quarta-feira, 3 de setembro de 2003

QUESTÕES SOBRE NOTAS A UM COMENTÁRIO

JPP em resposta ao que é lhe é sugerido a partir do Terras do Nunca, revela-nos o que pensa sobre um conjunto de questões pertinentes, algumas das quais já explicitadas noutros locais, concluindo em breve nota existir uma equivalência entre "posições neo - nazis às de partidos parlamentares como o BE". O que consistirá essa equivalência não nos foi avançado, quer pelo TN quer por JPP. Portanto, somos tentados (dado a falta de conceptualização) a pensar que se trata de certezas adquiridas, verdades de propaganda sem qualquer nihil obstat. Ora, nada mais complicado que esse receituário político, assim tomado. Não sendo nosso mister a análise dessa overdose de referencial ideológico-politico, gostaríamos de participar no thread com duas sugestões e comentários:

- ao considerar que pós colapso dos sistemas socialistas de leste se mantêm os mesmos conceitos matriciais rígidos esquerda-direita, relativamente a um centro ele mesmo suposto fixo, não se poderá compreender as profundas mudanças operadas, a questão do poder global/local, a alteridade do jogo politico, e, como tal, cai-se numa escolástica tradicionalista em que não se quer ver o mundo tal como ele é. Onde se situa a 3ª via de Blair ou Clinton? E Guterres, ou Cavaco, onde se colocam? E que dizer dos conservadores alemães e dos que se dizem portugueses? Onde mora a social-democracia portuguesa? Os socialistas? Os liberais? E a esquerda estatista? Ou a esquerda revolucionária?

- o fenómeno da globalização económica ou do espaço globalizado (que só consta como reflexão na cartilha da direita portuguesa a não ser como não-evento) transporta-nos ao sujeito global e assim redefine-se o campus discursivo da esquerda e da direita. Dum lado os "tradicionalistas", do outro os "modernizadores". Questões como a distribuição de recursos, ecologia, o papel dos mecanismos de mercado e do Estado, o ordenamento mundial e o Estado-Nação, a dimensão do espaço privado e público, o papel da comunicação e das novas tecnologias de informação, são linguagens presentes em todo o espectro politico. Como e de que modo se traduzem em politicas? Ora, julgamos que não é possível fazer essa reflexão sempre à maneira antiga, mesmo que o "espectro do marxismo" ande por aí. Para alguns, à maneira tradicional, ainda bem incómodo.