quinta-feira, 16 de abril de 2009
A TONSURA DESTES DIAS
Na chamada Blogosfera, a tonsura destes dias fez-se, por motivo de devoção, gorjeio & acabamento teorético, à volta da questão da trova & da "gramática" da sra. Fernanda Câncio. Isto é a produção jornalística com que a sra. tricota a pauta impressa no D.N. parece que incomodou uns tantos liberais, alguns sacerdotes que habitam no Expresso e outros prelados da objectividade da informação, dando origem a uma curiosa polémica.
A sra. Câncio, espírito que paira entre assuntos fracturantes e autoridade consultora do sr. eng. Sócrates & governo, e que não lemos por tédio e precaução anti-reaccionária, verteu insólitos (quanto persistentes) pensamentos que a matriz ética ou deontológica (não se sabe qual) não poderia permitir – ao que nos dizem. Invocando a existência de conflitos de interesses, com origem numa putativa relação privada, os fascículos saídos arrebataram os trovadores da Blogosfera e, pasme-se, até o Expresso, desse precoce sábio Henrique Monteiro.
O sedutor debate (e o dissenso) que se seguiu teve o seu esplendor neste curioso texto ("A democracia da suspeita"), que – passe o facto de confundir moral com ética e esta com deontologia – se subscreve, em parte. Mas, como talvez diria o dr. Pacheco Pereira (e bem!), "essa não é a questão fundamental". Porque, afinal, a prosa oratória da sra. Câncio só é perfeita (e consumida) por quem já está disso convencido. Os encómios aos seus textos "testiculares" surgem, curiosamente, da maioria de adeptos das tais causas fracturantes, que (sem inocência) trocam a melíflua nutrição da sua prosa, pretensiosamente radical, que lhes reverdece a alma e lhes adoça a vida privada, pela pouca original atitude de cedência face ao exame do poder autoritário e de pensamento único que tudo corrompe - e que sublimam para o dia de finados. Com ou sem declaração de interesses, a questão em debate não permite esquecer a ostentada (e medíocre) propaganda que se observa e é total. No resto, a converseta é estimulante e, até mesmo, imperiosa. Porque os tempos do jornalismo estão "feios" e a causa "corrompida pela língua", como diria Kraus. E assim o cremos!