la compléter; c'est un soin dont il se remet entièrement à un bouquiniste intelligent, à un bibliographe officieux; du reste, il ne lit pas, et souvent il n'a jamais lu: il collectionne des livres, comme il ferait des tableaux, des coquilles, des minéraux, des herbiers. Sa bibliothèque est une curiosité qu'il montre à tous, au premier venu, à des femmes, à des agents de change, à des enfants, peu lui importe que les gens sachent ce que c'est qu'un livre, et, qui plus est, un beau livre !
Le Bibliomane envieux désire tout ce qu'il ne possède pas; et, dès qu'il possède, son désir change de but: sait-il que tel livre existe chez un amateur avec lequel il rivalise, aussitôt sa quiétude est aux abois; il ne mange plus, il ne dort plus, il ne vit plus que pour la conquête du bienheureux livre qu'il convoite; il emploie tout, jusqu'à l'intrigue et la séduction, pour attirer à lui le bien d'autrui; les refus, les difficultés augmentent, irritent sa concupiscence; bientôt il sacrifierait sa fortune entière à un seul instant de possession; mais un rien , la découverte d'un second exemplaire du même livre, une critique en l'air, une réimpression, voilà cette impatience qui s'abaisse et cette ardeur qui se glace. Tout à l'heure l'envieux souhaitait la mort du maître de ce cher livre, afin de s'enrichir aux dépens du défunt! Ce bibliomane est malheureux, comme tout envieux doit l'être, et son malheur recommence à chaque nouveau désir. C'est le Lovelace des livres: il en devient amoureux, et il les poursuit avec acharnement jusqu'à ce qu'il les ait entre les mains; alors il les dédaigne, il les oublie, et il cherche une autre victime.
Le Bibliomabe fantasque n'adore ses livres que pour un temps; il les recueille avec curiosité, il les habille avec générosité, il les installe avec honneur, il les entretient avec faveur; tout-à-coup l'amour se lasse, se refroidit, s'éteint: le dégoût a commencé! adieu, gentes demoiselles! le grand Seigneur réforme son harem: aux Circassiennes succéderont les Espagnoles, aux blanches Anglaises, les négresses du Congo; le grand Seigneur vend ses femmes à l'encan; mais demain il en achètera de moins jolies qui auront pour lui le charme du caprice et de la nouveauté.
Le Bibliomane exclusif ne fait cas que d'un certain ordre de livres, et ne courtise ni les plus rares ni les plus singuliers; il a une collection, c'est là son dieu et son âme; tout ce qui est en dehors de sa collection ne l'intéresse pas; mais il ne néglige aucune recherche, aucuns frais, pour étendre cette collection, pareille à ces immenses et informes monuments orientaux élevés sur le bord des chemins, avec les pierres que chaque voyageur y dépose en passant. Le bibliomane exclusif consacrera son temps, son argent et sa santé, à l'entassement d'une bibliothèque toujours curieuse, mais aussi toujours monotone. Ici, Pétrarque se multiple en douze cents volumes; là, ce sera Voltaire en dix mille pièces réunies une à une, ou bien le théâtre seul fournira des milliers de brochures, ou bien la Révolution française régnera paisiblement sur des cimetières de paperasses"
Extracto de "Les Bibliomanes", por Paul Lacroix (Bibliophile Jacob) - via Blog "LE BIBLIOMANE MODERNE" [ler mais]
sexta-feira, 25 de junho de 2010
BRASIL: FAZER A FEIRA DE VÉSPERA
"Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades" [Barão de Itararé]
Quando acabou o jogo Portugal-Brasil a dificuldade era saber, do Brasil, que equipa era aquela que andou por ali a "trocar fichinha". À promoção brasileira que Portugal era freguês de caderno, exportada por alguns "idiotas da objectividade" (quer nos brasis quer entre os nossos paroquianos), concluiu-se que o Brasil, para além da frustração de andar a "jogar de ouvido", nada mais tem para dar aos seus torcedores, mesmo que faça a feira de véspera.
Com uma indisfarçável má vontade em jogar futebol, com uma irritada e irritante linha de jogo e um grupo de jogadores que se espraiam a morcegar ao mesmo tempo que dão pau [Felipe Mello é leviano e sarrafento] "antes de molhar a camisa" [Nelson Rodrigues dixit], a mais deslavada das selecções brasileiras arrisca-se a ir para casa bem cedo.
Sem Kaká (Julio Baptista é jogador grosso) nem Robinho, a equipa de Dunga (agora entediado a estudar a história do apartheid) é banal, irretocável, uma droga. Nenhuma criatividade ofensiva, sem craques nem samba. Maicon não pode fazer muito (não é Ronaldo), está em versão de "bode cego" e levou, por isso mesmo, um banho de Fábio Coentrão que deu um passeio em campo. Lúcio (um fala barato) é um facilitador, um desastre, de tal modo que se Ronaldo tivesse jogado apoiado o jogo seria outro. Pena que o Raul Meireles desperdiçasse um golo mais que possível e, por que não, mais que justo.
A equipa portuguesa é uma incógnita. Por vezes raia a magia, noutras ocasiões são de uma permissividade e desorganização total. O erudito e ridículo Carlos Queiroz (aquela de Portugal entrar de fato de macaco e sair de smoking lembra a presença filosófica do dr. Cavaco Silva) apostou num esquema de jogo ainda mais fechado do que contra a Costa do Marfim. Burocrático, sem alma nem chama, Queiroz joga simplesmente para os pontos. Eis a sua religião. Eis a sua esperança. Até agora deu certo esse mundo espiritual do sr. Queiroz: "quem tem a bola ataca, quem não tem, se defende". Até surgir o dia onde "quem não faz, leva!".
quarta-feira, 23 de junho de 2010
XVI MARCHÉ DE LA BIBLIOPHILIE - PARIS
XVI Marché de la Bibliophilie (Paris) - 23 a 27 de Junho.
110 Livreiros, todos de grande estimação, montam as tendas na Place Saint Sulpice. Das 11 in matinas até ás 2o horas, haverá lugar a um corropio ao livro antigo, estimado, raro ou de ocasião. Paris me mata!
Organização: GIPPE
sábado, 19 de junho de 2010
MARCELO REBELO DE SOUSA: O ESPIRITUOSO
"O conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou hoje a ausência do Presidente da República, Cavaco Silva, nas cerimónias fúnebres do escritor José Saramago, considerando que é mais importante a sua presença espiritual do que física"
Espiritual, o que é? Abrimos o útil José Pedro Machado e lemos: "Espiritual: Do espírito ou a ele referente || Que diz respeito à religião ou à consciência || Místico; incorpóreo".
Ora aí temos a traquinice joeirada do formidável intelecto de Marcelo R. de Sousa. Que nos diz Marcelo? Que o dr. Cavaco – Presidente da República de Portugal – não participa nas cerimónias fúnebres do mais importante cidadão da cultura portuguesa contemporânea, porque, com paciência existencial (quiçá esotérica) e só com essa superior instrução, deve, no seu ofício presidencial, estar presente indelevelmente em espírito e não na sua forma pessoal seca e tesa.
Dai que por vezes, durante as cerimónias fúnebres no edifício dos Paços do Concelho de Lisboa, se sentiu vagamente o fenómeno desse incredibile ergo divinum da presença espiritual do dr. Cavaco.
Em rigor, o que se passou é que esse ser etéreo que é o dr. Cavaco se tinha transladado incorporeamente para o local. Nesse espiritual "a posse ad esse" intimativo, como parece ser o apostolado da sua mundança como presidente, o dr. Cavaco evitou envolver-se esotericamente com esse demiurgo das letras (ainda um simples infra-etéreo, presume-se) que dá pelo nome Sousa Lara. Lamentavelmente, a providência não cuidou ainda deste último teleológico sujeito.
O mesmo já não acontece nos sermões exotéricos do prof. Marcelo, que, bem estremecido e sem tibiezas abusadas, declara hoje & para todo o sempre que vê o lampejar espiritual de Cavaco Silva a pairar sobre a paróquia. Espirituoso, este Marcelo.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
OBRIGADO, SARAMAGO!
"Escrever, não é outra tentativa de destruição, mas antes a tentativa de reconstruir tudo pelo lado de dentro, medindo e pesando todas as engrenagens, as rodas dentadas, aferindo os eixos milimetricamente, examinando o oscilar silencioso das molas e a vibração rítmica das moléculas no interior dos aços" [in Manual de Pintura e Caligrafia, Moraes, Dezembro de 1976]
"Vai Ricardo Reis a descer as Rua dos sapateiros quando vê Fernando Pessoa. Está parado à esquina da Rua de Santa Justa, a olhá-lo como quem espera, mas não impaciente. Traz o mesmo fato preto, tem a cabeça descoberta, e, pormenor em que Ricardo reis não tinha reparado da primeira vez, não usa óculos, julga compreender porquê, seria absurdo e de mau gosto sepultar alguém tendo os óculos que usou em via, mas a razão é outra, é que não chegaram a dar-lhos quando no momento de morrer os pediu ..." [in A Ano da Morte de Ricardo Reis, Caminho, 1984]
"... vejo o que esta dentro dos corpos, e às vezes o que está no interior da terra, vejo o que está por baixo da pele, e às vezes mesmo por baixo das roupas, mas só vejo quando estou em jejum, perco o dom quando muda o quarto da lua, mas volta logo a seguir, quem me dera que o não tivesse ..." [in Memorial do Convento, Caminho, 1982]
"O Pessoa [Fernando] seria o grande Nobel da nossa época. Esse sim. Mas como? Quem é que conhecia o Pessoa? Nem nós ..." [Saramago, Entrevista de Carlos Vaz Marques, in Ler, Junho de 2008]
"A felicidade, fique o leitor a sabendo, tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles. Entregue as suas flores a quem saiba cuidar delas, e comece. Ou recomece. Nenhuma viagem é definitiva" [in Viagem a Portugal, Círculo de Leitores, 1981]
ATÉ SEMPRE JOSÉ SARAMAGO!
"As palavras mais simples, mais comuns,
As de trazer por casa e dar de troco,
Em língua doutro mundo se convertem:
Basta que, de sol, os olhos do poeta,
Rasando, as iluminem" [in Os Poemas Possíveis, Portugal Editora, 1966]
"... o autor está no livro todo, o autor é todo o livro, mesmo quando o livro não consiga ser todo o autor ..." [Saramago, in "O autor como narrador", Ler, Verão 97]
"... tudo quanto é nome de homem vai aqui, tudo quanto é vida também, sobretudo se atribulada, principalmente se miserável, já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação ...” [in Memorial do Convento, Caminho, 1982]
Morreu Saramago. Partiu o escritor para o sono eterno, porque "os homens são mortais mas não se pode ter a certeza de que todos / o sejam só aqueles que são vistos morrer diante dos nossos olhos" [Saramago, in Primeiro e Segundo Poemas dos Mortos]. Saramago, "esse escolhedor de factos", fez de facto história. Escreveu, desassossegou, construiu mundos ficcionais & escrita da terra, tomou posições políticas assumidas (qualidade de homem livre), deixou-nos coisas luminosas e boas. Faz parte da nossa história (Lusa ou Atlante), mesmo se como portugueses tivesse acabado a "nossa missão histórica", porque "estamos cansados de viver". A Saramago a nossa eterna gratidão!
Parte José Saramago e leva já saudades. Subiu alto! E tal como outros dos nossos escritores & poetas (e foram muitos e foram os melhores de várias gerações) a viagem feita foi de exílio pátrio, cerradas que lhe foram as portas, desta paróquia provinciana, mal frequentada e de má fama. Venceu a mediocridade da fala & comércio dos Sousas Laras (esse polícia das letras), dos vários "Engenheiros" e demais incumbentes da coisa pública, prenhes de rosariadas insónias, que atentos e veneradores sempre alimentamos. José Saramago afrontou-os continuamente, seguro e viril, em nossa glória e por orgulho patriótico. Mas não o calaram! E, por isso, nós jamais o abandonaremos.
Daqui, destes campos sacros e antiquíssimos do Mondego, o nosso derradeiro Vale! de despedida.
Até sempre Saramago!
quarta-feira, 16 de junho de 2010
EU VI O VALTER LEMOS!
"Gaita! Sempre tem feito um calor" [Dr. Pluma, in Primavera autónoma das estradas, de M.C.V.]
No remanso do lar, após porfiado pousio do prazer da blogosfera (dote de paragem), descortinámos entre a camuflagem da TV (na RTPN ou, melhor, no media delirante do felicíssimo reinado do sr. Sócrates), o pressuroso Valter Lemos, dito secretário de Estado do Emprego.
Dantes, o Valter Lemos, ou fazia de prodigioso vereador em Penamacor, evangelista atribulado do eduquês indígena, presidente de um qualquer humilíssimo instituto albicastrense, ou fazia de assessor em Macau, missionário da educação nativa, ou Secretário de Estado da Educação. Agora exportou-se para a secretaria de Estado do Emprego. Onde é regente!
Era dantes, o Valter, utilizado na "chasse à la tiresse", curiosa expressão que os franceses usam quando (na caça) se referem à utilização do cão para empurrar a caça para a armadilha. Não tinha, Valter Lemos, qualidades, não tinha know-how, habilidade intelectual, urbanismo. Tinha, Valter Lemos, apenas adversários (todos nós) que cumpria empurrar para a "rede" da mentira política. Na fadiga caiu V. Lemos na secretaria do Emprego. Onde faz alexandrinos poéticos ao "emprego" e à formação profissional, para júbilo do loquaz Vieira da Silva e delírio da inefável Helena André. O casto João Proença, esse divertido amarelo sindical, pode, doravante, dormir como um cevado (Deo juvante).
Hoje mesmo, o verboso Valter Lemos proclamou na "Antena Aberta" da RTPN, perante terríveis desencantos mundanos, que o "desemprego" caiu nos centros de emprego (harmoniosamente, pensa-se). A natureza, a perfeição e o desvario televisivo do Valter Lemos - sempre ocioso entre a desafinação estatística e a patusca quanto gaguejante argumentação sobre esse melífluo tombo do desemprego – trouxe de imediato uma assuada de comentários, que o pobre coitado cegou de pânico. Depois de ser corrido (com belíssimos letreiros, diga-se) da vida escolar, pelos docentes, eis que o jactante V. Lemos se presta a ser agraciado com insultos, pelos desempregados deste país.
É que, por detrás desse corpus alienum do "desemprego" (que cai ou não cai) está apenas a manipulação estatística do génio imaginativo desses "novos" garotos políticos, que a pós adesão á União Europeia fez nascer em toda a parte. Com graciosidade! E bizarria! Para nossa escravidão.
terça-feira, 1 de junho de 2010
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. ARTUR NOBRE DE GUSMÃO
DIAS – 31 de Maio e 1 a 3 de Junho de 2010
LOCAL - Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro, Lisboa), 20 C
ORGANIZAÇÃO – Leiloeira Renascimento
CATÁLOGO – AQUI
Continua hoje e até ao dia 3 de Junho o LEILÃO DA BIBLIOTECA do Dr. ARTUR NOBRE DE GUSMÃO.
Artur Nobre de Gusmão [n. 1920 - m. 2001], professor Catedrático jubilado de História de Arte pela Universidade de Lisboa, apaixonado por arqueologia e história da arte, especialista em arte Cisterciense, foi, ainda, director do serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gubenkian, deixa-nos, na sua área de estudos e de paixão bibliófila, uma Biblioteca copiosa em peças bibliográficas de grande valia e raridade.
O Catálogo online, sob tutela de José Vicente, assim o revela.
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
A GAFANHA - CAMPOS LIMA
"A Gafanha, meus caros senhores, não é senão esta boa terra de mesquinharias e de toleimas, a fingir de nação da Europa e que nem ao menos por decoro anda de tanga. A Gafanha é a ‘piolheira’, onde só é gente o sr. Burnay. A Gafanha são os padres do ‘Portugal’, é a intentona, é a juventude monárquica, é a barriga do sr. Alpoim, a chefia do sr. Vilhena, a lei de 13 de Fevereiro, a beleza do sr. D. Manuel, o ‘Vasco da Gama’, o discurso da coroa, a chalaça do sr. Ferreira do Amaral e os adiantamentos. A Gafanha é esta terra de cegos, onde não havendo ao menos quem tenha um olho para ser rei, por esse facto se pensa fazer a República ..." [in A Gafanha, nº1]
A Gafanha. Quinzenário(?) Anarquista [nº1 (Março ? 1909) a nº 8 ? (1909)]. Editado por Campos Lima [João Evangelista]; correspondência, Rua do Ouro, 149, 2º, Lisboa; composto e impresso na Typ. Minerva, de Gaspar Pinto de Souza & Irmão, Vila Nova de Famalicão.
A Gafanha é um periódico de grande raridade, dado a perseguição e as penas a que estavam sujeitos aqueles que pugnavam pelas "doutrina do anarquismo", resultante da Lei de 13 de Fevereiro de 1896 [cf. Rita Pereira, A Gafanha, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Maio de 2010 – onde encontra a entrada bibliográfica ao periódico. Não consta da bibliografia consultada por R. Pereira, o livro de Alexandre Vieira, "Para a História do Sindicalismo em Portugal" onde é referido a existência de apenas 8 numrs d’A Gafanha], pelo que se desconhece quer o inicio da sua publicação quer o seu terminus.
A Gafanha, nº1 e nº2 – digitalizado pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;
A Gafanha – Ficha histórica por Rita Pereira, H.M.Lisboa.
[publicado no Almanaque Republicano]
quinta-feira, 20 de maio de 2010
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS - PARTE III
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS (PARTE III e ÚLTIMA)
DIAS: 20 a 22 de Maio // 26 a 29 de Maio - sempre às 21 horas;
LOCAL: Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto), Porto
ORGANIZAÇÃO: Livraria Manuel Ferreira.
(Re)Começa hoje o Leilão da valiosa e excepcional Biblioteca - que referimos AQUI - reunida pelo estimado bibliófilo e notável cidadão dr. Laureano de Barros (1921-2008). Será a III parte deste Leilão, que é já hoje um dos mais notáveis, completos e valiosos acervos literários da segunda metade do século XX. As peças bibliográficas reunidas (descritas e redigidas com mestria pelo mestre Manuel Ferreira), o seu valor bibliofílico (que será sempre bem diferente do bibliográfico, segundo Pina Martins), a preciosidade dos exemplares que são levados à praça, as belíssimas e estupendas encadernações de algumas espécies, tornam esta Biblioteca e este Leilão um momento único e imperdível na cultura portuguesa.
Catálogo do volume I (20 a 22 de Maio)
Catálogo do volume II (27 a 29 de Maio)
LOCAIS: Livraria Manuel Ferreira – Leilão da Biblioteca do Dr. Laureano Barros (III Parte) [Tertúlia Bibliófila] / Raríssima primeira edição da Peregrinação na última etapa do leilão da biblioteca de Laureano Barros [jornal Público]
terça-feira, 18 de maio de 2010
BIBLIOTECA EUGÉNIO DA CUNHA E FREITAS - PARTE I
LEILÃO - Continua (desde ontem, dia 17) o LEILÃO da BIBLIOTECA EUGÉNIO DA CUNHA E FREITAS, hoje e até ao dia 19 de Maio. A cargo de Pedro de Azevedo, esta valiosa e estimada Biblioteca (aqui em sua I parte) é excelente na genealogia, heráldica, arqueologia, etnografia, história de arte, etc.
Local: Amazónia Lisboa Hotel (ao Jardim das Amoreiras), Lisboa.
Dias: 17, 18, 19 de Maio (21 horas)
O Dr. Eugénio da Cunha e Freitas [1912-2000] nasceu em Lisboa (30 de Agosto) e faleceu em 10 de Dezembro de 2000. Teve cargos públicos e institucionais importantes: pertenceu ao Ministério Público no Tribunal de Lisboa, foi administrador do concelho de Sesimbra (1935), secretário da Câmara dos Administradores de Falências do Porto (1935-1982), vogal da Comissão de Etnografia e História da Junta de Província do Douro Litoral (1947-1980), foi o primeiro Director do Boletim da Associação Cultural “Amigos do Porto” (19519), delegado da Junta Nacional de Educação no concelho de Vila do Conde, Presidente da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Azurara, director da estimada revista “O Tripeiro” (1961-1973) e pertenceu a inúmeras instituições (Associação dos Arqueólogos Portugueses; Sociedade História da Independência de Portugal; Academia Portuguesa de História; The American International Academy; Academia Nacional de Belas Artes; Associação Portuguesa de Geneologia; Sociedade de Estudos medievais; Associação Portuguesa de Ex-Libris, etc.).
Tem um copioso trabalho publicado em jornais e revistas e "obras de fundo, com realce para temáticas da História, da Etnografia e da Genealogia, e muito especialmente, para a história dos concelhos do Porto e de Vila do Conde”. A sua obra “é prolixa e vasta e a que deixou manuscrita monumental".
"Foi um bibliófilo e coleccionador, deixou um legado raro e variado de livros, folhetos e preciosidades manuscritas" [in Catálogo da Biblioteca Eugénio da Cunha e Freitas, Parte I, Pedro de Azevedo, Maio, 2001]
terça-feira, 11 de maio de 2010
BENTO XVI E A REPÚBLICA PORTUGUESA
"A viragem republicana, operada há cem anos, abriu na distinção entre a Igreja e o Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja" [Bento XVI]
"Nos cem anos da República, as minhas felicitações e a minha bênção a Portugal inteiro, país rico em humanidade e cristianismo" [Bento XVI]
in visita de Bento XVI a Portugal (11/05/2010)
via Almanaque Republicano.
sábado, 8 de maio de 2010
TWIST OF ASSIS & RODRIGUES'S
Duo mui almofado, de corpo gingão, voz das antigas. A dupla artística Assis & Rodrigues saiu frenética de S. Bento (dever d’ofício) e exportou-se para a paróquia. As TV’s imortalizaram o instantâneo e o excitativo momento. O senhor Rodrigues, conselheiro do Assis & flor ascendente do sr. Sócrates, diz que é irreflectido. O companheiro Assis, em agitação juvenil, é solidário, lembrando-se de outros recalcitrantes espíritos matosinhenses. O senhor Rodrigues é excessivo de munições contra os jornaleiros. E Assis, correndo a sua lista de mazelas, assegura que Rodrigues é dos "melhores" na deputação. Rodrigues ferve de indignação, enquanto lambisca gravadores. O sr. Assis, imaginoso no detalhe, garante que Rodrigues é rapaz de "grande lealdade, capacidade política e rigor". Os Abrantes, de imediato, esguicham postas urbi et orbi. A canalha sorri. O expediente deve continuar. O twist lascivo da dupla Assis & Rodrigues é um desastre. "Haja hoje para tanto ontem" [Leminski].
domingo, 2 de maio de 2010
ATÉ SEMPRE MANEL!
Era um Homem popular entre os vendedores da Feira da Ladra, um resguardo único para os amantes dos livros usados, um dedicado amigo do seu amigo. Todos os sábados, ignorado o sol ou a chuva, lá estava ele na Feira da Ladra vendendo velhos e novos alfarrábios, jornais e revistas, livros amarelecidos pelo uso e tempo, papéis pintados de outros homens e mulheres, com energia e sem fadiga, semeando conversas, paixões, generosidades. Em redor da sua carrinha, em tantas manhãs, quantos grupos de amadores de livros descerraram curiosas conversas, ergueram cânticos a livros perdidos, trocaram palavras de circunstância, enquanto o sr. Manel, com um sorriso nos lábios alumiava a Feira com o seu pregão matinal.
O Manel, homem rijo, espontâneo, franco, enérgico, deixou-nos na passada semana. O Manel da Feira da Ladra, forte e corajoso, não resistiu à presumida benevolência do tempo que tudo esquece. Todos os seus amigos – que são muitos – irão sempre relembrá-lo. Homens destes, que se cultivam pelo afecto, não ficam esquecidos. O Manel tinha um lugar especial entre nós, amantes dos livros, e ficará para sempre na nossa memória.
Ao Manel o nosso profundo respeito. Á família, aos filhos que continuarão a sua obra, o nosso pesar.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
IN MEMORIAM JOSÉ VITORINO DE PINA MARTINS
"O verdadeiro bibliófilo é aquele que deseja possuir livros para com eles dominar a logosfera e pelo respeito que eles merecem tanto no plano da cultura como no da própria beleza, raridade da espécie e da elegância das próprias encadernações – factores, estes, de autêntica estesia"
[João Vicente de Pinto Marques, aliás pseud. de José Vitorino de Pina Martins, in "Para o Perfil de um Bibliófilo", Catálogo da Biblioteca R. de G. (admirável e terno texto de Pina Martins, de leitura necessária), Leilão da Azevedo & Burnay, Lisboa, Maio de 1984]
José Vitorino de Pina Martins foi um dos mais brilhantes estudiosos da História do Livro, um erudito da História do Humanismo e do Renascimento, um fulgurante investigador e bibliófilo notável. O seu saber admirável, autêntico, iluminado, marcou exuberantemente a cultura portuguesa. A sua obra literária e científica é sublime, mesmo desconcertante. O seu legado de bibliófilo de excepção, perturbante pela sua imensa erudição e de raríssimo entusiasmo sobre os alfarrábios, deixou-nos estudos extraordinários e um acervo bibliográfico sem igual. A sua opulenta biblioteca pessoal – decerto a mais valiosa dos nossos tempos -, adquirida há anos pelo grupo Espírito Santo, é disso testemunha. Até sempre doutor Pina Martins. Um abraço fraterno!
Sobre a biografia e a bibliografia (muito copiosa) de José Vitorino de Pina Martins consultar a entrada da Wikipédia (que está conforme o texto de Manuel Cadafaz de Matos, publicado nos "129 Trabalhos Científicos de um Grande Investigador José Vitorino de Pina Martins", Catálogo de Exposição Bibliográfica, B. N., Lisboa, Março de 1998, pp. 7-12). Como curiosidade, observa-se em textos (sob pseudónimo, como o que atrás referimos, mas outros mais sugerem ter saído da mesma pena, e curiosamente aparecidos em Catálogos) uma inquietação em torno da simbologia, uma curiosa escrita de teor, que se pode apelidar, "esóterica" ("secreto amador de obras raras" ?), o que não será alheio o profundo conhecimento que tinha das obras de Camões, Bernardim Ribeiro, D. Francisco Manuel de Melo, Dante e do grande Padre António Vieira. Por último, Pina Martins escreve, ainda, poesia, sob o nome de Duarte de Montalegre.
Outros Locais: Pina Martins (Diário de Coimbra)/ Obituário: Pina Martins faleceu hoje em Lisboa (Correio da Beira Serra) / J. V. de Pina Martins em Convívio com os Clássicos (Aires A. Nascimento) / Palavras de afecto, com memória (Aires A. Nascimento) / Giovanni Pico della Mirandola: (1463-1494)
CRUELDADE!
"crudelem medicum intemperans aeger facit"
Anda por aí um arrazoado colectivo & pouco higiénico sobre uma presuntiva conspiração – como é óbvio, "revolucionária" – de uns inçados especuladores capitalistas que, na sua gula d’ofício, folgam por levar o nosso piedoso país à bancarrota. Pelo que se diz no balneário paroquial, a bordoada última da (outrora) benemérita Standart & Poor’s, ao avaliar (com a devida vénia à sra. Lurdes Rodrigues) o "estado de negação" do risco da dívida, mandou-nos para a galeria do junk e (pasme-se) fez subir o CDS (i.e., os credits default swaps). Mais, consta que tais infames empresas de rating nos trazem pela trela. A ferocidade é, salvo melhor opinião, de assinalar.
A lista de mazelas que repentinamente ilustrou a situação é conhecida. A disenteria dos argumentos da veneranda classe dos economistas & demais incumbentes da coisa pública, em torno da "turbulência", "nervosismo" e "credibilidade" que acossa a paróquia, é formidável. Ó inclemência!
É certo que o embalsamado Vieira da Silva desapareceu e o sr. Teixeira dos Santos deambula por todo o lado, mas não havia razão para, nesse divertimento de estar o país a arder pelas patifarias a soldo de excitados capitalistas, ver surgir o raminho filosofante dos Campos e Cunha, Eduardo Catroga, Braga de Macedo (petit-maître ajuramentado), o Bagão Félix, Pina Moura (o arreda-deficits) ou, mesmo, esse novo poeta-economista, Nicolau Santos (na falta dos Silva Lopes & Cia). É uma crueldade o que fez, a estes patriotas, o cacete de infames capitalistas d’além-mar. Abaixo a especulação, grita o Valter Lemos, em bom economês.
É certo que o ex-administrador do Oásis, o dr. Cavaco, adverte que não vai perorar; é verdade que o casto Paulo Portas capricha no "seu" CDS, vertendo lágrimas viçosas anti-capitalistas; está provado que os clones Sócrates & Passos Coelho se sentaram (matreiramente) no dorso da besta do PEC, qual repolho d’amor indígena, requerendo medidas urgentes à canalha; está até conforme as doutas e sábias demonizações anti-capitalistas dos associados da CIP, sendo que o sr. Van Zeller, a pedido de várias famílias, legitimou até o engenho revolucionário que vem decerto por aí; foi bonito ver o sr. Mendonça, das Obras a publicar, anunciar, no seu génio de distinto académico, aeroportos e TGV’s, em pura emanação divina.
Tudo isso é justo, deslumbra, é até erótico de se seguir, mas cremos que não havia nexexidade! A paróquia já deu sobejas provas que se afunda sozinha, com ou sem mercenários especuladores. Aliás, o dr. Cavaco Silva está onde está para a provar que "plutôt mourir que changer". Apertem os punhos!
domingo, 25 de abril de 2010
25 DE ABRIL
"Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra
...
Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
...
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós..."
[Alexandre O’Neill]
sexta-feira, 23 de abril de 2010
DIA MUNDIAL DO LIVRO
"Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar" [P. A. Vieira]
"Na leitura, a amizade é subitamente reconduzida à sua pureza primordial. Com os livros, nada de amabilidades. Se passarmos a noite com esses amigos, é porque assim verdadeiramente nos apetece. A eles, pelo menos, só a contragosto é que muitas vezes os deixamos". [Marcel Proust]
"Que outros se gabem das paginas que têm escrito; a mim orgulham-me as que tenho lido. Não terei sido um filólogo, não terei inquirido sobre declinações, os modos, a laboriosa mudança das letras [...] mas ao longo dos meus anos tenho professado a paixão da linguagem" [Jorge Luís Borges]
"Temos o direito de exigir aos poetas que não levem com eles para o túmulo os segredos do seu ofício" [Mayakovsky]
"Pode-se avaliar a beleza de um livro pelo vigor dos safanões que ele nos deu e pelo tempo que levamos depois a recompor-nos" [G. Flaubert]
"É preciso olhar os livros por cima do ombro do autor" [Paul Valéry]
"A leitura não é a mesma coisa aos vinte anos que aos sessenta. O jovem lê tudo. O ancião não lê senão o que lê. O jovem lê tudo e de tudo aproveita pouco. O ancião lê pouco e do pouco aproveita tudo [...] Dizia um filósofo que o importante é saber não o que se há-de ler, mas sim o que ‘não’ há que ser lido" [Azorín]
"Nunca nos entregaremos suficientemente ao trabalho apaixonante que consiste em aproximar os textos". [Marguerite Yourcenar]
"Divido todos os leitores em duas categorias: os que lêem para lembrar e os que lêem para esquecer" [William L. Phelps]
"Uma das melhores maneiras se recriar o pensamento de um homem: reconstituir a sua biblioteca". [Marguerite Yourcenar]
"Há o hábito de pensar que se entra numa biblioteca para procurar um livro. Não é verdade. Sim, por aí se começa, mas o que na realidade se busca é a aventura" [Umberto Eco]
"Fundar bibliotecas era ainda construir celeiros públicos, acumular reservas contra um inverno do espírito que, por certos indícios, vejo que infelizmente se aproxima" [Marguerite Yourcenar]
"O coleccionador sente que o seu capital está seguro, que deixa uma herança mais certa que propriedades urbanas ou papéis de crédito. Se isso não é ainda a maré de rosas para os escritores de hoje, é um consolo: o consolo de que terão a velar-lhes pelos tempos fora, e a calá-los da traça, a mão fina e cuidadosa do bibliófilo" [Aquilino Ribeiro]
"A História do Livro é, a seu modo, uma tentativa de recuperação deste mundo complexo onde o mai amplo saber convive em boa paz com as lacunas do quod nihil scitur. Tarefa aliciante para os que saberão sempre muito pouco". [Artur Anselmo]
"Quantos ledores, tantas as sentenças" [Sá de Miranda]
sexta-feira, 16 de abril de 2010
REGRESSO À PARÓQUIA!
"É nas taças que se entorna o tempo" [Guimarães Rosa]
Este viçoso estabelecimento, discreto nas reimpressões e libérrimo para a correcção das "miudezas da vida", andou folgado & em trabalhos d’arrumação e aprumo. Na verdade, como bem nos disse Max Jacob:"tudo o que existe está situado". E assim foi, porque as "obras son amores" de calendário e não há, de facto, o risco de morrer de tédio. Deixámos as antiqualhas, a maledicência e ferros curtos para outros, e, é verdade, não frequentámos os actos. Reaprendemos as leituras d’ocasião, as marginálias, os recortes, marcámos jornais e revistas, aplicamo-nos no excesso dos textos malditos, curámos instruções e fomos estranhamente ociosos no recreio. Ordenámos o espírito.
Com proba lucidez formámos cadernos, pastas cartonadas, bordámos papel, raspámos livros, cosemos folhas & papéis, alceámos velhos cadernos, consolidámos a livralhada e papel velho. Subimos estantes, viajámos na livraria (qual António Francisco Barata!) e ordenámos o caos.
Lá por fora, o tumor da bancarrota não nos fez usar a erva das "sezões". A paróquia do sr. Sócrates & Amigos é uma "febre" insana ou lugar "mal frequentado", que nem a colherada do BCE ou a crónica do FMI (que por aí vem, de mansinho) nos tira do sério. O corpo há muito se habituou a tão danosa gente. O choro folhetinesco sobre a economia, o deficit, a corrupção em trânsito do país, a falta de carácter dos governantes, a decadência das instituições nesta "fermosa estrivaria", as epístolas cúmplices do dr.Cavaco ou o gorjeio das oposições, são assunto para jornaleiros & indígenas protegidos e proveitosos para essa curiosa cáfila de economistas que se espalham por todo o lado, primorosos a enriquecer de teorias (nunca verificadas) a mioleira do gentio (que treme de medo ao ouvir o iluminado dr. Cantigas Esteves ou o evangelista Silva Lopes) e o seu próprio bolso. Nada de espanto!
E, com a bazófia e logro dessa estranha gente, fica reparada a mansidão indígena, para que a "vidinha" continue. Para nós, que não temos obra a fazer nem cabedal a cobiçar, lembramo-nos, sempre, do que disse Lincoln Ralphs: "Os nossos pais talvez não estivessem seguros sobre o que o futuro poderia ser, mas raramente punham em dúvida que viesse a haver futuro". Ámen!
terça-feira, 23 de março de 2010
EM MUDANÇAS
"Feito de pó e tempo, o homem dura menos que a leviana melodia” [Borges]
Estamos em mudanças reparadoras. Cheios de boas intenções (vadre retro sr. Teixeira dos Santos!), zizagueando entre estantes de carpintaria muito lambiçada e trabalhos profanos hercúleos. Assim desvalidos da blogosfera militante não temos assistido à soirée piedosa & fogosa de todas as noutes. Temos, no invés, praticado a amável reflexão de mestre Heidegger:"A língua é flor da boca". Estamos, portanto, tão audaciosos como extravagantes.
Ainda tentámos, à cause da pátria, consagrar a qualidade destes dias (risonhos, para nós) a elevar o pensamento com as receitas postas a correr por esse cérebro indígena que dá pelo nome de Teixeira dos Santos. Da Mercearia Teixeira dos Santos, Lda. Confusos, decidimos preferir a originalidade (e a comédia) desse esfusiante comediante (e diseur) que se alapa há 5 anos na cadeira da governação – o sr. Sócrates. A maravilha da sua dicção, sempre a mesma com ou sem PEC, ou o auto-elogio diário ao seu carácter e distinta personalidade, é comovente.
Não se compreende, deste modo, que uns alcaiotas da política caseira vadiem, agora, indiferentes aos sábios conselhos do grande timoneiro do Largo do Rato. Não falamos dos boulevardeiros Abrantes, que há muito ultrapassaram, muito justamente, esses amadores disponíveis do sr. Pres. do Conselho, O. Salazar. Tais cérebros são, decerto, emocionantes em habilitações literárias, genuflexões e empregos, mas de uma previsibilidade reaccionária desconchavada. Referimo-nos, principalmente, aqueles suados rapazes, que dizem estar deitados na esquerda do boudoir socrático, e que ousaram profanar os seus versos panegíricos ao grupo de interesses do sr. Sócrates. Ler & ouvir o que diz o evangelista Pedro Adão e Silva, o bucólico Paulo Pedroso ou o prócere Vítor Ramalho, sobre o PEC, a economia, a justiça, a saúde e a educação, imortaliza o ridículo e põe a descoberto tais traficantes d’outrora. Ao pé deles, o sr. José Lello é inteligente! O Augusto S.S. é um clássico chamareleiro. E o sr. Vieira da Silva um perigoso marxista!
E assim andamos em grande aranzel, tormentosos nas mudanças, tolerantes na fadiga e ilustrados no sonho. Ainda estamos por aqui. Pensem nisso!
PS: aos crânios severos que sustentam a nossa caixa de correio, temos a dizer o seguinte: "Em vinte pessoas que falam de nós, dezanove dizem mal, e a vigésima, que diz bem, di-lo mal". É de Rivarol. E tal como a ele, o Inferno para nós é intuitivo. Quod abundat non nocet.
segunda-feira, 8 de março de 2010
LEILÃO DE IMPORTANTE BIBLIOTECA - DIAS 9, 10 e 11 de MARÇO
LEILÃO DA RENASCIMENTO - Dias 9-11 de Março, pelas 21.30 horas
LOCAL - Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro, Lisboa), 20 C
Trata-se de uma invulgar Biblioteca de várias proveniências, com 1547 lotes estimados e raros, com curiosas peças de colecção, de temas variados, desde a Literatura [com a incontornável Mensagem de Pessoa, a um conjunto precioso de Vitorino Nemésio, uma Camiliana muito procurada, um lote apetecido - ao não fosse o autor, por vezes o nosso alter ego - de peças de José Daniel Rodrigues da Costa, obras de Almada Negreiros, Ferreira de Castro - atenção ao rarissimo "MAS...", peça que guardamos sempre com muita avareza ao profano -, obras de Herberto Helder, Luiz Pacheco, Ruy Belo, o sempre invulgar António Botto, Natália Correia, um rara peça Camoneana, outra de grande raridade, a peça de Santo Agostinho, e quase os melhores escritores e poetas lusos], História, Periódicos, uma curiosa e rarissima peça de Alquimia [de Athanasius Kircheri, de 1652, em IV vols, com referência à sempre venerada Isis] e outras obras de excepção e raridade.
O LEILÃO decorrerá ao londo de 3(três) porfiadas noites e o amador de livros poderá aceder ao seu CATÁLOGO, feito com o esmero habitual de José Vicente, AQUI.
Boa leitura e excelentes aquisições!
sexta-feira, 5 de março de 2010
IN MEMORIAM ROGÉRIO ANTÓNIO FERNANDES 1933-2010
Nasce em Lisboa a 18 de Outubro de 1933. Em 1951 frequenta a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, participa no movimento estudantil, tendo sido eleito para a Comissão Pró-Associação. Forma-se (1955) em Ciências Histórico-Filosóficas, lecciona como professor eventual do Ensino Técnico e do Ensino Secundário Particular [cf. "O Pensamento Pedagógico em Portugal", de Rogério Fernandes, ICP, 1978], e foi segundo assistente de Filosofia na sua Faculdade, de 1957-60 [cf. Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, 2001, Vol VI], tendo pedido a rescisão do contrato. Mais tarde (1972-1974) foi professor do Instituto Superior de Serviço Social, em Sociologia da Educação, e do Instituto Superior de Psicologia Aplicada [ibid.].
Rogério Fernandes, proibido de leccionar pela ditadura, ingressa no jornalismo, colaborando a partir de 1962 na revista Seara Nova, tendo sido seu sub-director e director (1962-1967) e na Vértice (ver vol. 37). A partir de 1967 é redactor (e chefe da redacção) do jornal A Capital, onde coordenava a Secção de Educação, e aí se manteve até 1970. Foi consultor da Editora Livros do Brasil e secretário da direcção do Grémio dos Editores e Livreiros [cf. AQUI]. Escritor ["Três Tiros e uma Mortalha", Contos, 1969], autor e co-autor de várias obras e ensaios [...]
Ler TUDO AQUI – Almanaque Republicano
terça-feira, 2 de março de 2010
YO LEO EN LE BAR - OBRAS DE BORGES EM CAFÉS E BARES DE BUENOS AIRES
"Buenos Aires tem algumas coisas inacreditáveis de tão bacanas.
Vejam só o projeto lançado ontem: chama-se 'Yo leo en el bar'.
Consiste na instalação de bibliotecas com as obras do escritor Jorge Luis Borges em 15 cafés e bares da cidade. Todos eles fazem parte dos cafés notáveis. A proposta foi anunciada no bar do Hotel Alvear.
Os livros serão doados pela editora Planeta e ficarão a disposição da comunidade local e turistas.
Serão ofertados exemplares de Atlas, Borges de Buenos Aires, Crónicas de Bustos Domecq, El Aleph, El Compadrito, El libro de arena, El Libro de los seres imaginarios, Fervor de Buenos Aires, Literaturas germánicas medievales, Los mejores cuentos policiales, Luna de enfrente, Obras Completas I, II, III y IV, Prólogos, Seis problemas para Don Isidro Parodi, Textos recobrados (1919-1929) e Textos Recobrados II (1931-1955) ..." [ler TUDO AQUI]
via Aquí me quedo.
Outros Locais: Literatura e bares, de Jorge Marmelo (Público, 2/03/2010) / Yo leo en el bar / El programa para encontrar a Borges en los bares / Obra de Jorge Luis Borges disponible en bares de Buenos Aires
domingo, 28 de fevereiro de 2010
IN MEMORIAM JOSÉ MINDLIN 1914-2010
"Je ne fay rien sans gayeté" [tema do ex-libris de J. Mindlin, retirado do livro de Montaigne, "Ensaios"]
[Mindlin] "ensina que a mais importante qualidade de um bibliófilo não é a fortuna, ou a erudição, mas a paciência"
"a gente procura o livro e o livro procura a gente"
Morreu em S. Paulo o mais estimado bibliófilo de língua portuguesa, o promotor da cultura e da arte, e principalmente do livro e da sua leitura. José Mindlin, leitor incansável e onívoro, jornalista efémero, secretário da cultura do Estado de S. Paulo, advogado, ex-empresário [da empresa Metal Leve], membro da Academia Brasileira de Letras e devoto amante do livro raro, coleccionou ao longo da sua vida mais de 60 mil volumes, com perto de 20 mil fazendo parte de uma Brasiliana absolutamente notável. Como diz: "A Biblioteca foi crescendo por si mesma".
Com preciosa e vasta erudição sobre os assuntos bibliográficos, o coleccionador Mindlin, como bibliófilo apaixonado, preocupava-se com a ilustração, o aspecto gráfico, a edição, o papel, a encadernação, a tipografia – "o aspecto físico". Curiosamente, se os clássicos não lhe eram de todo estranho, os autores modernos (jovens e desconhecidos) atraíram-no, sem explicação plausível. Mas era a emoção [que não deixava transparecer ao livreiro vendedor] do exemplar do livro raro e a sua incessante busca (e sorte) que o motivava. As suas histórias em torno da compra de raridades bibliográficas [ver José Mindlin, "Uma Vida entre Livros", Companhia das Letras, 1997], a sua "garimpagem" quase doentia e extravagante (com a cumplicidade de sua esposa Guita, o que não deixa de ser bem curioso para alguns amadores de livros), indicam que não se trata aqui de um simples acumular de livros, mas de um projecto intelectual de vida. "Uma felicidade extravagante", como diria J. L. Borges [cf. "Memórias de uma Guardadora de Livros”, de Cristina Antunes (conservadora da Biblioteca Guita & José Mindlin], Escritório do Livro, 2004]
A ler sobre bibliofilia brasileira e o livro raro: o belíssimo exemplar, "Uma Vida entre Livros", de José Mindlin, Companhia das Letras, 1997 / "O Bibliófilo Aprendiz", de Ruben Borba de Moraes / "Uma Vida", de Plínio Doyle, Ed. Casa Rui Barbosa / "Memórias Esparsas de uma Biblioteca", com José Mindlin & "Memórias de uma Guardadora de Livros", com Cristina Antunes, Escritório do Livro, 2004 / "No Mundo dos Livros", de José Mindlin, Agir.
LOCAIS: O Bibliófilo José Mindlin / Páginas de Vida / Morre o bibliófilo José Mindlin / Morte do bibliófilo José Mindlin.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
ILHA DA MADEIRA - SOLIDARIEDADE!
" ... Estas são sempre as casas. E se vamos morrer nós mesmos,
espantamo-nos um pouco, e muito, com tais arquitectos
que não viram as correntes infindáveis
das rosas, ou as águas permanentes,
ou um sinal de eternidade espalhado nos corações
rápidos.
...
Falemos de casas como quem fala da sua alma ..."
in A Colher na Boca (1953), de Herberto Helder [nascido no Funchal em 1930 e, aí mesmo, meteorologista nos tempos idos de 1954]
[idem postado no Almanaque Republicano]
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
HOJE ... ANDÁMOS ASSIM!
... sem carnavais, em conforto sossegado e sem nouvelles decadentes da coisa pública. De companhia e com boa qualidade de vinho! Na volta pela freguesia colhemos (surripiámos ... por vigia dela) esta singular converseta (ali em cima guardada) na Casa das Letras, versão facebookiana da Oficina das Letras. Ficámos um homem completo. Esta noite, em perfeita "sacanagem", irá correr por demais. Deixamos Jorge Amado mover a quadra:
"O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha"
Boa noute!
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
NOTÍCIAS DA FRENTE
"Fartar, gatos, que é dia de Entrudo"
É conforme eminentes sábios, que no minguante de Fevereiro se apanham as canas & vimes para "fazer cestos e obras grossas" [de novo o grande Palladio dixit]. E que ao se ouvirem os primeiros trovões do ano, há lugar a geada e, claro, pouca fruta [à atenção do Sr. Pinto da Costa]. Deste modo, os ensaios para novíssima biblioteca de V. Excia estão consolidados. A garimpagem bibliófila [na feliz dica de mestre Mindlin] será, pois, generosa, mesmo se o cabedal da fortuna está sombrio, por mor do sr. Teixeira dos Santos. É ocasião para enterrar os monos, ou couve-flores, dos novíssimos poetas indígenas, organizar o arquivo, limpar e colar lombadas, fazer anotações à margem e, principalmente, retirar os velhos livros dos nossos estimados clássicos dos armários. O coleccionador é um arrumador, apaixonado.
Depois? Bem depois ...
"Um pouco de sol
Num nada de sal
Virgem na praia.
Azul seu raio a medo o olhar criou.
Tão redonda na onda arfa uma saia?
Foi ela ou o meu dizer que se afogou?" [Vitorino Nemésio ... claro!]
- a semanada não será suficiente sem ir ao Leilão da Livraria Antiquária do Calhariz (sob direcção de José Manuel Rodrigues), nos dias 17-18-19 (21 horas) na Casa da Imprensa, à Rua da Horta Seca, 20. Trata-se do Leilão de uma "valiosa e variada Biblioteca composta de Livros e Manuscritos, com destaque para Impressões Quinhentistas, Seiscentistas, História, Religião, Ciência, Literatura Clássica, Descobrimentos, Viagens, Arte, etc". Os leilões de José Manuel Rodrigues são aliciantes e desafiadores. Nunca se deve perdê-los! Voltaremos ao tema amanhã, mas entretanto pode consultar AQUI a referência feita pelo nosso camarada A. Mendonça, no Almanaque Republicano.
- a Livraria In-Libris compôs, para o amador de livros, um interessante Catálogo que reúne um ajuntamento de peças bibliográficas curiosas e incontráveis. Desde logo "Les Caractères de la Tragédie, publié d’aprés un manuscrit atribué a la Bruyére" (1870), uma peça de colecção; depois, mesmo a propósito destes infaustos tempos, a vibrante prelecção de Santo Agostinho (na edição da saudosa livraria Atlântida) “Contra os Académicos"; segue-se a rara edição do "Obscuro Dominio" de Eugénio da Andrade, com desenhos e sobrecapa de José Rodrigues; ainda as "Canções" de mestre António Botto, na sua melhorada 2ª ed.; para bibliófilos encartados, apresenta-se o "Catálogo das Obras Impressas nos Séculos XV e XVI", em II vols, com magnificas ilustrações; alguns livros publicados pela lendária & etc.; a curiosa narrativa d’A Grande Catastrophe do Theatro Baquet, de Jaime Filinto (1888); a rara peça poética de Garrett, "Lyrica de Joao Minimo" (1829); o estimado "Deux Cents Patiences Napoléon", pelo Barão Hugues, obra familiar para o jogo das paciências, e muito fresco para as noites de espera da demissão do sr. Sócrates; as competentes "Memorias de un Librero Catalon", pelo livreiro Antonio Palau y Dulcet; e o mais que AQUI pode voluptuosamente garimpar.
- informa-se, tardiamente é certo, que saiu novo Catálogo da contagiosa Livraria Bizantina, acima do Tavares Rico, sob direcção do nosso habilitado livreiro Carlos Bobone. Temos saudades desse generoso lugar de culto (o Tavares e a Bizantina), pelo que prometemos ser breves.
- está online o inexcedível Boletim (nº98) do livreiro J. A. Telles da Sylva, que, como sempre, reproduz copiosa informação sobre as peças bibliográficas e os seus autores. De consulta obrigatória para o amador de livros.
- a não perder as "Últimas Aquisições" da Livraria Olisipo, ancorada no Largo Trindade Coelho (Lisboa). No caminho vá visitar a Artes & Letras, mesmo ao lado. Pode, de permeio, beber um tinto (ou branco) no curioso estabelecimento que fica entre essas duas livrarias. E que era um dos locais de "desporto líquido" do mestre Luís Pacheco. Talvez a sua alma inspire V. Excia ao dever do ofício.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
AMANHÃ – DIA DO PRÉ DO DR. VITOR CONSTÂNCIO
É já amanhã que o viril dr. Vítor Constâncio, o funcionário público mais douto e de mais forte cabedal da paróquia (25.000 Euros/mês), recebe os aplausos morigerados dos laboriosos financeiros do BCE. O dia de amanhã presenteia esse maravilhoso funcionário público português que ao longo da sua estimada vidinha nunca acertou o que quer que fosse, foi pródigo em cambalhotas financeiras e um desastre na avaliação de desempenho. Apanhado ao acaso pela "estória" do deficit, este nosso faroleiro indígena, ganha o pousio no cadeiral do BCE, lugar de culto dos inadaptados do trabalho. É uma honra para a fazenda lusa e uma bisonha esperança para o funcionalismo estadual. Estamos orgulhosos e de parabéns!
Assim, com infinito regalo, a rede social do Facebook – mural de prazer e de altíssimo gozo – não se esqueceu desse enternecido patriota e lançou um curioso Grupo, de grande generosidade, que dá pelo lascivo nome: "GRUPO A FAVOR DE QUE VITOR CONSTÂNCIO GANHE O SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL”.
A inchada proposta, tem a seguinte ornamentação: “O Govenador do Banco de Portugal ganha mensalmente 25000€! E é contra o aumento do salário mínimo nacional. Achamos justo que o senhor Vítor Constâncio - funcionário público - passe a ganhar o salário mínimo nacional: 475€. E já agora que o seu salário seja "congelado" como a restante função pública em 2010”.
E, aqui, se apresenta a fragorosa defumação do dr. Constâncio. Carpe diem ... Vítor!
FOLIES, FRESQUES, FORCES ET FAIBLESSES DU BIBLIOPHILE
"... Je veux dire par là qu'il y aurait tant à dire sur le caractère du bibliophile ou plutôt pour être plus juste sur sa physiologie, qu'un livre reste à écrire sur le sujet. Une approche purement psychologique du sujet en quelque sorte. Que cela ne vous empêche pas de nous signaler des travers et des éclats de génie que vous jugerez propres au bibliophile et qui pourtant s'attachent plus à son aspect physique ou son comportement. Tout ici sera bon à prendre, pour nous esclaffer des autres ou rire de nous-même, tenter une amélioration par biblio-blogo-thérapie ..."
ler TUDO AQUI
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
SÓCRATES, A FECHADURA E A RUA
"A liberdade é sempre e só liberdade dos que pensam de outro modo”" [Rosa Luxemburgo]
Estes "estupendos" 5 anos, com marca e talento do sr. Sócrates & amigos, obraram uma fazenda em ruína, uma propaganda sinistra, uma paróquia raivosa. O compêndio político destes dias faz mesmo esquecer o infausto tempo do dr. Cacavo & amigos e suas posteriores sequelas. Um grupo de sujeitos repugnantes (e disciplinados) tomou de assalto a coisa pública, banqueteou-se sem cerimónia, armadilhando meticulosamente tudo de passagem. Não há nenhum lugar na paróquia onde essa catrafilada de gente não esteja presente. Para glória de poucos, vergonha de alguns e miséria de tantos!
O actual arresto das contas públicas e a servidão fascizante imposta à canalha da rua e do trabalho, não é mais que a reprise desse espectáculo indecoroso de apropriação da res publica por esses grupos de interesses e que confortavelmente se instalaram na vida pública. A barulheira, que por ai vai, em volta da putativa liberdade de imprensa será sempre uma récita abeiçada de mestre-escola, demagógica e populista. Todos os governos, sem excepção, usaram e abusaram da intimidação e propaganda para esmagar as investidas contra os interesses e estratégias do seu grupo. E, de outro modo, sempre existiram jornalistas, acofiados ao poder, sem lealdade e dever deontológico, que tranquilamente souberam ser pulhas. Nada de novo, nenhuma desilusão.
O que há de original, por agora, é que o disfarce caiu de vez e tocou a rebate. Muito por culpa da situação económica e financeira, mas, principalmente, pela falta de carácter que manifesta o sr. Sócrates, mais os seus sensaborões amigos. Inúteis, vaidosos e histriónicos, o ajuntamento dos amigos da governação agravou a chinfrineira e a multidão, de pés para a cova, percebeu-a. A pirotecnia jurídica levada a cabo pelo sr. Procurador, o sanfonar irado do sr. Lacão, as brejeirices incansáveis de Santos Silva ou a prosápia de José Lello, agravou por demais a coisa. Curiosamente, também pela blogosfera, os muito arranjadinhos Abrantes ruminaram lascivas lendas em prol do altíssimo chefe Sócrates & amigos. Muitos receberam o prémio Simplex, uns tantos ainda cismam piedosas intenções, outros já trataram das feridas. A alma humana é, de facto, um abismo!
Entretanto, parece que a extenuante lide pela "liberdade de imprensa", presumidamente desatrelada que está dos interesses económicos do grupo prevaricador, vale uma petição, uma burlesca manif e um consequente orgasmo político. Ao que se sabe, o sempre rijo João Miranda, por uma vez, recolheu a sua vocação liberal e aderiu a essas "manifestações organizadas por blogs e SMS". O que, como se sabe, "são aquilo com que uma certa esquerda sempre sonhou". Está, pois, o nosso João Miranda, quase um professorzeco arremelgado contra o poder, quiçá um enternecedor sindicalista, desses que singram pela rua, essa putain respectueuse. Que tudo lhe corra bem, na sua reclusão de revolucionário, é o que desejamos. E aos demais!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
RESERVADO AO VENENO
Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
...
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
...
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras
António José Forte (Uma Faca nos Dentes)
domingo, 31 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
BASIC SPACE
"Basic space, open air
Don't look away, when there's nothing there
I'm setting us in stone
Piece by piece, before I'm alone
Air tight, before we break
Keep it in, keep us safe"
The xx - "Basic Space"
Boa noute!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
COOPERATIVA BONIFRATES - 30 ANOS
30 ANOS DA COOPERATIVA BONIFRATES
A Bonifrates, guarita de vozes em lábios cânticos, vive há 30 anos. Essa "Casa", que se estende pelos tempos de Coimbra, foi uma aventura de bem amar o Teatro, uma lição de cumplicidade de corpos & afectos, um movimento de reinventar a arte, um exercício de respiração doce e livre. Na luz da cidade de Coimbra, os 30 anos de caminho da Bonifrates foram sempre essa arte de desmitificação do real, inteligente e criadora, nesse sonho de respiração colectiva ou arte de representar. 30 anos de narrativas, de inquietudes poéticas, de exercícios sacros. Exemplares!
Á Cooperativa Bonifrates muitas felicitações. Ao João Maria André, Rui Damasceno, João & Cristina Janicas, à Xana (Silva), ao Fernando Taborda, entre outros, a nossa gratidão.
ESTILHAÇOS - 29 de Janeiro 2010, 22 horas, Cine-Teatro de Condeixa
Subscrever:
Mensagens (Atom)